Dicionário de Terminologia Energética

O Dicionário de Terminologia Energética, publicado pela Associação Portuguesa da Energia, é um documento, com quatro edições, que define, de forma abrangente, as terminologias utilizadas no setor energético, que pode ser consultada abaixo

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Prefácio

O Conselho Mundial da Energia promoveu em 1992 a publicação da 2ª edição do Dicionário da Energia com o objectivo de actualizar e ampliar a terminologia referente aos vários sectores da energia e afins. As línguas de base então seleccionadas foram o inglês, o francês, o alemão e o espanhol.

Nesse mesmo ano, por iniciativa da antiga Comissão Nacional Portuguesa da Conferência Mundial da Energia que, desde o início, fez parte do Comité Internacional de Terminologia Energética que dinamizou o assunto, publicou-se igualmente, em 2ª edição, a versão portuguesa daquela obra sob o título Dicionário de Terminologia Energética.

A 3ª edição deste livro que agora vem a lume é uma verdadeira ponte entre as diferentes formas de energia, com mais de 2000 conceitos definidos e um índice de alguns milhares de palavras-chave seleccionadas na respectiva definição. A obra é, a um tempo, um dicionário e um glossário, constituindo um instrumento de consulta aplicável a uma gama muito vasta de domínios relacionados com a energia.

Não foram esquecidas, ainda, as áreas que têm uma relação próxima com a energia, designadamente a economia, os balanços, a gestão, os usos, o ambiente e o aquecimento a distância.

Foi incluída também uma importante secção sobre unidades, com as respectivas definições e equivalências.

Decorridos cerca de 10 anos sobre a publicação da 2ª edição portuguesa, surgiu a necessidade da sua revisão, não só pela actualização de conceitos e definições, como pela conveniência da introdução de novos termos em capítulos correspondentes a domínios mais fortemente evolutivos, em que novas teorias ou novas técnicas surgiram, dando lugar a novas maneiras de exprimir o pensamento.

Com esse fim, a Associação Portuguesa da Energia promoveu a constituição de uma Comissão de Revisão, composta por técnicos de reconhecido valor no sector da energia, com um perfil adequado às diversas matérias contempladas no Dicionário.

As 20 secções da edição de 1992 foram revistas e enriquecidas, sendo de destacar que a revisão efectuada não só procurou satisfazer os objectivos anteriormente enunciados, como também corresponder ao desejo da Comissão de Revisão em tornar o Dicionário num instrumento de consulta ainda mais informativo para o utilizador, com a introdução de mais de 270 novos termos em várias secções, como sejam as secções 5, 6, 7, 8, 9, 10, 11, 12, 14, 15 e 18.

Uma inovação importante relativamente à edição anterior consistiu na elaboração de um Índice Alfabético Multilingue no qual à terminologia em português se faz corresponder a terminologia em inglês, francês e espanhol, colhida na última edição do Dicionário do Conselho Mundial da Energia, publicado em 1992.

A bibliografia foi completada e actualizada com a indicação de livros, normas e outros documentos publicados na última década.

Na preparação da presente edição do Dicionário foram usadas novas técnicas de informatização, prevendo-se a possibilidade de uma edição multisuportes graças a programas elaborados para o efeito. Isto permitirá, não só uma actualização fácil num domínio que se encontra em evolução permanente, mas ainda oferecer aos utilizadores uma exploração do Dicionário sob diversas formas, tais como: suporte-papel, Cd-Rom, Internet, etc.

Na sua forma actual, a edição 2001 do Dicionário constitui para todos os profissionais do sector da energia, para a comunidade científica e técnica, bem como para os intérpretes, tradutores e estudantes, um instrumento de trabalho que é único no seu conteúdo, moderno na sua apresentação e fidedigno nos conceitos que nele estão incluídos.

Em língua portuguesa não existe outra publicação que englobe uma diversidade tão grande de temas como a que se encontra no Dicionário de Terminologia Energética, edição 2001.

Guida Lami Dias da Silva, Presidente da Comissão de Revisão do Dicionário de Terminologia Energética

Dicionário de Terminologia Energética

1. Termos Gerais Sobre Energia

A presente Secção – Termos Gerais sobre Energia – é, por natureza heterogénea, constando de vocabulário variado cujos utilizadores são, entre outros, físicos , economistas, engenheiros, geólogos, etc., qualquer deles com os seus hábitos de linguagem que dão por vezes ao mesmo vocábulo sentidos diferentes. Estas considerações são sobretudo aplicáveis à primeira subsecção, “Conceitos de base”, tendo-se nela assinalado as diversas acepções sempre que tal foi possível.

Nas outras subsecções, mais técnicas, os conceitos são geralmente considerados da mesma forma. Embora se refiram à energia em geral ou a diversas formas de energia, o seu grau de precisão e o seu campo de aplicação são influenciados pelos sectores em que mais se desenvolveram. Assim, e por exemplo, os termos referentes às redes integram-se essencialmente no sector eléctrico, enquanto que a maior parte dos termos relativos às reservas provêm do sector petrolífero. De qualquer forma foi feito um esforço no sentido de restituir a esses conceitos o seu campo de aplicação geral.

Por outro lado, os termos mais importantes da subsecção “Recursos e Reservas” derivam das nomenclaturas oficiais do CME. Os esforços de harmonização têm por vezes os seus limites; daí que os termos que se referem às reservas de carvão e que correspondem a nomenclaturas específicas tenham sido mantidos na Secção “Combustíveis Sólidos”.

Estas diferenças na compreensão, na utilização ou no campo de aplicação de certos conceitos, correspondem a realidades que teria sido prejudicial ignorar na tentativa de busca de uma coerência mais do âmbito da estética que do da utilidade; procurou-se, pelo contrário, retirar dessas diferenças uma riqueza suplementar para que esta obra corresponda aos seus objectivos e seja um verdadeiro utensílio na comunicação entre os diversos sectores, não apenas da energia mas da actividade económica no seu conjunto.

1.1 Conceitos de Base
1.1.1 Energia

Capacidade de um sistema para originar efeitos externos (Max Plank).

Nota 1: A energia pode apresentar-se sob as seguintes formas:

  • energias mecânicas;
  • energias térmicas (energia interna, entalpia);
  • energia de ligação química;
  • energia de ligação física;
  • energia de radiação electromagnética;
  • energia eléctrica.

Nota 2: Nesta obra a energia é considerada apenas no seu sentido físico ou no seu sentido económico (como produto, ver 1.1.19; como factor de produção, ver 2.1.8).

Nota 3: Num contexto técnico-económico utilizaremos o termo trabalho para designar a energia consumida num processo, sendo a potência o trabalho realizado por unidade de tempo. Quanto à força que é, no sentido próprio, uma grandeza vectorial que provoca quer alterações de direcção quer de velocidade de um corpo em movimento, ou ainda deformações num corpo mantido por outras forças, ela designa por vezes a energia ou a potência (assim acontece, por exemplo, com a força hidráulica que figura em certos textos oficiais).

Nota 4: Unidade SI: joule (J).

1.1.2 Exergia

Energia máxima que, em determinadas condições termodinâmicas (condições de ambiente), é convertível noutra forma de energia. É uma grandeza que permite avaliar a convertibilidade da energia.

1.1.3 Anergia

Energia que, em determinadas condições termodinâmicas, não é convertível noutra forma de energia.

1.1.4 Entalpia

Grandeza termodinâmica utilizada para calcular a energia de um sistema que permanece intacta durante um processo ou uma reacção. É igual à soma da energia interna com o produto da pressão e do volume.

H = U + pv

1.1.5 Entropia

Grandeza termodinâmica que permite apreciar a degradação de um processo. No caso da energia, ela é utilizada para avaliar a quantidade de energia recebida ou fornecida por um meio. Um aumento da entropia corresponde a uma diminuição da exergia. Unidade: joule por Kelvin (J/K).

Unidade: joule por Kelvin (J/K).

Nota: O valor absoluto da entropia não é conhecido. Apenas a sua variação pode ser definida como a relação entre a variação da quantidade de calor recebida ou fornecida por um corpo e a temperatura termodinâmica deste último.

1.1.6 Sistema Energético

1) No sentido físico: corpos ou dispositivos que contêm energia como característica de origem ou em consequência de acções exteriores.

2) Em economia da energia: conjunto técnico-económico que permite satisfazer as necessidades de energia dos agentes económicos.

1.1.7 Política Energética

Parte da política económica que trata do abastecimento, da transformação, da distribuição e dos usos da energia. A política energética deve ter em consideração, entre outras, as possibilidades e recursos nacionais e globais, a conservação (sobretudo das fontes primárias não renováveis) e a protecção do ambiente.

Nota: Um país ou uma região podem, pois, ser conduzidas a apoiar acções voluntárias que alterem as condições de abastecimento e o comportamento dos consumidores (por exemplo, programas de electrificação rural, campanhas de utilização de gás butano, incitações às economias de energia e à protecção do ambiente, etc.).

1.1.8 Economia da Energia

Parte da economia aplicada aos problemas energéticos, tendo especialmente como fim a análise da oferta e da procura de energia e o estudo, valorização e planificação dos meios que permitem assegurar a satisfação das necessidades num contexto que é, na maioria dos casos, nacionais mas que pode também ser internacionais.

1.1.9 Contabilidade da Energia, Balanços de Energia

Ver Secção 3 e Secção 5

1.1.10 Diagnóstico Energético

Processo de descrição e de análise do sistema energético de um país ou de uma região no seu funcionamento interno e nas suas relações com os outros sistemas. A fase analítica é seguida de uma fase de síntese dos diferentes elementos recolhidos, o que permite formular um juízo sobre a situação energética passada e presente.

Nota: Não se deve confundir este conceito que abrange o nível macroeconómico com o de auditoria energética (ou por vezes simplesmente diagnóstico térmico) que se aplica ao controlo de uma instalação.

1.1.11 Indicador Energético

Indicador utilizado quer para caracterizar a evolução da situação energética de uma determinada entidade geográfica ou económica ao longo do tempo quer para comparar entre si as situações energéticas de diferentes entidades. Os indicadores energéticos podem também servir como indicadores macroeconómicos ou de nível de vida, dado o peso da energia na economia de um país, por um lado, e nas despesas das famílias, por outro.

Nota: O consumo de energia per capita, frequentemente considerado como indicador de nível de vida, pode ser utilizado naquele sentido com precaução pois, por um lado, um consumo elevado pode resultar de uma má gestão (e vice-versa) e, por outro, sistema e métodos de contabilização diferentes podem conduzir a diferenças importantes.

1.1.12 Intensidade Energética

Relação entre o consumo interno bruto (ver 3.5.7) ou o consumo final de energia (ver 3.5.2) e o produto interno bruto ver 2.1.3).

Nota 1: Este indicador é de uma grande importância para apreciar a evolução energética de um sistema económico e a eficiência da utilização da energia de um país.

Nota 2: A nível microeconómico este conceito encontra-se definido na Secção 4 (4.1.9).

1.1.13 Taxa de Dependência Energética

Quociente da quantidade líquida de energia importada pela quantidade total de energia consumida numa determinada entidade geográfica ou económica, num período dado. Pode também calcular-se esta taxa para uma forma de energia particular. Pode calcular-se igualmente a taxa de independência energética, quociente da produção primária de energia de uma determinada entidade geográfica ou económica pelo consumo total de energia; esta relação reflecte aproximadamente a cobertura das necessidades pelos recursos dessa entidade.

Nota 1: As duas taxas não são complementares na medida em que, pelo jogo das variações de stocks, a adição das duas percentagens não é igual a 100 %.

Nota 2: Quando um país tem um saldo exportador a taxa de dependência energética pode ser negativa.

1.1.14 Técnica Energética

Parte da técnica que tem por fim a valorização dos recursos energéticos, a sua transformação, distribuição e utilização.

Nota: Técnica e tecnologia são termos por vezes utilizados indiferentemente, o que não é correcto. Recomenda-se a sua utilização no seu sentido estrito (ver 1.3.1 e 1.3.2).

1.1.15 Energia Primária

Energia que não sofreu qualquer conversão.

1.1.16 Energia Derivada

Energia que resulta da conversão de energia primária (qualificada então como energia secundária, em vez de derivada) ou de outras energias derivadas.

1.1.17 Energia Final (Energia Entregue)

Energia fornecida ao consumidor para ser convertida em energia útil.

Nota: Por vezes, também se usa a designação “energia disponível”; contudo, convém evitar essa designação pela confusão que pode criar com “disponibilidades” (ver 3.3.1).

1.1.18 Energia Útil

Energia de que dispõe o consumidor depois da última conversão feita nos seus próprios equipamentos.

1.1.19 Fontes de Energia

Tudo o que permite reduzir energia útil directamente ou por transformação. Do ponto de vista da economia da energia são indiferentemente usadas as expressões: “energia”, “fontes de energia”, “formas de energia”, “agentes energéticos” e “vectores energéticos”.

As principais fontes de energia são:

Nota: Recomenda-se que cada fonte de energia seja designada pelo seu nome específico, uma vez que todas as nomenclaturas genéricas podem ser ambíguas. Por exemplo, a expressão energias novas pode aplicar-se a formas de energia utilizadas há longa data, mas agora aproveitadas de forma mais sistemática ou com a ajuda de técnicas sofisticadas. Pelo contrário, a expressão energia clássica (ou impropriamente designada por energia convencional) – que se aplica frequentemente às energias fósseis e também à energia eléctrica – tem apenas um sentido muito vago e evolutivo com o tempo.

Quanto às energias renováveis, elas podem ser continuamente renováveis (fluxo permanente), renováveis por ciclos curtos (por exemplo, anuais), à escala de uma geração ou de várias gerações; elas podem ainda ser parcial ou totalmente renováveis.

Por vezes, usam-se as expressões energia-fluxo e energia-stock para diferenciar as energias renováveis das energias não renováveis; são termos que têm a mesma ambiguidade.

Por outro lado, expressões como energia doce e energia dura (que não correspondem a qualquer realidade física) têm conotação que é mais sociológica do que técnica ou económica.

Assim, todas estas expressões genéricas não deverão ser utilizadas a não ser de forma indicativa e qualitativa.

1.1.20 Transformação e Conversão de Energia

Transformação e conversão são termos muitas vezes utilizados de forma indiferenciada; no entanto, em sentido estrito, a transformação deveria aplicar-se à produção de energia com conservação do estado físico do agente energético e a conversão deveria utilizar-se quando existe uma modificação desse estado físico.

1.2 Recursos e Reservas
1.2.1 Potencial Energético

Conjunto dos recursos energéticos conhecidos, presentes na natureza, sem tomar em consideração as possibilidades técnicas ou económicas da sua exploração.

1.2.2 Recursos Energéticos

Conjunto das energias ou das fontes de energia presentes na natureza que podem ser economicamente exploráveis.

1.2.3 Recursos não Renováveis de Energia

Acumulações energéticas conhecidas e supostas não renováveis, que podem ser economicamente exploráveis nas condições actuais ou num futuro previsível.

1.2.4 Fontes Renováveis de Energia

Energia disponível, a partir de processos de conversão energética permanentes e naturais, economicamente exploráveis nas condições actuais ou num futuro previsível.

1.2.5 Matérias-Primas Energéticas de Origem Fóssil e Mineral

Matérias fósseis obtidas ou aproveitáveis na natureza, que contêm energia que se pode libertar por via química ou por via física. As matérias-primas energéticas de origem fóssil e mineral compreendem em particular, os combustíveis fósseis sólidos, líquidos gasosos e os minerais destinados a fabricar combustíveis nucleares (urânio e tório).

1.2.5.1 Ocorrências de Matérias-Primas Energéticas de Origem Fóssil e Mineral

Conjunto das matérias-primas energéticas de origem fóssil e mineral consideradas do ponto de vista geológico, independentemente do seu interesse económico.

1.2.5.2 Recursos de Matérias-Primas Energéticas de Origem Fóssil e Mineral

Conjunto das matérias-primas energéticas de origem fóssil e mineral conhecidas e supostas, tendo ou podendo vir a ter ulteriormente um interesse económico.

Nota: Distingue-se, em geral entre:

  • as reservas provadas recuperáveis (ver 1.2.5.3)
  • as reservas adicionais, consideradas recuperáveis.

1.2.5.3 Reservas de Matérias-Primas Energéticas de Origem Fóssil e Mineral

Quantidades conhecidas de matérias-primas energéticas de origem fóssil e mineral que podem ser recuperadas in loco em condições determinadas no momento da avaliação da sua utilidade (ver 1.2.8).

1.2.6 Bacia Sedimentar

Zona de subsidência, isto é, zona que sofreu um desgaste contínuo durante vários milhões de anos, acompanhado de uma acumulação progressiva de depósitos possuindo um certo volume de sedimentos (correspondente a uma espessura no mínimo de um quilómetro no interior e adelgaçando-se para a periferia).

Nota: Designam-se por sedimentos formações geológicas criadas pela decomposição e pela decantação das matérias orgânicas e que, sob certas condições e sob a influência de organismos que actuam durante períodos muito longos, contribuem, em particular, para a formação de produtos combustíveis (carvão, petróleo e gás natural).

1.2.7 Jazigos de Matérias-Primas Energéticas de Origem Fóssil e Mineral

Formações geológicas que contêm recursos em matérias-primas energéticas.

1.2.8 Jazigos Exploráveis

Jazigos que, avaliados num dado momento segundo determinados critérios de avaliação, são considerados como economicamente exploráveis.

1.2.9 Jazigos Hipoteticamente Exploráveis

Jazigos cuja exploração poderia tornar-se economicamente válida num futuro previsível.

1.2.10 Taxa de Recuperação

Relação entre um recurso produzido e um recurso in loco, expressa em percentagem; para os hidrocarbonetos, vide 9.5.6.

1.2.11 Reservas

Quantidade de combustíveis fósseis, ou de origem mineral, ou recursos de origem geotérmica existentes no subsolo que já tenham sido objecto de uma avaliação.

1.2.12 Reservas Provadas

Numa determinada data, quantidades estimadas com uma garantia razoável pela análise dos dados geológicos e do estudo de jazigos susceptíveis de serem recuperadas no futuro a partir de jazigos conhecidos em condições económicas e de exploração existentes nessa mesma data.

1.2.13 Reservas Provadas Totais

Reservas totais calculadas ao cessar a exploração de um jazigo.

1.2.14 Reservas não Provadas

Numa determinada data, quantidades estimadas que a análise dos dados geológicos e técnicos indica como susceptíveis de serem recuperáveis economicamente a partir de jazigos já descobertos, com um grau suficiente de probabilidade para sugerir a sua existência. Devido à impossibilidade de prever quando e em que medida a recuperação de tais reservas será possível no futuro, as avaliações devem corresponder a um conjunto de valores, podendo contudo ser dadas por um único valor intermédio que considere todas as incertezas. As reservas não provadas podem também ser classificadas como reservas prováveis ou reservas possíveis.

1.2.15 Reservas Prováveis

Numa determinada data, quantidades estimadas que a análise dos dados geológicos e técnicos indicam como susceptíveis de serem recuperáveis economicamente a partir de jazigos já descobertos, com um grau de probabilidade suficientemente elevado que sugere a verosimilhança da sua existência, mas não suficiente para as classificar como provadas. Devido à impossibilidade de prever quando e em que medida a recuperação de tais reservas será possível no futuro, as avaliações devem corresponder a um conjunto de valores, podendo contudo ser dadas por um único valor intermédio que considere todas as incertezas.

1.2.16 Reservas Possíveis

Numa determinada data, quantidades estimadas que a análise dos dados geológicos e técnicos indica como susceptíveis de serem recuperadas a partir de jazigos já descobertos, com um grau de probabilidade apenas moderado, que sugere a possibilidade da sua existência, mas que não é suficiente para as classificar como prováveis. Devido à impossibilidade de prever quando e em que medida a recuperação de tais reservas será possível no futuro, as avaliações devem corresponder a um conjunto de valores, podendo contudo ser dadas por um único valor intermédio que considere todas as incertezas.

1.2.17 Recursos Hipotéticos

Recursos presumíveis avaliados no decurso da fase inicial da pesquisa numa região, segundo os primeiros dados conhecidos ou as primeiras descobertas.

1.2.18 Recursos Últimos

Quantidade de combustíveis fósseis ou de origem mineral que se pensa existir e poder vir a descobrir. Trata-se de uma noção meramente geológica que não tem em conta as restrições técnicas ou económicas nem qualquer prazo fixado.

1.2.19 Reservas Totais

Existem vários métodos de totalizar as reservas por categorias (provadas, prováveis, possíveis). O método determinista consiste em calcular as reservas de uma mesma categoria como a soma das reservas dos diferentes jazigos dessa categoria. O método probabilístico deduz as categorias de reservas aplicando à totalização probabilística da reservas os limiares de probabilidade correspondentes à determinação de cada categoria. Esta totalização pressupõe que se tenham colocado certas hipóteses sobre o grau de ligação (no sentido probabilístico) entre as incertezas quanto ás reservas dos diferentes jazigos. Estas hipóteses, que têm grande influência no resultado final, devem ser claramente explicitadas.

Nota: É usual resumir as reservas totais de um determinado jazigo pela esperança matemática (R) das reservas, ou pela moda, ou o P50 (quando se dispõe de uma função de repartição) ou por funções simplificadas vizinhas como, por exemplo:

R = 100% provadas + 50% prováveis + 25% possíveis

R = 100% provadas + 67% prováveis + 33% possíveis

A esperança matemática de um conjunto de jazigos é a soma das esperanças matemáticas de cada um deles.

1.2.20 Reservas Anunciadas

Para além dos números conhecidos da sua produção, parâmetros geológicos, técnicos ou económicos farão variar ao longo do tempo os valores das reservas de um jazigo. Tanto os trabalhos de desenvolvimento como um melhor conhecimento do jazigo ou a implementação de novos meios técnicos fazem-nos geralmente aumentar. Uma mudança fiscal ou de ordem contratual, ou ainda uma variação dos preços do mercado, podem fazê-los diminuir ou aumentar. Acresce ainda que os valores anunciados por uma empresa ou um Estado podem ser muito conservadores ou, pelo contrário, muito optimistas consoante o objectivo visado (económico, político ou financeiro).

1.2.21 Oferta de Energia

Conjunto das quantidades de energia presentes na natureza que podem ser tidas em consideração quanto à respectiva exploração económica; englobam os recursos e as fontes de energia.

Nota: Em economia da energia, a oferta representa a quantidade de energia posta no mercado para ser consumida.

1.2.22 Segurança do Abastecimento de Energia

Garantia de se dispor, quando necessário, de energia em quantidade e com a qualidade desejadas, em determinadas condições económicas.

1.2.23 Penúria

Situação de oferta inferior à procura.

1.2.24 Excesso

Situação de oferta superior à procura.

1.3 Técnica
1.3.1 Técnica

Conjunto de processos técnicos bem definidos e bem transmissíveis, destinados a produzir resultados considerados úteis.

Nota: Na prática, a técnica é o conjunto das medidas, dispositivos e processos, etc. que servem para valorizar os conhecimentos científicos e o conhecimento empírico resultante da experiência humana sobre a utilização das forças naturais e a exploração, a conversão e a transformação das matérias-primas com vista à satisfação das necessidades do homem.

1.3.2 Tecnologia

Estudo dos processos técnicos no que respeita aos respectivos aspectos gerais, bem como às suas relações com o desenvolvimento do conhecimento humano.

Nota: Os termos gerais “tecnologia” e “técnica” não se devem empregar indiferentemente porque existe entre eles uma diferença considerável. O mesmo se aplica às expressões “transferência de técnicas” e “transferência de tecnologias”, sejam quais forem as condições em que as mesmas se processem (assistência técnica, transferência de conhecimentos, contrato de assistência).

1.3.3 Poder Calorífico Inferior (PCI)

Quantidade de calor que, em condições normalizadas, se liberta na combustão completa de uma unidade de combustível, admitindo-se que não há recuperação de calor por condensação dos produtos da combustão.

1.3.4 Poder Calorífico Superior (PCS)

Quantidade de calor que, em condições normalizadas, se liberta na combustão completa de uma unidade de combustível, admitindo-se a recuperação de calor dos condensados produzidos na combustão, até às condições de temperatura do ensaio.

1.3.5 Tempo de Funcionamento

Intervalo de tempo durante o qual uma instalação, ou parte dela, fornece energia utilizável.

1.3.6 Tempo de Disponibilidade Passiva

Intervalo de tempo durante o qual uma instalação, ou parte dela, poderia fornecer energia utilizável após o tempo normal de arranque.

1.3.7 Tempo de Indisponibilidade Programada (Parte Planificada do Tempo de Indisponibilidade)

Intervalo de tempo durante o qual uma instalação, ou parte dela, não se encontra em condições de funcionamento, devido a operações de manutenção programadas.

1.3.8 Tempo de Indisponibilidade por Avaria (Parte não Planificada do Tempo de Indisponibilidade)

Intervalo de tempo durante o qual uma instalação, ou parte dela, não se encontra em condições de funcionamento devido a avaria imprevista.

1.3.9 Tempo de Disponibilidade

Soma do tempo de funcionamento com o tempo de disponibilidade passiva.

1.3.10 Tempo de Indisponibilidade

Soma do tempo de indisponibilidade programada com o tempo de indisponibilidade por avaria.

1.3.11 Período de Referência

Intervalo de tempo a que se referem determinados dados. Equivale à soma dos tempos de disponibilidade e de indisponibilidade, no contexto desta Secção.

1.3.12 Duração de Utilização

Quociente da energia obtida, produzida, distribuída ou consumida num determinado período de tempo pela potência máxima alcançada pela instalação durante o mesmo período.

1.3.13 Factor de Disponibilidade de uma Instalação ou de Parte de uma Instalação

Relação entre o tempo de disponibilidade total e a duração do período de referência.

1.3.14 Factor de Utilização

Relação entre o tempo de funcionamento e a duração do período de referência.

1.3.15 Rendimento (Eficiência)

Relação entre a quantidade de energia útil à saída de um sistema e a quantidade de energia fornecida à entrada.

1.3.16 Potência Nominal

Potência máxima em regime contínuo, para a qual a instalação foi projectada. Normalmente vem indicada nas especificações fornecidas pelo fabricante e na chapa afixada nas máquinas.

Nota: No caso do gás é também designada por potência útil e corresponde à quantidade de calor efectivamente utilizável na unidade de tempo para o débito calorífico nominal.

1.3.17 Energia Nominal

Produto da potência nominal pela duração do período de referência.

1.3.18 Prazo de Entrega

Intervalo de tempo que decorre desde a data da encomenda (ou outra data apropriada ou especificada, por exemplo, a data do início dos trabalhos no sítio da obra) de uma instalação ou de uma central, e a data na qual, segundo o contrato, a primeira unidade dessa instalação ou dessa central pode considerar-se como tendo sido entregue ou entrado em serviço.

1.3.19 Factor de Carga Anual de um Sistema

Relação entre a carga média anual de um sistema energético e a carga máxima do sistema ao longo do ano. Exprime-se em percentagem e pode utilizar-se na previsão de variações do consumo. A fim de se terem em conta as variações climáticas, quando se compara um ano com outro, o factor de carga real pode ser corrigido para ter em conta condições climáticas médias.

1.3.20 Factor de Carga

Relação entre o consumo num intervalo de tempo determinado (ano, mês, dia, etc.) e o consumo que resultaria da utilização contínua da carga máxima verificada, ou outra especificada, durante o período considerado.

1.3.21 Curva Cronológica (Diagrama de Cargas)

Representação gráfica da evolução da carga em função do tempo.

Nota: Quando se trata da potência eléctrica designa-se por diagrama de cargas.

1.3.22 Curva de Frequência (Curva de Distribuição)

Classificação dos valores observados em função da sua importância.

1.3.23 Curva Acumulada

Curva integral de uma curva cronológica.

1.3.24 Carga de Base

Parte constante da carga de um aparelho consumidor ou de uma rede durante um período determinado (por exemplo: dia, mês, ano).

1.3.25 Carga de Ponta

Potência máxima pedida por um aparelho consumidor ou à qual uma rede tem que fazer face durante um determinado período (por exemplo: dia, mês, ano).

1.3.26 Coeficiente de Simultaneidade

Quociente entre a “ponta” da procura global simultânea num determinado período e a soma das “pontas” das procuras individuais no mesmo período. O factor de diversidade é o inverso do coeficiente de simultaneidade.

1.3.27 Crítico

A noção de “crítico” caracteriza certas condições particulares de funcionamento de um sistema, de configuração de um componente ou do estado de um corpo.

Nota 1: A velocidade crítica de um motor ou de uma turbina é aquela que não deve ser ultrapassada por razões de segurança. É igualmente o caso da temperatura, da pressão crítica, etc.

Nota 2: Para a criticidade de uma reacção nuclear ver 11.1.30 e 11.1.31.

Nota 3: Um perfil crítico ou supercrítico das asas de um avião permite voar sem aumento importante da força de arrasto a velocidades próximas da velocidade do som.

Nota 4: O estado crítico de um corpo caracteriza-se pelo facto de que, por exemplo, a partir dele não se podem distinguir os estados líquido e gasoso. Os valores do estado crítico são valores constantes para cada corpo; assim, a temperatura crítica é aquela para a qual um gás, qualquer que seja a sua pressão, não pode ser liquefeito, enquanto que a pressão crítica é aquela para a qual uma liquefacção (à temperatura crítica) é ainda possível. As centrais de vapor são exploráveis, por vezes, em estado crítico ou supercrítico para se obter um melhor rendimento. Em tais centrais, para pressões superiores à pressão crítica, não é possível observar uma evaporação com presença das duas fases, líquida e gasosa, nem o fornecimento de calor a temperatura constante.

1.4 Redes de Transporte e de Distribuição
1.4.1 Rede

Conjunto de linhas, canalizações, estações e outras instalações ligadas entre si (interligadas). Uma rede pode designar-se de acordo com a sua função, o seu processo de exploração, a sua tensão, a sua pressão, a sua qualidade e o seu estatuto jurídico (ver 12.2.20).

Nota: As energias ou bens correspondentes são: a electricidade (rede eléctrica), o gás (gasoduto), o petróleo (oleoduto), o aquecimento urbano (rede de calor), assim como os abastecimentos de água e de ar comprimido.

1.4.2 Rede de Interligação

Rede que permite ligar duas ou mais canalizações ou redes, designadamente para trocas inter-regionais ou internacionais de grandes quantidades de energia, com vista à melhoria da rentabilidade e da segurança do abastecimento (ver também 12.2.22).

1.4.3 Rede de Transporte

Rede que se destina a transportar a energia (hidrocarbonetos, electricidade, calor, etc.) para as redes de distribuição situadas a jusante (ver 12.2.23).

1.4.4 Rede de Distribuição

Rede destinada à distribuição de energia eléctrica, de gás natural, de aquecimento urbano ou de ar comprimido dentro dos limites de uma região limitada ou de uma empresa (ver 12.2.24).

1.4.5 Configuração das Redes

A configuração das redes depende da disposição das respectivas ramificações. No caso da rede radial ou em estrela, os ramos partem em antena de uma só fonte, fazendo-se a alimentação a partir de uma extremidade. Numa rede em anel ou em malha, os ramos estão ligados a um certo número de nós; a alimentação pode fazer-se a partir de vários pontos.

1.4.6 Rede Particular, Rede Industrial

Rede de entrega de energia (electricidade, gás natural ou outros combustíveis, ar, etc.) a um único consumidor.

1.4.7 Exploração Isolada

Sistema de abastecimento autónomo, sem ligação a uma rede vizinha.

1.4.8 Exploração Interligada

Exploração em comum de dois ou mais sistemas de transporte e/ou de distribuição de energia. Este tipo de exploração implica a existência de acordos de ordem técnica (pressão, tensão, frequência, fase, etc.) e económica, necessários para a gestão e a exploração da rede. O mesmo se aplica à exploração em paralelo de duas ou mais redes.

1.4.9 Economias da Interligação

Em economia energética, principalmente em economia de electricidade, exige-se uma co-operação permanente e intensiva no domínio da planificação, da construção e da exploração das redes. As empresas envolvidas devem respeitar as exigências técnicas e realizar em comum os investimentos correspondentes às condições de gestão das diferentes partes.

1.4.10 Sistema Integrado de Fornecimento de Energia

Sistema de abastecimento no qual uma empresa de produção ou de distribuição oferece, na região servida, várias formas de energia, distribuídas por redes (electricidade, gás, aquecimento urbano, etc.).

1.4.11 Estabilidade da Rede

Faculdade de uma rede de voltar ao estado de equilíbrio inicial após o desaparecimento de uma perturbação.

1.4.12 Trânsito

Operação que consiste em fazer circular energia entre duas redes não limítrofes, uma, de origem, e outra, destinatária final, através de uma ou várias redes intermédias.

Nota: No quadro dos trânsitos de energia numa rede interligada (gás, electricidade) evoca-se frequentemente a noção de acesso de terceiros à rede (“open acess” e “common carrier”) para a regulamentação dos direitos de acesso, as obrigações de transporte de energia e as retribuições a pagar à rede de transporte.

2. Economia – Métodos Analíticos e de Revisão

A previsão é um instrumento de gestão e de planeamento económico, largamente utilizado em inúmeros sectores da actividade humana; a previsão quantitativa é um assunto complexo, tendo uma terminologia especializada; a documentação sobre o assunto está particularmente desenvolvida. É, portanto, impossível pensar cobrir todas as noções diferentes, razão pela qual este capítulo se limita aos termos mais importantes, utilizados correntemente em matéria de previsão energética e destinados ao utilizador não especificado. Os termos de natureza económica e jurídica, escolhidos com o objectivo da sua utilidade, são tratados nos três primeiros capítulos desta Secção

2.1 Economia e Gestão
2.1.1 Agregado

Grandeza sintética que resulta da adição de grandezas elementares coerentes (porque ex-pressas em valor ou numa mesma unidade física) e características de uma actividade num conjunto económico dado.

2.1.2 Produto Nacional Bruto (PNB)

Produção final de bens e serviços realizada pelos nacionais, no interior do seu país ou no estrangeiro. No cálculo económico global, o PNB permite medir as realizações da economia num intervalo de tempo dado (geralmente um ano).

Nota 1: Questiona-se cada vez mais acerca da pertinência deste indicador pois que, como instrumento de avaliação em termos monetários, ele despreza um grande número de processos importantes relacionados com actividades sociais (por exemplo, a economia subterrânea, a troca de bens ou serviços, o trabalho doméstico, etc.).

Nota 2: O PNB pode ser considerado sob três pontos de vista diferentes: criação, repartição e utilização.

Nota 3: O PNB nominal (preços de mercado) é diferente do PNB real (preços praticados durante um ano tomado como referência). Este último tem como objectivo avaliar exclusivamente as variações da produção em volume.

2.1.3 Produto Interno Bruto (PIB)

Produção final dentro da fronteira de um país de todos os bens e serviços produzidos pelos nacionais e pelos estrangeiros (ver também 2.1.2 Notas 1, 2 e 3).

2.1.4 Produto Nacional Líquido

Produto Nacional Bruto menos as amortizações.

2.1.5 Produto Mundial Bruto

Somas dos produtos internos brutos de todos os países do mundo num dado período, expressos numa unidade monetária comum (p.e., o dólar americano).

2.1.6 Rendimento Nacional

Soma dos rendimentos dos nacionais durante um período dado (em geral um ano), considerando salários, juros do capital e outros rendimentos (rendimento nominal).

2.1.7 Balança de Pagamentos

Registo sistemático de todas as transacções económicas realizadas durante um período dado (geralmente um ano) entre os agentes económicos nacionais e estrangeiros. A balança de pagamentos compreende, entre outras, a balança comercial, a balança de serviços, a balança de movimentos de capitais, a balança de divisas e a balança de transferências.

2.1.8 Factores de Produção

Bens ou actividades que servem para a produção de outros bens ou serviços (entrada, input). Do ponto de vista da economia nacional, são assim designadas as grandezas agregadas, tais como o capital, o trabalho, a energia e as matérias-primas. Do ponto de vista da gestão económica, os factores de produção são diferenciados relativamente a um processo de produção concreto, como, por exemplo, os diferentes consumos intermédios, o trabalho, os equipamentos, etc.

2.1.9 Função de Produção

Relação que estabelece a ligação entre os factores de produção e que determina a quantidade de bens e de serviços produzidos.

2.1.10 Função de Procura

Relação entre a quantidade de bens que um consumidor quer comprar e as variáveis que condicionam a sua procura: preço do bem, dos seus complementos ou substitutos, rendimento, condições de crédito, etc. Considerando estas diferentes variáveis como constantes, com excepção de uma, pode estudar-se a relação entre esta última variável e a procura. A curva da procura é um exemplo de representação dessa pesquisa na qual todas as variáveis, exceptuando o preço, são consideradas como constantes. Não são introduzidas como variáveis explícitas na função de procura as preferências, as necessidades e os hábitos dos consumidores que contudo condicionam a forma da função de procura.

2.1.11 Função de Oferta

Para um determinado produto a função de oferta exprime a relação entre a quantidade dos bens produzidos ou entregues e os preços de abastecimento e de venda, com um ganho máximo. A função total é a soma das funções de oferta de cada um dos produtores.

2.1.12 Elasticidade

Relação entre as variações relativas de duas variáveis económicas durante o mesmo intervalo de tempo, sendo uma considerada independente e a outra dependente.

2.1.12.1 Elasticidade da Procura Relativamente aos Preços (Elasticidade-Preço)

Variação relativa do volume da procura relativamente à variação dos preços durante um período dado.

2.1.12.2 Elasticidade da Procura Relativamente ao Rendimento (Elasticidade-Rendimento)

Variação relativa do volume da procura relativamente a uma variação dada do rendimento nacional (ou do PNB), durante um período dado.

2.1.13 Cartel

Acordo entre empresas (jurídica e, em geral, economicamente independentes) susceptível de influenciar as condições de produção ou de mercado, com o objectivo de limitar ou suprimir a concorrência. Existem diversos tipos: cartel de preços, cartel de limitação da produção, etc.

2.1.14 Oligopólio

Situação económica na qual existe um pequeno número de vendedores para um grande número de compradores. O oligopólio é simétrico ou assimétrico conforme os pesos económicos das partes do oligopólio são equiparáveis ou desproporcionados.

2.1.15 Monopólio

Situação económica que exclui toda e qualquer concorrência, concentrando a produção ou a venda de uma mercadoria numa única pessoa ou empresa.

2.1.16 Função de Custos

Relação funcional entre os custos dos factores utilizados durante o processo de produção e o custo total dos bens ou dos serviços produzidos.

2.1.17 Cálculo dos Custos

Operação que consiste em apurar o quantitativo monetário de todos os factores necessários à produção e/ou distribuição de um determinado bem ou serviço. Nela são considerados o trabalho, os materiais e o capital necessários, bem como outros bens de consumo (alugueres, amortizações). Podem adaptar-se diversos critérios de cálculo, por exemplo: o local (empresa), o vector (produto) ou o tipo de custo (fixo ou variável); o custo unitário indica os custos por unidade produzida. O cálculo dos custos serve de base ao cálculo dos preços e ao cálculo da rentabilidade.

2.1.18 Custo Marginal

Custo adicional originado pela produção de uma unidade suplementar, no caso de aumento da produção.

Nota:Trata-se de um conceito fundamental em economia, com grande aplicação no domínio da energia (gestão, tarifação, escolha dos investimentos, etc.).

2.1.19 Custo de Inovação

Despesas envolvidas na investigação, no desenvolvimento e na introdução de uma nova tecnologia ou de uma nova técnica até à sua exploração (maturidade comercial).

2.1.20 Preço Fictício (Preço Sombra)

Sistema de preços derivados das produtividades marginais dos diferentes factores de produção que correspondem a um plano de produção óptimo.

2.1.21 Custo de Oportunidade

Conceito segundo o qual os custos de uma actividade económica são iguais à da utilidade não aproveitada por se ter preferido uma outra actividade. Esta actividade não aproveitada depende, pois, da existência de uma possibilidade de utilização alternativa.

Nota: Os custos de oportunidade resultam do desvio entre uma situação correspondente ao plano de produção óptimo e a situação real.

2.1.22 Amortização e/ou Reintegração

Método contabilístico adoptado nos balanços para compensar a diminuição do valor dos activos verificada legalmente ou nas contas da empresa, como consequência da sua utilização na exploração, da evolução conjuntural, da inovação tecnológica, etc.

Nota 1: A amortização pode ser linear, progressiva ou degressiva. A duração de vida de uma instalação e a duração da amortização podem não ser coincidentes. A amortização obedece, geralmente, a regulamentações fiscais.

Nota 2: Fala-se frequentemente em amortizações de reposição ou de renovação no caso de instalações hidráulicas ou de redes. Não se consideram, neste caso, os valores de aquisição mas os valores de renovação da instalação.

2.1.23 Valor Real (Valor Actual)

Valor de uma instalação avaliada para um dado momento, tendo em conta a sua idade e o seu estado, bem como o estado de evolução técnica. O valor actual é o valor real num dado momento.

2.1.24 Cálculo de Investimentos

Método que permite calcular a rentabilidade de um investimento tendo em vista tomar decisões sobre a oportunidade de o realizar.

Nota: Entre os métodos de cálculo de investimentos, encontram-se frequentemente o método de actualização, o método de cálculo das anuidades e o método dito da taxa interna da rentabilidade.

2.1.25 Margem Bruta de Autofinanciamento (Cash Flow) (MBA)

Diferença entre as entradas e as saídas de caixa (progressão líquida) de fundos disponíveis provenientes das vendas e outras operações correntes durante um intervalo de tempo dado; a MBA constitui assim uma grandeza que dá uma ideia da situação de tesouraria duma empresa (disposta a pagar e solvente).

2.1.26 Tempo de Reembolso (Período de Recuperação)

Critério de rentabilidade representado pelo tempo ao fim do qual as receitas totais ligadas ao funcionamento de uma instalação, depois da dedução de todas as saídas (incluindo impostos) são iguais ao montante dos investimentos necessários à compra, à construção e ao arranque da instalação.

2.1.27 Retorno do Investimento

Critério de rentabilidade que representa a relação entre as entradas anuais (vendas menos despesas de exploração) e o capital amortizável; aplica-se, assim, antes dos impostos. Por extensão, utiliza-se igualmente depois da aplicação dos impostos. É igual ao inverso do tempo de reembolso.

2.1.28 Lei dos Rendimentos Degressivos

Afirmar de uma forma geral que o acréscimo de certas entradas num processo de produção, relativamente a outras entradas fixas e para um nível técnico dado, aumenta as saídas, nem sempre é correcto. A partir de um determinado nível, as saídas suplementares podem ter tendência para diminuir relativamente às entradas suplementares. Esta redução das saídas suplementares pode resultar do facto de a entrada suplementar de diversas matérias-primas funcionar numa proporção reduzida com as matérias-primas fixas. Em casos extremos, tal pode tornar-se contraproducente.

2.1.29 Gestão da Procura

Modificação do comportamento do consumidor. A publicidade ou as acções governamentais – p. e., a favor das economias de energia – são exemplos de meios para actuar sobre a procura.

2.1.30 Renda

Rendimento que se obtém da terra ou de bens de raiz. De uma maneira genérica, é o rendimento obtido de um factor cuja oferta é rígida ou imperfeitamente elástica relativamente ao seu preço. Esta inelasticidade é devida, na maioria dos casos, ao carácter não reprodutivo de certos factores (terra, localização, etc.) ou a desadaptações de curta duração da oferta (falta de mão-de-obra qualificada em determinado sector). Designa-se também por renda (ou excedente) do consumidor ou do vendedor: é a diferença entre o preço de mercado e o preço mais elevado que o consumidor teria aceite pagar (ou o mais baixo pelo qual o vendedor teria aceite vender) para o mesmo produto.

2.2 Preços e Tarifação
2.2.1 Formação dos Preços

Definição de sistemas de preços para a compra e venda de bens e serviços, baseados em condições técnicas, económicas e institucionais dadas.

Nota: Os preços podem ser fixados quer pelas leis do mercado (preços de mercado) quer pela administração dos países (preços regulamentados ou administrativos).

2.2.2 Componentes dos Preços

O preço global dum produto ou dum serviço integra, em determinados sistemas de tarifação ou de preços, várias componentes. Apresentam, frequentemente, duas partes, uma fixa (por exemplo, em função da potência eléctrica contratada ou de outras grandezas de referência) e outra variável, proporcional às quantidades consumidas. Além disso, condições especiais de utilização podem influir sensivelmente nos custos do fornecedor e ser consideradas como componentes dos preços (por exemplo, fornecimentos em horas de ponta ou em horas de vazio).

2.2.3 Tarifação pelo Custo Médio

Sistema de estabelecimento dos preços de fornecimento de energia, quando existe uma grande disparidade dos custos de abastecimento, por uma combinação dos custos de produção de que resulta um preço médio.

2.2.4 Tarifação pelo Custo Marginal

Sistema de tarifação do preço da energia igual ao custo marginal de fornecimento de um serviço energético.

2.2.5 Sistemas Tarifários

Estruturas unificadas de preços, aplicáveis a um mesmo grupo de consumidores em zonas delimitadas (por exemplo, sectores doméstico, agrícola, terciário) ou nos mesmos domínios de utilização (por exemplo, transportes , iluminação, cozinha, aquecimento). A configuração das estruturas tarifárias é diferente de país para país, ou consoante o produto ou o serviço. Para a electricidade, o gás e o aquecimento urbano existem:

  • tarifas simples, tendo em conta apenas a energia consumida (por exemplo, uma tarifação para pequenas utilizações);
  • tarifas binómias, tendo em conta uma taxa fixa (ligada à potência, ao número de divisões, ao número de hectares cultivados, etc.) e, ainda, a quantidade de energia consumida, com diferenciação de consumos em horas de ponta, em horas de vazio e da sazonalidade.

Nota: Quando se torna possível escolher entre várias tarifas, a “tarifação óptima” obtém-se pela aplicação sistemática da tarifa mais favorável para o consumidor, em função das características do seu consumo durante o período de facturação.

2.2.6 Tarifário

Documento comercial destinado aos clientes eventuais que é constituído por uma lista dos preços dos produtos e/ou serviços oferecidos por uma empresa. O tarifário especifica em geral as condições de venda e os casos em que podem aplicar-se descontos (ou aumentos), implicando um compromisso entre as partes interessadas.

2.2.7 Cláusula de Revisão de Preços

Cláusula existente nos contratos que prevê o reajustamento dos preços de acordo com uma fórmula de indexação.

2.2.8 Moeda Constante

Moeda corrente afectada por um coeficiente, nomeadamente, a taxa de inflação, que corrige a sua evolução ao longo do tempo. A moeda constante permite fazer comparações válidas no tempo entre grandezas que se exprimem em moeda corrente (nomeadamente os investimentos e os preços).

2.2.9 Moeda Corrente

Moeda cujo valor é considerado no dia da sua utilização.

2.2.10 Preço Director

Preço de bens ou serviços relativamente ao qual os preços de venda de bens e serviços substituíveis devem ser estabelecidos a fim de assegurar uma procura mínima. É a partir deste preço que se podem estabelecer, mediante coeficientes apropriados, preços de equivalência para os bens ou serviços concorrentes.

2.2.11 Preço Publicado

Preço de cotação resultante do sistema histórico de fixação dos preços de petróleo. Serve ainda de preço de referência fiscal em alguns países, para o cálculo dos impostos a cobrar pelo Estado.

2.2.12 Preço Oficial de Venda pelo Estado Produtor

Preço que substituiu a noção de preço oficial, à medida que os preços do petróleo deixaram de ser fixados pelas companhias e passaram a sê-lo por parte dos Estados produtores.

2.2.13 Valorização (Netback)

Método de cálculo do preço da energia a montante, a partir do preço dessa mesma energia a jusante, deduzindo os custos ocasionados entre o local de compra e o de venda, bem como a margem de benefício.

2.2.14 Diferencial

Mais-valia ou menos-valia que, por diferentes razões, podem afectar o preço de um produto.

Nota: No caso do petróleo, existe um diferencial de qualidade, conforme as suas características: petróleo leve, fraco teor de enxofre, etc.; e um diferencial de frete, que estabelece uma perequação entre petróleos brutos de diferentes proveniências: que diminui o preço FOB (ver 2.2.21) dos petróleos brutos mais distantes e aumenta o dos que se encontram mais perto.

2.2.15 Preço de Referência

Preço do petróleo bruto de referência a partir do qual são calculados os diferenciais dos outros petróleos brutos.

Nota: Um petróleo de referência é, por exemplo, o Arabian Light.

2.2.16 Mercado Livre (Spot)

Mercado no qual são negociadas as vendas de produtos a curto prazo, ou seja, quantidades marginais que não são cobertas por contratos.

2.2.17 Preço de Mercado Livre

Preço com base no qual são negociados os produtos do mercado livre (spot). Trata-se de um preço extremamente flutuante que é um indicador das tendências gerais das tensões deste mercado.

2.2.18 Taxa de Frete

Tarifa de curto prazo para o transporte marítimo do petróleo em que a lei da oferta e da procura se aplica plenamente por intermédio dos corretores da bolsa.

Nota: As cotações principais são as seguintes:

  • AFRA (Average Freight Rate Assessement) estabelecida pelo London Tanker Brokers Panel.
  • ATRS (American Tanker Rate Schedule) estabelecida por The Tanker Committee of the Association of Ships Brokers and Agents (New York).
  • USMC (US Maritime Commision) estabelecida pelo Governo americano.
  • WORDSCALE (Worldwide Tanker Nominal Freight Scale) estabelecida em conjunto pela Association of Ships Brokers and Agents e a International Tanker Nominal Freight Association.
2.2.19 Custo – Seguro – Frete (CIF)

Preço de uma mercadoria entregue no porto de destino (inclui o custo do frete e do seguro).

2.2.20 Custo de Frete (CF)

O mesmo que 2.2.19, mas sem seguro.

2.2.21 Franco a Bordo (FOB)

Preço de uma mercadoria entregue no navio (inclui todos os encargos, direitos, taxas e riscos por conta do vendedor, até ao momento em que as mercadorias ultrapassam a amurada do navio, portanto com exclusão do frete e do seguro marítimo).

Nota: Esta expressão é geralmente seguida do nome do porto de embarque.

2.2.22 Franco Camião

Preço de uma mercadoria colocada sobre camião, sendo, a partir desse momento, o comprador a suportar todos os encargos e riscos.

Nota: Esta expressão é geralmente seguida do nome do ponto de partida da mercadoria.

2.2.23 Franco no Cais

Condições de venda nos termos das quais a transferência de propriedade se realiza quando as mercadorias são entregues ao longo do barco. Assim, os riscos de carregamento não são suportados pelo vendedor.

2.2.24 Franco Vagão

Preço que se aplica a uma mercadoria colocada num vagão ou entregue aos caminhos-de-ferro (no caso de um carregamento interno, considera-se um vagão completo ou o peso necessário para beneficiar das tarifas aplicáveis às cargas por vagão). A partir desse momento, todos os fretes e riscos são suportados pelo comprador.

Nota: Esta expressão é seguida do nome do ponto de partida da mercadoria.

2.2.25 No Cais, Desalfandegado

Condições de venda que indicam (num contrato de venda ou de transporte) que todas as taxas, encargos ou direitos são imputáveis ao vendedor e devem ser pagos no momento da importação das mercadorias.

2.2.26 No Cais, não Desalfandegado

O mesmo que em 2.2.25, mas com a imputação de todos os encargos ao comprador para quem a responsabilidade é, ipso facto, transferida.

Nota: É costume complementar esta expressão com a designação do porto de entrada.

2.2.27 A Bordo

Condições de venda que significam que o encargo da mercadoria se inicia a bordo do navio, no porto de descarga, indicando-se o nome do lugar.

2.2.28 À saída da Mina, da Fábrica (Ex-Work), do Entreposto

Condições de venda que significam que o comprador toma os encargos da mercadoria a partir do local de produção ou de depósito.

2.2.29 Porte Pago

Preço que inclui o transporte da mercadoria até ao local de destino.

Nota: Pode indicar-se o nome desse local: “porte pago até…”

2.3 Termos Regulamentares, Jurídicos e Contratuais
2.3.1 Autorização

Decisão administrativa que deve ser concedida quando o requerente obedece às condições preestabelecidas para a respectiva atribuição.

Nota: Para a energia nuclear, distingue-se frequentemente entre a autorização de sítio (aprovação do projecto da central nuclear para um dado sítio), a autorização de construção (aprovação dos equipamentos) e a autorização de exploração (aprovação de entrada em serviço após controlo e verificação das obras realizadas).

2.3.2 Concessão

Decisão administrativa que dá o direito de explorar ou utilizar um bem público. Esta decisão depende da vontade das autoridades que fixam unilateralmente as condições.

Nota: No sector mineiro, a concessão dá o direito de exploração na sequência da descoberta de um jazigo com interesse comercial. Em certos países, a exclusividade dos direitos de prospecção pode implicar a exclusividade dos direitos de exploração.

2.3.3 Licença de Prospecção

A licença de prospecção ou exploração autoriza o seu titular a fazer todos os trabalhos necessários para a descoberta de jazigos; estas licenças são, em geral, exclusivas, isto é, apenas o seu titular está autorizado a efectuar prospecções na área atribuída. Além disso, no caso da descoberta, apenas ele pode beneficiar do direito de exploração, com a condição de respeitar a regulamentação em vigor para a sua obtenção.

2.3.4 Provisão para Reconstituição do Jazigo

Benefícios fiscais de que podem dispor as empresas que fazem prospecção e exploração de jazigos, com o objectivo de as incitar a compensar o esgotamento dos jazigos em solo nacional.

2.3.5 Contingentação

Limitação quantitativa, geralmente fixada pelos poderes públicos, do exercício de um direito, do montante da participação num encargo (quota), no quadro de uma afectação governamental de recursos ou de repartição de encargos.

Nota: Um exemplo desta limitação é a “pro rata”: regulamentação da produção que visa a sua limitação voluntária, em função de critérios económicos ligados à preocupação quer de evitar uma baixa de preços, quer de economizar as reservas para prolongar a sua duração.

2.3.5.1 Quota de Produção

Quantidade de um produto, por exemplo de petróleo bruto, que um país ou uma empresa está autorizada a produzir durante um período dado.

Nota: O montante das quantidades a produzir pode ser fixado, a nível nacional, pelo próprio Estado ou, a nível internacional, por uma organização de que o Estado é membro.

2.3.5.2 Quota de Importação

Sistema, geralmente imposto pelo Estado, que visa limitar as quantidades de um determinado produto que podem ser importadas.


2.3.6 Embargo

Interdição legal de importar ou exportar certos equipamentos ou produtos, utilizada segundo diferentes formas como meio de pressão com objectivos políticos.

2.3.7 Associação de Riscos Comuns (Joint Venture)

Operação conjunta de dois ou mais empresários para um objectivo limitado com partilha de riscos.

2.3.8 Arrendamento ou Cedência de Interesses

Contrato pelo qual o detentor de um título mineiro (aluguer ou concessão) entrega a exploração, no todo ou em parte, a um terceiro mediante o pagamento de uma renda.

2.3.9 Contrato de Sondagem

Acordo pelo qual uma empresa especializada na execução de sondagens executa um programa de prospecção por conta de uma empresa de investigação ou de exploração que opera sozinha ou como operador de uma associação de empresas.

2.3.10 Acordo de Troca

Acordo de permuta directa de mercadorias sem qualquer transacção monetária.

2.3.11 Acordo de Compensação

Acordo de venda com um cliente estrangeiro mediante o qual o fornecedor deve importar produtos locais por um valor proporcional às suas entregas.

2.3.12 Contrato com Obrigação de Aquisição (Take or Pay Contract)

Contrato que prevê a obrigação de adquirir uma quantidade mínima de petróleo ou de gás natural (ou de qualquer outra forma de energia) por um preço fixado ou de efectuar um pagamento mesmo que certas quantidades não tenham sido adquiridas.

2.3.13 Contrato de Chave-na-Mão

Contrato de fornecimento de um conjunto industrial que compreende a concepção, o estudo, a construção e a entrega da totalidade das obras e equipamentos prontos a funcionar, mediante um preço global e detalhado por rubrica.

Nota: O contrato pode também incluir a prestação de serviços tais como a formação do pessoal, o comissionamento, etc.

2.3.14 Contrato de Partilha da Produção

Contrato onde o Estado, único detentor dos direitos e títulos mineiros, representado por uma empresa pública, recorre à assistência técnica e financeira de empresas privadas, nacionais ou estrangeiras. A remuneração destes serviços é feita mediante a atribuição de uma parcela da produção, sendo a parte restante desta pertença do Estado depois de deduzidos os custos de exploração.

2.3.15 Taxa pela Licença de Exploração (Royalty)

Pagamento imposto ao titular de uma licença de exploração que tem por objectivo a produção. Pode ser paga em natureza ou em espécie. Trata-se da contrapartida de um direito de exploração que é exigível, não só pela exploração do jazigo como pela utilização de um processo ou de um serviço.

2.3.16 Trespasse

Quantia paga pelo titular da licença de exploração no momento da conclusão de um contrato mineiro. Embora o respectivo montante esteja, por vezes, previsto na lei, ele é, na maioria dos casos, objecto de negociações directas.

2.3.17 Patente

Direito oficialmente reconhecido por um Estado ou um grupo de Estados sobre uma invenção que dá ao seu autor o monopólio de exploração por um tempo limitado. Para ser objecto de uma patente, uma invenção deve obedecer a três condições: ser nova, ser susceptível de aplicação industrial e implicar uma actividade inventiva.

2.3.18 Reivindicações

Renumeração, no final da patente, das características técnicas da invenção, com indicação dos meios reivindicados pelo inventor para obter o resultado pretendido. Essas características definem a extensão jurídica da protecção.

2.3.19 Anterioridade

Todo e qualquer documento ou causa de divulgação que possa arrastar a nulidade total ou parcial de um pedido de registo de uma patente, de uma marca ou de um modelo, por falta de inovação.

2.3.20 Licença

Autorização dada pelo titular de uma patente de invenção para a exploração comercial da sua descoberta em determinadas condições e países. Esse titular tem geralmente direito a receber uma taxa pela licença de exploração (royalty) proporcional ao volume de negócio daí resultante.

2.3.21 “Know-How”

Conjunto de conhecimentos técnicos, necessários à boa utilização de um processo, de um dispositivo ou de uma máquina. Devido à sua natureza, esses conhecimentos não dão lugar a qualquer título de propriedade industrial mas podem, conforme a legislação em vigor, ser protegidos. O “Know-How” é transmitido ao concessionário ou ao licenciado em regime de assistência técnica e é, geralmente, objecto de compromisso secreto que liga o beneficiário e o seu pessoal.

2.3.22 Normalização

Conjunto das actividades que têm por fim definir as gamas e as características a que devem obedecer os produtos, bem como os métodos para as obter (qualidades, dimensões, características, métodos de ensaio, regras de utilização) e, ainda, para permitir a racionalização dos processos de fabrico.

Nota: As normas são estabelecidas por organismos que podem ser internacionais, nacionais ou profissionais.

2.3.23 Especificação

Definição das características a que deve satisfazer um produto, um material, uma instalação, uma fabricação, do ponto de vista da sua composição, das suas qualidades, ou da sua estrutura.

2.3.24 Direito Marítimo

O direito marítimo constitui-se no quadro da Conferência das Nações Unidas sobre o Direito do Mar, cujas convenções são sujeitas a ratificação pelos Estados-membros.

Nota: A referida Convenção actualmente em vigor aplica-se às principais actividades humanas no domínio dos oceanos:

  • navegação e sobrevoo;
  • prospecção e exploração de recursos;
  • conservação e poluição.

O comportamento dos Estados-membros relativamente aos oceanos é orientado pela Convenção que define as zonas marítimas, mediante regras que estabelecem as fronteiras, conferindo direitos e responsabilidades e fornecendo um mecanismo para a regulamentação dos diferendos.

2.3.25 Plataforma Continental

Designa os fundos marinhos e os subsolos das zonas submarinas adjacentes à costa; situam-se para além do limite das águas territoriais até uma profundidade de 200 metros ou para além deste limite se a profundidade das águas permitir a extracção de recursos naturais do fundo das referidas zonas. O Estado banhado por esse mar exerce direitos de soberania na plataforma continental com o objectivo de realizar a prospecção e a exploração dos recursos naturais lá existentes.

2.3.26 Zona Económica Exclusiva

Zona que se estende para lá do mar territorial, adjacente à zona sobre a qual o Estado banhado tem direitos soberanos em matéria de prospecção, exploração e conservação de recursos de qualquer natureza. A zona económica exclusiva pode estender-se até ao limite de 370 km (200 milhas marítimas), a partir das costas do Estado em causa

.
2.3.27 Águas Interiores Marítimas

Espaço marítimo que engloba o espaço aéreo que lhe fica por cima bem como os fundos marinhos subjacentes. O Estado banhado dispõe de soberania total sobre essas águas, que compreendem: os portos marítimos e seus aproveitamentos, as enseadas – sempre que constituírem abrigos – as águas compreendidas entre a beira-mar e a linha de baixa-mar, algumas baías e certas águas históricas.

2.3.28 Águas Territoriais

Espaço marítimo que engloba o espaço aéreo que lhe fica por cima e os fundos marinhos subjacentes sujeitos à soberania do Estado banhado, mas com um direito de passagem inofensiva concedido aos navios estrangeiros. O limite interior do mar territorial coincide com o limite exterior das águas interiores. O limite exterior das águas territoriais é geralmente fixado em 22,2 km (12 milhas marítimas).

2.3.29 Alto Mar

Parte do mar aberta a todos os Estados quer tenham litoral ou não e onde existe liberdade para navegar, sobrevoar, colocar cabos e tubagens, pescar e realizar investigação científica.

2.3.30 Afretamento

Contrato pelo qual um armador (fretador) se compromete a pôr à disposição de uma terceira pessoa (o afretador) um navio mediante o pagamento de uma certa quantia (frete). Por extensão, aplica-se a qualquer meio de transporte não marítimo.

Nota: Para transportar produtos, existem diversos tipos de contratos de afretamento:

  • Afretamento casco nu (ou vazio): o navio é entregue pronto a navegar, mas sem tripulação, combustível nem mantimentos.
  • Afretamento por viagem: o armador compromete-se a transportar uma carga de um porto para outro mediante o pagamento de um certo preço por tonelada.
  • Afretamento por tempo: o armador põe a disposição do afretador, por um período que pode ir até 20 anos, um navio pronto a ser utilizado, com a sua tripulação, mediante o pagamento de um certo preço por tonelada e por mês.
2.3.31 Sobrestadias

Indemnizações que os afretadores ou os destinatários de um carregamento devem pagar ao armador quando as operações de carga ou de descarga ultrapassam o número de dias (sobrestadia) previsto no contrato.

2.3.32 Bandeira de Conveniência

Nacionalidade fictícia concedida a navios comerciais que lhes permite funcionar em condições financeiramente mais vantajosas do que se eles tivessem sido registados no seu próprio país.

2.3.33 Desclassificação de uma Instalação Energética

Acção que consiste em interromper definitivamente a exploração de uma instalação energética:

  • no fim da sua duração de vida útil;
  • como consequência de um acidente;
  • por razões técnicas e/ou económicas (substituição da forma de energia utilizada por outra mais competitiva, obsolescência da técnica, etc.);
  • por razões de meio ambiente, de segurança, de urbanização, etc.

Nota: Após a saída de serviço definitiva, a instalação energética pode ser substituída por outra no mesmo local ou desmantelada para libertar o sítio.

2.3.33.1 Desmantelamento de uma Instalação Marítima

Obrigação que decorre da legislação internacional que consiste em desmontar completamente qualquer instalação marítima cuja utilização tenha sido abandonada.

2.3.33.2 Desclassificação de uma Instalação Nuclear

Acção que consiste, no fim da vida útil ou como consequência de um acidente, em interromper definitivamente a exploração de uma instalação nuclear (no sentido das Convenções de Paris e de Bruxelas sobre a responsabilidade civil em caso de acidente nuclear).

Nota 1: Pode procurar-se atingir os seguintes níveis de desclassificação:

a) Pôr em redoma: Trata-se de uma medida temporária e de espera que permite uma diminuição da radioactividade antes de se empreender uma acção definitiva. Consiste na desmontagem. Tornam-se necessárias medidas de segurança muito severas, tais como trancar ou soldar as portas de entrada, para evitar o acesso a pessoas estranhas. Para além deste processo, deve atingir-se um dos níveis mencionados em b) e c).

b) Selagem Integral: Este nível é atingido quando se tornam permacontaminadas da instalação, utilizando técnicas especiais de desmontagem dos diferentes elementos e recobrindo, por exemplo, com um invólucro de betão armado as partes restantes.

c) Desmantelamento: Este nível é atingido depois de se retirarem todas as partes contaminadas, por meios de equipamentos especiais telecomandados e de barreiras de protecção; o conjunto do sítio é limpo e totalmente desactivado.

Nota 2: Teoricamente, pode tentar-se atingir o nível c) sem passar pelos níveis a) e b). Praticamente, procura-se atingir os níveis b) e c) em função do destino final a dar ao sítio.

2.4 Métodos Analíticos de Previsão
2.4.1 Métodos Analíticos

2.4.1.1 Econometria

Ramo das ciências económicas que apresenta a síntese da teoria económica (matemática) e dos métodos estatísticos. O seu objectivo consiste em validar os modelos teóricos e fornecer indicações quantitativas relativas ao funcionamento dos agregados económicos.

2.4.1.2 Análise Custo-benefício

A análise custo-benefício consiste em valorizar, em termos monetários, todos os efeitos previsíveis de uma decisão.

Nota: A avaliação da relação custo-benefício para os projectos é frequentemente utilizada na apreciação das alternativas possíveis de um projecto de investimentos.

2.4.1.3 Análise de Correlação

A análise de correlação permite compreender a relação entre duas grandezas. Para as duas grandezas, as séries de valores podem ser independentes ou, numa análise de regressão, podem ser dependentes, isto é, influenciar-se mutuamente.

2.4.1.4 Análise dos Factores

É um método de análise da variância para estudar a estrutura de um conjunto de dados. A análise dos factores pode desempenhar três funções:

  • Procurar uma representação mais simples dos processos para os quais se devem analisar os dados, reduzindo a dimensão da variável espaço na qual estão representados os elementos a examinar;
  • Examinar a interacção entre variáveis pela representação de conjunto lineares de variáveis;
  • Examinar as representações destes conjuntos de variáveis que os ligam aos elementos fornecendo os dados que devem ser analisados.

2.4.1.5 Análise Interindustrial

Ver Análise Entrada-Saída (2.4.1.6).

2.4.1.6 Análise Entrada-Saída (Input-Output)

Método de investigação da interdependência dos diferentes ramos de actividade de uma economia durante um período de tempo determinado. A representação sobre a forma matricial denomina-se “quadro de entrada-saída”.

Nota 1: A análise entrada-saída permite avaliar os efeitos da modificação da procura final sobre a actividade dos sectores industriais interligados.

Nota 2: A análise interindustrial é um caso particular de análise entrada-saída.

2.4.1.7 Modelo de Penetração do Mercado

Processo segundo o qual as técnicas, os bens e as formas de energia penetram no mercado, por exemplo, segundo uma função logística e, depois, se for caso disso, desaparecem do mercado por processos de substituição.

Nota: O modelo Fisher-Pry é uma representação formalizada deste processo.

2.4.1.8 Análise da Trajectória

Método para a estimativa e o exame da coerência interna de um modelo com uma estrutura causal determinada.

Nota: A estrutura causal postulada pode ser avaliada com o apoio de diagramas de evolução.

2.4.1.9 Análise de Processos

Método de análise que descreve os fluxos (de energia) desde as fontes primárias de aprovisionamento até à procura final.

Nota: Os processos podem cobrir a extracção dos recursos energéticos, o tratamento, a conversão ou a transformação, o transporte, a armazenagem e a distribuição.

Sendo os fluxos energéticos expressos em termos físicos, a análise de processos é fundamentalmente uma forma de contabilidade energética.

2.4.1.10 Análise de Sistemas

Trata-se de um dos instrumentos da análise sistémica (visão interdisciplinar global de um problema): consiste em reduzir um sistema às suas componentes e interacções elementares e em evidenciar, por exemplo, os diferentes factores de influência (políticos, sociais, culturais, demográficos, tecnológicos, ecológicos, etc.).

Nota: Este método pode aplicar-se à análise de desenvolvimento energético sobre a economia e os recursos naturais. O método WELMM (W=água; E=energia; L=terra; M=matérias-primas; M=mão-de-obra) é disso um exemplo.

2.4.1.11 Análise de Séries Temporais

Processo que consiste em analisar uma série de observações classificadas relativamente à variável tempo.

Nota: O objectivo da análise das séries temporais é o estudo da dependência entre as observações efectuadas em diferentes períodos de tempo.

2.4.1.12 Análise de Tendência

Método de análise que consiste numa extrapolação, a partir de tendências passadas, da evolução da tendência no futuro.

2.4.1.13 Método das Variáveis Mudas

Método simples e útil que consiste em introduzir uma análise das informações relativas às variáveis qualitativas ou por categorias, ou seja, das variáveis que não são medidas segundo o método convencional em valores numéricos.

2.4.2 Métodos de Previsão

2.4.2.1 Previsão Energética

Actividade que consiste em descrever as orientações e os acontecimentos futuros no domínio da energia, tomando em consideração os valores futuros previstos para os diferentes parâmetros com impacto sobre a economia energética.

2.4.2.2 Prospectiva

Método de investigação destinado a evitar os inconvenientes de uma previsão parcelar quantitativa e única por uma perspectiva qualitativa e múltipla. Para estudar a evolução da produção ou da procura energéticas, a perspectiva adopta uma visão mais global, examina as variáveis qualitativas quantificáveis ou não, bem como as variáveis quantitativas, estabelece relações dinâmicas entre variáveis, descreve múltiplos futuros a partir da explicação do presente mediante a análise dos efeitos de estrutura e de comportamento que afectam o sector energético.

Nota: A prospectiva impõe-se particularmente no caso do planeamento de um futuro incerto. Inclui normalmente uma fase exploratória (de previsão) depois de uma fase normativa (de análise retrospectiva).

2.4.2.3 Curto Prazo

Futuro imediato, no decurso do qual a margem de manobra é limitada pelas capacidades e técnicas existentes.

2.4.2.4 Médio Prazo

Período no decurso do qual é possível acrescentar as capacidades por meio de novos investimentos nas instalações (centrais, etc.), nos equipamentos ou noutros factores que permitam estimular a produtividade com base em técnicas comprovadas.

2.4.2.5 Longo Prazo

Período suficientemente longo para permitir realizar aumentos de capacidade e alterações importantes, tanto no domínio da produção como no do consumo.

Nota: Não são indicados os números de anos correspondentes aos diferentes prazos porque estes podem variar de sector para sector e de país para país.

2.4.2.6 Modelo de Previsão

Conjunto de hipóteses, de regras, de algoritmos ou de equações que permitem um tratamento sistémico das informações com o fim de examinar as relações funcionais, estáticas ou dinâmicas, a partir das quais uma avaliação objectiva pode fornecer elementos de conjuntura susceptíveis de orientar as decisões. Um modelo que cobre a totalidade da economia energética denomina-se modelo global; um modelo sectorial não cobre senão um sector ou uma actividade específica.

2.4.2.7 Modelação por Desagregação

Elaboração e/ou implementação de um modelo que parte de situações globais para chegar a avaliações decompostas regional e/ou funcionalmente.

2.4.2.8 Modelação por Agregação

Elaboração e/ou implementação de um modelo que chega a conclusões macroeconómicas a partir de uma análise do impacto das alterações de parâmetros específicos dos diferentes subconjuntos de um sistema global.

2.4.2.9 Método (ou Inquérito) Delfi

Método aplicado a um problema de previsão bem definido com o fim de obter essa previsão a partir da convergência de opiniões de um número seleccionado de participantes. Este método utiliza questionários de escolha múltipla. A análise das respostas a uma primeira versão do questionário pode ser utilizada para estabelecer o questionário seguinte com o fim de clarificar e de reduzir as divergências de opinião expressas nas respostas analisadas. Além desta técnica Delfi, podem ser utilizados para a previsão energética outros métodos semelhantes de inquérito tais como o método da matriz de impacto cruzado.

2.4.2.10 Transposição

Extensão a um país de uma ou várias características existentes noutro país com o qual a comparação pode considerar-se válida.

Nota: Este método é também denominado método de previsão por analogia.

2.4.2.11 Extrapolação

Extensão, no tempo, de uma grandeza de partida dada, por simples projecção ou aplicação de fórmulas derivadas ou por ponderação dos dados que se estima como sendo os melhores.

2.4.2.12 Base de Dados

Conjunto de factos, números ou outros dados convenientemente estruturados, com o objectivo de servir de base de referência, de previsão, etc.

2.4.2.13 Cenário

Conjunto coerente e plausível de hipóteses sobre as variáveis exógenas da previsão, elaborado de um modo sistémico.

2.4.2.14 Cenário Tendencial

Cenário que visa descrever o futuro ao qual conduziria a reprodução idêntica das principais tendências do passado.

2.4.2.15 Cenário Contrastado (Cenário de Enquadramento)

Cenário que se apoia em hipóteses extremas relativas à evolução das grandes tendências com o objectivo de delimitar o espaço dos futuros possíveis.

2.4.2.16 Variável Endógena

Variável determinada no interior do sistema considerado.

2.4.2.17 Variável Exógena

Variável determinada fora do sistema considerado. Pode ser política, social, ligada ao ambiente, etc.

2.4.2.18 Variável Explicada

Variável cujo valor resulta do valor assumido por outra ou outras variáveis.

2.4.2.19 Variável Explicativa

Variável cujo valor determina, inteiramente ou em parte, o valor de uma outra variável.

2.4.2.20 Análise de Sensibilidade

Estudo da incidência relativa de uma variável explicativa sobre o resultado de uma previsão.

2.4.2.21 Métodos Formais de Previsão

Métodos baseados na recolha e análise sistémica de dados estatísticos e/ou de opiniões de peritos.

2.4.2.22 Métodos Quantitativos

Métodos formais que utilizam as matemáticas para tratar sistemicamente a informação do passado a fim de identificar e avaliar relações funcionais, estáticas ou dinâmicas com o objectivo de fornecer as previsões que podem servir de base a uma decisão futura.

2.4.2.23 Métodos Qualitativos

Métodos formais que implicam a utilização do julgamento humano para transformar uma informação qualitativa em estimativa quantificada.

2.4.2.24 Métodos Autoprojectivos (Métodos Univariantes)

Métodos quantitativos que utilizam uma única série cronológica na qual o modelo assenta na suposição de uma continuidade do esquema histórico. Trata-se de uma técnica de extrapolação, quer por simples projecção das tendências históricas, quer por aplicação de fórmulas derivadas ou de modelos matemáticos ou de melhores dados de estimativa.

2.4.2.25 Métodos Causais (Métodos Multivariantes)

Métodos quantitativos que utilizam várias séries cronológicas e integram relações entre a grandeza a prever e outras grandezas.

2.4.2.26 Análise de Regressão

Análise da relação matemática (muitas vezes determinada de forma empírica entre duas ou mais variáveis correlacionadas) e utilização desta análise para prever os valores de uma variável, uma vez fixados os valores de outras variáveis.

2.4.2.27 Modelo Econométrico

Modelo no qual se aplicam métodos matemáticos e estatísticos (por exemplo a análise de regressão) a dados e problemas económicos.

2.4.2.28 Modelo de Entrada-Saída (Modelo de Leontiev)

Modelo baseado na análise entrada-saída (ver 2.4.1.6).

2.4.2.29 Modelos de Séries Multitemporais

Modelos baseados na análise simultânea de várias séries cronológicas.

2.4.2.30 Modelo de Simulação

Modelo descritivo fundamentado numa representação lógica de relações que formam a estrutura de um sistema e que visam reproduzir, de um modo mais ou menos simplificado, o funcionamento desse sistema. Um modelo de simulação diz-se estático quando representa apenas o funcionamento do sistema num corte temporal; diz-se dinâmico quando integra os processos de evolução e/ou de reprodução do sistema. A importância destes modelos decorre da impossibilidade ou do custo excessivo de experiências sobre o próprio sistema.

Nota: Algumas variações dentro do modelo podem ser deterministas mas, noutros contextos de previsão, serão geralmente estocásticos com repartições de probabilidade que descreverão igualmente a resposta. Um exemplo bem conhecido é a simulação que utiliza o método dito de Monte Carlo.

2.4.2.31 Modelo de Optimização

Modelo que descreve um sistema ou um problema de tal forma que a aplicação de um processo analítico rigoroso a sua representação permite fornecer a melhor solução para um objectivo dado, no interior de um conjunto de restrições associadas a esse objectivo.

3. Balanços Energéticos

A contabilidade da energia exprime-se, na maioria dos casos, em unidades físicas e não em unidades monetárias. Existem de facto dois tipos de contabili-zação bastante diferenciados nos seus objectivos:

  • Uma correspondente às quantidades de produ-tos energéticos cuja oferta e procura devem equilibrar-se a um nível macroeconómico;
  • A outra diz respeito ao seguimento dos fluxos energéticos num processo ou numa instalação.

No primeiro caso, a contabilização conduz a um balanço; os termos convencionais utilizados para descrever quer o seu quadro, quer o seu conteúdo, estão incluídos nesta Secção

Na Secção 5 – “Gestão da Energia” – figuram os termos relativos à segunda acepção, onde a contabilização serve para seguir os fluxos de energia, sobretudo com o objectivo de os optimizar.

3.1 Termos Gerais
3.1.1 Balanço Energético (Balanço da Energia)

O termo balanço energético tem um sentido contabilístico e não o de rendimento que lhe dão por vezes os técnicos de calor. Aqui, o balanço energético de uma zona determinada, num determinado período é, por definição, equilibrado (entre as entradas e as saídas) e apresentado como um balanço de contabilidade.

Nota 1: Os limites geográficos e temporais dos balanços são variáveis e se, para um dado país e uma dada época, se estabelecem, na maioria dos casos, balanços, nacionais e anuais, a exemplo dos da contabilidade nacional, é possível estabelecer balanços por períodos mensais, trimestrais, etc. e/ou a escalas infranacionais ou supranacionais (balanços regionais).

Nota 2: A energia contabilizada nos balanços pode ser referida às diferentes etapas da cadeia energética: energia primária (ver 1.1.15), energia derivada (ver 1.1.16), energia final (ver 1.1.17), energia útil (ver 1.1.18); nestas diferentes fases, a energia tomada em conta pode ter sido ou não objecto de uma troca monetária (ver: energia comercial, energia não comercial, recuperação). Designa-se por balanço integrado um balanço representando todos os fluxos (incluindo as variações de existências) desde o aprovisionamento primário ao consumo final e, em certos casos, até à energia útil, por exemplo por uma série de balanços, quadros, diagramas de fluxo).

Nota 3: O quadro utilizado é apenas uma forma de representação cómoda, apresentando diferenças sensíveis consoante a fase da cadeia energética à qual se aplica. Verifica-se actualmente uma tendência de harmonização dos modos de apresentação e dos conceitos de base, designadamente por parte de certas organizações internacionais, em particular das Nações Unidas, que têm adoptado geralmente o formato de matrizes, representando em colunas as formas de energia e em linhas os diversos agregados correspondentes aos aprovisionamentos e utilizações. As suas recomendações facilitam a interpretação e a comparação dos balanços (não são normas internacionais e não se pode falar propriamente em utilizar o termo balanços normalizados). Na prática, e respeitando quadros harmonizados, cada país e cada organização pode escolher as formas de balanços mais adaptados aos seus objectivos e necessidades específicas.

3.1.2 Balanço Energético Global

Balanço representando, num quadro de contabilidade coerente, todas as quantidades de energia produzidas, transformadas e consumidas numa dada zona geográfica e num dado período de tempo; estas quantidades de energia são expressas e contabilizadas em unidades de conta única (ver 3.2.2), para comparação e adição.

Nota 1: Um balanço global supõe um conjunto de convenções e de regras de elaboração que permitam, em particular, evitar as duplas contabilizações. A expressão, em unidade comum convencional, de quantidades de energia anteriormente contabilizadas em unidades específicas supõe o emprego de factores de conversão ou de equivalência (ver 3.2.1). É indispensável conhecer estas convenções para poder interpretar o balanço.

Nota 2: O balanço global serve também para avaliar a coerência dos dados de base com o sistema de contabilidade escolhido.

3.1.3 Balanço Energético por Formas de Energia (por vezes denominado Balanço Energético Parcial ou Balanço em Unidade Específica)

Balanço relativo a uma única forma de energia ou a formas muito próximas (por exemplo, produtos petrolíferos, produtos carboníferos, etc.) em que todas as quantidades produzidas, transformadas e consumidas numa dada zona geográfica e num dado período de tempo são expressas em unidade específica (massa, volume, etc.) ou numa unidade energética (por exemplo o joule e seus múltiplos). Existem, assim, os balanços de gás, de petróleo, os balanços de carvão, os balanços eléctricos, etc.

Nota 1: Os produtos contabilizados são função dos recursos particulares ou de hábitos de um dado país.

Nota 2: Designa-se por vezes por quadro energético de base a justaposição do conjunto dos balanços por formas de energia. Trata-se de um quadro de conjunto das quantidades de energia produzidas, transformadas e consumidas, numa dada zona geográfica e num dado período de tempo, independente para cada forma de energia, quer se trate de energia primária ou derivada. Estas quantidades são expressas em unidades específicas mas a sua apresentação faz-se num quadro comum; para passar ao balanço global é necessário definir o sistema de contabilidade energética adoptado, os princípios de agregação, os coeficientes de conversão e de equivalência, as convenções de sinal para as variações de stocks, os retornos e transferências e as entradas e saídas de transformação.

3.1.4 Balanço da Energia Primária (Balanço de Equivalente Primário)

Balanço que exprime as quantidades das diferentes formas de energia necessárias à satisfação do consumo final em quantidades equivalentes de uma forma única de energia primária escolhida como referência (na maioria dos casos um combustível fóssil). A contabilização em todos os pontos do balanço é feita em função desta hipótese (ver 3.2.1 factores de conversão e coeficientes de equivalência e 3.2.4 método de substituição parcial).

3.1.5 Balanço de Energia Final

Balanço que exprime as quantidades das diferentes formas de energia necessárias à satisfação do consumo final, medidas ou estimadas. Num balanço da energia final todos os fluxos são contabilizados na base do poder calorífico (3.2.3: método do poder calorífico).

3.1.6 Balanço da Energia Útil

Balanço estabelecido na base de uma contabilização dos diferentes fluxos energéticos segundo o seu poder calorífico real, desde o aprovisionamento primário à energia útil recuperada pelo consumidor final à saída dos seus aparelhos e fazendo assim aparecer as perdas verificadas nas diferentes fases de transformação e do consumo. Como não existe medida efectivada energia útil, este balanço é, de facto, um balanço derivado do balanço da energia final, com aplicação de rendimentos médios ou estimados para a transformação pelo último aparelho, o que pressupõe um bom conhecimento do parque e dos rendimentos, que podem variar em proporções importantes.

Nota: Admite-se a possibilidade de determinar a energia útil em função dos processos técnicos, das utilizações ou dos sectores económicos, mas estes aspectos apresentam dificuldades teóricas e práticas tais que, actualmente, o método acima indicado é geralmente o aplicado.

3.1.7 Energia Comercial (Energia Vendável)

Energia que é objecto de uma transacção comercial, o que facilita a sua quantificação.

3.1.8 Energia não Comercial

Formas de energia que não são objecto de uma troca comercial; são difíceis de contabilizar nos balanços, se bem que estes sejam estabelecidos a partir de fluxos físicos e não monetários visto que os produtos obtidos directamente não podem geralmente ser quantificados senão por meio de inquéritos específicos junto do consumidor.

Nota 1: Trata-se de uma definição literal que não corresponde totalmente à prática, onde se utiliza, com frequência, a expressão “energia não comercial” em lugar de “energia tradicional”. Por exemplo, a madeira, o carvão de madeira e os resíduos podem ser objecto de transacções.

Nota 2: A energia dita não comercial provém geralmente de produtos vegetais ou animais, por vezes como subprodutos de actividades agrícolas, florestais ou mesmo industriais; o termo aplica-se também à energia solar ou eólica ou a pequenos aproveitamentos hidráulicos em instalações individuais ou semi-individuais.

Nota 3: As dificuldades de contabilização e de tomada em consideração destas fontes de energia nos balanços decorrem, não só da incerteza sobre as quantidades que entram, mas também da falta de precisão dos coeficientes de equivalência que permitem integrá-las e ainda da dispersão dos rendimentos de utilização.

3.2 Metodologia
3.2.1 Factores de Conversão (Coeficientes de Equivalência)

Coeficientes que permitem passar as quantidades expressas numa unidade para quantidades expressas numa outra unidade.

Nota 1: Estes termos, considerados muitas vezes como sinónimos e que são, na maior parte dos textos, utilizados indiferentemente, envolvem, na realidade, noções diferentes:

  • a) O factor de conversão (por vezes chamado coeficiente de conversão) designa a relação exacta de conversão de uma unidade de um sistema numa unidade de outro sistema: polegada em metro, galão (a precisar) em metro cúbico, etc.;
  • b) O coeficiente de equivalência permite apreciar convencionalmente numa unidade única (ver unidade de conta energética 3.2.2) quantidades de energia de naturezas diferentes ou, quando for o caso, associadas a usos diferentes.

Nota 2: Uma medida única para todas as formas de energia é, de certa maneira, artificial porque não considera aspectos qualitativos de todas as ordens que entram em jogo (aspectos económicos, exergéticos, de substituição, etc.). Por outro lado, no caso de uma energia resultante de transformações, o cálculo que permite passar da unidade específica à unidade comum pode utilizar coeficientes diferentes consoante se situe a montante ou a jusante de cada fase de transformação (ver Secção 20).

3.2.2 Unidade de Conta Energética (Unidade Comum)

Unidade na qual se convertem as unidades específicas utilizadas para as diferentes formas de energia. No sistema SI, a unidade regulamentar é o joule ou o quilowatt-hora; contudo, as unidades fora do sistema SI, unidades de apresentação ditas unidades convencionais, são ainda usadas correntemente; elas são associadas ao emprego de coeficientes e permitem adicionar, nos balanços globais, quantidades de energias diferentes; entre as mais correntes encontram-se a tonelada equivalente de carvão (tec) e a tonelada equivalente de petróleo (tep); se bem que não sejam admitidos no sistema SI, a caloria e os seus múltiplos são ainda utilizados, assim como algumas outras unidades físicas fora desse sistema, tal como a British thermal unit (Btu).

Nota: A utilização das unidades de apresentação reflecte a estrutura dos sistemas energéticos, baseados essencialmente na utilização do carvão e do petróleo. São definidas convencionalmente em termos de unidades energéticas (joule e por vezes caloria ou termia).

3.2.3 Método do Poder Calorífico (Método Franco Consumidor, Método de Degradação Calorífica, Método do Conteúdo Energético)

Contabilização de todas as formas de energia na base do seu poder calorífico estrito.

Nota: O poder calorífico, definido pela quantidade de calor desenvolvida pela combustão completa de uma unidade de combustível, só se aplica, em princípio, aos combustíveis. Contudo, e por assimilação, a noção de poder calorífico pode ser extensiva, no caso da electricidade, ao calor dissipado por efeito de Joule.

Para outras formas de energia, além dos combustíveis e da energia eléctrica, as convenções não se encontram ainda verdadeiramente uniformizadas. Porém, o facto de estas energias não terem representado, até agora, senão uma pequena parte dos balanços, justifica que as diferenças de convenção adoptadas não tenham tido uma repercussão sensível. Para os produtos combustíveis considera-se: o poder calorífico superior (PCS) (ver 1.3.4) e o poder calorífico inferior (PCI) (ver 1.3.3).

3.2.4 Método da Substituição Parcial

Contabilização de todas as energias excepto a electricidade, na base do seu poder calorífico estrito. A electricidade é, em princípio, contabilizada na base da energia fóssil que seria necessária para a sua produção. Este método nem sempre é utilizado na prática se a electricidade for produzida a partir de energia hidráulica, nuclear ou energias ditas novas ou renováveis (ver 3.3.2).

Nota: A consideração de diversos métodos e de diversos critérios de contabilização leva a encontrar, na prática, balanços onde, por exemplo, se podem aplicar os princípios do equivalente primário às disponibilidades e os do poder calorífico estrito aos usos. Estes balanços podem ser designados por balanços mistos.

3.3 Abastecimento
3.3.1 Energia Disponível para o Consumo Interno Bruto (Total das Necessidades em Energia Primária, Abastecimento ou Disponibilidades)

Ponto chave do balanço que deve equilibrar, para o período de referência, o consumo interno (ver 3.5.7) da entidade geográfica considerada.

3.3.2 Produção Primária de Energia

Extracção de energia obtida na natureza e, por extensão, produção de certas energias derivadas (electricidade dita primária). Distinguem-se assim:

  • a produção primária de combustíveis: produção referida às quantidades de combustíveis extraídos, produzidos ou recolhidos para fins energéticos, avaliados após eliminação das matérias inertes neles contidas (para o gás natural é preciso excluir os “lâchers”, os queimados, a reinjecção, etc.). Nesta rubrica entram os produtos de recuperação utilizados para as centrais térmicas e os produtos animais ou vegetais combustíveis, na medida em que eles não sofreram ainda qualquer transformação energética;
  • e a produção primária de electricidade: por convenção, denomina-se geralmente energia eléctrica primária aquela que provém de centrais hidráulicas e nucleares bem como a energia eléctrica de origem fotovoltaica, eólica ou geotérmica.

Contudo se estas formas de energia já estão contabilizadas como fontes primárias (por exemplo num ponto de energia renovável) existe risco de dupla contabilização. No caso do nuclear, existe o mesmo risco se se contabiliza como energia primária o calor nuclear produzido pelo reactor. As soluções adoptadas para evitar estas duplas contabilizações podem ser diferentes conforme os países.

Nota 1: A produção primária de combustíveis pode referir-se, em certos países, às quantidades brutas; esta produção primária bruta poderia figurar numa linha precedendo a produção primária de combustíveis tal como se define acima.

Nota 2: A energia solar e a energia eólica utilizadas directamente (utilização térmica directa e utilização mecânica) podem ser assimiladas a uma produção primária; a contabilização faz-se, em geral, à saída do primeiro aparelho de captação. O facto de estas energias terem, até ao presente, representado uma pequena parcela dos balanços explica que as diferenças de convenções adoptadas para as tomar em conta não tenham tido repercussão sensível.

3.3.3 Desagregação das Produções

Pode ser apresentada por unidade geográfica, por forma de energia, por unidade de produção, com um grau de pormenor mais ou menos fino segundo o grau de desagregação do balanço.

3.3.4 Autoprodução

Energia produzida ou transformada pelos utilizadores para o funcionamento das suas instalações.

Nota 1: Se toda essa energia (por exemplo, a electricidade ou o calor) não for autoconsumida, pode, em certos casos, ser vendida em condições contratuais a terceiros.

Nota 2: A electricidade (ou o calor) autoproduzida é, por vezes, difícil de contabilizar nos balanços, ou porque se trata de pequenas instalações sobre as quais ainda não existem dados, ou – e é este o caso mais importante – porque não se pode separar a utilização directa das formas de energia fornecidas da sua utilização para a produção de electricidade ou de calor.

Nota 3: Este agregado diz respeito, tanto quanto possível, à rubrica de transformação de energia.

3.3.5 Importações

Quantidades de energia primária ou derivada que entram no território nacional (fronteiras políticas e não alfandegárias), com exclusão das energias em trânsito.

Nota 1: Os dados relativos às importações são em geral provenientes das declarações dos importadores; podem pois diferir dos dados estabelecidos pelos serviços das alfândegas que figuram nas estatísticas do comércio externo.

Nota 2: Em certos casos, algumas energias em trânsito são contabilizadas em importações e exportações.

3.3.6 Exportações

Quantidades de energia vendidas por um país fora do território nacional (fronteiras políticas e não alfandegárias).

Nota 1: Os dados relativos às exportações são em geral provenientes das declarações dos exportadores; podem pois diferir dos dados estabelecidos pelos serviços das alfândegas que figuram nas estatísticas do comércio externo.

3.3.7 Bancas

(ver 3.5.8)

3.3.8 Existências, Nível das Existências

Quantidades de energia armazenada para fins de gestão, segurança de aprovisionamento, reservas estratégicas, obrigações legais, etc.

3.3.9 Variações das Existências (Movimentos das Existências)

Diferença entre as quantidades de energia em armazém nos produtores, importadores, distribuidores, transformadores e nos grandes consumidores, entre o início e o final do período de tempo considerado. Este agregado é afectado de um sinal + ou -; + pode indicar uma existência ou não existência conforme o método indicado pelo executor do balanço.

3.3.10 Recuperações

Schlam (lamas) de recuperação, xistos de escórias combustíveis, lubrificantes regenerados, produtos recuperados na indústria ou resíduos agrícolas, etc. por vezes contabilizados no aprovisionamento.

Nota: É necessário, então, dar atenção aos riscos de dupla contabilização e, se a recuperação dos resíduos (urbanos ou agrícolas) for geralmente contabilizada com a produção primária, a recuperação a partir de energias já contabilizadas noutro lado (recuperação de calor, por exemplo) deve ser considerada como um saldo. É preferível fazer a contabilização no aprovisionamento para permitir uma equação de balanço com “fecho” convencional, por uma questão de generalidade (para evitar o aparecimento de saldos).

3.4 Transformações e perdas
3.4.1 Cadeia Energética

(ver 5.2.4)

3.4.2 Transformação ou Conversão

(ver 1.1.15 e 1.1.16) Nos balanços, estes termos são utilizados indiferentemente para designar qualquer modificação física ou química que permita obter um produto derivado mais adaptado, sem fazer a distinção entre as duas noções. Contudo, o termo transformação é geralmente o mais utilizado.

3.4.3 Trocas, Transferências e Retornos

Fluxo de produtos energéticos fora das rubricas de transformação de energia e consumo final (por exemplo, mistura de produtos petrolíferos, enriquecimento de gás natural, etc.)

Nota 1: As trocas e transferências referentes a misturas sem transformação podem destinar-se a melhorar o produto final, a introduzir um produto no circuito de distribuição (por exemplo, gás de coqueria cedido a fábricas de gás para ser misturado), ou a utilizar um produto cuja classificação foi alterada (por exemplo, reclassificação dos líquidos do gás natural em GPL, etc.).

Nota 2: Os retornos cobrem essencialmente os produtos petrolíferos devolvidos às refinarias para serem reciclados.

3.4.4 Entrada para Transformação (Energia Entrada)

Quantidade de energia para transformar.

3.4.5 Saída de Transformação

Quantidade de energia transformada.

3.4.6 Perdas de Transformação

Diferenças entre entrada para transformação e saída de transformação.

Nota: Esta diferença pode por vezes ser positiva e traduzir-se num ganho de transformação (por exemplo, em volume, como na transformação do petróleo bruto).

3.4.7 Consumo Próprio do Sector Energético (Consumo Interno do Sector Energético ou Consumo do Ramo Energia)

Quantidades de energia de todas as naturezas utilizadas pelos produtores e transformadores de energia para o funcionamento das suas instalações (por exemplo, aquecimento, iluminação, etc.)

Nota: No caso da bombagem hidráulica, o saldo da bombagem (difernça entre a electricidade produzida e a consumida em bombagem) é atribuído ao consumo próprio do sector eléctrico, estando o consumo próprio dos auxiliares incluído nesta rubrica.

3.4.8 Perdas de Transporte (Perdas de Distribuição)

Perdas de transporte e de distribuição nas redes (até ao ponto de entrega) principalmente da electricidade, do gás e do calor.

Nota 1: As perdas nos transformadores eléctricos são contabilizadas nas perdas de transporte e distribuição.

Nota 2: Em alguns casos, as perdas de distribuição do gás, nomeadamente de gás natural, estão incluídas no desvio estatístico (ver 3.5.9).

Nota 3: Se bem que estas perdas sejam tradicionalmente contabilizadas para as energias de rede, elas dizem respeito igualmente às entregas de combustíveis sólidos, líquidos ou gasosos em contentores.

3.5 Consumos
3.5.1 Consumo Final Total

Quantidades de energia disponíveis para o utilizador final, compreendendo o consumo final energético (ver 3.5.2) e o consumo final não-energético (ver 3.5.3).

3.5.2 Consumo Final Energético

Quantidades consumidas para fins energéticos pelos utilizadores finais (todos os sectores, com excepção do sector energético cujo consumo próprio foi definido em 3.4.7).

3.5.3 Consumo Final não-Energético

Consumo ao nível final de:

1) quantidades de produtos considerados normalmente para uso energético, mas consumidos como matérias-primas na indústria química (por exemplo, gás natural, nafta, carvão e derivados, etc.).

2) quantidades de produtos para uso não-energético resultantes da transformação de produtos para uso energético (lubrificantes, “white spirit”, betume, etc.). (ver 4.1.2)

3.5.4 Desagregação dos Consumos

Repartição dos consumos por utilização, por sector, por entidade geográfica, por forma de energia, etc., com um nível de pormenor mais ou menos fino conforme o grau de desagregação do balanço.

3.5.5 Sectores Consumidores

Categorias de utilizadores finais de energia, desagregados geralmente da seguinte forma: indústria (fora da indústria energética) e muitas vezes desagregada em indústrias grandes consumidoras, nomeadamente metalurgia (siderurgia e metais não forrosos), química, petroquímica e outras indústrias, sector comercial ou terciário (comércio e serviços), sector público ou administração, agricultura (incluindo pesca, caça e florestas), sector doméstico ou residencial e transportes.

Nota 1: Faz-se notar que o sector transportes cobre todos os transportes, mesmo os que dependem da indústria, do comércio e dos serviços, do sector público ou administração, da agricultura ou doméstico, quer dizer, todos os transportes de pessoas ou mercadorias por conta própria ou por conta de outrem. As bancas marítimas são, em princípio, excluídas da alínea transportes.

Nota 2: A decomposição em sectores e subsectores consumidores pode variar de um balanço para outro.

3.5.6 Consumo Bruto

Quantidade de energia primária (incluindo o saldo do comércio externo e o movimento das existências) necessária a uma entidade geográfica para cobrir a procura interna e a das bancas.

3.5.7 Consumo Interno Bruto

Consumo bruto menos as bancas.

Nota: Este agregado, ponto chave do balanço, pode igualmente ser calculado por adição dos consumos, das perdas nas redes e do desvio estatístico com a diferença entre a energia submetida à transformação e produção derivada.

3.5.8 Bancas (Bancas Marítimas Internacionais)

Quantidades de combustível fornecidas aos navios de alto mar, qualquer que seja a sua nacionalidade e a sua categoria.

Nota: Não inclui nem as quantidades fornecidas aos transportes internos por água ou à cabotagem, nem as fornecidas ao tráfego aéreo, mesmo internacional.

3.5.9 Desvio Estatístico

Variável de fecho calculada de diferentes maneiras conforme os balanços e que permite equilibrá-los.

Nota 1: O desvio estatístico pode compreender, por exemplo, variações de existências não registadas e, por vezes, o consumo militar se não for desagregado pelos diferentes sectores de consumo e também algumas perdas de distribuição (ver 3.4.8 Nota 2).

Nota 2: As diferenças estatísticas podem também traduzir anomalias provenientes da atribuição de poderes caloríficos diferentes a um mesmo produto segundo a classificação na qual ele figura (produção, comércio, transformação, indústria, etc.).

4. Usos da Energia

Os termos energéticos foram sempre melhor classificados e definidos ao nível da produção, do transporte e da distribuição da energia do que ao nível da sua utilização. Isso foi, sobretudo, devido às diferenças de organização e institucionalização entre produtores e consumidores. A importância assumida pela gestão da procura e sobre a economia energética torna contudo cada vez mais necessário um esforço de classificação também ao nível dos usos e isto por várias razões:

  1. O estabelecimento de balanços da energia útil não pode conceber-se senão a partir de um bom conhecimento dos usos e do parque dos equipamentos utilizadores.
  2. As políticas energéticas devem apoiar-se, entre outras coisas, numa análise da procura que se apoia também em inquéritos ao consumo e em estudos sobre as condições da sua evolução.
  3. As nomenclaturas que servem de base às estatísticas e a linguagem utilizada pelos inquéritos devem ser coerentes, adaptadas aos tipos de inquéritos a efectuar, sem deixar subsistir qualquer ambiguidade na extracção dos dados permitindo recolher informações significativas, tendo em conta os usos e os equipamentos, determinantes para a análise dos consumos actuais e para o estudo das possibilidades de substituição.
  4. A fiabilidade dos inquéritos sobre os consumos e as suas determinantes, as possibilidades de comparação e de desagregação assentam essencialmente na precisão das nomenclaturas utilizadas nos questionários e nos quadros resultantes do seu escrutínio.

A necessidade de definir sem ambiguidade os termos usados ao nível das utilizações da energia parece indiscutível. Resta saber como classificá-los, evitando as enumerações intermináveis e forçosamente incompletas dos equipamentos, materiais e aparelhos, tendo em conta porém os aspectos qualitativos (preferências dos consumidores ou, muito simplesmente, modalidades de consumo) e quantitativos (parques de aparelhos, consumo de energia final, necessidades de energia útil sob as suas diferentes formas).

É uma tarefa tipológica difícil, sem quadro conceptual ideal. Por simplificação e para facilitar as referências, a abordagem adoptada enquadra os termos nos seguintes grupos:

  • termos gerais;
  • termos relacionados com os consumidores e seu comportamento;
  • termos relacionados com o fornecimento de energia;
  • termos relacionados com os usos finais propriamente ditos, independentemente dos equipamentos, materiais e aparelhos consumidores.

Num último sub-capítulo, foram catalogados, a título de exemplo, alguns dos processos mais comuns de equipamentos industriais frequentemente grandes consumidores por se afigurar útil dar-lhes uma definição neste dicionário. A sua enumeração não invalida em nada a enorme variedade de usos que é indispensável catalogar para apreciar qualitativa e quantitativamente as necessidades de energia útil, cujo nível de pormenor depende do sector económico, da zona geográfica, do grau de desenvolvimento, etc.

4.1 Termos Gerais
4.1.1 Utilização Energética

Utilização de energia, primária ou derivada, para a produção de energia útil (ver 3.1.1, Nota 2 – Balanço e, num sentido mais amplo, 4.1.6 - Consumo de Energia).

Nota: Para fins de estatística, as utilizações energéticas são muitas vezes decompostas em grupos de consumidores (agricultura, indústria, doméstico, comércio e serviços, transportes, etc.). A avaliação é por vezes também efectuada em função do modo de utilização da energia (usos térmicos, mecânicos, químicos, iluminação, etc).

4.1.2 Utilização Não-Energética

Utilização de produtos energéticos, primários ou derivados, para fins não-energéticos.

4.1.3 Utilização Substituível

Utilização de energia na qual a fonte ou o produto energético em causa pode ser substituído por outro (ver 5.6.1 - Substituição).

4.1.4 Utilização Específica, Cativa ou Não Substituível

Utilização de energia em aplicações na qual a forma de energia utilizada não pode ser substituída por outra, ou não poderia sê-lo senão em condições demasiadamente exigentes.

4.1.5 Utilização Interruptível

Utilização de energia geralmente da rede (frequentemente gás ou electricidade) cujo fornecimento pode ser interrompido por acordo com o consumidor, total ou parcialmente.

Nota: Fala-se também de consumo modulável quando o fornecedor pode fazê-lo contribuir para regularizar a curva de carga (ver 1.3.21).

4.1.6 Consumo de Energia

Utilização de energia com o objectivo da sua conversão em energia secundária ou da produção de energia útil. Os níveis de referência respectivos (energia primária, energia secundária, energia final, energia útil) devem ser indicados.

4.1.7 Consumo Global

Consumo de energia de qualquer fonte de um conjunto, nacional ou regional, sectorial ou de tipos de utilização.

Nota 1: O termo “global” pode referir-se tanto às fontes ou agentes energéticos em causa como aos tipos de utilização (por exemplo, carvão) e aos grupos de consumidores (por exemplo, transportes). É obrigatório especificar o conjunto ao qual se refere o termo.

Nota 2: Não confundir com o consumo final total definido em 3.5.1.

4.1.8 Consumo Unitário

Consumo de energia por consumidor doméstico, por habitante, por equipamento ou aparelho, etc.

4.1.9 Consumo Específico

Indicador que dá o consumo de energia por unidade de produto ou por unidade monetária.

Nota: A nível macroeconómico o consumo especifico por unidade monetária é geralmente designado por “intensidade energética” (ver 1.1.12).

4.1.10 Consumo Final

Consumo de energia efectivamente medido para uma aplicação ou um conjunto de dados. Representa a quantidade de energia efectivamente entregue ao consumidor (ver 3.5.1 e 1.1.17).

4.1.11 Consumo Real

Consumo final acrescido das perdas de conversão, de transporte e de distribuição. Representa a energia primária pedida para cobrir o consumo final (ver 4.1.10).

4.1.12 Consumo Corrigido

Consumo de energia após a correcção dos efeitos devidos à actividade ou ao desenvolvimento económico, ao clima, à época do ano ou à temperatura.

Nota: O consumo corrigido é calculado com o fim de comparar os diferentes períodos de uma série.

4.1.13 Consumo em Horas de Ponta

Consumo máximo durante um curto período determinado de tempo.

4.1.14 Consumo em Horas Cheias

Consumo de energia durante as horas de plena carga de uma rede, geralmente durante as horas do dia, nos dias úteis.

4.1.15 Consumo em Horas de Vazio

Consumo de energia durante as horas de carga fraca de uma rede. Durante esse período especial aplicam-se por vezes tarifas mais favoráveis.

4.1.16 Consumo em Diagrama Rectangular

Consumo que se mantém praticamente constante durante um determinado período, um dia por exemplo.

4.1.17 Consumo Próprio

Consumo de energia gerado por autoprodução.

Nota: Não confundir com consumo próprio da indústria energética (ver 3.4.7.).

4.1.18 Determinantes do Consumo

Factores de natureza técnica, económica, social ou política que contribuem para determinar o nível e a estrutura instantânea do consumo de energia (determinantes directas) e/ou que influenciam a sua evolução no tempo (determinantes indirectas). Podem ser objectivas (características do fornecimento - ver 4.1.19 -, rendimento dos aparelhos, etc.) ou subjectivas (preferências ou hábitos do consumidor, seu comportamento face à publicidade, aos incentivos, aos regulamentos, às mudanças, etc.).

4.1.19 Características do Fornecimento

Constituem as qualidades do fornecimento da energia e determinam os critérios da escolha do consumidor, isto é: a segurança de aprovisionamento de energia, a fiabilidade dos equipamentos, a qualidade dos serviços de manutenção e de reparação, a maleabilidade e a segurança da exploração, o espaço ocupado, o conforto, os investimentos necessários, o preço da energia e as condições de pagamento, a não poluição, etc.

4.2 Termos Relacionados com os Consumidores
4.2.1 Consumidor de Energia (Utilizador Final)

Pessoa física ou moral que utiliza energia para as suas próprias necessidades.

4.2.2 Utente

Pessoa física ou moral a quem é fornecida energia final.

4.2.3 Cliente

Utente com vínculo à empresa fornecedora de energia, definido em condições contratuais específicas que dizem respeito à entrega e utilização (tarifas e qualidade do serviço) e que se mantêm constantes durante o período fixado no contrato.

4.2.4 Grande Consumidor

Processo, indústria ou sector que pede quantidades de energia relativamente importantes, quer em relação ao consumo global, quer em relação à unidade do produto acabado. O seu consumo é muitas vezes qualificado como energia-intensivo ou energívoro.

4.2.5 Utilização Racional de Energia

Utilização da energia pelos consumidores com a preocupação de racionalização tendo em conta os condicionamentos sociais, políticos, económicos, de meio ambiente, etc. (ver 5.1.3).

4.2.6. Economias de Energia

Medidas ou efeitos das medidas tomadas por produtores ou utilizadores da energia para evitar os desperdícios. Tais medidas podem ter um carácter passivo (p.ex., o isolamento), activo (p.ex., a utilização de efluentes térmicos) ou estrutural (p.ex. a modificação do sistema de transporte) (ver 5.1.2).

4.2.7. Parque de Equipamento Utilizador

Conjunto dos aparelhos e materiais consumidores de energia mantidos pelos utilizadores.

Nota: A idade e o estado de conservação do parque de equipamento, assim como a penetração no mercado dos novos aparelhos, são elementos essenciais para apreciar o consumo e a sua evolução.

4.2.8 Equipamento Multienergia (Equipamento Policombustível)

Aparelho e material susceptível de ser alimentado, paralela ou alternativamente, com recurso a diversas formas de energia.

4.2.9 Instalação do Utente

Instalação de utilização do utente que serve para lhe fornecer a energia da rede a partir do dispositivo principal de corte.

4.2.10 Aparelho de Combustível Encastrado

Aparelho de queima de combustíveis fósseis incorporado numa conduta de fumos (chaminé) que serve para evacuar para o ar livre os produtos de combustão.

4.2.11 Potência Instalada num Consumidor

É a soma das potências de todos os aparelhos utilizadores ou susceptíveis de o serem que podem consumir da rede de distribuição a que o consumidor está ligado.

Nota 1: No caso do gás, essa potência corresponde à quantidade de gás que tem de ser fornecida para se atingir o débito calorífico nominal.

Nota 2: A potência contratada é a potência acordada com o fornecedor, em geral inferior à potência instalada.

Nota 3: A potência de facturação é a que se toma em consideração para o cálculo do preço facturado.

4.3 Termos Relacionados com o Fornecimento de Energia
4.3.1 Energia Final (Energia Entregue)

Energia fornecida ao consumidor para ser convertida em energia útil (ver 1.1.17).

4.3.2 Energia Derivada (Energia Secundária)

Energia que resulta da conversão da energia primária (qualificada então como energia secundária, em vez de derivada) ou de outras energias derivadas (ver 1.1.16 e 3.1.1 Nota 2).

4.3.3 Energia Útil

Energia de que dispõe o consumidor depois da última conversão feita nos seus próprios equipamentos (ver 1.1.18.).

4.3.4 Energia da Rede
Energia entregue a partir de redes de distribuição. Estas podem ser eléctricas, de gás, de calor à distância ou de ar comprimido (ver 1.4.1).
4.3.5 Energia Autoproduzida

Energia que o consumidor produz ou capta nas suas próprias instalações e destinada, na totalidade ou em parte, para seu uso próprio (ver 3.3.4).

4.3.6 Energia de Complemento

Energia, em geral comercial, que serve para completar, de maneira alternativa ou simultânea ou a suprir a alimentação de um sistema concebido para dar prioridade a uma outra energia.

Nota: A energia de apoio (ver 5.5.8) é um caso particular da energia de complemento.

4.3.7 Rendimento dos Aparelhos Consumidores

Relação entre energia útil fornecida pelo aparelho consumidor e a energia final consumida.

Nota: Calcula-se a diferença entre o rendimento teórico de utilização em determinadas condições e o rendimento real de utilização em condições efectivas. O segundo rendimento é geralmente inferior ao primeiro.

4.3.8 Perdas Evitáveis

Perdas que se podem evitar por meio de uma utilização racional de energia.

Nota: Em contraposição, as perdas que não podem ser evitadas denominam-se perdas não evitáveis.

4.3.9 Duração de Utilização

Quociente da energia obtida, produzida, distribuída ou consumida num determinado período de tempo, pela potência máxima alcançada pela instalação durante o mesmo período (ver 1.3.12)

Nota: A tarifa depende geralmente do modo e da duração de utilização de uma rede.

4.3.10 Existências no Utilizador

Reserva de combustível sólido, líquido ou gasoso ou de carburante que permite ao consumidor espaçar e concentrar as entregas do fornecedor.

Nota: As reservas de combustível sólido são guardadas em zonas de armazenamento ou em bancas, as de combustíveis líquidos ou gasosos e carburantes em cuvas, reservatórios ou cisternas, para os quais devem ser tomadas disposições particulares do ponto de vista da segurança ambiente.

4.3.11 Acumulação no Utilizador

Processo que permite armazenar a energia útil produzida seja num sólido, seja num líquido, seja sob a forma físico-química. O aquecimento eléctrico por acumulação, as baterias eléctricas, os tanques de água quente sanitária, etc. são exemplos correntes.

4.4 Termos Relacionados com os Usos
4.4.1 Usos Térmicos

Utilização de energia para a produção de calor a alta e baixa temperatura ou de frio. Essa utilização tem em vista a produção, o tratamento e o condicionamento de produtos ou a melhoria do meio ambiente, directamente ou por intermédio de meios tais como a água, o ar ou outros fluidos e materiais.

Nota 1: Os limites entre alta e baixa temperatura são relativos e geralmente subjectivos, diferindo bastante entre a maior parte das indústrias, dos consumidores domésticos e dos serviços.

Nota 2: Nos estudos analíticos dos usos térmicos estes são geralmente avaliados segundo a qualidade do calor fornecido.

4.4.1.1 Usos de Fornos e Tratamento Térmico Directo e Alta Temperatura na Indústria e no Artesanato

Utilização energética grande consumidor em aplicações térmicas muito diversas, em particular na metalurgia, na química e na indústria de materiais de pedra e terrosos.

4.4.1.2 Preparação dos Alimentos

Nesta aplicação energética, distinguem-se frequentemente, para as instalações importantes, além da cozedura propriamente dita, o preaquecimento, a manutenção em estufa, o aquecimento e o reaquecimento.

4.4.1.3 Conservação, Tratamento e Preservação pelo Calor

Utilização de energia calorífica por razões de saúde com o fim de prolongar o período durante o qual os alimentos permanecem próprios para o consumo.

Nota: Nessa aplicação energética encontram-se nomeadamente a destilação e a esterilização, a alta ou a baixa temperatura: uperização UHT (tratamento a temperatura ultra-elevada) e pasteurização.

4.4.1.4 Conservação e Preservação pelo Frio

Utilização de energia frigorífica por razões de saúde, principalmente com o fim de prolongar o período durante o qual os alimentos permanecem próprios para consumo.

Nota: Nessa aplicação energética, distinguem-se a refrigeração, a congelação, a supercongelação e a criodissecação (liofilização).

4.4.1.5 Secagem

Utilização de energia principalmente para retirar a humidade dos produtos a conservar ou a tratar, aplicada na indústria, artesanato, agricultura, consumidores domésticos e serviços.

Nota: Nas empresas energéticas, por exemplo, a indústria do gás procede nomeadamente à eliminação da água condensada num gás natural (separação da água) e à eliminação do vapor de água contido em gases combustíveis (secagem ou desidratação).

4.4.1.6 Aquecimento da Água

Utilização de energia para a produção de vapor, de água quente industrial e doméstica como, por exemplo, água quente sanitária.

4.4.1.7 Aquecimento dos Locais

Utilização de energia destinada, por razões de conforto, a elevar a temperatura do ar ambiente de um local.

Nota: No aquecimento dos locais distingue-se entre aquecimento individual (repartido por divisões ou central por apartamento, habitação doméstica, armazém ou oficina) e aquecimento colectivo (central geral ou por edifício, por grupos de edifícios ou por bairros) e em aquecimento a distância ou aquecimento urbano.

4.4.1.8 Climatização

Aquecimento ou refrigeração dos locais que comporta nomeadamente um condicionamento do ar ambiente e que regula, não apenas a temperatura mas também, segundo as normas do conforto climático, o grau de humidade, a renovação e o despoeiramento do ar.

Nota: O calor utilizado para o aquecimento dos locais e para a climatização é também designado por calor de condicionamento do ambiente ou calor de conforto térmico.

4.4.1.9 Calor Industrial (Calor de Processo)

Utilização de energia destinada a obter a temperatura necessária a um processo, na indústria e no artesanato.

4.4.2 Usos nos Aparelhos Domésticos

Utilização de energia em aparelhos e equipamentos domésticos do sector residencial e terciário, destinados a usos essencialmente mecânicos, térmicos ou mistos.

4.4.3 Usos Mecânicos

Utilização de energia para a produção de trabalho mecânico, fixo ou móvel, destinado a reforçar ou a substituir o trabalho humano e a força animal.

4.4.3.1 Usos Mecânicos para a Agricultura, Silvicultura e Pesca

Utilização de energia em trabalhos agrícolas, silvícolas e a pesca, tais como máquinas agrícolas, bombagem, etc.

4.4.3.2 Usos Mecânicos para a Indústria e o Artesanato

Utilização de energia em máquinas-ferramenta múltiplas para a execução, fabrico e condicionamento de produtos, etc.

4.4.3.3 Usos de Construção Civil

Utilização de energia em máquinas de construção civil, em trabalhos de escavação e aterro, de preparação de agregados de betão, de revestimento, etc.

4.4.3.4 Usos de Manutenção e de Levantamento

Utilização da energia para deslocar cargas por meio de mecanismos de manutenção e de levantamento.

4.4.4 Usos em Transporte

Utilização de energia nos meios de transporte terrestres, tais como pelo caminho-de-ferro, por estrada e por cabo, nos transportes por água (marítimos, fluviais e lacustres) e nos transportes aéreos, utilizados para a circulação de pessoas e de mercadorias.

Nota: Nos estudos, distinguem-se os transportes de pessoas individuais e colectivos, os transportes de mercadorias a granel e condicionadas, etc.

4.4.5 Usos Químicos

Utilização de agentes energéticos nos processos químicos ou físico-químicos (ver 4.5.15. a 4.5.19).

Nota: Nesses usos não se inclui a energia térmica eventualmente indispensável às operações.

4.4.6 Usos em Iluminação

Utilização de energia, geralmente eléctrica, para a iluminação.

Nota 1: Distingue-se principalmente entre a iluminação por incandescência, iluminação com tubos de descarga gasosa (por exemplo, fluorescentes) e a iluminação por arco.

Nota 2: Existe ainda, por vezes, a iluminação a gás, a petróleo, etc.

4.4.7 Usos em Comunicações

Utilização de energia especificamente eléctrica para as comunicações, as telecomunicações e a informática.

4.4.8 Usos em Escritórios e em Reprodução

Utilização de energia pelas máquinas de escritório, de reprodução e de impressão.

Nota: Estas máquinas transformam a energia recebida em energia mecânica, luminosa ou em calor.

4.4.9 Usos Ionisantes

Utilização de energia especificamente eléctrica para a irradiação das pessoas e da matéria.

Nota: Estas utilizações encontram-se em medicina, no controlo não destrutivo da matéria, na indústria alimentar e das matérias plásticas, etc.

4.4.10 Laser (Raios Laser)

O laser é um dispositivo que amplifica ou emite a luz coerente produzida pela emissão de impulsos luminosos provenientes de átomos ou de moléculas, levados previamente a um nível energético instável e excitados por uma onda luminosa cujas características determinam a frequência e a fase.

Nota: Devido às suas excepcionais características para o transporte de energia e de informações, os raios laser têm inúmeras aplicações:

  • Trabalho dos metais (furação, corte, fresagem e aquecimento);
  • Micromecânica (moldagem, litografia, impressão);
  • Medicina (cirurgia, terapia, cosmética);
  • Telecomunicações (orientação luminosa, transmissão de dados);
  • Técnicas de medida (geodesia, bitola);
  • Óptica (holografia, interferometria).
4.5 Alguns Processos e Equipamentos Consumidores Industriais
A - USOS TÉRMICOS
4.5.1 Técnicas de Aquecimento

Técnicas nas quais se produz ou transfere calor directa ou indirectamente num sólido, num líquido ou num gás para modificar o seu estado físico ou químico.

4.5.1.1 Aquecimento Directo

Técnica de aquecimento na qual o material a tratar é aquecido por condução eléctrica ou por contacto directo com os produtos de combustão gerados pela fonte de calor.

4.5.1.2 Aquecimento Indirecto

Técnica de aquecimento na qual o calor é transferido para o material a tratar por intermédio de um portador de calor (sólido, líquido ou gasoso) ou por irradiação.

4.5.1.3 Aquecimento por Radiação

Técnica de aquecimento na qual o calor é transmitido principalmente (mais de 50 %) por irradiação do corpo quente.

4.5.1.4 Aquecimento Infravermelho

Técnica de aquecimento essencialmente eléctrica na qual a substância a tratar é submetida a ondas electromagnéticas cujos comprimentos de onda são superiores aos da radiação visível e inferiores a cerca de 1 mm.

4.5.1.5 Aquecimento por Convecção

Técnica de aquecimento na qual o aquecimento se efectua por transferência do calor de um fluido para o outro por passagem do segundo mais frio pelo primeiro mais quente.

4.5.1.6 Aquecimento por Resistência

Técnica de aquecimento especificamente eléctrica baseada no efeito de Joule, isto é, na resistência de um corpo à passagem de uma corrente que o atravessa.

4.5.1.7 Aquecimento por Indução

Técnica de aquecimento especificamente eléctrica na qual o calor é produzido no próprio material a tratar por correntes criadas por indução electromagnética.

4.5.1.8 Aquecimento Dieléctrico

Técnica de aquecimento especificamente eléctrica na qual o calor é principalmente gerado num corpo não condutor de electricidade por deslocamento de cargas eléctricas à escala atómica ou molecular sob a acção de um campo eléctrico de alta frequência (1 MHz a 300 MHz).

4.5.1.9 Aquecimento por Hiperfrequências (Aquecimento por Micro-Ondas)

Técnica de aquecimento especificamente eléctrica na qual o material a tratar é submetido à acção de ondas electromagnéticas de frequência compreendida entre 300 MHz e 300 GHz (1 m a 1 mm de comprimento de onda).

4.5.1.10 Aquecimento por Laser

Técnica especificamente eléctrica na qual emite luz produzida pela emissão de impulsos luminosos provenientes de átomos ou de moléculas, levados previamente a um nível energético instável e excitados por uma onda luminosa cujas características determinam a frequência e a fase (ver 4.4.10).

4.5.1.11 Aquecimento por Bombardeamento Electrónico (Canhão de Electrões)

Técnica de aquecimento especificamente eléctrica na qual o material a tratar é submetido, geralmente no vazio, a um bombardeamento electrónico.

4.5.1.12 Aquecimento por Plasmas

Técnica de aquecimento na qual se produzem temperaturas extremamente elevadas utilizando as propriedades de um gás ionisado (ver 19.1.3 - Plasma e 19.1.6 - Confinamento).

Nota: É utilizada para a soldadura, corte e projecção de metais, bem como em certos tipos de fornos.

4.5.2 Caldeira

Equipamento que serve para produzir água quente ou vapor por aplicação de uma fonte de calor exterior.

Nota: As fontes exteriores de calor podem resultar de combustíveis fósseis, da conversão de electricidade em calor, do calor nuclear ou de outras fontes tais como a geotermia ou a radiação solar.

4.5.2.1 Caldeira de Grande Volume de Água

Caldeira que produz água quente ou vapor a baixa pressão, na qual os gases de combustão passam por canais rodeados pela água a aquecer ou a vaporizar.

4.5.2.2 Caldeira Tubular

Caldeira que produz vapor a alta pressão, na qual a água e o vapor circulam num sistema enquanto que a fonte quente actua em volta dos tubos.

4.5.2.3 Caldeira de Leito Fluidificado

Caldeira na qual o calor é produzido segundo a técnica de combustão em leito fluidificado (ver 5.6.5).

4.5.2.4 Caldeira de Combustível Pulverizado

Caldeira na qual o calor é produzido segundo a técnica de combustão por combustível pulverizado (ver 8.4.37 e 8.4.38).

4.5.3 Queimador

Elemento do equipamento destinado a queimar um combustível sólido determinado ou um combustível líquido ou gasoso.

4.5.3.1 Queimador de Combustível Pulverizado

Queimador utilizado para a combustão por meio de combustível pulverizado (ver 8.4.37 e 8.4.38).

4.5.3.2 Queimador Vaporizador

Queimador no qual o combustível destilado é vaporizado ao passar sobre uma superfície quente antes de arder.

Nota: Estes queimadores são utilizados na prática para o petróleo de iluminação e no mercado do fuelóleo doméstico.

4.5.3.3 Queimador Atomizador

Queimador no qual o combustível líquido é reduzido a pequeníssimas gotas (20µ – 100µ) antes da combustão.

Nota: Estes queimadores são muito usados nas aplicações comerciais e industriais quando se exijam temperaturas elevadas de saída e se utilizem óleos pesados como combustível.

4.5.4 Fornos (Fornos Industriais)

Geralmente com parede dupla de material refractário, destinados a aquecer materiais a temperatura elevada para provocar transformações físicas ou químicas.

Nota: Os fornos industriais e outros são utilizados para fins muito variados, por exemplo, na fusão de metais, tratamentos térmicos dos metais ferrosos e não ferrosos, fabrico de vidro, cerâmicas, tijolos, cal e cimento e algumas aplicações químicas.

4.5.4.1 Alto Forno

Equipamento destinado a fundir e reduzir os minérios de ferro com o fim de produzir o ferro fundido.

4.5.4.2 Baixo Forno (Forno Convertidor)

Forno de cuva de pequena altura utilizado para a produção de ferro fundido e de ligas de ferro, a partir de minérios pobres.

Nota: O baixo forno é igualmente utilizado para a preparação de outros metais e ligas tais como o chumbo, o cobre, etc.

4.5.4.3 Forno de Reverberação

Forno no qual a abóbada é estudada para reflectir o calor recebido sobre a soleira e os metais a tratar.

4.5.4.4 Forno Eléctrico

Forno no qual o calor é fornecido pela electricidade, muito usado, principalmente em metalurgia.

Nota: Os principais modos de funcionamento do forno eléctrico são o aquecimento por arco eléctrico directo ou submerso, o aquecimento por arco resistência, (incluindo a refusão por electrocondutores), aquecimento por resistência (ver 4.5.1.6), aquecimento por indução (ver 4.5.1.7), aquecimento dieléctrico (ver 4.5.1.8), aquecimento por hiperfrequências (ver 4.5.1.9), aquecimento por plasma (ver 4.5.1.12), etc.

4.5.4.5. Forno de Cal ou de Cimento

Forno vertical ou horizontal, animado neste caso de um movimento de rotação, para o fabrico da cal e do cimento.

4.5.4.6 Forno Solar

Forno a muito alta temperatura obtida por concentração dos raios solares sobre o material submetido a tratamento térmico (ver 14.3.9).

4.5.4.7 Forno de Baixa Massa Térmica

Forno geralmente usado com intermitência, no qual o material refractário possui uma fraca inércia térmica.

Nota: Os materiais refractários recém-utilizados são destinados a reduzir o calor perdido quando o forno for inevitavelmente arrefecido durante a fase de produção.

4.5.4.8 Forno de Atmosfera Controlada

Forno no qual a composição dos gases que envolvem a substância a tratar é cuidadosamente controlada de maneira a evitar ou a provocar transformações físicas e químicas nessa substância.

Nota: O forno de vácuo pode ser considerado como um caso particular.

4.5.5 Permutador de Calor

Equipamento destinado à transferência do calor de um fluido em movimento para um outro fluido, sem contacto directo entre as duas substâncias. O permutador de calor pode ser previsto para uma transferência contínua ou descontínua de calor (permutador, recuperador ou regenerador).

Nota: Podem citar-se como exemplos de permutadores de calor: os permutadores tubulares e o volante térmico.

4.5.6 Bomba de calor

Instalação que extrai uma quantidade de calor de uma fonte a baixa temperatura (fonte fria) - por exemplo, a camada freática, a água de superfície, o solo, o ar exterior, o ar extraído (ar rejeitado) - e que, mediante a utilização de uma energia nobre num sistema evaporador, restitui este calor a uma temperatura mais elevada (fonte quente) (ver 5.6.6).

B - USOS MECÂNICOS
4.5.7 Motor

Equipamento que transforma em energia mecânica outras formas de energia.

4.5.8 Motor de Combustão Interna

Motor que trabalha com base no ciclo de combustão interna (ciclo termodinâmico no qual a combustão de um carburante se realiza no motor térmico, no interior do cilindro onde os produtos de combustão asseguram uma acção de arrastamento). São exemplos os motores a gasolina e a gasóleo. A carga estratificada, a injecção com antecâmara, dita injecção indirecta ou ainda a injecção directa, bem como as misturas pobres, figuram entre os aperfeiçoamentos conducentes à melhoria da eficácia dos motores de combustão interna.

Nota: Na prática corrente, esta designação é limitada às máquinas que se aproximam dos ciclos Otto e Diesel; mas também se podem classificar nesta categoria as turbinas de gás de combustão interna. Existem igualmente motores rotativos de combustão interna como, por exemplo, o motor Wankel.

4.5.9 Motor de Combustão Externa

Motor que trabalha com base no ciclo de combustão externa (ciclo termodinâmico no qual os produtos quentes da combustão resultantes da utilização de carburantes passam através de uma caldeira). Esses produtos são separados do meio efectivo (geralmente vapor ou ar), mantendo contudo um estreito contacto com ele; daqui resulta o arrastamento do motor térmico. São exemplos as turbinas a vapor, as máquinas de vapor com pistões, as turbinas de gás de combustão externa e os motores Stirling.

4.5.10 Motor de Pistões

Motor no qual o fluido de trabalho gera uma deslocação alternada dos pistões em cilindros e em que um sistema de biela, manivela e volante transforma esse movimento alternativo em movimento rotativo necessário para a transmissão à árvore. No caso do motor Wankel o fluido arrasta directamente a árvore num movimento rotativo.

4.5.11 Turbina

Equipamento no qual o movimento rotativo necessário para transmissão à árvore é gerado pela passagem a grande velocidade do fluido de trabalho sobre as pás do rotor da turbina.

Nota 1: As turbinas hidráulicas, a vapor ou eólicas, são geralmente mais utilizadas pelos produtores de energia do que pelos consumidores.

Nota 2: Os principais tipos de turbinas hidráulicas são: as turbinas Pelton (turbina de acção) para altas quedas e débitos relativamente fracos, e a turbina Kaplan (turbina de reacção) para baixas quedas e débitos relativamente elevados. A turbina Francis, também de reacção, é usada em quedas e débitos de valores intermédios.

Nota 3: Os principais tipos de turbinas de vapor são a turbina de condensação, que permite maximizar a produção de trabalho mecânico e, por consequência, de energia eléctrica, e a turbina de contrapressão, adoptada para a produção combinada de trabalho mecânico e de calor, designadamente no aquecimento urbano. Ambas podem apresentar, com o mesmo objectivo, equipamentos destinados a purgas ou derivação de vapor.

4.5.11.1 Turbina a Gás

Equipamento no qual os gases de combustão a alta temperatura e sob pressão accionam uma turbina arrastando um compressor que aumenta a pressão do ar de combustão.

Nota: A turbina a gás não é apenas utilizada pelos produtores de energia, mas também, por vezes, para valorizar directamente a energia mecânica produzida, como em certos meios de transporte.

4.5.11.2 Motor de Reacção

Turbina de gás na qual a energia que sobra dos gases de combustão exerce uma pressão directa pela sua ejecção a grande velocidade sob a forma de jacto, na parte de trás da máquina.

Nota: Os motores de reacção são largamente utilizados em aeronáutica.

4.5.12 Motor Turbo

Motor de combustão em relação ao qual se junta um compressor que aumenta a pressão do ar de combustão em relação à do ar ambiente e que é arrastado por uma turbina accionada pelos gases de escape a alta temperatura.

4.5.13 Motor Eléctrico

Motor que converte a energia eléctrica em energia mecânica.

4.5.14 Motor Iónico

Motor que produz uma pressão por expulsão de iões acelerados ou de alta velocidade.

Nota: Motores iónicos arrastados por reactores nucleares são propostos para os engenhos especiais.

C - USOS QUÍMICOS
4.5.15 Electroquímica

Uso de energia eléctrica para operações da química industrial, com exclusão das aplicações térmicas.

4.5.15.1 Electrólise

Processo de decomposição, de redução, de oxidação ou transposição de substâncias químicas por meio da passagem de uma corrente eléctrica entre dois eléctrodos mergulhados na substância em fusão ou em dissolução.

4.5.15.2 Separação Electrostática

Modo de separação físico-química que utiliza a acção de um campo eléctrico sobre partículas

5. Gestão da Energia

Esta Secção foi concebida numa óptica essencialmente operacional. Os termos relativos a princípios e métodos, sobre os quais se apoia a gestão, encontram-se nas Secções 1 e 2 enquanto que os balanços energéticos são tratados na Secção 3.

Alguns termos gerais específicos da prática gestionária foram incluídos na subsecção 5.1 (Utilização Racional da Energia e sua Armazenagem). A subsecção 5.2 está consagrada especialmente à contabilidade energética, no sentido técnico e microeconómico do termo. As técnicas e os equipamentos que permitem realizar economias de energia encontram-se tratados nas quatro últimas subsecções.

5.1 Termos Gerais
5.1.1 Gestão da Energia

Conjunto das medidas institucionais e funcionais implementadas para garantir a aplicação da política energética (ver 1.1.7) e/ou para assegurar ao nível microeconómico (empresa ou instalação) o abastecimento, o armazenamento, a transformação, a distribuição e a utilização de energia bem como a gestão dos resíduos nas condições prescritas.

Nota 1: A gestão da energia tem em consideração, nomeadamente, directivas e recomendações no domínio da gestão eficiente (“maîtrise”) da energia que contenham medidas favoráveis às economias de energia, à utilização racional de energia, à substituição de processos ou formas de energia por outros mais convenientes, etc. Estas medidas podem ser obrigatórias (regulamentação), incentivadoras (subsídios), económicas (tarifação), políticas, técnicas, etc.

Nota 2: O termo gestão eficiente da energia que se aplica sobretudo – mas não exclusivamente – ao nível de uma política nacional, corresponde de certo modo ao termo conservação da energia, utilizado nomeadamente nos países anglo-saxónicos. Existe, contudo, a tendência para ser interpretado de uma forma mais lata que conservação, podendo, consoante as pessoas e os países, significar quase um sinónimo de economias de energia ou de política energética, conforme é entendido desde a forma mais restrita à acepção mais extensa.

Nota 3: A gestão apoia-se em regras diferentes consoante se aplicam à optimização do sistema de produção ou à noção do serviço prestado. Neste caso, a racionalização dos mecanismos da utilização (e das condições de utilização) é tão importante como a racionalização dos mecanismos da produção.

5.1.2 Economias de Energia

Medidas ou efeitos das medidas tomadas por produtores ou utilizadores de energia para evitar os desperdícios. Tais medidas podem ter um carácter passivo (p. e., o isolamento), activo (p. e., a utilização de efluentes térmicos) ou estrutural (p. e., a modificação do sistema de transporte).

5.1.3 Utilização Racional de Energia

Utilização da energia pelos consumidores com a preocupação da racionalização tendo em conta os condicionamentos sociais, políticos, económicos, financeiros, de meio ambiente, etc.

A Utilização Racional de Energia (URE) tem o mesmo significado de “utilização eficiente de energia”. A URE visa garantir o mesmo serviço de energia com o menor consumo possível (ver 2º parágrafo da nota 2 de 5.2.1).

5.2 Termos de Gestão
5.2.1 Contabilidade da Energia (Contabilidade Energética)

Conjunto dos métodos e processos aplicáveis à quantificação dos stocks e fluxos de energia. Ao nível macroeconómico, a contabilidade energética, expressa em unidades físicas (excepcionalmente em unidades monetárias), permite elaborar balanços energéticos (ver Secção 3). Ao nível de uma empresa ou de uma instalação, a contabilidade energética, expressa em unidades físicas, permite acompanhar os fluxos energéticos num processo e, portanto, realizar a sua gestão eficiente, comparar com valores de referência e promover a sua optimização.

Nota 1: Este conceito começou por se basear no princípio da termodinâmica da conservação da energia; na análise energética de um processo de fabrico de um produto podem também tomar-se em consideração as consequências do segundo princípio, isto é, pode calcular-se a energia mínima teórica necessária para obter esse produto. Este mínimo teórico pode servir de referência e de comparação com os consumos industriais reais para definir objectivos com vista a melhorar os processos.

Nota 2: Um dos primeiros estudos com interesse consistiu em calcular, por exemplo, a diferença entre a energia eléctrica que pode produzir uma central nuclear durante a sua vida e o somatório das perdas com a energia que foi necessário consumir para pô-la em funcionamento desde a fabricação dos seus equipamentos até à produção do combustível nuclear (extracção, purificação e eventual enriquecimento de urânio, fabricação dos elementos de combustível), isto é, consistiu em calcular a energia líquida produzida (ver 5.2.7).

Actualmente, este critério é também usado ao nível da utilização da energia com o fim de comparar a energia utilizada por uma actividade com a quantidade teoricamente necessária para essa mesma actividade, tendo em vista fixar objectivos de melhorias de rendimentos.

Nota 3: A contabilidade da energia baseia-se na aplicação da análise entrada-saída (input-output) ao estudo da energia num processo, partindo do conteúdo energético total (ver 5.2.4) em cada fase do processo.

Nota 4: Um outro conceito fundamental é a qualidade da energia da qual depende o respectivo rendimento; este conceito traduz a possibilidade de converter qualquer tipo de energia em energia mecânica. Aquele rendimento representa a qualidade de uma forma de energia e traduz a possibilidade de conversão em energia mecânica. Esta varia conforme as características da forma de energia concreta (formas diferentes traduzem-se em possibilidades diferentes de conversão apesar de as quantidades de energia poderem ser iguais).

Nota 5: Designa-se por contabilidade energética de uma instalação energética o conjunto de métodos e de processos de cálculo que visam a determinação da energia líquida obtida a partir da referida instalação de produção de energia (ver 5.2.7).

5.2.2 Análise Energética

Método sistemático que permite seguir e quantificar os fluxos energéticos.

Nota 1: Num sistema industrial ou numa instalação, esta análise passa normalmente por uma auditoria energética que serve para verificar a conformidade dos resultados do funcionamento com os dados de referência.

Nota 2: Fala-se de análise estática quando se refere um determinado período ou instante e de análise dinâmica quando se segue a evolução dos fluxos em função do desenvolvimento de um determinado programa.

5.2.3 Auditoria Energética

Análise do funcionamento de uma instalação de uso final com o fim de determinar onde, quando, como e quanta energia é utilizada em cada sector ou equipamento, permitindo estabelecer o balanço energético global e vários balanços parciais, com o objectivo de detectar as oportunidades mais importantes de racionalização do consumo de energia da instalação.

5.2.4 Conteúdo Energético

Quantidade de energia directa e/ou indirectamente consumida na fabricação de um produto, medida no local da produção, ou na prestação de um serviço, medida no local onde foi realizada a prestação do serviço.

Nota 1: Quando se prestam informações sobre o conteúdo energético é necessário indicar se foram incluídos:

  • o conteúdo energético das máquinas, materiais, etc. (energia indirecta);
  • a energia utilizada para produzir ou fornecer a quantidade de energia consumida;
  • a energia associada ao trabalho (mão-de-obra);
  • a energia fisicamente contida no produto (por exemplo, um produto petroquímico).

Nota 2: Pode qualificar-se o conteúdo energético de um sistema, ou de um processo, como energia investida ou como investimento energético.

Nota 3: Em certos países, designa-se por energia cinzenta o conteúdo energético dos produtos (que não os energéticos) importados ou exportados, ou seja, a energia que foi consumida na sua elaboração.

5.2.5 Cadeia Energética

Fluxo de energia desde a produção de energia primária até à utilização final da energia; um ou mais elos da cadeia energética contêm a conversão de uma forma de energia numa outra.

5.2.6 Cascata Energética

Fluxo ou quantidade de energia utilizada em dois ou mais processos em série, de tal maneira que a energia que fica disponível no fim de cada processo seja utilizável no processo seguinte, com o objectivo de se obter um rendimento global máximo na utilização da energia.

Nota: Para a energia térmica, em cada etapa o aumento da entropia da energia inicial corresponde à diminuição da entalpia, devido ao processo termodinâmico naquela etapa.

5.2.7 Energia Líquida de uma Instalação de Produção de Energia

Ganho energético de uma instalação ao longo da duração que se admite para a sua vida. Representa o saldo positivo da energia que fica disponível depois de se ter deduzido, da energia produzida durante a sua vida, a energia necessária à construção, à exploração e ao desmantelamento da instalação em causa.

5.2.8 Factor de Ganho Energético

Quociente entre a diferença da energia produzida e da consumida, durante a vida de uma instalação de produção, e a energia consumida na sua construção.

5.2.9 Tempo de Retorno Energético

Duração de exploração da instalação de produção de energia necessária para recuperar toda a energia consumida na sua construção e nos eu funcionamento durante a vida presumível da instalação (ver 5.2.4 e Secção 2).

5.2.10 Relação do Custo da Energia Incorporada

Quociente do custo da energia necessária para a fabricação de um produto pelo custo total da fabricação desse produto.

5.2.11 Custo Específico das Economias de Energia

Custo necessário à implementação de medidas destinadas a economizar uma quantia unitária de energia por ano e por unidade produzida, sem alteração quantitativa ou qualitativa do produto (ou do serviço).

5.2.12 Custo do Ciclo de Vida

Valor total do custo de uma solução construtiva, de uma substituição ou reconversão de equipamento ou de um equipamento novo, calculado com base no custo inicial e no custo de operação ao longo da respectiva vida útil esperada. A comparação de custos de ciclo de vida é mais rigorosa do que a comparação de custos iniciais visto que não há garantia de que uma solução de menor investimento corresponda a um custo global menor.

5.2.13 Grau-Dia

Unidade empírica que exprime a diferença diária em graus Celsius (ou Fahrenheit) entre uma temperatura de base e a temperatura média exterior num período de 24 horas quando esta última desce abaixo da temperatura de base (ou de uma temperatura de referência). Os registos dos graus-dia são utilizados para avaliar as necessidades de aquecimento dos edifícios.

Nota 1: De acordo com as práticas dos diferentes países, a temperatura de base (ou a temperatura de referência) é definida como sendo: 1) a temperatura exterior, fixada de maneira empírica, abaixo da qual os sistemas de aquecimento dos edifícios entram em funcionamento; 2) a temperatura interior, isto é, a temperatura que se deve manter no interior dos edifícios. A temperatura de base tem um valor fixado à escala nacional ou regional; pode variar consoante os países.

Nota 2: O critério do grau-dia pode ser aplicado de maneira análoga aos sistemas de ar condicionado.

São usados correntemente na prática e na literatura os termos “graus-dia de aquecimento” e “graus-dia de arrefecimento”.

Nota 3: Adicionando os graus-dia referentes a um mês ou a uma temporada de aquecimento, pode-se efectuar uma comparação entre a temperatura exterior verificada durante esse mês ou essa temporada de aquecimento e um valor médio de um certo número de anos para o mesmo período. Na base de uma tal comparação, podem fazer-se estatísticas de consumo de combustíveis com correcção da temperatura para o mês em causa, a temporada de aquecimento ou o ano, o que pode permitir apreciar separadamente outros factores, para além da temperatura atmosférica exterior, susceptíveis de ter influenciado o consumo de energia durante este período.

Nota 4: A unidade correcta a usar é o kelvin-dia (K·d).

5.3 Economias de Energia Ditas “Passivas”
5.3.1 Isolamento Térmico

Utilização de materiais de fraca condutividade térmica nas paredes, nos telhados, nos pavimentos e nas janelas dos edifícios, nos fornos, nas caldeiras, nas canalizações de vapor ou de água quente, nos reservatórios de água quente, etc., para evitar as trocas e, portanto, o desperdício de calor.

Nota: O isolamento térmico pode igualmente ser aplicado para evitar as perdas num sistema de refrigeração.

5.3.2 Condutividade Térmica (Coeficiente λ)

Medida da capacidade de um material isolante para transmitir o calor (ou para resistir à transmissão); designa-se essa capacidade como a quantidade de calor que é transmitida através de uma superfície unitária de uma amostra de material de espessura unitária por unidade de diferença de temperatura entre as duas faces e por unidade de tempo.

Nota: Exprime-se em W/(m·K). Na tecnologia do isolamento, esta grandeza é por vezes denominada coeficiente λ; a condutividade térmica é o termo científico correspondente, mas não está limitado somente ao contexto do isolamento.

5.3.3 Coeficiente de Transmissão Térmica (Coeficiente k)

Medida da capacidade de um elemento estrutural de um edifício (por exemplo, uma parede de tijolo, o material de isolamento térmico, as cavidades, as telhas de um telhado, a madeira, etc.), para transmitir o calor (e, portanto, resistir à sua transmissão); é a quantidade de calor que circulará entre o ar situado de um lado da estrutura e o ar situado do outro lado da estrutura por unidade de superfície, para uma diferença de temperatura unitária do ar e por unidade de tempo:

k = W/(m2 K)

Nota 1: O coeficiente k do telhado, paredes, etc., dá uma medida das propriedades térmicas de um edifício.

Nota 2: Em certos países, o coeficiente R (resistência térmica da superfície) é preferido como unidade de medida de isolamento térmico:

R = m2·K/W.

É matematicamente igual ao inverso do coeficiente k mas, para a sua determinação, são as temperaturas das superfícies interiores exteriores dos materiais que são medidas e não as temperaturas respectivas do ar, como se faz para o coeficiente k.

5.3.4 Calor Gratuito

Calor total adquirido por um edifício a partir dos raios solares ou de uma outra fonte de calor externa ou interna (por exemplo, iluminação, ocupantes) que não faz parte do sistema de aquecimento do edifício. O calor gratuito pode qualificar-se como ganho externo e ganho interno, relativamente às fontes respectivas de calor.

Nota: O calor gratuito só pode contribuir para as economias de energia se o sistema de regulação de temperatura do edifício tiver sido previsto para aproveitar um tal ganho de calor. Se um edifício for projectado para tirar partido do calor gratuito pode ser muito mais eficiente do que um edifício convencional (ver 5.3.7).

5.3.5 Ganho Externo

Energia solar captada num edifício (ver 5.3.4) sem dispositivos especiais de captação, através dos vãos (aberturas) existentes na envolvente exterior (fachadas e cobertura), caso em que se denomina “ganho directo”.

Nota: Quando há dispositivos especiais de aproveitamento passivo da energia solar, o ganho externo pode, além de directo, ser indirecto e separado. O ganho indirecto é proporcionado por dispositivos de acumulação de calor que aquecem sob acção dos raios solares e dissipam o calor acumulado para o interior do espaço em que estão instalados, por radiação e por convecção (ver exemplo em 14.3.2). O ganho separado ocorre quando o dispositivo de acumulação não se encontra sempre em contacto directo com o espaço a climatizar, mas pode ser posto em contacto quando é oportuno.

5.3.6 Ganho Interno

Energia calorífica retida num edifício, com origem nas fontes de calor internas (equipamento e seres vivos).

5.3.7 Edifício de Baixo Perfil Energético

Edifício concebido de tal maneira que possa satisfazer as suas necessidades de aquecimento e de climatização utilizando um mínimo de energia comercial.

Nota: Em termos de conservação de energia economicamente realista, um tal edifício deve ter, relativamente à duração da sua utilização, um custo total mínimo que englobe a construção, a manutenção e a exploração. Um edifício construído com incorporação de técnicas de aproveitamento passivo de energia solar (TAPES) pode ter um custo inicial só marginalmente superior a um edifício funcionalmente equivalente sem TAPES.

5.3.8 Cozinha Aperfeiçoada (para a Confecção dos Alimentos)

Equipamento destinado à confecção dos alimentos e eventualmente utilizado também para o aquecimento dos locais nos países em vias de desenvolvimento. É concebido para melhorar o rendimento da utilização dos combustíveis tradicionais tais como a madeira, o carvão de madeira, alguns resíduos agrícolas (palha).

Nota: A sua forma é obtida a partir do estudo e do melhoramento de formas tradicionais utilizadas em certas regiões. Os materiais utilizados são frequentemente aqueles que se encontram disponíveis no sítio, local ou regionalmente; a sua fabricação é em geral de origem do artesanato local.

5.4 Economias de Energia Ditas “Activas” em Instalações Existentes, Sistemas de Gestão de Energia
5.4.1 Aquecimento e Climatização Programados
Sistema de aquecimento e de climatização de um edifício segundo um programa preestabelecido, concebido de tal maneira que os ocupantes gozem de condições de conforto desejadas durante a sua ocupação, enquanto, nos outros períodos, se reduz o consumo em climatização e aquecimento.
5.4.2 Controlo de Consumo

Método para ajustar o consumo do utilizador, principalmente nos períodos de ponta, usando dispositivos especiais de contagem: do calor, do consumo às horas de ponta, com tarifas especiais, dos contratos de fornecimento interruptível, do armazenamento de calor durante as horas de vazio, etc.

5.4.3 Correcção do Factor de Potência

Correcção efectuada por sistemas e dispositivos destinados e melhorar o factor de potência de uma instalação ou de um equipamento eléctrico (factor de potencia, ver 12.3.5).

5.5 Economias de Energia Activa por Junção de Elementos a Instalações Existentes, Reciclagem e Utilização de Resíduos e Efluentes
5.5.1 Ventilação Mecânica

Utilização de ventiladores ou de outros sistemas mecânicos para assegurar a circulação do ar nos locais, sempre que a circulação natural seja insuficiente.

5.5.2 Retorno do Condensado

Técnica que consiste em recuperar a água de condensação do vapor, utilizada para a produção de electricidade, nos sistemas de aquecimento, aquecimento nos locais, etc., para realimentar a caldeira, a fim de aproveitar o calor residual e economizar energia para o pré-aquecimento da água de alimentação.

5.5.3 Recuperação de Energia

Recuperação da energia que fica disponível após a finalização de um processo particular, seja pela sua utilização no mesmo processo, seja para utilização num outro processo.

5.5.3.1 Recuperação de Calor

Captação e utilização de uma parte do calor produzido num processo particular, que não é consumida no processo em causa, mas que permanece como uma fonte de calor disponível.

Nota: Podem citar-se dois casos particulares de recuperação de calor: a recuperação de calor de purga (recuperação de calor residual da água que se liberta regularmente na parte inferior da caldeira quando esta é esvaziada) e a recuperação (do calor) do vapor momentâneo (recuperação do vapor produzido num processo utilizando água quente a alta temperatura quando a pressão exigida para manter a água quente a temperaturas superiores a 100 ºC se reduz subitamente).

5.5.3.2 Recuperação de Energia Mecânica

Recuperação sob a forma de energia mecânica utilizável de uma energia que seria, de outra forma, perdida (por exemplo a travagem por recuperação, etc.).

5.5.4 Reciclagem dos Materiais

Recuperação de materiais a partir dos efluentes e resíduos provenientes de diversos sectores de actividade e reutilização desses materiais em processos que têm em vista economizar matérias-primas e energia, reduzindo os encargos que seriam necessários para os produzir a partir das matérias-primas.

5.5.5 Resíduos

Material de rejeição que não tem valor imediato ou que é deixado como resíduo de um processo ou de uma operação. Os referidos resíduos podem ser agrícolas (por exemplo, resíduos orgânicos), industriais (por exemplo, contendo materiais ferrosos e não ferrosos, vidro, plástico, etc.), comerciais ou domésticos (resíduos urbanos).

Nota: A valorização e a reciclagem dos resíduos auxiliam não apenas a efectuar economias de energia e de matérias-primas, mas também a minimizar as quantidades a eliminar, objectivo também visado pela redução dos resíduos.

5.5.6 Combustíveis Derivados dos Resíduos

Combustíveis produzidos a partir de materiais rejeitados, por exemplo o metano a partir dos resíduos agrícolas, dos combustíveis sólidos a partir dos resíduos orgânicos compactos, etc.

5.5.7 Incineração dos Resíduos

Inflamação e combustão de resíduos sólidos, semi-sólidos, líquidos ou gasosos num equipamento de combustão especialmente concebido para o efeito.

Nota: O principal objectivo da incineração é o de minimizar o volume dos resíduos produzidos antes da fase de depósito das cinzas residuais e/ou de tornar inofensivos os materiais tóxicos. Geralmente a incineração permite também uma valorização dos resíduos:

  • utilizando o calor de combustão para o aquecimento ou para a produção de vapor ou de electricidade; e,
  • transformando os resíduos da incineração em materiais de construção, de revestimento de estradas, etc.
5.5.8 Energia de Apoio

Combustível comercial (petróleo, gás, carvão) com poder calorífico elevado que se junta aos combustíveis de fraco valor calorífico, tendo em vista manter a combustão. O combustível de apoio pode ser também utilizado no início do processo, tendo a designação de energia de arranque.

5.5.9 Recompressão Mecânica do Vapor

Método de reutilização do calor latente, por exemplo nos evaporadores, onde o vapor de baixa-pressão ou o vapor de escape é levado a uma pressão superior por compressão, por exemplo, num turbocompressor. Designa-se por termo-compressão um processo análogo no qual o vapor de baixa-pressão ou o vapor rejeitado é levado a uma pressão mais elevada por mistura com o vapor de alta-pressão num injector.

5.5.10 Incinerador

Equipamento no qual são queimados e calcinados resíduos combustíveis semi-sólidos, líquidos ou gasosos, que deixa resíduos sólidos contendo pouco ou nenhum material combustível.

5.6 Economias de Energia Obtidas por Mudanças de Estrutura e por Utilização de Novos Sistemas
5.6.1 Substituição (1)

Utilização de uma instalação, de um processo, de um produto ou de um serviço, necessitando menos energia ou menos quantidade de um certo tipo de energia para o seu funcionamento ou para a sua realização do que aquela que teria sido necessária na prática corrente, sem redução da qualidade do produto ou do serviço.

Substituição (2)

Utilização de uma forma de energia diferente daquela que se emprega habitualmente num processo ou num serviço particular nos casos em que considerações técnicas, económicas ou de abastecimento tornam esta substituição vantajosa ou necessária.

Nota: Os dois casos indicados podem ocasionalmente comportar a substituição de uma forma de energia por uma quantidade relativamente mais elevada de uma outra forma de energia (menos cara, mais abundante ou menos nobre).

5.6.2 Sistema de Energia Total

Um sistema de energia total é concebido para alimentar com electricidade, com calor ou com frio um edifício isolado, um complexo de edifícios ou uma fábrica, pondo em jogo um único combustível.

Nota: A tecnologia actual é limitada principalmente a sistemas nos quais o gás e o petróleo constituem o único combustível utilizado.

5.6.3 Central de Produção Combinada (Co-geração)

Central térmica na qual todo o vapor produzido nas caldeiras passa nos turbo-geradores para a produção de electricidade, mas prevista de tal maneira que o calor pode ser extraído em certos pontos da turbina e/ou a partir do respectivo escape da turbina como calor de baixa-pressão e utilizado para alimentar processos industriais, para o aquecimento urbano, etc.

Nota 1: A electricidade e o calor fornecidos constituem produtos de base e as quantidades fornecidas podem ser complementares; a produção principal pode ser a do vapor ou a da electricidade, segundo a procura.

Nota 2: A produção combinada calor-electri-cidade pode ser obtida a partir de uma turbina a gás ou a partir de motores de combustão interna destinados à produção de electricidade. O calor é obtido por recuperação no escape ou noutro ponto do ciclo. Neste caso, o calor assim obtido considera-se como um subproduto.

Nota 3: A co-geração corresponde a um conceito que não é obrigatoriamente associável a uma central, na acepção de um equipamento de potência elevada para abastecer consumos importantes. Na realidade, há equipamentos de co-geração de pequena e muito pequena potência (são já vulgares os de poucas dezenas de kW).

5.6.4 Central de Ciclo Combinado

Central eléctrica compreendendo um gerador com turbina a gás cujos gases de escape alimentam uma caldeira utilizando efluentes térmicos (podendo esta última ser prevista ou não com queimadores suplementares) e onde o vapor produzido na caldeira é utilizado para o funcionamento de um turbo-gerador com turbina a vapor.

Nota: Podem existir variantes do ciclo de base e o gás para a câmara de combustão da turbina a gás pode ser produzido numa instalação de gaseificação de carvão. Podem citar-se outras combinações sinergéticas do ciclo de produção de electricidade: por exemplo, a produção diesel-vapor, mercúrio-vapor, metal líquido-vapor, gás-fluido orgânico e vapor-fluido orgânico. Note-se que o combustível de um ciclo de gás (simples ou em ciclo combinado) pode também ser líquido.

5.6.5 Combustão em Leito Fluidificado

Processo de combustão no qual o leito do combustível associado às partículas não combustíveis se mantém num estado de suspensão por meio de um fluxo ascendente do ar de combustão através do leito. As partículas não combustíveis são geralmente a cinza do carvão e um absorvente de enxofre, tal como a argila.

Nota: Segundo a combustão utilizada, o leito fluidificado pode ser estático ou móvel e apresentar um ou vários andares. Quanto à caldeira, ela pode trabalhar quer à pressão atmosférica, quer a sobrepressão.

5.6.6 Bomba de Calor

Instalação que extrai uma quantidade de calor de uma fonte a baixa temperatura (fonte fria) – por exemplo, a camada freática, a água de superfície, o solo, o ar exterior, o ar extraído (ar rejeitado) – e que, mediante a utilização de uma energia nobre num sistema evaporador ou absorsor, restitui este calor a uma temperatura mais elevada (fonte quente).

A bomba de calor caracteriza-se pelo seu coeficiente de eficácia, quociente do calor transferido e do conjunto da energia nobre consumida.

Nota 1: Em modo de aquecimento, a instalação da bomba de calor pode ser monoenergia quando apenas ela fornece o calor necessário, ou bienergia quando é complementada por uma fonte de calor de apoio.

Nota 2: A bomba de calor bienergia funciona em paralelo quando a sua produção de calor é completada pela da fonte de apoio, ou em alternativa quando interrompe a sua produção, para dar lugar à produção da fonte de apoio.

Nota 3: Nas aplicações industriais recorre-se também a bombas de calor com dois andares, por exemplo para a secagem (ver 4.4.1.5).

5.6.7 Produção de Frio por Absorção

Processo através do qual um fluido refrigerante não é sujeito à tradicional fase de compressão mecânica de vapor da maioria dos ciclos termodinâmicos, mas a um ciclo de concentração/diluição com um composto “absorvedor”, utilizando um efluente térmico como fonte de energia. As máquinas de produção de frio por absorção são usadas no aproveitamento do calor existente em exaustões de processos que não podem ser aproveitados de outro modo. O coeficiente de eficácia é inferior à unidade (cerca de 0,6 a 0,7) nas máquinas de um estágio e superior à unidade nas de dois estágios.

6. Medidas - Comando - Controlo - Segurança

Muitos termos referentes às técnicas de instrumentação e de controlo são usados em inúmeros e variados campos de actividade. Podem encontrar-se as definições destes termos em glossários, dicionários internacionais e livros especializados.

Os termos seleccionados neste capítulo são considerados como mais específicos e importantes para os assuntos ligados à energia.

Por outro lado, para os problemas de segurança é necessário consultar as organizações que trabalham as normas internacionais que se ocupam de regu-lamentos, etc. (por exemplo, para pormenores dos sistemas e das instalações, no que respeita a problemas de protecção contra descargas eléctricas, consultar as normas internacionais apropriadas, tais como as publicações da Comissão Electrotécnica Internacional, etc.)

Além disso, os termos de segurança relacionados com uma forma específica de energia podem encontrar-se na Secção deste glossário que dela se ocupa.

6.1 Instrumentação e Técnicas Usadas para Fornecer Dados Fundamentais para Fins de Controlo
A. TÉCNICAS
6.1.1 Cromatografia

Processo de separação que se baseia na distribuição dos componentes de uma mistura por duas fases: uma fase estacionária sólida ou líquida e uma fase móvel que percorre a anterior e que pode ser líquida ou gasosa. Os fenómenos fisico-químicos que se estabelecem entre as duas fases, quando em presença de uma mistura de substâncias, podem ser, entre outros, de adsorção, partilha, permuta e exclusão molecular.

6.1.1.1 Cromatografia em Fase Líquida

Cromatografia em que a fase móvel é um líquido que serve igualmente de solvente. A fase estacionária pode ser um sólido (cromatografia de adsorção ou de permuta iónica), um gel poroso no interior do qual, em função da dimensão das suas moléculas, os constituintes da mistura penetram mais ou menos (cromatografia de exclusão molecular) ou um líquido não miscível com a fase móvel (cromatografia de separação ou de partição).

6.1.1.2 Cromatografia em Fase Gasosa

Cromatografia em que a fase móvel é um gás. A fase estacionária é ou um líquido (cromatografia de partilha) ou um sólido (cromatografia de adsorção). A mistura deve estar sob a forma gasosa; se for um líquido ou um sólido, deve ser vaporizado no momento da injecção.

6.1.2 Espectroscopia

Método de análise química que permite caracterizar espécies químicas diferentes por meio do espectro - tipo e intensidade das riscas espectrais - que lhes está associado em determinadas condições de excitação energética. Na maioria dos casos, trata-se de uma emissão electromagnética cuja intensidade varia com a frequência, caracterizando-se o espectro por picos de intensidade cuja posição é característica da espécie química. Em função da banda de emissão, distingue-se a espectroscopia do infravermelho, do visível, do ultra violeta, de raios X e de raios γ. Existem também, entre outras, a espectrometria de massa que é um processo de separação e medida de fragmentos iónicos de moléculas, classificados de acordo com a relação massa/carga e a espectroscopia de ressonância magnética nuclear que analisa as variações de intensidade de um campo magnético ao qual se submete uma molécula. Se se tomar como critério as espécies químicas a analisar, distinguem-se igualmente a espectroscopia atómica que permite caracterizar os átomos de um cristal ou de uma molécula e a espectroscopia molecular que permite caracterizar moléculas ou grupos químicos.

6.1.3 Análise Electroquímica

Conjunto dos métodos que utilizam as propriedades electroquímicas de espécies em solução com o fim de as dosear ou de as caracterizar. Eles envolvem reacções de oxidação-redução entre as espécies e um eléctrodo e tomam em conta as duas grandezas físicas que são o potencial e a intensidade da corrente nesse eléctrodo, as quais estão relacionadas com a natureza e a concentração da espécie química electrolisada. As principais técnicas são: a potenciometria, a amperometria, a polarografia e a coulometria. A condutimetria, que mede a condutância de uma solução, a qual está linearmente ligada à concentração das espécies iónicas presentes na solução, é também considerada como um método de análise electroquímica.

6.1.4 Análise por Activação

Método sensível da análise química capaz de detectar a presença de vários elementos numa amostra, baseado na identificação e medição das radiações características emitidas pelos nuclídeos formados por irradiação do material.

6.1.5 Calorimetria

Medição da quantidade de calor envolvida em vários processos tais como as reacções químicas, a mudança de estado e a formação de soluções ou na determinação do poder calorífico.

6.1.6 Granulometria

Operação de medição das dimensões e da distribuição das partículas de um corpo granulado.

Nota: Os métodos principais de análise granulométrica são os métodos por exame microscópico, por peneiração e por decantação.

6.1.7 Olfatometria

Medição da concentração ou da intensidade do odor de uma mistura odorizada.

6.1.8 Teledetecção

Técnica usada para determinar características físicas e biológicas de sistemas materiais, por medição dessas características à distância, sem contacto físico com eles.

6.1.9 Ensaio não Destrutivo

Método de ensaio ou de inspecção que não envolve danos ou destruição do objecto a examinar. Alguns exemplos: ensaio por fluxo magnético, radiografia, ensaio por ultra-sons, correntes de Foucault, infravermelhos, etc.

6.1.10 Amostragem

Recolha de uma pequena fracção representativa de uma mercadoria ou de um produto para análise ou verificação.

B. INSTRUMENTAÇÃO
6.1.11 Manómetro

Aparelho de medição da pressão dos líquidos e dos gases. Alguns exemplos: barómetro, manómetro de Bourdon (utilizado, por exemplo, na medição da tensão de vapor das gasolinas), manómetro de McLeod (utilizado para medição de baixas pressões: 103 pascal a 10-3 pascal), medidor de pressão piezoeléctrico, transdutor de pressão, medidor de pressão ou manómetro de quartzo.

6.1.12 Termómetro

Aparelho de medição que utiliza a variação de uma propriedade física sensível à temperatura (expansão linear, por exemplo) de uma substância, para a medição da temperatura.

Alguns exemplos: termómetro de líquido em vidro que depende da expansão do líquido, usualmente mercúrio ou álcool corado, termómetro bimetálico que depende da expansão de dois metais, termómetro de gás, mais rigoroso que o termómetro de líquido em vidro e que funciona medindo a variação de pressão de um gás mantido a volume constante, termómetro de Bourdon, termómetro eléctrico, termómetro líquido em metal, pirómetro de radiação, pirómetro termoeléctrico, termómetro de ressonância sónica, termómetro de resistência cujo princípio se baseia na variação de resistência de dois metais condutores ou semi-condutores.

6.1.13 Dosímetro

Aparelho de medição da dose ou da taxa da dose de radiação.

6.1.14 Detector de Fluxo Radiante (Detector de Radiação)

Dispositivo que permite detectar a presença de uma radiação. Alguns exemplos: contadores de ionização (por exemplo, Geiger-Müller), contadores de cintilação (para as radiações ionizantes), contadores de radiação por termopilha (pilha termoeléctrica), os Geiger-Müllerradiómetros para as radiações electromagnéticas não ionizantes, etc.

6.1.15 Debitómetro

Aparelho de medição do débito de um fluido (líquido ou gás) em termos de volume por unidade de tempo. Alguns exemplos: contador de gás, debitómetro magnético, debitómetro de diafragma, tubo de Pitot, debitómetro volumétrico, rotâmetro, debitómetro de turbina, tubo Venturi, orifício calibrado, debitómetro de efeito de Doppler, de Vortex.

6.1.16 Areómetro (Densímetro)

Instrumento para medir a densidade de um líquido. Os areómetros funcionam segundo o princípio de Arquimedes e são de dois tipos: areómetro de volume constante para o qual o volume imerso é constante mas cujo peso pode ser aumentado ou reduzido e areómetro de peso constante cujo volume imerso varia com a densidade do líquido. Este último modelo é utilizado, por exemplo, para medir a densidade de soluções sódicas, permitindo através de conversão adequada calcular a concentração da base.

6.1.17 Viscosímetro

Aparelho de medição da viscosidade de um produto. Distinguem-se:

6.1.17.1 Viscosímetro Absoluto

Viscosímetro baseado nas leis do escoamento laminar de Poiseuille num tubo capilar, que resulta ou da simples acção de uma diferença de pressão de montante para jusante ou apenas da gravidade. A aplicação da fórmula de Poiseuille permite calcular a viscosidade dinâmica.

Nota: Os principais viscosímetros capilares dinâmicos são: o viscosímetro Canon-Fenske, o viscosímetro Ubbelhode, o viscosímetro Vogel-Ossag, o viscosímetro Houillon, etc.

6.1.17.2 Viscosímetro Empírico

Viscosímetro cujo princípio de funcionamento se baseia numa medição puramente cinemática e que se aplica a líquidos cujo fluxo tem um comportamento newtoniano. A viscosidade é determinada medindo-se o tempo que um dado volume de líquido, por acção da gravidade, demora a percorrer um capilar de vidro calibrado. Esse tempo multiplicado pela constante de calibração do capilar é igual à viscosidade cinemática.

6.1.18 Magnetómetro

Aparelho que permite medir a intensidade de um campo magnético. Existem:

6.1.18.1 Magnetómetros Absolutos

Aparelhos que permitem calcular directamente o campo magnético a partir das grandezas fundamentais: comprimento, massa, tempo, intensidade da corrente eléctrica, etc.

6.1.18.2 Magnetómetros Relativos

Aparelhos que têm de ser comparados com os aparelhos absolutos de um observatório com o fim de determinar as respectivas constantes de calibração.

6.1.18.3 Variómetros

Concebidos para comparar valores simultâneos de campos magnéticos distintos.

6.1.19 Gravímetro

Aparelho utilizado para medir a intensidade do campo gravitacional. Distinguem-se:

6.1.19.1 Gravímetros Absolutos

Que medem o tempo de queda livre de um corpo.

6.1.19.2 Gravímetros Relativos

Utilizados para determinar as variações do campo gravitacional comparando os valores determinados em dois locais.

6.1.20 Dinamómetro

Aparelho de medição de uma força em dois locais.

Nota: Os dinamómetros funcionam quer por oposição de uma força conhecida à força a medir (o dinamómetro deste tipo mais conhecido é a balança) ou pela elongação de um dispositivo que pode gerar uma força variável directamente proporcional a uma outra grandeza mensurável (os principais dinamómetros deste tipo são os dinamómetros de pêndulo, de corda, de corda vibrante, piezoeléctricos, etc.).

6.1.21 Aparelhos de Medição das Grandezas Eléctricas

Além dos diversos contadores de energia (contadores de tarifa simples ou múltipla, contadores de energia activa, reactiva e aparente) existem em electrotecnia múltiplos aparelhos de medição e de controlo das grandezas características da corrente eléctrica, tais como os voltímetros (tensão), os amperímetros (intensidade da corrente), os wattímetros (potência activa), os varímetros (potência reactiva), voltamperímetros (potência aparente), frequencímetros (frequência), os ohmímetros (resistência), etc.

6.1.22 Captor

Elemento de um aparelho ou de uma cadeia de medição ao qual é directamente aplicada a grandeza a medir (pressão, tensão, temperatura, nível de água, etc.). Muitas vezes é usado para produzir um sinal que é função da grandeza que lhe é aplicada e que pode ser facilmente medida (por exemplo, uma tensão, uma corrente eléctrica). Um captor que efectua conversão é denominado transdutor (ver 6.1.28).

6.1.23 Geofone

Captor que é usado na prospecção sísmica terrestre para receber as ondas reflectidas ou refractadas pelas camadas geológicas, convertê-las em sinais eléctricos e transmiti-las a dispositivos de filtração e de registo (ver 9.2.26).

6.1.24 Hidrofone

Captor usado na prospecção sísmica marítima para receber as variações de pressão induzidas e convertê-las em sinais eléctricos.

6.1.25 Escovilhão (“Pig”)

Aparelho cilíndrico, esférico ou oblongo, propulsionado numa canalização por meio de um fluido que circula e que pode ser ar, gás ou líquido sob pressão. É usado para limpar a superfície interna das canalizações, para separar lotes de produtos diferentes ou registar diferentes parâmetros sobre o estado da canalização. Os pigs são introduzidos e recuperados em câmaras denominadas estações de pigs e propulsionados pela pressão de um fluido.

6.1.26 Amostrador de Grande Débito

Dispositivo de colheita de amostras utilizado para medir a concentração de partículas no ar, recolhendo-as sobre um filtro.

Nota: Um amostrador de fita é um dispositivo usado para a medida óptica das partículas, recolhendo-as num filtro de fita.

6.1.27 Termitância

Resistência geralmente fabricada com um material semicondutor que tem um elevado coeficiente não linear de temperatura negativo (coeficiente que varia inversamente com a temperatura). Pode ser usada para medir as variações de temperatura.

6.1.28 Transdutor

Aparelho que transforma um determinado parâmetro (por exemplo, a pressão) noutro sinal, tal como a tensão ou a corrente eléctrica facilmente mensurável, cujo valor é determinado pela amplitude do parâmetro. Pode tratar-se de um tipo especial de captor (ver 6.1.22).

6.1.29 Repetibilidade

Medida da fidelidade de um método de ensaio de acordo com o desvio máximo entre os resultados de dois ensaios idênticos executados pelo mesmo operador com o mesmo aparelho.

6.1.30 Reprodutibilidade

Medida da fidelidade de um método de ensaio de acordo com o desvio máximo entre os resultados de dois ensaios idênticos comunicados por dois laboratórios diferentes sendo idênticos os métodos, os aparelhos e as condições de experimentação.

6.2 Instrumentação e Técnicas Usadas para Transmitir, Registar e Explorar Dados Fundamentais.
6.2.1 Comando Automático

1) Equipamento que permite a uma instalação ou uma máquina executar uma parte ou a totalidade das suas operações sem intervenção humana (não confundir com comando a distância que pode ele próprio incluir ou não um sistema de comando automático).

2) Processo de comparação entre os valores medidos e um valor de referência e de correcção destes desvios relativamente a esse mesmo valor de referência, utilizando meios automáticos.

Nota: A robótica é o termo utilizado para o estudo e/ou utilização de robots, que são dispositivos electrónicos, eléctricos ou mecânicos com comando inteiramente automático (ver 6.2.38 e 6.2.39).

6.2.2 Sistema de Comando

Conjunto de elementos (amplificadores, conversores, etc., incluindo operadores humanos) interligados e interactivos, permitindo manter ou afectar, segundo um modo predeterminado, um dado estado a um corpo, a um processo ou a uma máquina que faz parte do sistema.

Existem vários tipos de sistemas de comando, tais como comando em circuito fechado, automático ou manual e comando em circuito aberto.

6.2.3 Comando em Cascata

Sistema no qual o valor de saída de cada elemento de comando é utilizado como valor de entrada da unidade seguinte.

6.2.4 Comando a Distância (Telecomando)

Comando das operações de uma instalação ou de um processo a partir de um local distante do objectivo a comandar.

6.2.5 Sistema de Regulação

Dispositivo de controlo cujo objectivo é manter constante o valor da condição comandada ou de a fazer variar de um modo predeterminado.

6.2.6 Redundância

Princípio que consiste na existência de dois componentes de um sistema com as mesmas funções. Cada componente funciona de forma autónoma, estando um a exercer o comando e o outro pronto a substituir o primeiro em caso de falha deste.

6.2.7 Linearização

Processo matemático onde um modelo não linear é feito linear para objecto de análise.

6.2.8 Sensor de Proximidade

Dispositivo que detecta a presença de um objecto sem contacto físico.

6.2.9 Controlo Proporcional

Acção de controlo cujo valor é proporcional ao desvio entre a variável controlada e a referência.

6.2.10 Controlo Integral

Acção de controlo cujo valor resulta da integração no tempo do desvio entre a variável controlada e a referência, resultando na eliminação do erro estático subjacente ao controlo proporcional.

6.2.11 Controlo Derivativo

Acção de controlo cujo valor é proporcional à taxa de variação do desvio entre a variável controlada e a referência.

6.2.12 Controlador PID

Função de regulação que combina a acção proporcional, integral e derivativa.

6.2.13 “Fielbus”

Rede digital de comunicação utilizada em aplicações de automação industrial.

6.2.14 Protocolo

Sequência de bits, caracteres e códigos de controlo usados para transferir dados entre computadores ou entre computadores e periféricos através de um canal de comunicação.

6.2.15 Amostragem de um Sinal Analógico

Processo de obtenção de uma sequência de valores instantâneos de um sinal analógico com intervalos regulares.

6.2.16 Dispositivo de Manutenção e Ajustamento

O mesmo que sistema de regulação (6.2.5).

6.2.17 Regulador

Dispositivo com um valor de saída que pode ser ajustado para manter uma variável a comandar num valor específico ou dentro de limites específicos ou para alterar essa variável de um modo determinado.

6.2.18 Servocomando

Mecanismo interposto entre um comando e o órgão a comandar, com o fim de produzir a força necessária à manobra recorrendo à energia de uma fonte exterior.

6.2.19 Monitor

Aparelho para a detecção, a visualização e/ou a medida de uma dada condição ou de um dado estado.

6.2.20 Retroacção

Estrutura de regulação em que a variável controlada é comparada com a referência, sendo o erro resultante utilizado para corrigir a referida variável.

6.2.21 Estado Estável

Diz-se que o estado de um sistema é estável quando a amplitude dos desvios produzidos por uma perturbação, permanente ou terminada, for limitada e relacionada com a amplitude da perturbação.

6.2.22 Estado Instável

Diz-se que o estado de um sistema é instável quando a amplitude dos desvios produzidos por uma perturbação, constante ou terminada, for ilimitada ou, sendo limitada, se for determinada pela natureza do sistema e não pela amplitude da perturbação.

6.2.23 Estado Permanente

Condição de um sistema que é essencialmente constante desde que as flutuações iniciais tenham sido amortecidas.

6.2.24 Telecomunicação

Toda e qualquer transmissão, emissão ou recepção de sinais, de documentos escritos ou de imagens, de informações ou de sons de qualquer natureza, através de fios, de radioelectricidade, de óptica ou de outro sistema electromagnético.

6.2.25 Telemedida

Transmissão a distância de grandezas, medidas com modulação codificada apropriada, por exemplo: de amplitude, de frequência, de fase ou de impulso.

6.2.26 Ligação por Fibra Óptica

Meio de transmissão da luz através de filamentos finos de vidro ou de material plástico. A luz pode ser pulsada para transmitir dados codificados, modulada ou não modulada para a transmissão.

6.2.27 Laser

A transmissão é uma das inúmeras utilizações do laser (ver 4.4.10).

6.2.28 Ligação por Micro-Ondas

Sistema de comunicação entre dois pontos, no qual se utiliza um feixe de rádio com um comprimento de onda muito curto (micro-onda) como portador do sinal.

6.2.29 Modulação

Processo pelo qual as características essenciais de uma onda sinal afectam uma outra onda (onda portadora). Nas formas mais comuns de modulação, a amplitude de uma portadora ou a sua frequência são modificadas de acordo com o sinal (modulação de amplitude ou modulação de frequência).

6.2.30 Multiplex por Divisão de Frequência

Dispositivo ou processo de transmissão de dois ou vários sinais num canal comum, utilizando uma banda de frequência diferente para cada sinal.

6.2.31 Multiplex por Divisão de Tempo

Dispositivo ou processo de transmissão de dois ou vários sinais num canal comum, utilizando intervalos de tempo sucessivos para os diferentes sinais.

6.2.32 Modo Simplex

Exploração de um canal de comunicação numa única direcção, em cada instante.

Nota: Um circuito simplex é um circuito que permite a transmissão de sinais numa ou noutra direcção mas nunca simultaneamente nas duas direcções.

6.2.33 Transmissão em Duplex

Transmissão simultânea de palavras ou de dados em direcções opostas através de um sistema.

6.2.34 Computador (Calculador)

Máquina que efectua operações aritméticas e lógicas a partir de dados representados em sistema binário. O comando destas operações efectua-se por meio de um programa de instruções. Tem a possibilidade de armazenar dados.

6.2.35 Equipamento de Reserva (Equipamento de Socorro)

Equipamento que se destina a ser usado quando a unidade principal (por exemplo, a unidade de cálculo ou de tratamento) fica parada devido a um mau funcionamento ou quando tem de ser retirada de serviço.

6.2.36 Operação em Linha

Operação de uma unidade funcional quando é colocada sob o comando directo da unidade central do computador.

6.2.37 Operação Fora da Linha (Exploração Autónoma ou em Diferido)

Operação de uma unidade funcional quando não está colocada sob o comando directo do computador.

6.2.38 Cibernética
Teoria que se ocupa do comando e da comunicação dos seres vivos e das máquinas. A cibernética estuda os mecanismos do objectivo que comanda a evolução de um sistema, procurando estabelecer uma teoria geral.

Nota: No estudo de um sistema deve considerar-se, entre outras características, a gama de variação, a estabilidade, a estrutura e o tempo de resposta. Em cibernética, distinguem-se os sistemas de auto-regulação, de auto-aprendizagem, de estrutura adaptável, etc.

6.2.39 Inteligência Artificial

Conjunto das técnicas utilizadas para experimentar a realização dos autómatos adoptando uma iniciativa próxima do pensamento humano.

Nota: Apesar de um real ou aparente abuso de linguagem, a noção de inteligência artificial deve ser actualmente compreendida através dos esforços feitos para realizar autómatos cada vez mais criativos, mesmo que estes funcionem com modelos (de algoritmos) que reagem segundo estratégias preestabelecidas.

6.2.40 Sistema “Expert”

Conjunto de “software” e de dados que permitem explorar conhecimentos explícitos relativos a um domínio bem delimitado para estabelecer um comportamento comparável ao de um “expert” humano.

Nota: O sistema “expert” é uma aplicação das técnicas ou processos de inteligência artificial. Além do seu sistema de diálogo, ele comporta em geral:

  • uma base de conhecimentos, conjunto de regras e de meta-regras que contém o “know-how” (saber-fazer) do “expert”;
  • uma base de factos que contém os factos específicos do problema considerado;
  • um motor de inferência que interpreta os dados de base de conhecimentos para exprimir as estratégias e heurísticas de utilização destes conhecimentos.
6.3 Termos Relativos à Segurança
6.3.1 Análise de Risco

Investigação e análise probabilística dos contributos das circunstâncias necessárias e suficientes para a ocorrência de acontecimentos indesejáveis, conjugadas com o estudo das dimensões dos efeitos desses acontecimentos, caso eles venham a acontecer.

Nota: Os objectivos de uma análise de risco podem definir-se do seguinte modo:

  • identificação dos riscos susceptíveis de se produzirem durante o funcionamento do sistema;
  • estudo das causas que estão na origem dos riscos considerados e, eventualmente, a sua quantificação;
  • cálculo das consequências associadas à manifestação dos riscos, em termos de:
    1. prejuízos causados à vida humana,
    2. danos relativos ao meio ambiente,
    3. perdas económicas
  • determinação do critério do risco aceitável, isto é, do nível de segurança exigido;
  • proposta de benefícios a introduzir:
    1. nos pontos críticos ou nos pontos postos em evidência,
    2. ou, se o critério do risco aceitável não é satisfatório, no sistema propriamente dito.
6.3.2 Segurança Inerente

A segurança inerente de um componente (ou de um sistema) define-se pelas características de segurança que garantem a eliminação de um perigo ou de uma falha inerente ao componente (ou ao sistema).

A segurança inerente está associada à escolha dos materiais utilizados, ao coeficiente de segurança tido em conta no dimensionamento e a todos os aspectos de concepção e construção que assegurem, através das leis da Natureza que sejam evitados quaisquer perigos ou falhas potenciais.

A segurança inerente é garantida pela permanência e pela fiabilidade das características de segurança.

Nota: A segurança inerente pode avaliar-se segundo critérios probabilísticos ou determinísticos.

6.3.3 Característica de Segurança Passiva

A característica de segurança passiva entende-se como a garantia da eliminação de qualquer risco:

  • pela simples presença de dispositivos para o efeito, sem que haja necessidade de qualquer intervenção humana, de activação de um componente ou de um sinal (actuando sobre valores preestabelecidos);
  • pelo não recurso a qualquer fonte de energia (externa ou interna independentes).
6.3.4 Característica de Segurança Activa

A característica de segurança activa entende-se como a garantia de eliminação ou o impedimento de qualquer risco e pode apresentar-se:

  • ao activar um componente através de um sinal (actuando sobre um valor preestabelecido ou calibrado);
  • pela intervenção humana;
  • se necessário, por uma fonte de energia externa ou interna.
6.3.5 Segurança Intrínseca

Princípio de concepção segundo o qual, no caso de falhas de um sistema, este reagirá de tal maneira que assegurará condições de segurança reforçadas. Por exemplo: uma falta de fornecimento de energia a um sistema de controlo de um reactor deverá provocar imediatamente a sua paragem.

6.3.6 Árvore de Falha (de Causa-efeito)

Diagrama que representa os acontecimentos e a sua sucessão numa perspectiva de causa-efeito, susceptíveis de provocar um incidente.

6.3.7 Período de Graça

Período durante o qual a segurança é assegurada sem necessidade de uma intervenção humana em caso de incidente.

6.3.8 Tolerância de Erro

Define o grau de aceitação de uma inacção humana ou de uma acção humana errada.

Nota: A tolerância de erro como grau de tolerância à inacção humana está geralmente associada à característica de um sistema (por exemplo, grande inércia térmica ou muito ampla margem de manobra relativa ao limite de segurança).

6.3.9 Material Homologado

Equipamento que satisfaz aos ensaios e recebeu a aprovação de uma autoridade competente, quer seja um organismo governamental ou uma sociedade de certificação. Esta autoridade deve certificar que o equipamento pode ser utilizado com toda a segurança.

6.3.10 Sistema de Alarme

Dispositivo que permite o desencadeamento de um sinal de aviso quando ocorreu ou está em vias de ocorrer um acontecimento indesejável.

Nota: O sinal pode ser visual (luzes vermelhas ou verdes que apagam ou acendem) ou sonoro (buzina, sirene). Funciona em sistema de tudo ou nada relativamente a um dado limiar cujo valor se recomenda que, sempre que possível, venha indicado no equipamento.

6.3.11 Blindagem Biológica

Camada de material absorvente que reduz o nível de radiações ionizantes (por exemplo, proveniente do núcleo de um reactor) para o manter a um baixo nível biologicamente aceitável.

Em geral, utiliza-se o betão de forte densidade, o chumbo ou a água (ver 11.2.33).

6.3.12 Inertização

Operação que consiste em substituir o ar no interior do equipamento ou à volta dele, por um gás inerte, tal como o azoto ou o árgon, para reduzir os riscos de oxidação, de explosão ou de incêndio.

6.3.13 Bacia de Retenção
Parede sólida, geralmente de betão ou de terra, que envolve um equipamento ou um recipiente contendo um líquido que deve ser confinado.

Nota: Exemplo: a parede de betão ou de terra que envolve um reservatório de armazenamento de petróleo bruto ou de produtos refinados. É concebida para conter o líquido do reservatório no caso de ruptura ou de fuga.

6.3.14 Detector de Chamas

Aparelho que detecta a presença de uma chama. No caso de falha de ignição ou de uma avaria provocada pela chama, ele pára momentaneamente o equipamento ou a alimentação de combustível a fim de manter as condições de segurança.

6.3.15 Detector de Incêndio
Aparelho de detecção concebido para fazer actuar um alarme e/ou um sistema automático de extinção de incêndios. São exemplos: o detector de chamas, de calor, de fumo e o sensor óptico.
6.3.16 Sistemas Automáticos de Extinção de Incêndios

Equipamentos fixos actuados automaticamente a partir de um sinal recebido dum sistema de detecção de incêndios, para a protecção parcial ou total de uma área de risco. Podem utilizar uma gama variada de agentes de extinção de fogos (a água, a espuma, o pó, o dióxido de carbono) .

6.3.17 Instalação de Água

Instalação que se apresenta sob a forma de uma rede de tubagens dotadas de dispositivos que permitem lançar a água sob pressão no local do incêndio.

6.3.18 Instalação de Espuma

Instalação que se compõe de um sistema de alimentação de água sob pressão, de reservatórios com um espumífero, de doseadores da mistura água/espumífero, de dispositivos de admissão de ar (tipo Venturi) e de difusores de espuma (mistura de água, espumífero e ar).

6.3.19 Espumífero

Produto químico destinado a ser misturado com água e ar, de modo a produzir espuma para combate a incêndios.

6.3.20 Instalação de Pó

Instalação que se compõe de armazenamento de pó e de dióxido de carbono (CO2), constituindo este último o agente propulsor do pó que permite lançá-lo sobre a zona em fogo.

6.3.21 Instalação de Dióxido de Carbono

Instalação que se compõe de reservatório ou garrafas de CO2, ligados a tubagens de distribuição protegidas contra a corrosão e calculadas para evitar a congelação na altura da expansão, e de dispositivos de dispersão. O dióxido de carbono actua por “asfixia”, substituindo o ar por um gás inerte. Aplica-se em locais estanques.

6.3.22 Dispositivo Resistente ao Fogo

Aparelho concebido de modo a não arder ou a não ser danificado quando sujeito à acção das chamas, durante um tempo e um limite de temperatura predefinidos.

6.3.23 Aparelho Antideflagrante

Aparelho concebido e construído para impedir o contacto entre atmosferas potencialmente explosivas e fontes de ignição internas ao próprio equipamento.

6.3.24 Encapsulamento Antideflagrante

Invólucro estanque para aparelhos e sistemas eléctricos que não sejam antideflagrantes, capaz de os isolar relativamente ao meio exterior, de modo a impedir a entrada de misturas potencialmente explosivas.

6.3.25 Detector de Gás

Aparelho capaz de detectar a presença de um determinado gás acima de determinada concentração preestabelecida ou de indicar os valores da sua concentração. Estes instrumentos servem muitas vezes para detectar as fugas e para garantir a segurança quando se penetra ou se trabalha em espaços confinados. São, por exemplo, o metanómetro ou grisúmetro

.
6.3.26 Sistema de Limitação de Pressão

Equipamento instalado para evitar que a pressão numa tubagem ou num sistema de distribuição ultrapasse a pressão de exploração máxima admissível, controlando ou reduzindo o fluxo de gás no caso de condições anormais.

6.3.27 Dispositivo de Descompressão

Equipamento instalado numa tubagem ou num sistema de distribuição ao qual está ligado, para controlar a pressão do gás no sistema e fazer sair com toda a segurança o gás para a atmosfera, quando a pressão ultrapassar o nível máximo previamente fixado.

6.3.28 Válvula de Descompressão

Também designada por válvula de segurança. Dispositivo que garante automaticamente a redução do excesso de pressão num sistema. É calibrado para actuar a uma pressão predeterminada, em função das condições de operação do sistema que protege.

6.3.29 Bloco Obturador de Poço

Dispositivo de válvulas instaladas na cabeça do poço para assegurar o encerramento em caso de perigo (ver 9.4.7).

6.3.30 Amplificador de Paragem

Dispositivo, cujas entradas representam o parâmetro a controlar, que produz um sinal de saída amplificado com um factor predeterminado. Deste modo, este sinal de saída pode ser melhor utilizado para desencadear o procedimento de paragem da instalação se atingir um valor fixado antecipadamente.

7. Ambiente

A multiplicidade das interacções entre produção, transformação e utilização da energia e o ambiente adquiriu uma importância crescente ao longo da última década. Cada desenvolvimento técnico deve, a partir de agora, ter em conta a fragilidade dos equilíbrios biológicos e ainda o impacto que pode resultar de qualquer alteração.

É por isso que se salientam as diferentes formas de poluição e os seus principais constituintes.

A natureza dos produtos ligados ao ambiente conduz ao confronto de numerosas disciplinas o que implica uma reflexão terminológica comum para harmonizar a definição dos conceitos. Encontrar-se-ão, pois, nesta Secção, definições já adoptadas por grandes organizações internacionais.

7.1 Termos Gerais
7.1.1 Ambiente

Conjunto dos agentes físicos, químicos e biológicos e dos factores sociais susceptíveis de um efeito directo ou indirecto, imediatamente ou a prazo, sobre os organismos vivos e as actividades humanas

7.1.2 Protecção do Ambiente

Conjunto de todas as medidas que permitam manter ou restabelecer o mais completamente possível, o estado natural do ambiente dos homens, dos animais, das plantas, da paisagem, dos monumentos, etc.

7.1.3 Compatibilidade com o Ambiente

Indicação do grau de impacto de uma medida programada ou já implementada que poderia ter um impacto no ambiente. A compatibilidade com o ambiente é um objectivo importante no domínio da sua protecção. Um exame prévio desta compatibilidade permite que, na fase de planificação de um projecto, seja possível impedir as repercussões nocivas do projecto sobre o ambiente ou limitá las a proporções aceitáveis.

7.1.4 Ecossistema

Conjunto de uma comunidade viva e do ambiente físico-químico no qual ela vive (por exemplo: uma floresta, um lago, um campo cultivado, etc.). Todos os ecossistemas da terra se inter-relacionam para formar a biosfera.

7.1.5 Impacto Ecológico

Efeito de modificações num ecossistema. Estas modificações podem dever-se a factores bióticos, isto é, provocados pela acção de organismos vivos (homens, animais, plantas) ou a factores abióticos, ou seja, devidos à influência de factores inanimados (climáticos, edáficos, isto é, relacionados com o solo).

7.1.6 Estudo de Impacte Ambiental

Estudo de impacte sobre o ambiente de uma instalação planeada ou projectada, tendo em vista avaliar os efeitos sobre a fauna, a flora, os solos, a qualidade da água e do ar e sobre as populações locais no sentido de encontrar soluções para minimizar ou suprimir os efeitos negativos que dai possam ocorrer.

A avaliação dos efeitos sobre o ambiente deve ainda proceder à comparação dos impactes negativos e dos efeitos benéficos que se pretendem alcançar com a nova instalação.

Nota: Um aproveitamento hidráulico, por exemplo, pode acarretar perturbações e modificações importantes, das quais algumas ultrapassam muitíssimo a sua localização:

  • modificações do regime das águas, dos lençóis de água subterrâneos, da natureza da água (produtos em suspensão, flora, etc.);
  • interrupção do percurso e suas consequências para a navegação de superfície, as migrações dos peixes, o arrastamento de materiais de erosão;
  • modificação do sítio (habitat, actividade económica, etc.) e da paisagem (instalação de linhas de alta tensão);
  • modificação do clima e consequências nos hábitos das populações, etc.

Quer estas alterações sejam prejudiciais ou vantajosas (regularização dos cursos de água, irrigação, armazenamento de água com fins múltiplos, etc.) são extremamente complexas e devem de qualquer forma ser objecto de estudos profundos e multidisciplinares.

O estudo deverá incluir os critérios ambientais mais relevantes bem como os pontos de vista das várias partes interessadas de modo a que os mesmos sejam considerados na tomada de decisão de implementar ou não um determinado plano ou projecto.

7.1.7 Critérios de Implantação

Conjunto dos factores a ter em conta na escolha do local escolhido para a implementação de uma instalação energética, por exemplo: níveis de poluição, capacidade de refrigeração, densidade populacional, estrutura económica, topografia, geologia, ordenamento do território (incluindo o equipamento social existente ou necessário), direcção dos ventos e riscos sísmicos.

7.1.8 Poluente

Toda e qualquer substância ou característica física ou química resultante de uma qualquer actividade, natural (ou não), presente no ambiente (ar, água, solo) e que afecta as características deste.

7.1.9 Efluente

Qualquer fluido líquido ou gasoso (podendo por vezes conter sólidos) descarregado no ambiente.

7.1.10 Emissão

Descarga de qualquer substância no meio ambiente. Designa-se por “fonte”, o ponto em que a descarga se produz.

O termo pode ainda ser aplicado ao ruído, à vibração, à radiação, ao calor, etc., sendo utilizado para descrever a rejeição e o respectivo débito.

7.1.11 Imissão

Transferência de um ou vários poluentes para um “receptor”; por exemplo, poluentes retidos pelos pulmões.

Não significa o mesmo que concentração ao nível do solo. Tem um significado oposto ao do termo “emissão”.

7.1.12 Contaminação

Existência de substâncias ou de energia (ruído, vibração, radioactividade, calor) num meio determinado, que provoca uma deterioração das condições ambientais para os homens, as plantas ou os animais.

7.1.13 Limite de Emissão

Nível de emissão que, de acordo com a regulamentação, não deve ser excedido.

Nota: O nível de emissão pode ser expresso em volume por unidade de tempo, em massa por unidade de tempo, em massa por unidade de volume, em massa por unidade de energia ou noutra unidade escolhida “ad hoc”.

7.1.14 Limite de Contaminação

Valor da concentração de um poluente que não deve ser ultrapassado ou atingido.

7.1.15 ível de Poluição Natural

Concentração dos poluentes provenientes das fontes naturais existentes no ambiente.

7.1.16 Exposição

Submissão de uma pessoa, de um animal, de um vegetal ou de um material a um poluente.

7.1.17 Resíduos

Produtos que nas condições económicas correntes não se consideram materiais básicos (isto é, fabricados com o intuito de virem a ser comercializados) e que não têm mais nenhuma utilidade para o produtor quer para fins de produção, quer de transformação ou de consumo e que se deseja eliminar. Os resíduos provêm da extracção de matérias-primas, da sua transformação em produtos intermédios ou acabados, do consumo de produtos acabados e de quaisquer outras actividades humanas.

7.1.18 Resíduos Urbanos

Resíduos domésticos (produzidos em qualquer espaço urbano que são gerados pela actividade humana nas tarefas do seu dia a dia), ou outros resíduos semelhantes, em razão da sua natureza ou composição, nomeadamente os provenientes do sector de serviços ou de estabelecimentos comerciais ou industriais de que, em qualquer dos casos, a produção diária não exceda 1100 litros, por produtor.

7.1.19 Resíduos Industriais

Resíduos gerados em actividades ou processos industriais, bem como os que resultam das actividades de produção e distribuição de electricidade, gás e água.

7.1.20 Resíduos Hospitalares

Resíduos produzidos em unidades de prestação de cuidados e saúde, incluindo as actividades médicas de diagnóstico, tratamento e prevenção da doença e ainda as actividades de investigação com elas relacionadas.

7.1.21 Resíduos Perigosos

Resíduos que constituem um risco substancial, real ou potencial para a saúde humana ou para os organismos vivos, devido ao seu carácter tóxico, infeccioso, radioactivo, inflamável, etc. Os resíduos perigosos constituem uma ameaça para o ambiente devendo por essa razão ser submetidos a um controlo. Podem ser uma fonte de riscos graves a curto prazo ou de riscos a longo prazo para o ambiente. Os resíduos deste tipo podem ser subprodutos, resíduos das operações de transformação, elementos reactivos residuais das instalações ou dos materiais contaminados em consequência de operações de fabricação ou de tratamento de substâncias tóxicas, ou provir de produtos manufacturados que foram rejeitados.

7.1.22 Valor Limite (Concentração Máxima Admissível - CMA)

Maior concentração permitida de uma substância nociva ao ambiente. As emissões máximas são especificadas em relação a intervalos de tempo (por exemplo: períodos de 8 horas, dia, ano, etc.) para determinados ambientes específicos (por exemplo: local de trabalho, zona urbana, etc.) ou em termos de medidas estatísticas (por exemplo: valores de ponta, valores médios, percentagens, etc.).

O valor das concentrações limites é fixado geralmente em função dos conhecimentos disponíveis acerca dos efeitos nocivos das substâncias em questão sobre a saúde humana ou sobre os diversos componentes do ambiente

7.1.23 Estação de Medição

Estação de controlo que mede os níveis básicos de concentração em todo o mundo, num determinado país ou numa região. As estações para controlo de poluentes do ar com carácter mundial situam-se a uma distância de 3000 km, no mínimo, das fontes continentais de poluição. O principal objectivo destas instalações é o de detectar alterações significativas nos componentes atmosféricos que têm influência no clima.

7.1.24 Postos de Vigilância de Impacto

Têm como objectivo controlar os níveis de concentração de substâncias poluentes nas proximidades de importantes fontes de poluição. Trata-se habitualmente de estações fixas situadas em zonas com várias fontes de poluição.

7.1.25 Concentração de Ponta

Valor máximo da concentração em poluentes, medido para um determinado período e para um determinado local.

7.1.26 Efeitos Tóxicos dos Poluentes

Distinguem-se:

  • os efeitos letais: que provocam a morte por intoxicação directa;
  • os efeitos subletais: que não implicam directamente a morte mas podem afectar o crescimento, a reprodução ou a actividade;
  • os efeitos agudos: que provocam um efeito (geralmente a morte) num período de tempo relativamente curto;
  • os efeitos crónicos: que provocam um efeito (letal ou subletal) num período de tempo prolongado.
7.1.27 Efeito Sinergético

Fortalecimento dos efeitos individuais, qualitativos ou quantitativos, de duas ou mais substâncias após a sua associação, de tal modo que os efeitos da associação são superiores à soma dos efeitos individuais.

7.1.28 Difusão e Dispersão dos Poluentes

Ocorrência que se traduz na redução progressiva da concentração dos poluentes. À difusão e dispersão (DD) dos poluentes no ambiente, opõe-se um outro conceito que é o de os concentrar e de os conter (CC) quando isso é possível ou desejável.

7.1.29 Princípio do “Poluidor-Pagador”

Princípio segundo o qual o responsável pelos danos ou agressões ao ambiente deve suportar os custos correspondentes às medidas para a sua correcção.

7.1.30 Depuração das Emissões

Eliminação de todas as substâncias nocivas provenientes dos processos industriais com o objectivo de evitar ou reduzir a emissão de poluentes para o ambiente (ar, água, solo).

7.1.31 Eliminação dos Resíduos

Evacuação dos resíduos que teoricamente não se destinam a outras utilizações, ainda que na prática possam vir a ser reutilizados (por exemplo: extracção de biogás).

7.1.32 Tratamento dos Resíduos

Operações destinadas a modificar as características físicas, químicas ou biológicas ou a composição dos resíduos, no sentido de os neutralizar, os tornar inofensivos, melhorar a segurança do seu transporte, permitir a recuperação ou o armazenamento e reduzir o seu volume. Um mesmo tipo de resíduos pode ser objecto de mais do que uma operação de tratamento.

7.1.33 Reciclagem e Reutilização

Utilização dos materiais obtidos a partir dos resíduos como matérias, num processo económico. A reciclagem e a reutilização podem também dizer respeito aos produtos acabados que tenham sido eventualmente considerados como resíduos ou produtos rejeitados pelo processo (ver 5.5.4 e 5.5.5).

7.1.34 Substância Biodegradável

Substância que pode ser degradada por acção de um processo biológico.

7.1.35 Indicador Biológico de Poluição (Indicador Ecológico)

Organismo vivo ou uma sua parte utilizado para detectar ou medir um poluente. Os organismos vivos que integram o ecossistema fornecem, pela sua presença ou pela sua ausência ou ainda pelas modificações que sofrem, uma boa medida da qualidade do meio e das suas variações.

7.1.36 Ecologia
Ciência que estuda as relações entre os organismos vivos e o seu ambiente.
7.1.37 Fauna

Todos os animais associados a um determinado habitat, área ou período.

7.1.38 Flora

Todas as plantas associadas a um determinado habitat, área ou período. As bactérias são consideradas como pertencentes à flora.

7.1.39 Hidráulica

Ramo da ciência que estuda as propriedades mecânicas da água e a sua aplicação à engenharia.

7.1.40 Hidrologia

Estudo científico da água na Natureza: suas propriedades, distribuição e comportamento. Ciência que estuda a ocorrência, circulação e distribuição da água e sua interligação com o ambiente.

7.1.41 Ciclo Hidrológico

A água circula continuamente entre a superfície terrestre e a atmosfera num processo designado por ciclo hidrológico. Este ciclo, também conhecido por ciclo da água, é um dos processos básicos na Natureza. Sob a influência do calor do Sol, a água dos oceanos, rios, lagos, solos e vegetação evapora, tornando-se vapor de água. Ao aumentar na atmosfera, o vapor de água, arrefece, voltando ao estado líquido ou mesmo sólido, formando as nuvens. Quando as gotículas de água ou os cristais de gelo atingem uma determinada dimensão, precipitam para a superfície da terra sob a forma de chuva ou neve.

Uma vez no solo, parte da água infiltra-se no solo, sendo absorvida pelas plantas ou percolando para reservatórios subterrâneos. Outra parte da água alimentará os oceanos, rios, lagos e albufeiras, para se tornar a evaporar.

7.1.42 Análise de Ciclo de Vida (ACV)

Método de avaliação dos impactes ambientais de toda a vida de um produto, desde a aquisição de matérias-primas, produção, distribuição, utilização, reutilização, manutenção, reciclagem e produção de um resíduo.

7.1.43 Sistema de Gestão Ambiental

Sistema que faz parte do sistema global de gestão da empresa, que inclui a estrutura funcional, a definição de responsabilidades e os procedimentos e os recursos para concretizar, desenvolver e melhorar continuamente o desempenho ambiental da empresa.

7.1.44 Auditoria Ambiental

Importante instrumento da gestão de uma empresa que tem como objectivos imediatos a verificação do cumprimento de todos os requisitos legais referentes ao ambiente e um controlo mais facilitado da gestão dos procedimentos com eventual impacte no ambiente.

7.1.45 Rótulo Ecológico

Esquema europeu de rotulagem, que recorrendo a um logótipo aprovado, pretende promover produtos com impactes ambientais reduzidos durante o seu ciclo de vida.

7.1.46 Advecção

Transporte na horizontal pela acção do vento de uma determinada propriedade atmosférica ou contaminante do ar.

7.1.47 Bentico

Relacionado com o fundo dos lagos e oceanos; organismos que vivem nos fundos das massas de água.

7.1.48 Bioacumulação

Processo pelo qual substâncias não alimentares são assimiladas por um organismo vivo, entrando assim na cadeia trófica.

7.1.49 Coliformes

Microorganismos comuns ao tracto intestinal do homem; a presença de coliformes na água é um indicador de contaminação biológica.

7.1.50 Estratificação Térmica

Estratificação da água em camadas em lagos e albufeiras com origem térmica. Geralmente, distinguem-se três zonas de estratificação com temperaturas diferentes: o epilimnion, o metalimnion ou termoclina e o hipolimnion.

7.1.51 Hipolimnion

Camada inferior de um lago ou albufeira sujeita a estratificação térmica. Nestas zonas as temperaturas são tendencialmente uniformes e frias. Em situações mais graves de estratificação pode ocorrer falta de oxigénio nesta camada.

7.1.52 Epilimnion

Camada superior de um lago ou albufeira sujeita a estratificação térmica, com temperaturas mais elevadas.

7.1.53 Plancton

Plantas (phytoplancton) e animais (zooplancton) de dimensões reduzidas, com capacidades de locomoção reduzidas que vivem em suspensão na água.

7.1.54 Poluição Difusa

Alteração humana ou induzida pelo homem das propriedades físicas, químicas, biológicas ou radiológicas de uma massa de água não originadas por fontes fixas.

7.1.55 Xenobiótico

Substância criada pelo homem que não existe na Natureza. Estas substâncias constituem problemas ambientais significativos, na medida em que não existem mecanismos adequados de biodegradação, pelo que tendem a acumular-se na Natureza.

7.2 Termos Climáticos e Meteorológicos
7.2.1 Ciclo do Carbono

Processo de trocas de carbono entre a superfície terrestre e a atmosfera. O carbono encontra-se nos gases atmosféricos, sob a forma de iões dissolvidos na hidrosfera e, no estado sólido, como principal constituinte da matéria orgânica e das rochas sedimentares. As trocas realizam-se sobretudo entre a atmosfera e a hidrosfera mas também entre a biosfera, a atmosfera e a hidrosfera pela respiração e pela fotossíntese. As taxas das trocas são diminutas mas ao longo do tempo geológico o ciclo do carbono concentrou enormes quantidades de carbono na litosfera, sobretudo sob a forma de rochas calcárias e de combustíveis fósseis.

7.2.2 Alteração Climática

Uma mudança de clima define-se pelo aparecimento de uma diferença consistente, entre os valores de longo prazo de um parâmetro climático e o seu valor médio num intervalo de tempo determinado, geralmente de várias décadas.

7.2.3 Biosfera (Ecosfera)

Parte do ambiente terrestre em que se encontram os organismos vivos (reinos vegetal e animal, incluindo os microrganismos). Compreende a parte inferior da atmosfera, a hidrosfera e uma parte da litosfera.

7.2.4 Atmosfera

Camada gasosa acompanhada de pequenas quantidades de partículas líquidas ou sólidas que envolve todo o planeta até a uma altitude indefinida. Consoante a temperatura e a altitude, a atmosfera divide-se em várias zonas: a troposfera, a estratosfera. a mesosfera, a termosfera e a exosfera.

7.2.5 Hidrosfera

Parte do globo terrestre que inclui tanto os oceanos, os mares, os lagos e os cursos de água, como as águas subterrâneas.

7.2.6 Litosfera

Zona que forma a camada superficial envolvente do globo terrestre. A sua espessura não ultrapassa geralmente os 150 km e é caracterizada pela sua rigidez.

7.2.7 Inversão Meteorológica ou Inversão Térmica

Inversão de temperatura na atmosfera quando, numa camada quente a temperatura que, normalmente decresce com a altitude, aumenta de novo com o aumento da altitude. As inversões actuam como barreiras para a distribuição vertical das poeiras atmosféricas e como desvio para a propagação do som. Sob a camada de inversão (particularmente nas zonas industriais) podem existir fortes concentrações de gases e um elevado nível sonoro.

7.2.8 Fumigação

Fenómeno atmosférico durante o qual a poluição que foi retida por uma camada de inversão perto do seu nível de emissão é rapidamente transportada para o nível do solo, quando a inversão se dispersa. Concentrações importantes de poluentes podem assim verificar-se ao nível ou próximo do solo.

7.2.9 Efeito de Estufa Atmosférico

Efeito provocado pelo dióxido de carbono e por outros gases que são praticamente transparentes à luz visível mas que absorvem a radiação infravermelha de comprimento de onda compreendido entre 12 e 18 micrometros (μm) comportando-se como um filtro unidireccional. Permite a entrada da luz visível mas impede a saída da radiação infravermelha na direcção oposta.

Nota: O efeito de estufa assim produzido tem como consequência o aumento da temperatura da superfície terrestre (ver 14.1.20).

7.2.10 Episódio

Incidente de poluição numa dada zona da atmosfera provocado por uma concentração de poluentes que reagem a certas condições meteorológicas, podendo ter consequências nocivas.

7.2.11 Lavagem por Acção da Chuva

Redução da concentração dos gases e, por vezes, das partículas existentes na atmosfera em consequência da sua dissolução ou captura pelas gotas da chuva.

7.2.12 Bruma

Estado de obscuridade atmosférica que se deve à presença de finas partículas de poeiras em suspensão. Estas partículas são tão pequenas que não podem sentir-se ou ver-se individualmente, à vista desarmada.

7.2.13 “Scavenging”

Eliminação dos poluentes da atmosfera por um processo natural.

7.2.14 Efeito de Chaminé

Fenómeno que consiste no movimento ascendente de uma massa localizada de ar ou de outros gases devido a diferenças de temperatura.

7.2.15 Ozono

Gás constituído por oxigénio molecular e atómico. Em presença de poluentes do ar pode surgir uma forte concentração de ozono no caso de radiação solar intensa. Na estratosfera, a camada de ozono reduz a forte radiação ultravioleta sobre a superfície terrestre. A descoberta de um buraco na camada de ozono ao nível da Antárctida ocasionou sérias preocupações devidas principalmente aos poluentes de origem industrial. O ozono encontra-se na atmosfera poluída, e pode ser nocivo para a saúde e para o mundo vegetal, e pode fazer parte de numerosos processos químicos atmosféricos (por exemplo a oxidação do azoto).

7.2.16 Dióxido de Carbono CO2

Gás incolor, inodoro, não tóxico e mais pesado que o ar do qual é um dos seus componentes normais. Produz-se devido a certos processos naturais (como o ciclo do carbono) e pela combustão completa do carbono contido nos combustíveis fósseis.

7.3 Poluição Atmosférica
7.3.1 Precipitação Ácida (Chuva Ácida)

Precipitação húmida ou seca cuja acidez é acrescida pela emissão de sulfatos ou de nitratos na atmosfera. As chuvas ácidas e as precipitações de ácidos secos, com frequentes deslocações transfronteiras e de longo curso, provocam efeitos nocivos importantes tais como a acidificação dos lagos, dos rios e das águas subterrâneas. Daí resultam malefícios para a pesca e para os outros componentes do ecossistema aquático. Provocam igualmente efeitos nocivos nas plantas e causam grandes estragos nas florestas.

7.3.2 Óxidos de Enxofre SOx

Óxidos provenientes sobretudo da combustão de combustíveis fósseis que contêm enxofre (em particular carvão e produtos petrolíferos).

Os óxidos de enxofre (designados por SOx nos estudos sobre poluição) - de entre os quais sobressai o dióxido de enxofre ou anidrido sulfuroso, gás incolor com odor acre e forte - são, a partir de uma certa concentração, tóxicos para o sistema respiratório e têm efeitos nefastos sobre o ambiente, em particular sobre os edifícios e na vegetação. Estes óxidos contribuem para o problema das precipitações ácidas.

7.3.3 Monóxido de Carbono CO

Gás tóxico, incolor e inodoro. A maior parte do monóxido de carbono que se encontra na atmosfera provém da combustão incompleta de matérias orgânicas.

7.3.4 Óxidos de Azoto NOx

Óxidos formados e libertados em todos os tipos comuns de combustão a temperaturas elevadas. Resultam da oxidação do azoto contido na atmosfera com, eventualmente, uma menor contribuição do azoto contido no combustível. Os efeitos directos nocivos dos óxidos de azoto (designados por NOx nos estudos sobre poluição) são uma irritação do aparelho respiratório humano e a deterioração das plantas. Os efeitos indirectos provêm do seu papel primordial na reacção fotoquímica do nevoeiro e da sua contribuição para o problema das chuvas ácidas.

Nota: O protóxido de azoto não é contabilizado com os óxidos de azoto. No entanto, ele pode recombinar-se na atmosfera para formar um deles.

7.3.5 Hidrocarbonetos Clorofluoretados (CFC)

Gases compostos. por carbono, flúor, cloro e hidrogénio. São utilizados como agentes propulsores e refrigeradores, solventes, etc. Pensa-se que eles modificam a camada de ozono na estratosfera, permitindo assim à radiação solar mais nociva atingir a superfície terrestre.

7.3.6 Aerossol

Partículas em suspensão coloidal num meio gasoso, que têm uma velocidade de queda desprezável.

7.3.7 Fumo

Descarga de produtos gasosos, resultantes normalmente de uma combustão, que se tornam visíveis devido às partículas sólidas e líquidas que arrastam.

7.3.8 Smog

Termo inglês derivado de “smoke” (fumo) e de “fog” (nevoeiro) e que define uma poluição extensa da atmosfera por aerossóis, devido em parte a fenómenos naturais e em parte às actividades humanas (ver também: “smog” fotoquímico - 7.3.11).

7.3.9 Reacção Fotoquímica

Reacção que pode ocorrer quando certas substâncias são expostas a uma radiação actínica.

7.3.10 Oxidantes Fotoquímicos

Produtos provenientes de reacções fotoquímicas do monóxido de carbono e do óxido de azoto por influência da radiação solar (radiação de curto comprimento de onda), por exemplo na atmosfera. Os principais componentes são o ozono e o peroxiacetilnitrato (PAN) que podem ter um efeito nefasto sobre o mundo vegetal.

7.3.11 “Smog” Fotoquímico

Resultado das reacções que se produzem na atmosfera entre os óxidos de azoto, os componentes orgânicos e os oxidantes sob a influência do sol e que conduzem à formação de compostos oxidantes ou são a causa possível de uma má visibilidade, de uma irritação ocular ou de danos em materiais ou na navegação quando a sua concentração é suficiente.

7.3.12 Penacho

Efluente (frequentemente visível) de uma determinada saída tal como uma chaminé ou um respiradouro.

7.3.13 Elevação dos Penachos

Diferença entre o nível do ponto de emissão e o nível ao qual se elevam os poluentes devido ao gradiente térmico ou à sua energia cinética.

7.3.14 Nevoeiro Industrial

Massa de ar sobre-saturada com vapor de água e, contendo frequentemente poluentes sólidos, líquidos ou gasosos industriais.

7.3.15 Gases de Combustão

Gases resultantes de processos de combustão: da própria combustão (por exemplo: óxidos de enxofre e de carbono), gases residuais resultantes do ar da combustão (óxidos de azoto) e ainda matérias sólidas arrastadas.

7.3.16 Efluentes Gasosos (Gases de Escape)

Gases lançados na atmosfera por instalações domésticas ou industriais e pelos veículos equipados com motores de explosão e de combustão interna.

7.3.17 Partícula

Pequena fracção de matéria sólida ou líquida.

7.3.18 Gotícula

Pequena partícula de líquido, de dimensão e de densidade tais que cairia numa atmosfera imóvel, mas que pode permanecer em suspensão em condições de turbulência, sobretudo numa gama de dimensões inferiores a 200 μm.

7.3.19 Matéria Depositada

Partículas provenientes da atmosfera que se depositam rapidamente sobre o solo.

7.3.20 Matéria em Suspensão

Qualquer matéria em forma de partícula que permaneça na atmosfera ou numa corrente gasosa durante longos períodos, pelo facto de a dimensão das partículas ser demasiado pequena para poder ter uma velocidade de queda significativa.

7.3.21 Cinzas e Resíduos de Combustão não-Queimados

Resíduos sólidos de combustão provenientes das impurezas minerais contidas no combustível. Podem igualmente conter combustível não queimado.

7.3.22 Cinzas Volantes

Matérias sólidas contidas nos fumos, nos gases residuais ou nos vapores.

7.3.23 Poeiras

Partículas sólidas que podem ser arrastadas por um gás no qual se encontram dispersas.

7.3.24 Fuligem

Partículas finas de carbono formadas durante uma combustão incompleta e depositadas antes da sua emissão.

7.3.25 Aditivos de Chumbo

Aditivos antidetonantes utilizados nos motores a gasolina. São considerados como fontes de poluição atmosférica.

7.3.26 Incineração

Método de tratamento final de resíduos, que são destruídos pela queima. É um processo de combustão controlada que permite a redução em volume que pode atingir os 90% dos valores iniciais e uma redução em peso de cerca de 30%. Normalmente as instalações de incineração são grandes e complexas. O processo de incineração é considerado uma valorização (energética) dos resíduos quando é possível a produção de energia através da recuperação do calor, resultante da combustão dos resíduos.

Os produtos e gases de combustão devem ser sujeitos a um processo de tratamento adequado de modo a minimizar os potenciais efeitos do impacte sobre o ambiente dos diferentes elementos poluentes contidos:

  • nas cinzas e escórias de fundo e nas poeiras retidas pelo equipamento de controlo das emissões atmosféricas (Ex.: metais pesados e complexos arganometálicos)
  • nas emissões atmosféricas (o que inclui as cinzas volantes) nomeadamente macro-poluentes (partículas suspensas totais, óxidos de enxofre, óxidos de carbono, óxidos de azoto e por vezes, ácido clorídrico e ácido fluorídrico) e micro-poluentes, em quantidades vestigiais, (Ex.: dioxinas, furanos, bifenils policlorados PCB, clorofluorcarbonetos CFC e hidrocarbonetos aromáticos policlínicos PAH)
7.3.27 Incineração Catalítica

Processo de eliminação aplicado a resíduos gasosos com fraca concentração de materiais combustíveis e de ar. Metais nobres, tais como a platina, o ródio e o paládio, são utilizados como catalisadores.

Nota: A redução selectiva é outro processo catalítico.

7.3.28 Catalisador (Conversor Catalítico)

Dispositivo de incineração catalítica utilizado para reduzir os níveis de hidrocarbonetos, de óxidos de carbono e de azoto dos gases de escape dos veículos com motores a gasolina.

Nota 1: Os aditivos com chumbo na gasolina são venenos particularmente fortes para os catalisadores. Os veículos equipados com a actual geração de catalisadores utilizam gasolina sem chumbo.

Nota 2: Para reduzir os óxidos de azoto dos gases de combustão das centrais eléctricas, injecta-se, antes da entrada do catalisador, um produto de redução, por exemplo, o amoníaco (redução catalítica selectiva).

7.3.29 Dessulfuração dos Gases de Combustão

Processo destinado a eliminar os óxidos de enxofre dos gases provenientes da combustão de combustíveis sulfurosos, antes que sejam emitidos para a atmosfera.

Existem processos de dessulfuração a seco ou húmida (lavagem), que também isolam, consoante o processo utilizado, outras substâncias nocivas tais como o flúor e o cloro.

7.3.30 Desnitrificação

Processo destinado a reduzir os óxidos de azoto dos gases produzidos pela combustão de combustíveis fósseis, antes que sejam emitidos para a atmosfera (ver também: 7.3.28 - Catalisador).

7.3.31 Lavagem

Processo utilizado na atmosfera ou na depuração de um gás, mediante o qual os componentes da corrente gasosa são eliminados por contacto com uma superfície líquida sobre um forro húmido, sobre gotas pulverizadas ou em ebulição, etc.

7.3.32 Inventário das Emissões

Recolha de informações pormenorizadas sobre as emissões de poluentes atmosféricos numa determinada zona.

7.3.33 Altura Eficaz de uma Chaminé

Altura utilizada para as necessidades do cálculo da dispersão dos gases emitidos por uma chaminé, que difere da sua altura real de uma quantidade que depende de factores tais como a velocidade de saída, a temperatura dos gases, a impulsão de Arquimedes e a velocidade do vento; ela pode ser afectada pela topografia.

7.3.34 Redução da Poluição Atmosférica pela Eliminação das Partículas em Suspensão

A separação das partículas poluentes em suspensão na atmosfera efectua-se por captação do fluxo de poeiras e pela retenção destas, graças a dispositivos que utilizam as diferentes forças gravitacional, centrífuga, magnética, electrostática e a difusão térmica. Existem vários tipos de separadores.

7.3.35 Separador Electrostático (Despoeirador Electroestático/ Electrofiltro)

Dispositivo utilizado para captar a poeira em suspensão. As partículas arrastadas pelo gás recebem uma carga eléctrica, as partículas carregadas são captadas por eléctrodos colectores e a remoção das partículas é efectuada por vibração ou batimento.

7.3.36 Separador Húmido (Despoeirador Húmido)

Dispositivo no qual as pequenas partículas são separadas do gás que as arrasta por contacto directo com gotículas líquidas ou por adesão às paredes do separador.

Nota: Existem vários tipos de separadores húmidos: com pratos, de pulverização, do tipo venturi, etc. A sua principal vantagem é a de captarem simultaneamente poeiras e poluentes gasosos e o facto de poderem funcionar com gases corrosivos inflamáveis ou explosivos. O seu principal inconveniente é o grande consumo de água com o risco de que a eliminação das lamas produzidas transforme o problema da poluição do ar num problema de contaminação da água.

7.3.37 Separador de Filtros de Mangas (Despoeirador de Sacos de Tecido Filtrante / Bag Filters)

Dispositivo no qual as partículas arrastadas por um gás são separadas pelo efeito combinado do impacto, da difusão, da intersecção, da sedimentação e do peneiramento sobre um elemento filtrante.

Nota: Os materiais utilizados nos elementos filtrantes, mangas ou painéis, são de grande importância pois constituem a componente mais dispendiosa do sistema. São dois os tipos de materiais mais utilizados: as fibras sintéticas ou as fibras de vidro e as fibras naturais (lã e algodão) que não resistem a temperaturas elevadas.

7.3.38 Despoeirador Mecânico

Dispositivo que recorre aos mecanismos da gravidade, da inércia e da força centrífuga para separar partículas dos gases que as arrastam. Estes dispositivos são, principalmente, câmaras de decantação, despoeiradores com deflectores (chicana) ou de impacto ou, ainda, ciclones.

Nota: A sua utilização é geralmente reservada às fontes que emitem partículas de grandes dimensões.

7.3.39 Impactador

Instrumento de amostragem para colher as partículas e os gases, baseado nos efeitos do impacto e da retenção.

7.3.40 Rendimento de um Separador

Relação entre a quantidade de partículas retidas por um separador e as que penetram nele (expressa geralmente em percentagem).

7.3.41 “Mercaptans” (Tiois)

Família de compostos orgânicos do enxofre com um cheiro desagradável e forte que persiste mesmo com uma fraca concentração no ar. São emitidos quando se dá a decomposição da matéria orgânica, pelos esgotos, pelas indústrias alimentares, pelas fábricas de papel ou instalações petrolíferas, etc.

7.3.42 Luta Contra os Cheiros

Os cheiros são uma das manifestações mais evidentes da poluição atmosférica. Diversas técnicas são utilizadas para impedir as fontes de emissão de se transformarem numa fonte de poluição.

Nota: As instalações devem ser concebidas de modo a reduzir à partida os materiais com um cheiro potencial a níveis praticamente não detectáveis à excepção dos materiais tóxicos inodoros que, pelo contrário, se tornam odorantes para permitir detectar as fugas (ver Odorização - 9.6.29).

7.3.43 Síndroma de "Edifício Doente"

É uma expressão que descreve as instalações onde, devido a uma combinação de factores ambientais adversos e atmosferas poluentes é insalubre trabalhar.

Nota: A infiltração de ar exterior poluído (por diversos poluentes, desde poeiras a gases e vapores mais ou menos tóxicos) no interior dos edifícios, associado a atmosferas interiores "pesadas" (fumo de tabaco, cheiros etc.) e à inexistência de sistemas eficientes de renovação e condicionamento de ar, poderá conduzir ao síndroma do "edifício doente". Os sistemas de ar condicionado têm um papel preponderante, pelo que se torna indispensável uma eficiente manutenção de modo a evitar-se que a qualidade do ar se degrade.

7.3.44 Bioma

É um agrupamento de fisionomia homogénea, sendo a unidade de comunidade terrestre mais ampla que convém conhecer. Entende-se por uma área geográfica bastante grande e a sua existência é controlada pelo macroclima. Um exemplo de bioma é fornecido pelo que era a pradaria americana no século passado, com as suas zonas cobertas de ervas a perder de vista, sem árvores, com rebanhos de bisontes e seus índios. A savana africana de acácias percorrida pelos grandes herbívoros (girafas, antílopes, zebras) e pelos leões é um outro exemplo de bioma. Na comunidade terrestre, os biomas correspondem às principais formações vegetais naturais.

7.3.45 Ecótomo

Ás zonas de transição entre duas comunidades distintas, como por exemplo, entre a floresta e a savana ou entre comunidades de fundo rochoso e vasoso, dá-se o nome de ecótomo. As zonas pantanosas situadas entre uma zona alagada a as formações terrestres circundantes e as formações arbustivas que marcam o limite entre a floresta e os campos, são exemplos de ecótomos. Neles, a fauna é mais rica e mais abundante que as zonas adjacentes pois as espécies quase se misturam.

7.4 Poluição Radioactiva, Acústica e Térmica
7.4.1 Resíduos Radioactivos

Toda e qualquer matéria que contenha ou esteja contaminada por radionuclídeos cuja concentração ou nível de radioactividade seja superior ao das “quantidades isentas”, definidas pelas autoridades competentes, e cuja utilização não se prevê. Os resíduos radioactivos são provenientes de centrais nucleares e das instalações associadas de reprocessamento do combustível nuclear, bem como de outras utilizações do material radioactivo, como a utilização de radionuclídeos em hospitais, centros de investigação ou na indústria, incluindo a alimentar. Na indústria nuclear os resíduos provêm de diversas operações, nomeadamente da purificação do agente de arrefecimento, da manutenção, das reparações e desclassificação da instalação; outros resíduos importantes resultam da extracção e da concentração do urânio e do reprocessamento do combustível irradiado. Os resíduos são usualmente classificados em: de fraca actividade, de actividade média e de alta actividade.

7.4.2 Descarga de Efluentes Radioactivos

Emissão controlada de materiais radioactivos para a atmosfera ou águas, resultante do funcionamento de instalações nucleares.

7.4.3 Deposição Radioactiva

Deposição de substâncias radioactivas sobre a superfície terrestre, devido à explosão de um engenho nuclear ou à sua libertação acidental.

7.4.4 Irradiação

Incidência provocada, ou acidental, de radiações sobre um organismo vivo ou um material. A irradiação é o resultado de uma exposição a radiações.

7.4.5 Factor de Qualidade (Protecção Contra as Radiações)

No cálculo das doses equivalentes, é o produto dos factores correctivos pelo qual deve ser multiplicada a dose de radiação para avaliar os riscos radioactivos dos diferentes tipos de radiações ionizantes em função das condições de exposição.

7.4.6 Dose Geneticamente Significativa

Parte da dose total recebida por uma determinada população (a partir de uma fonte determinada) que pode ser suficientemente importante para ter efeitos de ordem genética.

7.4.7 Dose Total para uma População

Produto do número de indivíduos expostos a uma fonte de radiações pela dose média por eles absorvida.

7.4.8 Depósito Geológico

Local subterrâneo de depósito final numa formação estável tal como o sal, o granito, etc. Geralmente, estes depósitos podem armazenar resíduos contendo radiações alfa ou de elevada radioactividade.

7.4.9 Nível Sonoro

Logaritmo da relação entra a pressão acústica efectiva e a pressão acústica de referência (limiar de audibilidade). Exprime-se em decibel.

7.4.10 Luta Contra o Ruído

Acções empreendidas para reduzir o ruído, simultaneamente por métodos activos, tais como a diminuição do ruído na fonte e a acção sobre os comportamentos humanos, e por métodos passivos, tais como o desenvolvimento de dispositivos de protecção e de materiais de isolamento acústico.

7.4.11 Ecrã Anti-Ruído

Dispositivo geralmente fixado ao longo das auto-estradas e vias ruidosas que diminui o ruído do tráfego rodoviário no meio urbano.

7.4.12 Calor Perdido (Efluente Térmico)

Energia térmica não utilizada num processo industrial que é emitida para o meio ambiente sob a forma de calor.

7.4.13 Carga Térmica

Quantidade de calor perdido que é absorvido pelas águas, pelo solo ou pela atmosfera.

7.4.14 Plano de Protecção Contra a Poluição Térmica

Política de controlo eficiente de cargas térmicas, actuais e futuras, nas águas, nos solos ou na atmosfera, com o objectivo de salvaguardar o equilíbrio ecológico.

7.5 Degradação dos Solos e Resíduos Sólidos
7.5.1 Solos Contaminados

Solos impregnados de substâncias biológicas ou químicas que necessitam de tratamento para que possam ser utilizados em condições normais.

7.5.2 Lixiviação

Operação que consiste em fazer passar lentamente um solvente através de um produto pulverizado e depositado em camada espessa, para lhe extrair os constituintes solúveis. Na Natureza, é a infiltração nos solos de produtos solúveis sob a acção das águas que circulam de cima para baixo.

7.5.3 Descarga de Óleos Usados

Resíduos oleosos de actividades de ordem industrial ou doméstica descarregados no meio natural que poluem gravemente.

Nota: Os óleos residuais poluem os cursos de água devido à sua lentidão de oxidação pelos mecanismos biológicos, pelos aditivos tóxicos que podem conter e pela película impermeável que constituem à superfície da água que lhes reduz ou suprime as possibilidades de reoxigenação.

7.5.4 Metais Pesados

Elementos, tais como o mercúrio, o chumbo, o selénio e o crómio, com uma massa atómica elevada. Neles se incluem também frequentemente o arsénio, o berílio, o manganésio, o zinco, o cobre, o níquel, o cádmio, o tálio, o vanádio e o cobalto. Estes elementos cuja utilização é comum nos processos industriais são frequentemente descarregados no ambiente. Têm efeitos tóxicos cumulativos quando são ingeridos por organismos vivos e podem conduzir a doenças profissionais se houver exposição aos mesmos para além dos limites de exposição máxima recomendáveis.

7.5.4.1 Chumbo

O chumbo tem uma larga utilização industrial e comercial, estando presente, para além da gasolina (como aditivo o tetraetil de chumbo), em diversas canalizações, em contentores de gases e líquidos corrosivos, em tintas, em baterias e pilhas, cerâmicas, plásticos e instrumentos de electrónica.

7.5.4.2 Níquel

Metal usado sobretudo no fabrico de moedas, baterias e catalisadores, bastante inflamável e com enorme perigo de explosão e incêndio.

7.5.4.3 Crómio

Elemento com uma utilização muito generalizada, desde as anodizações de alumínio, até à indústria têxtil (tinturarias) e de curtumes, passando pelas gráficas, tintas e fotografias, podendo aparecer sob a forma trivalente (Cd III) ou hexavalente (Cd VI).

7.5.4.4 Manganês

Elemento usado, sobretudo, na fabricação de aço, e como novo aditivo das gasolinas.

7.5.4.5 Mercúrio

Elemento usado em termómetros, barómetros ou em equipamentos electrónicos, em superfícies espelhadas e na produção de alguns produtos químicos e pesticidas.

7.5.4.6 PCB e PCT

Abreviatura da família de compostos orgânicos dos policloretos bifenílicos e policloretos trifenílicos. São hidrocarbonetos clorados, constituindo substâncias inicialmente utilizadas em óleos isolantes, muito persistentes no ambiente, com alto grau de bioacumulação e efeitos tóxicos muito significativos.

7.5.5 Dioxinas

São substâncias invisíveis, inodoras e bioacumuláveis, com elevado potencial de agressividade para a saúde pública quando em forte concentração. As dioxinas englobam cerca de 220 diferentes substâncias químicas que têm o cloro como constituinte base.

Nota 1: As dioxinas são formadas sobretudo nos processos de combustão. Em situações naturais, as dioxinas encontram-se apenas em doses vestigiais, originadas pelos incêndios e queima de madeira. Com a produção de certos produtos químicos, pesticidas, a queima de resíduos, bem como os processos de fundição de metais e de produção de papel, estes compostos são libertados em maior quantidade.

Nota 2: As produções absolutas destes compostos são muito pequenas. Se, por exemplo, no caso dos metais pesados, as concentrações se medem em miligramas (10-3 gramas) ou microgramas (10-6 gramas) por metro cúbico, no caso das dioxinas a unidade é o nanograma (10-9 gramas) ou mesmo picograma (10-12 gramas).

Nota 3: A principal forma de fixação das dioxinas é por via alimentar - cerca de 90% provém do leite, da carne e do peixe.

7.5.6 Lamas
Resíduos sólidos acumulados provenientes de diversas categorias de água, quer húmidos, quer misturados com um elemento líquido, em consequência de processos naturais ou artificiais.

7.5.7 Tratamento Prévio de Resíduos
Classificação ou separação dos resíduos antes do seu depósito definitivo ou do seu tratamento em instalações especiais.

7.5.8 Tratamento Físico dos Resíduos

Integra vários métodos de separação de fases e solidificação, mediante os quais os resíduos nocivos se fixam numa matriz inerte e impermeável. A separação de fases inclui as técnicas muito utilizadas de inundação, secagem de lodos em camadas e o armazenamento em tanques, flutuação do ar e várias técnicas de filtragem e centrifugação, adsorção, vazio, destilação extractiva e azeotrópica. Os processos de fixação ou de solidificação (que converte os resíduos em material insolúvel e duro) são utilizados geralmente como tratamento anterior à sua descarga em descarregadores. Estas técnicas consistem em tratar os resíduos com vários reagentes, reacções de polimerização, ou misturar os resíduos com aglomerantes orgânicos.

7.5.9 Tratamento Biológico

Tratamento dos resíduos em instalações especializadas que consiste no recurso à acção de organismos vivos para eliminar a matéria orgânica.

7.5.10 Tratamento Químico dos Resíduos

Utilizam-se métodos de tratamento químico para completar a desagregação dos resíduos nocivos em gases inócuos e, mais frequentemente, para alterar as propriedades químicas dos resíduos (por exemplo: reduzir a solubilidade da água ou neutralizar a acidez ou a alcalinidade).

7.5.11 Tratamento Térmico dos Resíduos

Oxidação a alta temperatura dos resíduos perigosos, gasosos, líquidos ou sólidos, que são transformados em gás e em resíduos sólidos incombustíveis. Os fumos são evacuados para a atmosfera (por vezes após a recuperação do calor e por vezes depois de uma purificação) e as escórias ou cinzas, quando existem, são descarregadas. Os principais sistemas utilizados na incineração dos resíduos perigosos são o forno rotativo, a injecção de líquidos, as grelhas de incineração, os incineradores de câmaras múltiplas e os fornos de leito fluidificado. Os resíduos da incineração podem por vezes considerar-se como perigosos. A sua incineração pode ser feita em terra firme ou no mar. A energia térmica por ela libertada pode ser utilizada para a produção de vapor, de água quente ou de energia eléctrica.

7.5.12 Concentração de Resíduos

Retenção das substâncias perigosas de forma a que seja evitada a sua dispersão no ambiente ou que tal dispersão se verifique apenas a um nível aceitável.

Esta concentração deve apenas ser realizada em locais especialmente construídos para esse efeito.

7.5.13 Barreira Natural ou Artificial

Obstáculo que atenua ou impede a migração de materiais para os armazenamentos de resíduos ou a partir destes.

A instalação pode constar de várias barreiras.

7.5.14 Material Amortecedor

Substância, frequentemente argila natural, colocada em torno dos contentores de resíduos num depósito. Habitualmente, a principal finalidade do material referido é a de servir como barreira adicional para evitar que a água entre em contacto com o contentor e, por adsorção, diminuir o risco de que os radionuclídeos passem dos resíduos para o depósito.

7.5.15 Classificação dos Resíduos

Separação dos resíduos consoante os seus componentes distintos de acordo com as suas propriedades físicas ou químicas. A classificação pode ser feita no mesmo local em que se produziu o resíduo ou em instalações especiais para o seu tratamento.

7.5.16 Deposição de Resíduos
Deposição terrestre dos resíduos, controlada ou não, à superfície ou em profundidade, em conformidade com diversas prescrições de segurança, sanitárias, de protecção do ambiente e outros.

7.5.17 Depósito de Resíduos Controlados (Aterro Sanitário)
Depósito controlado de resíduos no solo, em conformidade com diversas normas ambientais e devidamente licenciado para o efeito.

7.5.18 Acondicionamento e Tratamento dos Resíduos
Operação que consiste em dar aos resíduos uma forma adaptada ao seu transporte, e/ou armazenamento, e/ou colocação definitiva num depósito (ou reciclagem).

7.5.19 Compostagem
É um processo de reciclagem dos resíduos que envolve a separação e conversão biológica dos resíduos sólidos orgânicos. O composto é o resultado da separação da matéria orgânica de materiais não biodegradáveis, ou dificilmente degradáveis, como plástico, metais, vidro e borracha existentes nos resíduos urbanos e posterior degradação por processos de fermentação aeróbia.

Nota 1: Consiste essencialmente no tratamento bioquímico aeróbio dos resíduos: os sistemas enzimáticos dos microorganismos decompõem os resíduos orgânicos com oxidação biológica, o que dá lugar à produção de matérias orgânicas estáveis e de matérias minerais inorgânicas. O produto final é uma matéria húmida com 40% a 50% de humidade (composto), e que, devido ao seu teor de substâncias húmidas e de nutrientes, pode ser utilizada para enriquecer os solos.

Nota 2: As operações de compostagem envolvem três processos principais:

  1. Preparação de Resíduos Urbanos (RU): selecção; separação; redução do tamanho; mistura; adição de nutrientes;
  2. Decomposição dos RU: fermentação aeróbica da matéria orgânica biodegradável composta por 4 fases: (I) mesófila- aumento da temperatura até 40ºC permitindo a degradação dos compostos mais simples; (II) termófila- aumento de temperatura até 70ºC permitindo a degradação de compostos mais complexos e a mortalidade dos organismos patogénicos; (III) arrefecimento diminuição da temperatura até 50ºC a 60ºC havendo a degradação das lenhinas e das celuloses e (IV) maturação - estabilização do composto
  3. Preparação do produto e sua comercialização.
7.5.20 Subsidência

Modificação da superfície do solo (geralmente aluimento ou afundamento) como consequência de actividades mineiras ou da extracção de produtos energéticas tais como o carvão, o petróleo, o gás natural ou os fluidos geotérmicos.

7.5.21 Sismos Provocados pelo Homem

Movimentos sísmicos resultantes da intervenção humana na crusta terrestre quando têm lugar actividades mineiras tais como a extracção de carvão, de petróleo, de gás natural ou o aproveitamento de energia geotérmica.

Nota: Estes sismos antropogéneos são geralmente desencadeados pela alteração das tensões numa parte da crusta terrestre; o estado das tensões antes da intervenção tem um papel essencial. Numa zona de grande actividade sísmica natural, podem ser desencadeados sismos antropogéneos mais violentos do que noutra em que não se tenha verificado qualquer actividade sísmica. Até agora, observaram-se movimentos sísmicos devidos ao emprego de explosivos para fracturação de rochas, ao afundamento de galerias mineiras, na vizinhança de barragens e ainda por descarga sob pressão de águas residuais em rochas fissuradas. Julga-se também que a extracção de fluido geotérmico pode ter efeitos sísmicos, sem que haja uma certeza acerca disso.

7.5.22 Revalorização de um Terreno

Reconversão dos terrenos (solo e água), após a sua utilização para fins energéticos, com vista a uma exploração agrícola ou florestal, ao aproveitamento das águas ou a qualquer outra finalidade. Esta reconversão inclui, nomeadamente, as operações de regularização dos terrenos e posterior transformação em terras de cultivo.

7.5.23 Regularização de um Terreno (Arroteamento)

Medidas tomadas com vista a tornar aptos para cultivo os terrenos (solo e água) previamente utilizados para fins energéticos.

7.5.24 Recultivação de um Terreno

Conjunto de medidas tomadas no sentido se assegurar uma produção agrícola duradoura nos terrenos reconvertidos.

7.5.25 Aterro

Operação de terraplenagem que consiste em encher as partes vazias de uma formação com os resíduos que aí se colocam.

7.5.26 Desflorestação

É o processo de abate de árvores cujo número não é reposto. A desflorestação, em grandes extensões, tem um impacto profundo em problemas de ambiente global, como poluição atmosférica e aquecimento global.

7.5.27 Desertificação

É o processo através do qual a terra fértil se transforma em deserto e que ocorre quando se torna, pelo menos, 10 % menos produtiva do que era em termos de agricultura. Normalmente ocorre em resultado de modificações no padrão de chuvas. Mas a acção humana pode também ser responsável - com o abate de árvores , por exemplo.

7.6 Poluição das Águas
7.6.1 Tratamento das Águas Poluídas

Tratamento que permite eliminar os principais poluentes contidos nas águas poluídas (partículas sólidas em suspensão, óleos e gorduras, matérias orgânicas, metais dissolvidos e produtos tóxicos). A colheita e o tratamento dessas águas são efectuados em redes e instalações que variam com o tipo e o nível de poluição.

7.6.2 Turvação

Redução da transparência de um líquido, devido à presença de matéria dissolvida ou não.

7.6.3 Eliminação de Nutrientes

Processos biológicos, físicos e químicos utilizados nos tratamentos das águas e das águas residuais, sobretudo para eliminar compostos azotados ou fosforados.

7.6.4 Eutrofização

Enriquecimento da água, doce ou salgada, por meio de nutrientes especialmente compostos de azoto ou de fósforo, que aceleram o crescimento de algas e de formas mais desenvolvidas da vida vegetal.

7.6.5 Oligotrofia

Qualificação atribuída a massas de água pobres em matérias nutritivas que contêm numerosas espécies de organismos aquáticos (cada uma delas em quantidade relativamente pequena). Estas massas de água caracterizam-se por uma grande transparência, um importante teor de oxigénio na sua camada superior e por sedimentos geralmente de cor parda contendo poucas matérias orgânicas.

7.6.6 Mesotrofia (Água Mesotrófica)

Água num estado nutritivo intermédio que se apresenta naturalmente ou é devida a um enriquecimento nutritivo entre os estados oligotrófico ou eutrófico.

7.6.7 Oxigénio Dissolvido (OD)

Quantidade de oxigénio gasoso presente na água, expressa em proporção do volume da água (mg/l) ou quantidade de oxigénio na água saturada (%). A diluição do oxigénio depende em grande parte da temperatura e da salinidade da água.

7.6.8 Carência Química de Oxigénio (CQO)

Concentração em massa de oxigénio equivalente à quantidade de dicromato consumida pelas matérias dissolvidas ou em suspensão quando se trata uma amostra de água com este oxidante em condições definidas.

7.6.9 Carência Bioquímica de Oxigénio (CBO)

Concentração em massa do oxigénio dissolvido consumido em condições definidas pela oxidação biológica das matérias orgânicas e/ou inorgânicas contidas na água.

7.6.10 Depósito ou Sedimento Bêntico

Acumulação, no leito de um curso de água ou no fundo de um lago ou do mar, de depósitos que podem conter matérias orgânicas. Este fenómeno tem a sua origem na erosão natural, na actividade biológica ou na descarga de águas residuais.

7.6.11 Águas Residuais

Águas descarregadas após uso doméstico, comercial ou industrial e também águas poluídas da chuva provenientes de zonas habitadas.

7.6.12 Água Reciclada

Água que, num processo, se reintroduz nele, depois da sua utilização e de um eventual tratamento.

7.6.13 Redes Públicas de Saneamento

Redes de esgotos administrados pelas autoridades nacionais, federais ou locais, pelas colectividades, pelos serviços de saneamento básico ou pelas associações responsáveis pela recolha, pela evacuação e pela purificação das águas residuais domésticas e industriais.

7.6.14 Descarga no Mar

As descargas podem ser intencionais ou acidentais.

  • Descargas intencionais ou operacionais: hidrocarbonetos provenientes da água de deslastragem dos petroleiros, lamas de perfuração após suas utilizações, resíduos de indústrias químicas, etc.
  • Descargas acidentais: associadas a uma falsa manobra ou a um acidente durante o transporte ou a exploração dos hidrocarbonetos.
7.6.15 Deslastragem

Descarga das águas de lavagem das cisternas de navios petroleiros. Quando é efectuada no mar esta descarga está regulamentada para evitar toda e qualquer poluição.

7.6.16 Maré Negra

Aproximação da costa, trazida pela maré e flutuando sobre a água, de um vasto lençol de petróleo bruto ou de produtos petrolíferos provenientes quer da descarga ou das bancas de um navio, quer ainda de uma erupção de um poço submarino.

7.6.17 “Mousse” de Chocolate

Espuma negra formada pela emulsão de água do mar no petróleo bruto espalhado à superfície do mar e que, quando se deposita na costa, é de difícil limpeza.

7.6.18 Lençol de Petróleo

Quando se produz uma descarga, o petróleo espalha-se à superfície da água formando um lençol que deriva sob a influência do vento, das ondas e das correntes. Se não atingir a costa acabará por desaparecer naturalmente pela acção de processos de evaporação, de dispersão e de biodegradação.

7.6.19 Derramamento de Petróleo

Fuga acidental de petróleo ou de um produto petrolífero de um reservatório, de um oleoduto, de um navio ou de um poço no mar.

7.6.20 Afundamento de Lençóis

Absorção dos hidrocarbonetos espalhados à superfície do mar por substâncias sólidas tais como a cal, o giz, a areia, as cinzas, o cimento, etc., com o objectivo de os tornar mais pesados e os precipitar no fundo.

7.6.21 Absorvente

Produto destinado a absorver hidrocarbonetos espalhados à superfície da água e a facilitar a sua recolha.

7.6.22 Dispersante

Produto tensioactivo que, espalhado sobre um lençol de hidrocarbonetos, provoca a formação de gotículas de diferentes tamanhos, de forma a que uma parte dos hidrocarbonetos é dispersa e a outra emulsionada; deve ser inofensivo para a fauna e para a flora marítima e litoral.

7.6.23 Eliminador da Emulsão

Produto utilizado contra a “mousse” de chocolate que, quando é bombado à superfície do mar, se estabiliza nas cisternas de armazenamento e não pode ser evacuado.

7.6.24 Agente Repelente

Produto que, espalhado nas imediações de um lençol de hidrocarbonetos, impede este último de se propagar sobre as águas.

7.6.25 Navio Despoluidor

Navio concebido e equipado para a luta contra a poluição. Dispõe normalmente de um dispositivo de recolha de macrodetritos, de instalações de recuperação de hidrocarbonetos com evacuação da água despoluída e de aparelhos para espalhar os dispersantes.

7.6.26 Coagulação Química

Processo que consiste em juntar um produto químico (o coagulante) destinado a desestabilizar as matérias coloidais dispersas e a favorecer a sua agregação sob a forma de flocos.

7.6.27 Lagunagem

Operação destinada a fornecer um complemento de depuração às águas residuais, retendo-as durante algumas horas a alguma dias num tanque pouco profundo. A depuração efectua-se por decantação e acção do ar.

7.6.28 Sólidos em Suspensão

Sólidos recuperados por filtração ou centrifugação em condições definidas.

7.6.29 Lama Activada

Massa biológica acumulada (floco) produzida no decurso do tratamento das águas residuais, devido ao crescimento de bactérias e de outros microrganismos em presença de oxigénio dissolvido.

7.6.30 Lamas de Drenagem

Lamas provenientes da dragagem dos rios, da foz, das zonas portuárias ou costeiras.

7.6.31 Recuperador Mecânico

Aparelho destinado a recuperar hidrocarbonetos espalhados à superfície da água. Existem diversos tipos de recuperadores.

7.6.32 Recuperador de Discos

Recuperador constituído por discos verticais, em metal ou plástico que rodam em torno de um eixo à superfície da água. Os hidrocarbonetos aderem ao disco, que é limpo por uma escova fixa, e são recuperados por bombagem.

7.6.33 Recuperador com Descarregadores

Recuperador equipado com um descarregador de imersão regulável que limpa a camada de hidrocarbonetos que de seguida é bombada com uma certa quantidade de água.

7.6.34 Recuperador de Fitas

Existem dois tipos de recuperadores de fitas: 1) o recuperador de fita transportadora destinado a dirigir os hidrocarbonetos para uma unidade de armazenamento; e 2) o recuperador de fita absorvente que realiza a mesma função retendo uma quantidade superior de hidrocarbonetos que liberta quando passa por um dispositivo de secagem.

7.6.35 Recuperador de Vórtice

Recuperador que cria um vórtice que lhe permite acumular num só ponto o volume de hidrocarbonetos inicialmente disperso numa fina camada, de modo a recolhê-la facilmente por bombagem.

7.6.36 Barragem Flutuante

Barragem geralmente constituída por uma saia em plástico flexível e por flutuadores, destinada a impedir o alastramento do lençol de hidrocarbonetos. Permite simultaneamente a protecção das zonas sensíveis e facilita a recuperação do lençol.

7.6.37 Carregamento sobre Resíduos

Processo que consiste em guardar a bordo de um navio petroleiro os resíduos de lavagem das cisternas e a carregar por cima destes a nova carga. Os resíduos são então misturados com o petróleo da carga e descarregados com ele, em vez de serem deitados para o mar.

7.6.38 MARPOL

Convenção internacional adoptada na conferência de Londres em 1973, para a prevenção e a redução da poluição do mar causada pelos navios.

Esta convenção é a sucessora da convenção do ano de 1945 (OILPOL 45), sobre a prevenção da poluição marítima devida aos hidrocarbonetos. Cobre todos os aspectos da poluição acidental, não apenas a que se deve aos hidrocarbonetos, mas também aquela cuja origem se encontra em substâncias líquidas nocivas (cerca de 250) transportadas em contentores (barris ou cisternas), ou nas águas residuais e nos fixos.

7.6.39 Seguro de Poluição Marítima

O seguro contra o risco de poluição marítima é feito pelas companhias petrolíferas e pelos próprios armadores, no quadro das diversas estruturas existentes.

7.6.40 CRISTAL (Contract Regarding an Interim Supplement to Tanker Liability for Oil Pollution)

Fundo mútuo de indemnização destinado ao financiamento complementar das indemnizações que as vítimas da poluição possam receber do armador responsável.

7.6.41 TOVALOP (Tanker Owners Voluntary Agreement concerning Liability for Oil Pollution)

Contratos entre armadores mediante os quais estes se comprometem, no caso de derrame acidental de petróleo transportado ou de uma ameaça desse fenómeno, a tomar todas as medidas para impedir ou limitar a poluição das costas e a reembolsar os Estados atingidos das despesas ocasionais por operações de prevenção ou de limpeza, por eles empreendidas.

7.6.42 OPOL (Offshore Pollution Liability Agreement)

Plano que garante, nos países do Mar do Norte, uma responsabilidade financeira global do operador em cada acidente que provoque poluição marítima.

8. Combustíveis Sólidos

Os combustíveis sólidos, líquidos e gasosos são obtidos principalmente a partir de energias fósseis brutas. As noções relativas à geologia, à investigação ou pesquisa e à prospecção, assim como a descrição das reservas, são muito semelhantes para todos estes tipos de combustíveis. Por esta razão, elas são, tal como outros conceitos fundamentais, minerais, físicos e químicos, tratadas na Secção 1 – Termos Gerais sobre Energia.

Por outro lado, um certo número de outros conceitos, tratados nas secções relativas aos combustíveis sólidos, líquidos e gasosos, podem ser aplicados a outros tipos de combustíveis.

Para outros conceitos ligados à utilização dos combustíveis sólidos, sempre que possível, as respectivas referências foram feitas nos capítulos relativos aos usos da energia, à utilização racional da energia ou ao ambiente. Assim, para os diferentes tipos de combustíveis, os conceitos correspondentes são enunciados ou reagrupados na secção apropriada.

Para a exploração de jazigos de combustíveis sólidos, distingue-se a diferença entre exploração a céu aberto e exploração subterrânea. Para cada um destes métodos de exploração foram desenvolvidos processos e equipamentos especiais. Por isso, na apresentação do capítulo 8.3 - Exploração, da presente Secção, foi desenvolvida uma terminologia específica, muitas vezes ligada à tradição e à experiência.

8.1 Classificação dos Combustíveis
8.1.1 Carbonização

Processo segundo o qual a matéria vegetal inicialmente depositada e estratificada é transformada, a partir da turfa de lignite, em carvão de grau inferior (brown coal) até carvão de grau superior (hard coal).

Nota: O processo caracteriza-se por um aumento relativo do conteúdo de carbono e uma redução de conteúdo de água e de oxigénio. Com o aumento da carbonização, diminui o conteúdo de voláteis.

8.1.2 Grau de Incarbonização

Estágio atingido pelo carvão no decurso da incarbornização, alcançado por um determinado material carbonífero, resultante da metamorfose dos restos das plantas originais, desde a sua deposição. Os materiais que sofreram a evolução menos acentuada são qualificados como combustíveis sólidos de baixo grau de incarbonização; os que sofreram uma evolução mais acentuada são qualificados como combustíveis sólidos de alto grau de incarbonização. A maior parte das propriedades do carvão é função do seu grau de incarbonização. Existe uma graduação contínua entre o grau menor (turfa) e o mais elevado (antracite). A nomenclatura e os parâmetros utilizados para expressar as diferenças no grau de incarbonização variam internacionalmente.

8.1.3 Classificação do Carvão

Diversos sistemas de classificação dos carvões foram concebidos por diferentes organizações, quer com uma finalidade científica quer comercial. A maioria dos sistemas é baseada sobre dois ou mais parâmetros definindo o grau de incarbonização. Os sistemas utilizados diferenciam-se entre si pela escolha dos parâmetros e dos valores limite que estabelecem a distinção dos tipos de carvão. A classificação mais tradicional é a que divide os carvões em turfa, lenhite, carvões betuminosos (hulhas) e antracite.

Nota: Para o conhecimento pormenorizado dos diferentes sistemas deve recorrer-se a obras especializadas.

8.1.4 Combustível Bruto

Combustível considerado imediatamente a seguir à sua extracção, antes de qualquer tratamento ulterior.

8.1.5 Carvão

Sedimento fóssil orgânico, sólido, combustível, negro, formado de restos de vegetais e solidificado por baixo de camadas geológicas.

8.1.6 Tipos de Carvão

Subdivisão do carvão em diferentes tipos de acordo com o grau de incarbonização (ver 8.1.2).

8.1.7 Carvão de Pedra (Hard coal)

Designação, segundo a Classificação Internacional, atribuída ao conjunto dos carvões de grau superior (Antracites) e de grau médio (Carvões Betuminosos), com poder calorífico superior, calculado na base “húmido, sem cinzas” igual ou superior a 24 MJ/kg.

8.1.8 Antracite

Carvão de grau superior, com máximo grau de incarbonização, cujos constituintes não fundem quando aquecidos, caracterizado por elevado teor de carbono (entre 92% a 96% de carbono fixo, calculado na base “seca sem matéria mineral”) e baixo teor de voláteis (<10% de matéria volátil, calculado na base “seca” sem matéria mineral), possuindo brilho semi-metálico e apresentando um valor médio do poder reflector da vitrinite > 2% sob imersão de óleo (8.5.10).

8.1.9 Carvão Betuminoso (Hulha)

Sedimento fóssil, orgânico, sólido, combustível, negro, com um poder calorífico superior acima de 24 MJ/kg, considerando a substância sem cinzas e com um teor de água que é o estabelecido a uma temperatura de 30ºC e uma humidade relativa do ar de 96% e teor de matérias voláteis variável numa banda entre 10% e 50% calculado na base “seca sem matéria mineral” e com um valor médio do poder reflector da vitrinite > a 0,6% sob imersão de óleo (8.5.7).

Usualmente os carvões betuminosos são classificados em três grupos, quanto ao teor de voláteis: Baixo teor de voláteis (entre 9% e 20%), Médio (entre 20% e 32%) e Alto teor de voláteis (entre 32% e 49%).

Nota: Considerando as dificuldades existentes na delimitação entre carvões betuminosos e lignites, definidos em 8.1.10, podem ser aplicadas as seguintes reacções de identificação:

  • Traço sobre uma folha de papel: preto.
  • Reacção ao ácido húmido com KOH: incolor, amarelo vinoso ou esverdeado, não avermelhado.
  • Reacção à lignina com HNO3: nenhuma coloração.
8.1.10 Lignite

Sedimento fóssil orgânico, combustível, castanho a preto, com um poder calorífico superior abaixo de 24 MJ/kg, considerando a substância sem cinzas, e com um conteúdo de água referido a uma temperatura de 30ºC e uma humidade relativa do ar de 96%, e contendo alto teor de matéria volátil > 40%, calculado na base “seca sem matéria mineral” e com um valor médio do poder reflector da vitrinite < 0,6% sob imersão de óleo (ver 8.5.7).

Nota: Considerando as dificuldades existentes na delimitação entre carvões e lignites, podem ser aplicadas as seguintes reacções de identificação:

  • Traço sobre uma folha de papel: de castanho claro a castanho escuro.
  • Reacção ao ácido húmido com KHO: coloração castanha.
  • Reacção à lignina com HNO3: coloração de laranja a avermelhada.
8.1.11 Turfa

Sedimento fóssil de origem vegetal, poroso ou compacto, combustível, com um elevado teor de água (até cerca de 90% no estado bruto), facilmente riscável, de cor castanha claro a castanho escuro.

8.1.12 Madeira

(ver 15.3.11).

8.1.13 Carvão de Madeira

(ver 15.3.10).

8.1.14 Resíduos Sólidos

Todos os resíduos sólidos provenientes dos sectores doméstico e terciário, das instalações públicas, da indústria, etc.

Nota:Os resíduos da produção que podem ser reutilizados ou utilizados com finalidades térmicas são considerados como produtos residuais.

8.1.15 Carvão Bruto Extraído

Carvão bruto extraído do jazigo incluindo as diferentes impurezas e resíduos presentes durante a extracção.

8.1.16 Carvão Bruto

Carvão não triado ou seleccionado.

8.1.17 Produto Tratado

Produto obtido a partir do combustível bruto, por meio de processos de tratamento .

8.1.18 Carvão Preparado

Produto obtido a partir do carvão bruto que, por processos de preparação tais como classificação por calibragem, escolha, selecção, limpeza, tratamentos mecânicos, britagem, secagem e mistura, foi convertido em carvão apropriado para uma aplicação específica.

8.1.19 Carvão Classificado (Carvão Calibrado)

Carvão pertencente a uma determinada classe granulométrica (ver 8.4.12).

8.1.20 Carvão Seleccionado (Carvão Purificado)

Carvão preparado contendo quantidades mínimas de impurezas (cinzas, enxofre) (ver 8.4.9).

8.1.21 Carvão Lavado

Produto final enriquecido em carvão puro, resultante de limpeza mecânica por via seca ou húmida.

8.1.22 Mistos

Produto da preparação do carvão, que devido ao seu conteúdo em cinzas é de pobre qualidade para ser comercializado, mas que ainda contém demasiada matéria combustível para ser depositado.

8.1.23 Carvão de Qualidade Superior

Carvão com um baixo teor de produtos de má qualidade (estes são a soma do teor de água e do teor de cinzas do carvão húmido).

8.1.24 Carvão de Má Qualidade

Carvão com um teor mais elevado de produtos de má qualidade do que o carvão de qualidade.

8.1.25 Aglomerados (Briquetes, Bolas)

Combustível moído obtido por compressão, após preparação preliminar de um combustível de fina granulometria, eventualmente misturado com um aglomerante. A dimensão dos aglomerados assim como a sua granulometria podem ser variáveis em função da sua utilização.

8.1.26 Coque

Combustível sólido obtido a partir do carvão por pirólise, na ausência de ar.

8.1.27 Coque de Alta Temperatura

Resíduo sólido obtido a partir da coquefacção de carvões a temperaturas superiores a 1000ºC ou de lignites a temperaturas superiores a 900ºC.

8.1.28 Coque de Baixa Temperatura (Semi-Coque)

Coque obtido por coquefacção de carvões a temperaturas de 400ºC a 600ºC ou de turfa a temperaturas de 350ºC a 550ºC.

8.1.29 Coque Moldado

Coque obtido a partir de aglomerados de carvão.

8.1.30 Coque de Petróleo

Resíduo sólido, com elevado conteúdo em carbono, resultante da decomposição térmica dos resíduos da refinação do petróleo.

8.1.31 Lignite Pulverizada

Combustível sob a forma pulverizada utilizado em sistemas fechados. Obtém-se por secagem e trituração fina da lignite.

8.1.32 Aglomerado de Lignite

Combustível em pedaços obtido a partir da lignite parcialmente seca, sem produto aglomerante.

8.1.33 Lignite para Leite Fluidificado

Combustível granulado para utilização nas fornalhas de leito fluidificado, obtido em sistemas fechados de tratamento e secagem da lignite.

8.1.34 Combustível sem Fumo

Combustível cujas propriedades naturais ou resultantes de tratamento apenas emite, nos produtos de combustão (fumos), quantidades diminutas de matérias visíveis sólidas ou líquidas (por exemplo: cinza, fuligem, alcatrão).

8.1.35 Carvão para Produção de Vapor (Steam Coal – Carvão Térmico)

Carvão adequado para ser utilizado em centrais termoeléctricas e, de um modo geral, em processos de produção de calor.

8.1.36 Carvão de Coque (Carvão Metalúrgico)

Carvão utilizável nas coquerias, para a produção de coque.

8.1.37 Carvão Utilizável

Reserva de carvão bruto à qual se retira a quantidade de resíduos bem como as perdas que ocorrem durante a extracção, o transporte e o tratamento.

8.1.38 Extracção Utilizável

Conceito utilizado para exprimir a quantidade de carvão de alta qualidade e de carvão de má qualidade, considerando o teor de cinzas e de água.

Nota:Utilizam-se diferentes processos de cálculo consoante os países e as zonas de extracção.

8.2 Jazigos
8.2.1 Leito (Camada)

Formação geológica rica em carvão. Encontra-se geralmente compreendida entre superfícies de terreno encaixante sensivelmente paralelas.

8.2.2 Nível do Leito

O nível do leito é a particularidade do terreno, encontrando-se a granulometria fina da camada entre duas camadas pedregosas de grão grosso.

Nota:Um dado leito pode ser representado localmente por um nível do leito.

8.2.3 Inclinação

Ângulo de inclinação de uma superfície, por exemplo, a superfície de um leito, medido em relação ao plano horizontal.

8.2.4 Direcção

Eixo de delimitação de uma superfície natural, por exemplo a superfície de uma camada, em relação ao plano horizontal.

8.2.5 Tecto

Camada geológica situada imediatamente acima do leito.

8.2.6 Muro

Camada geológica situada imediatamente abaixo do leito.

8.2.7 Ângulo de Talude

Terreno de uma camada rochosa (em particular num jazigo) de tal forma que as superfícies de delimitação se aproximam ou se confundem.

8.2.8 Superfície de Separação

Zona da superfície terrestre vizinha de um jazigo ou de uma parte de jazigo.

8.2.9 Afloramento

Superfície de intersecção de um jazigo ou de uma parte de um jazigo com a superfície terrestre ou com uma camada sobreposta.

8.2.10 Jazigo

Um jazigo é o conjunto de camadas de carvão com um teor variável e sem delimitação precisa, que frequentemente faz aparecer um elevado teor de carvão relativamente às suas dimensões.

8.2.11 Bancada

Camada com a mesma natureza, a mesma consistência geomecânica ou a mesma estrutura num corpo de um jazigo. Por exemplo, bancada de carvão ou de areia.

8.2.12 Intercalação de Estéril

Camada ou incorporação rochosa de volume reduzido que aparece no leito ou entre os leitos.

8.2.13 Intercalação

Placa de associação de minerais diferentes com a substância carbonífera, independentemente da sua relação volúmica.

8.2.14 Terreno Encaixante

Formações não carbonosas que limitam as camadas de carvão ou os complexos de camadas.

8.2.15 Xistos de Lavaria (Estéreis)

Materiais pedregosos existentes ou extraídos de uma parte de um jazigo.

8.2.16 Terrenos de Cobertura (Terrenos Mortos)

Conjunto de terrenos de materiais brutos economicamente exploráveis situados acima do jazigo.

8.2.17 Espessura Explorável

Espessura de um corpo de jazigo que pode ser, que foi explorada ou cuja exploração é possível.

8.2.18 Relação entre os Terrenos de Cobertura e o Carvão numa Exploração de Lignite

Relação entre a espessura vertical das terras de cobertura e das camadas intermédias e a espessura vertical do leito ou dos leitos. A espessura explorável do carvão é igual a um.

8.2.19 Relação entre os Terrenos de Cobertura e o Carvão

Relação de uma quantidade de terrenos de cobertura (em metros cúbicos) e a quantidade de carvão explorável ou a explorar (em metros cúbicos) para uma exploração a céu aberto.

8.2.20 Reserva Geológica Total (Reserva Geológica)

Volume (em metros cúbicos) ou massa (em toneladas) de materiais úteis ou de rocha de um jazigo ou numa parte de um jazigo. Critério: devem ser indicados o período de tempo e a zona das reservas. As reservas dividem-se segundo o seu grau de exploração em: reservas provadas, reservas prováveis, reservas possíveis e reservas estimadas.

8.2.21 Reservas Provadas

Reservas cujo volume ou massa estão provados dentro de uma margem de erro de mais ou menos 10%, segundo um grau de exploração com uma segurança de previsão de 90%.

8.2.22 Reservas Prováveis

Reservas cujo volume ou massa estão provados dentro de uma margem de erro de mais ou menos 20%, segundo um grau de exploração com uma segurança de previsão de 90%.

8.2.23 Reservas Possíveis

Reservas cujo volume ou massa são indicados dentro de uma margem de erro compreendida entre mais ou menos 30%, e mais ou menos 50%, segundo um grau de exploração com uma segurança de previsão de 90%. Deve ser indicado o limite superior do erro.

8.2.24 Reservas Estimadas

Reservas cujo volume ou massa são classificáveis de acordo com o grau de investigação realizada para o efeito.

8.2.25 Interesse de uma Exploração Carbonífera

Grau de valor relativo para a economia da exploração de um jazigo ou de uma parte de um jazigo.

A classificação dos jazigos exploráveis, condicionalmente exploráveis e dos jazigos não exploráveis orienta-se segundo as condições de avaliação do momento. Devem ser indicados os critérios de classificação.

8.3 Exploração
8.3.1 Termos Gerais
8.3.1.1 Mina

Conjunto das instalações utilizadas para a exploração subterrânea ou a céu aberto de um jazigo.

8.3.1.2 Exploração de Desmonte

Instalação e disposição para a exploração de um leito num maciço.

8.3.1.3 Desmonte

Arranque do conteúdo dos leitos em relação ao maciço.

8.3.1.4 Transporte (Extracção)

Termo genérico que designa a deslocação dos produtos abatidos na mina. Os dados estatísticos devem ser acompanhados da indicação dos limites correspondentes da operação.

8.3.1.5 Dias de Extracção

Dias de trabalho em que a extracção funciona efectivamente.

8.3.1.6 Maciço de Protecção

Nome dado a toda a parte do jazigo que não é explorada por razões de segurança na mina ou nas suas instalações de superfície. Os maciços de protecção podem ser temporários ou permanentes.

8.3.1.7 Direcção de Exploração

Direcção segundo a qual progridem os trabalhos de exploração de um jazigo.

8.3.1.8 Direcção do Avanço

Direcção segundo a qual a frente de desmonte é atacada pelas máquinas escavadoras.

8.3.2 Exploração a Céu Aberto
8.3.2.1 Exploração a Céu Aberto (Exploração a Descoberto)

Exploração ao ar livre de um jazigo aflorante ou após remoção dos terrenos de cobertura.

8.3.2.2 Abertura de uma Mina a Céu Aberto

Conjunto das medidas tomadas com vista a preparar a extracção de uma mina a céu aberto, com exclusão dos trabalhos de reconhecimento do jazigo. São incluídas neste conjunto tanto as operações iniciais como as destinadas a aumentar a extensão ou a profundidade da exploração.

8.3.2.3 Exploração a Céu Aberto de Grande Profundidade

Exploração a céu aberto cuja profundidade é superior a 200 m.

8.3.2.4 Drenagem

Conjunto das medidas que são tomadas para escoamento das águas que afluem ou que escorrem dos terrenos de cobertura e das frentes de desmonte e, também, das zonas que circundam a exploração, a fim de impedir o afluxo de águas que possam comprometer a estabilidade dos terrenos na mina e aumentar o teor de humidade da camada de combustível em exploração.

8.3.2.5 Rebaixamento do Nível Freático (Abaixamento do Nível das Águas)

Evacuação, captação, bombagem e derivação das águas para baixar o nível da toalha freática. São operações destinadas a garantir a segurança da mina a céu aberto, bem como a condução da sua exploração.

8.3.2.6 Coberturas (Decapagem, Escombros)

Conjunto de camadas de terrenos a deslocar ou deslocados para a extracção de carvão numa exploração a céu aberto, dos estéreis intercalares e da fracção do combustível que constitui as perdas de exploração.

8.3.2.7 Decapagem

Extracção inteiramente mecanizada dos terrenos amovíveis que se encontram à flor da terra numa exploração a céu aberto, assim como das partes rochosas, incluindo o transporte das massas extraídas até aos meios de transporte.

8.3.2.8 Deposição

Colocação a monte no solo dos produtos extraídos e transportados.

8.3.2.9 Talude

Superfície inclinada resultante da exploração, entre a superfície e um plano de separação ou entre dois planos de separação.

8.3.2.10 Ângulo de Inclinação do Talude

Ângulo formado pela linha de maior declive da superfície do talude e a sua projecção sobre um plano horizontal. É medido em graus. A inclinação do talude é a tangente deste ângulo.

8.3.2.11 Plano de Separação

Superfície horizontal ou ligeiramente inclinada que separa o terreno por razões de exploração mineira. O plano de separação pode ser o nível de exploração, o plano intermédio ou a berma.

8.3.2.12 Berma

Plano de separação, geralmente de largura reduzida, limitado pela aresta superior de um talude situado imediatamente mais abaixo.

8.3.2.13 Rampa

Plano inclinado destinado a vencer uma diferença de nível numa exploração mineira.

8.3.2.14 Bancada

Parte do nível de exploração sobre a qual circulam as máquinas de escavação, carga, transporte e deposição.

8.3.2.15 Exploração em Paralelo

Método segundo o qual as bancadas sobre as quais circulam as máquinas de escavação progridem paralelamente entre si no sentido da exploração.

As bancadas de deposição dos produtos desmontados progridem geralmente da mesma forma.

8.3.2.16 Exploração Rotativa

Método de exploração em que as bancadas circundam os seus pontos de rotação ou rodeiam a zona de rotação.

8.3.2.17 Avanço Frontal

Método em que a máquina escavadora progride à medida que extrai o material ao longo da frente de desmonte.

8.3.2.18 Avanço por Bloco

Método em que a máquina escavadora extrai o material a partir do seu local de estacionamento, por simples rotação do seu órgão extractor.

Nota:Pode fazer-se uma distinção entre extracção frontal por bloco e extracção lateral por bloco.

8.3.2.19 Largura do Bloco

Largura determinada pela máquina de desmonte e pela técnica de exploração, sendo resultante de uma passagem de desmonte da máquina.

É a diferença entre as arestas correspondentes dos taludes sobre o nível de exploração. A largura de bloco em avanço frontal é igual à largura precedente.

8.3.2.20 Escavadora

Máquina de exploração utilizada a céu aberto para desmonte e carga (matérias-primas minerais sólidas, terrenos de cobertura ou outros materiais).

Estas máquinas podem ser de diferentes tipos, designadamente: pá rotativa, cadeia com baldes, pá mecânica e pá de arrasto.

8.3.2.21 Máquina de Retoma em Escavação

Máquina utilizada em exploração a céu aberto ou em áreas de armazenamento para a retoma de terras de recobrimento, de minérios sólidos ou de outros materiais a granel, depositados numa escavação ou numa tremonha.

A máquina desloca-se paralelamente à aresta da escavação ou do armazém de material a granel, apanha este material com uma cadeia com baldes ou uma pá rotativa e despeja-o sobre uma máquina transportadora.

8.3.2.22 Máquina de Retoma em Escombreira

Máquina utilizada em áreas de armazenamento para a deposição em escombreiras ou retoma de rochas (minerais sólidos, terras de recobrimento) ou outros materiais a granel. Trata-se de uma escavadora de pá rotativa, móvel sobre carris, deslocando-se sobre uma correia transportadora de sentido reversível e instalada em posição fixa.

8.3.2.23 Pórtico Despejador

Máquina utilizada em exploração a céu aberto para despejar terras de recobrimento ou outros materiais a granel, assim como minérios sólidos.

Faz-se distinção entre pórtico de uma ou de duas partes; o pórtico em duas partes é constituído por uma máquina de recolha e uma de despejo, as quais são apoiadas em chassis de rodagem distintos.

8.3.2.24 Transportadora de Estéreis

Aparelho móvel por meio do qual o escombro extraído pela escavadora, curto-circuitando o sistema de serventia da bancada, é transportado directamente por cima da exploração a céu aberto e depositado na escombreira.

8.3.2.25 Correias Transportadoras (Telas)

São utilizadas para o transporte contínuo horizontal e/ou inclinado dos escombros, minerais sólidos ou materiais a granel. Estas transportadoras são instaladas em local fixo, deslocáveis por arrastamento ou móveis. As correias transportadoras incorporadas em escavadoras, pórticos despejadores ou pontes transportadoras de escombro, fazem parte das transportadoras fixas. Designa-se por linha de transportadoras o conjunto de duas ou mais transportadoras colocadas em série.

Há designações relativas à localização das correias transportadoras, tais como transportadora de bancada ou transportadora estacionária.

8.3.2.26 Alimentação (Alimentador de Materiais)

Instalação de carga móvel por cima de uma correia transportadora. Este carro pode ser equipado com uma tremonha, uma goteira ou uma mesa sobre rolos e/ou uma correia transportadora reversível.

8.3.2.27 Carro com Banda Transportadora

Correia transportadora móvel sobre cavilhas. É geralmente utilizado como órgão de ligação entre a escavadora e a correia transportadora.

8.3.2.28 Passadiço com Correia Transportadora

Construção em forma de ponte para alojar uma correia transportadora passando por cima de outros percursos de transporte.

8.3.3 Exploração Subterrânea
8.3.3.1 Exploração Subterrânea

Exploração de jazigos minerais em que o acesso é feito por galerias ou poços, a partir de escavações subterrâneas.

8.3.3.2 Trabalhos Preparatórios na Rocha

Realização de todas as escavações minerais que têm por objectivo a pesquisa e a descoberta dos jazigos.

8.3.3.3 Trabalhos Preparatórios no Leito

Realização de todas as escavações minerais que subdividem sistematicamente os gitos, ou parte destes, que foram reconhecidos graças aos trabalhos de preparação na rocha, a fim de os preparar com vista à exploração.

8.3.3.4 Entivação

Termo genérico que designa todos os dispositivos que permitem manter abertas as escavações mineiras em condições de segurança quanto à estabilidade dos terrenos que as rodeiam.

8.3.3.5 Ventilação

Conjunto de processos e dispositivos destinados a proporcionar ar fresco aos trabalhadores mineiros e eliminar ou reduzir até níveis aceitáveis as concentrações de poeiras nocivas ou de gases tóxicos ou explosivos (grisu) e ainda a melhorar o ambiente da mina (temperatura e grau de humidade).

8.3.3.6 Grisu

Gás explosivo mais leve que o ar, essencialmente constituído por metano, que pode libertar-se das camadas de carvão e dos contactos carvão/rocha encaixante, quer contínua quer episodicamente.

Nota:Dado que este gás é perigoso, torna-se necessário tomar precauções relativamente ao equipamento e à sua evacuação por meio de ventilação ou instalações especiais de aspiração.

8.3.3.7 Esgoto

Todos os processos ou instalações e dispositivos utilizados, tanto no fundo como na superfície, para extrair a água das escavações mineiras e assegurar a recolha, a decantação e a derivação das chegadas de água.

8.3.3.8 Poço

Via de acesso geralmente vertical, que dá acesso aos diferentes pisos de uma mina. Os poços de extracção asseguram geralmente as funções seguintes:

  • extracção, transporte de materiais, circulação de pessoal (por intermédio de jaulas movidas pela máquina de extracção);
  • ventilação primária (entrada de ar fresco) da ossatura da mina; no mínimo, é necessário outro poço (poço de ventilação) para a evacuação do ar viciado;
  • evacuação da água, proveniente dos aquíferos subterrâneos (esgoto);
  • eventualmente descida dos aterros.
8.3.3.9 Poços de Comunicação

Instalação vertical ligando dois ou mais andares ou permitindo o acesso a um andar. Estes poços não comunicam com a superfície.

8.3.3.10 Estaleiro Mineiro

Espaço no qual se agrupam as instalações de superfície necessárias à actividade de exploração, nomeadamente:

  • a máquina de extracção, que assegura a subida e descida das jaulas;
  • cavalete (ou torre de extracção) onde se encontram as andorinhas de guiamento dos cabos de extracção que asseguram a ligação entre a máquina de extracção e as jaulas;
  • as torvas ou parques para armazenamento ou deposição dos produtos extraídos da mina;
  • os equipamentos eléctricos (transformadores, motores, etc.), compressores e ventiladores;
  • os vestiários, duches e depósito de lanternas (“lampisteria”);
  • os armazéns e oficinas de manutenção.

8.3.3.11 Galeria

Instalação mineira que se dirige para o jazigo numa direcção horizontal, vertical ou inclinada, a partir da entrada.

8.3.3.12 Galeria na Rocha (Túnel)

Via traçada na rocha por meio de escavação para atingir os leitos.

8.3.3.13 Galeria no Carvão

Galeria aberta na camada de carvão e com a mesma direcção.

8.3.3.14 Galeria em Direcção

Galeria em direcção de maciços rochosos onde se encontram os jazigos a explorar.

8.3.3.15 Travessas

Galerias geralmente horizontais recortando as diferentes camadas de terrenos estéreis e de carvão.

8.3.3.16 Plano Inclinado

Comunicação inclinada entre duas explorações acessíveis ou comunicação destinada a ligar duas zonas de exploração.

8.3.3.17 Frente Longa

Volume de exploração estreito e comprido no interior de um leito entre duas zonas de exploração.

Nota:Uma frente longa é limitada na sua face longitudinal por dois painéis que se deslocam na direcção da exploração.

8.3.3.18 Painel

Delimitação lateral duma exploração. Cada superfície de ataque para uma exploração avança em permanência no quadro da exploração de um leito.

8.3.3.19 Zona de Exploração

Delimitação natural ou artificial de zona de exploração determinada onde se realiza a exploração ou onde ela está prevista.

8.3.3.20 Bloco

Conjunto de painéis homólogos de uma mesma série de camadas.

8.3.3.21 Exploração por Frente Longa ou Contínua

Método de exploração no qual o carvão é extraído de uma camada, de modo tal que a frente de desmonte que pode atingir centenas de metros, se desloca segundo uma linha contínua; o vazio criado pela extracção do carvão pode ser cheio com escombros e resíduos de lavaria sendo contudo mais corrente permitir o desabamento do tecto.

8.3.3.22 Exploração por Câmaras e Pilares

Método de exploração no qual o carvão é extraído a partir de uma rede de galerias de grande secção, geralmente de malha rectangular, com o objectivo de dividir a camada num grande número de câmaras e pilares.

Nota:Este sistema é preferido em certos países quando se trata de camadas espessas e pouco profundas. Se não são de temer fenómenos de subsidência à superfície, os pilares podem ser extraídos posteriormente, numa operação separada designada por recuperação de pilares.

8.3.3.23 Exploração por Acesso em Flanco de Encosta

Processo de exploração subterrânea no decurso da qual o acesso, a partir da superfície até ao leito de carvão, é realizado por meio de uma galeria horizontal ou ligeiramente inclinada.

8.3.3.24 Exploração com Trado

Método de exploração mineira no qual são feitos furos de grande diâmetro na camada de carvão, geralmente horizontais e numa extensão que pode ir até 60 metros. Estes furos são realizados por um equipamento de perfuração cuja cabeça de corte consiste num trado. À medida que o trado roda, a cabeça de corte arranca o carvão e o sem-fim faz o seu transporte ao longo do furo. Esta técnica é também adequada a explorações a céu aberto de camadas de carvão aflorantes, ou sobretudo quando o terreno de cobertura atinge uma espessura que inviabiliza economicamente a sua retirada.

8.3.3.25 Exploração por Mineiro Contínuo

Método de exploração no qual uma máquina em trabalho contínuo retira o carvão da frente de desmonte e o carrega no equipamento de transporte.

Nota:Em certos países, a exploração por mineiro contínuo utiliza-se no método de câmaras e pilares, no decurso do qual uma máquina autopropulsionada arranca o carvão e carrega-o de modo contínuo sobre o equipamento de transporte; este pode ser constituído por camiões de transporte ou correia transportadora.

8.3.3.26 Desmonte Hidráulico

Método de exploração no qual o carvão é arrancado por um jacto de água de alta pressão. Do mesmo modo a água é utilizada para a remoção do carvão arrancado até aos locais de recepção, podendo ainda ser transportado por meios hidromecânicos até à superfície.

8.3.3.27 Abatimento (Desabamento)

Operação que consiste em provocar o colapso do tecto da escavação que, deste modo, vem preencher o vazio de exploração devido ao empolamento do material desabado. O desabamento é provocado pela retirada do sustimento ou pelo emprego de explosivos.

8.3.3.28 Sustimento

Dispositivos de suporte das paredes e tecto das escavações, quer pelo seu apoio (quadros ou esteios de madeira ou metálicos), quer por suspensão (tirantes ou parafusos), quer por qualquer outro meio que garanta a estabilidade das cavidades pelo tempo necessário à exploração.

8.3.3.29 Esteio

Elemento de sustimento vertical entre a soleira e o tecto. A sua natureza varia de acordo com as características necessárias. O seu tipo vai do esteio de madeira ao esteio hidráulico regulável.

Nota:Os esteios metálicos são recuperados no fim do desmonte.

8.3.3.30 Ancoragem

Fixação de tirantes ou parafusos em furos praticados através das camadas adjacentes a escavações para efeito de sustimento destas. Os tirantes podem ser de tecto, soleira ou hasteal consoante a sua localização.

8.3.3.31 Enchimento

Operação de enchimento total ou parcial dos vazios criados pelo exploração.

8.3.3.32 Entulho

Material para o reenchimento de uma parte já explorada do jazigo.

8.3.3.33 Roçadoura

Máquina mecânica que se desloca ao longo da frente e que, por intermédio de picos de corte, inseridos numa corrente sem-fim, accionada por um motor, executa um roço na camada (geralmente, mas não sempre, na sua parte inferior) o que facilita o seu arranque.

8.3.3.34 Demolidora-Carregadora

Máquina derivada da roçadoura, realizando uma demolição completa de uma parte da camada graças a um ou mais tambores demolidores de lâminas cortantes. Ela carrega o carvão sobre um transportador que atravessa a frente à medida das necessidades.

8.3.3.35 Roçadoura-Carregadora

Máquina utilizada de preferência na exploração por frente longa e na qual um ou dois tambores rotativos munidos de lâminas cortantes arrancam um troço do leito de carvão e carregam-no em seguida sobre o transportador, debaixo ou ao lado da máquina.

8.3.3.36 Plaina Mecânica

Máquina equipada com dentes de corte que se deslocam ao longo da camada de carvão, arrancando-o numa profundidade de cerca de 10 cm.

8.4 Preparação e Valorização
8.4.1 Lote

Quantidade de carvão expedida de uma só vez e para a qual se pretende avaliar a qualidade. O lote pode ser composto de uma ou mais unidades de amostragem.

8.4.2 Amostragem

Colheita de uma porção representativa de carvão para análise.

8.4.3 Amostra

Porção de carvão extraído de um lote ou unidade de amostragem, representativo deste no que respeita às características a serem determinadas

8.4.4 Preparação da Amostra

Processo de preparação da amostra para análise, compreendendo a homogeneização, mistura, divisão e redução do tamanho das partículas, podendo ser executado em várias etapas.

8.4.5 Incremento

Porção de amostra colhida através de uma única operação do equipamento de amostragem.

8.4.6 Preparação

Processos e procedimentos usados para a obtenção de produtos comercialmente valorizados, a partir de combustíveis brutos por meio de tratamentos físicos ou físico-químicos.

8.4.7 Instalação de Preparação

Equipamentos e edifícios destinados à separação do carvão.

8.4.8 Conversão do Carvão

Processo para transformar o carvão em coque, gás ou produto líquido através de processos de coquefacção, gaseificação ou de liquefacção.

8.4.9 Triagem (Lavagem)

Separação de um produto a tratar segundo a sua composição, em diversos materiais, utilizando as sua diferentes características físico-químicas.

8.4.10 Resíduos

Resíduos provenientes do tratamento do carvão.

8.4.11 Resíduos de Lavagem

Produto final enriquecido em estéril, resultante da lavagem mecânica, por via seca ou húmida.

8.4.12 Calibragem (Classificação)

Separação de um produto a tratar segundo os calibres, por meio de uma ou numa corrente de ar ou de água (ver 8.1.19).

8.4.13 Fragmentação (Trituração)

Acção que consiste em levar um produto a tratar a uma granulometria mais fina por meio de britagem, moagem ou pulverização.

8.4.14 Separação Sólidos/Água

Remoção de água dos materiais húmidos por outros meios que não sejam a evaporação. Termo genérico para designar todos os processos respeitantes à concentração mecânica dos sólidos (espessamento) com vista à obtenção de um produto com um baixo teor de água (extracção de água) ou à obtenção de um produto pobre em sólidos (clarificação) (ver 8.4.16).

8.4.15 Separação Sólidos/Gás

Termo genérico para designar todos os processos respeitantes à produção de um gás com um baixo teor de sólidos, com vista quer a recuperar os sólidos quer a produzir um gás sem poeiras.

8.4.16 Dosagem

Acção que consiste em fornecer determinada quantidade de uma substância sólida, líquida ou gasosa, por volume ou peso.

8.4.17 Mistura

Acção que consiste em reunir fisicamente matérias que se encontram na mesma fase ou em fases diferentes, de tal forma que as características sejam idênticas em todos os pontos do produto obtido.

8.4.18 Triagem por Crivo

Triagem por crivo com o auxílio do empilhamento num fluxo de água em agitação forçada.

8.4.19 Triagem por Gravidade

Triagem favorecida pela diferença de densidade através de peneiras que utilizam a força da gravidade ou a força centrífuga, por exemplo um ciclone, e fluido que utilize o campo gravítico.

8.4.20 Triagem em Águas Agitadas

Crivo por meio de empilhamento num fluxo de água em pulsação.

8.4.21 Flutuação por Espumas

Processo de separação aplicável a finos de carvão no qual este, com a ajuda de reagentes apropriados, é aderido superficialmente por bolhas de ar, em meio líquido, sendo recolhido por transbordo numa célula de flutuação.

8.4.22 Filtragem

Separação de sólidos ou de fluidos nos quais o líquido turvo é aspirado ou comprimido através de um sistema de filtragem.

8.4.23 Secagem

Diminuição do teor de água do produto sólido por evaporação ou vaporização.

8.4.24 Aglomeração

Operação que consiste em aglomerar um combustível de granulometria fina moldando-o por pressão, com ou sem aglomerante, para obter produtos da mesma configuração ou da mesma dimensão por pressão.

8.4.25 Carbonização (Pirogenação)

Aquecimento de matérias orgânicas brutas na ausência de ar para obter coque, gás bruto e alcatrão bruto (ver Secção 9).

8.4.26 Carbonização a Baixa Temperatura (Semi-Destilação)

Aquecimento de combustíveis betuminosos na ausência do ar a uma temperatura compreendida entre 450ºC e 600ºC, com vista a extrair produtos de decomposição gasosos ou líquidos de modo a obter gás primário, alcatrão primário ou semi-coque.

8.4.27 Carbonização a Alta Temperatura (Coque-facção)

Aquecimento de combustíveis betuminosos na ausência do ar a uma temperatura acima de 900 ºC, com o fim de extrair os produtos de decomposição gasosos e líquidos com recuperação de gás dos fornos de coque (gás de carvão), coque de alta temperatura (coque metalúrgico) e alcatrão de alta temperatura (ver Secção 9).

8.4.28 Extinção do Coque

Remoção do calor sensível do coque descarregado das retortas, por meio de água (extinção húmida) ou por meio de gases inertes (extinção seca).

8.4.29 Gás de Aquecimento

Gás usado para aquecer fornos de coque, semi-coque ou outras instalações onde se produzem reacções térmicas. Segundo o tipo de instalações utiliza-se o gás rico (exemplo, gás de coque), gás pobre (por exemplo, de alto forno) ou gases de petróleo liquefeitos.

8.4.30 Rendimento em Coque

Quantidade de coque obtida no processo de coquefacção, expressa em percentagem, em peso do material introduzido no forno. Devem indicar-se em cada caso as condições em que se realiza.

8.4.31 Rendimento em Gás

Volume do gás, obtido na carbonização ou na gaseificação, expresso em m3/t do combustível de alimentação. Devem indicar-se as condições de referência em cada caso.

8.4.32 Gaseificação

(ver 9.6.26).

8.4.33 Liquefacção

Conversão de combustíveis sólidos em hidrocarbonetos líquidos e compostos associados por hidrogenação, por síntese de gases derivados de combustíveis sólidos ou por extracção por dissolventes.

8.4.34 Gaseificação Subterrânea (in situ)

Gaseificação do carvão na própria mina.

8.4.35 Combustão

Reacção exotérmica de um combustível com o oxigénio, que aparece espontaneamente, uma vez atingida a temperatura de inflamação.

8.4.36 Combustão em Camada (em Grelha)

Combustão do Carvão de média e alta granulometria, suportado por uma grelha fixa ou móvel.

8.4.37 Combustão do Carvão Pulverizado com Eliminação das Cinzas a Seco

Combustão do carvão pulverizado em suspensão na fornalha, sendo a temperatura de combustão inferior à de fusão das cinzas.

8.4.38 Combustão do Carvão Pulverizado com Fusão das Cinzas

Queima de combustível pulverizado em suspensão na fornalha, sendo a temperatura de combustão superior à de fusão das cinzas.

8.4.39 Combustão em Leito Fluidificado

(ver 5.6.5).

8.4.40 Cinzas (Resíduos de Combustão)

Resíduos de combustão provenientes das impurezas minerais contidas no combustível; também podem conter combustível não queimado.

8.4.41 Cinza Volante

Partículas finas de cinza, produzidas durante a combustão do carvão e transportadas na corrente gasosa dos produtos da combustão.

8.4.42 Escórias (Subprodutos)

Resíduos que foram fundidos durante a combustão do carvão, a uma temperatura superior à da fusão das cinzas e que ressolidificaram ao arrefecer.

8.4.43 Friabilidade

Facilidade de um carvão se partir em pequenos pedaços quando sujeito a choque mecânico.

8.4.44 Índice Hardgrove

Índice determinado num moinho de Hardgrove e que fornece uma indicação da facilidade de moagem do carvão (friabilidade).

8.4.45 Finos

Carvão apresentando uma dimensão máxima nominal inferior a 4 mm.

8.5 Características
8.5.1 Carbono Total

Soma do carbono da matéria orgânica e do carbono da matéria mineral, na forma de carbonatos, presentes na amostra de carvão.

8.5.2 Carbono Orgânico

Carbono total da amostra de carvão menos o presente na forma de carbonatos.

8.5.3 Carbono Fixo

É o valor obtido subtraindo a 100 a soma dos valores em percentagem da humidade, matéria volátil e cinzas da amostra de carvão.

8.5.4 Maceral

Componente fundamental microscópico reconhecível do carvão, comparável a um mineral numa rocha inorgânica. Contrariamente aos minerais, os macerais não têm forma cristalina característica e não são constantes na sua composição química e nas suas propriedades físicas. Os macerais são identificados do ponto de vista microscópico na sua diferença de grau de reflexão, na sua cor, na sua forma assim como na sua diferença de relevo.

Nota:Os maceiros são formados a partir de diferentes organismos, de tecidos e de matérias, das plantas desaparecidas no quadro da carbonização.

8.5.5 Grupo de Macerais

Composto de macerais que, para um mesmo grau de carbonização, apresentam propriedades químicas, físicas e tecnológicas semelhantes.

Distinguem-se três grupos de macerais designados por Vitrinite, Exinite ou Liptinite, e Inertinite.

8.5.6 Grau de Reflexão

Quociente do fluxo luminoso reflectido IR e do fluxo luminoso vertical e incidente I0 sobre o corpo a ensaiar.

Nota: O grau de reflexão de um corpo depende da sua natureza, da orientação e do estado das superfícies, assim como do comprimento de onda e da coloração da luz.

8.5.7 Grau Médio de Reflexão

Grau de reflexão que é medido para um grão de carvão orientado de maneira qualquer numa superfície polida e na luz não polarizada.

8.5.8 Humidade (Teor de Água)

Proporção de água contida no combustível, expresso em percentagem de massa e referido ao combustível hidratado.

Poder de retenção: Teor de água do combustível, determinado no estado de equilíbrio a uma temperatura de 30ºC para uma humidade relativa do ar de 96% a 97% (ver 8.5.13).

8.5.9 Humidade Superficial

Humidade que se evapora à temperatura ambiente quando o combustível é armazenado ao ar. A amostra seca desta maneira designa-se combustível seco ao ar.

8.5.10 Humidade Higroscópica

Humidade que se dissipa quando o combustível seco ao ar é posteriormente seco à temperatura de 106 ºC + 2 ºC.

8.5.11 Humidade Total

Soma da humidade superficial com a humidade higroscópica.

8.5.12 Humidade da Amostra para Análise

Humidade higroscópica que uma amostra possui no ar seco no momento de um ensaio analítico. Percentagem de humidade do combustível determinada no momento da análise.

8.5.13 Capacidade de Retenção da Humidade

Teor da humidade de um combustível quando a sua massa é constante para uma temperatura de 30 ºC e uma humidade relativa do ar de 96% a 97%.

8.5.14 Teor de Cinzas

Resíduos de combustão obtidos quando o combustível é incinerado a uma temperatura de 815ºC sob determinadas condições.

8.5.15 Teor de Matérias Minerais

Proporção total dos componentes inorgânicos no combustível seco.

8.5.16 Composição das Cinzas

Proporção de determinados elementos das cinzas, expressos em óxidos e resíduos ácidos. O exame das cinzas limita-se geralmente à determinação do silício, alumínio, ferro, cálcio, magnésio, potássio, sódio, titânio, fósforo e enxofre.

8.5.17 Fusibilidade das Cinzas

Comportamento de amostras comprimidas de cinzas aquecidas sob determinadas condições. Distinguem-se as seguintes temperaturas características: de amolecimento, de fusão e de fluidez.

8.5.18 "Fouling”

Acumulação de depósitos de cinza nas superfícies de permuta de calor de uma caldeira, a temperaturas abaixo da temperatura de fusão de qualquer dos constituintes da cinza, originando perda de eficiência na transferência de calor.

8.5.19 “Slagging”

Acumulação de depósitos de cinza fundida (escória) nas superfícies de permuta de calor de uma caldeira, originando perda de eficiência na transferência de calor e degradação dos tubos.

8.5.20 Teor de Inertes

Soma da humidade total com o conteúdo em cinzas consideradas no combustível hidratado e com as suas cinzas.

Nota: Por oposição, define-se em alguns países o carvão puro.

8.5.21 Matérias Voláteis (MV)

Produtos da decomposição da parte orgânica do combustível, libertados no estado gasoso por aquecimento dos combustíveis sólidos em determinadas condições, a uma temperatura de 900 ºC, de acordo com as especificações internacionais ISO. O resíduo denomina-se coque bruto.

Nota: Em certos países, a temperatura de referência é diferente.

8.5.22 Teor de Enxofre

Proporção em massa do enxofre contido no combustível.

8.5.23 Enxofre Total

Quantidade total de enxofre mineral e orgânico, presente no carvão e determinado por métodos normalizados.

8.5.24 Enxofre Orgânico

Parte do enxofre combinado com o carvão, determinada pela diferença entre o enxofre total e a soma do enxofre pirítico com o enxofre sulfato.

8.5.25 Teor de Sais

Proporção de sais solúveis na água de um combustível sólido. Deve indicar-se o método de análise usado.

8.5.26 Análise Imediata

Determinação dos conteúdos de humidade, matérias voláteis e cinzas.

8.5.27 Análise Elementar

Teor da parte orgânica do combustível, expresso em conteúdo de carbono, hidrogénio, azoto, enxofre e oxigénio.

8.5.28 Análise Granulométrica

Determinação da quantidade de carvão retida num conjunto de peneiros normalizados, expressa como percentagem em peso de amostra.

8.5.29 Análise de Cinzas

Determinação dos constituintes presentes nas cinzas de carvão, normalmente expressos na forma dos respectivos óxidos.

8.5.30 Base “como amostrado”

Base na qual os resultados das análises são reportados às condições do carvão no local da amostragem.

8.5.31 Base “como recebido”

Base na qual os resultados das análises são reportados às condições do carvão no local de entrega do lote.

8.5.32 Base “seco”

Base para expressar os resultados das análises e na qual se considera o carvão isento de humidade.

8.5.33 Base “seco ao ar”

Base na qual os resultados são expressos como uma percentagem de carvão com um teor de humidade equivalente à do equilíbrio com a atmosfera envolvente.

8.5.34 Base “seco sem cinzas”

Base para expressar os resultados das análises e que se refere à condição hipotética na qual o carvão é considerado isento de humidade e cinzas.

8.5.35 Base “seco sem matéria mineral”

Base para expressar os resultados das análises e que se refere à condição hipotética na qual o carvão é considerado isento de humidade e matéria mineral.

8.5.36 Base “sem cinzas”

Base para expressar os resultados das análises e que se refere à condição hipotética na qual o carvão é considerado isento de cinzas.

8.5.37 Propriedades Aglutinantes

Propriedades de certos carvões que, a determinada temperatura, adquirem um estado pastoso e aglutinante. As matérias voláteis, ao libertarem-se da massa, fazem que esta se torne pastosa, transformando-se em coque por arrefecimento. Quanto maior for a plasticidade por efeito de aquecimento, maiores serão as propriedades aglutinantes do carvão. Os carvões que, por combustão, deixam um resíduo de grão fino não são aglutinantes.

8.5.38 Índice de Intumescimento

Medida do poder aglutinante dos carvões. O seu valor é obtido pela compararão do perfil da amostra depois de aquecida progressivamente, sob determinadas condições, com uma série de perfis-tipo numerados.

8.5.39 Curva Dilatométrica

Variações de volume (contracções e dilatações) de uma amostra comprimida de carvão quando progressivamente aquecida sob determinadas condições.

8.5.40 Propriedades de Redutibilidade a Coque

Propriedades do carvão, em particular a sua capacidade de aglomeração e de expansão, que lhe permitem ser convertido em coque, resistente às condições de transporte e de utilização nos fornos a que se destina.

8.5.41 Rendimento em Alcatrão

Quantidade de alcatrão obtida por um método normalizado de destilação seca, expressa em percentagem de massa do material ensaiado

8.5.42 Repartição por Calibres (Granulometria)

Termo genérico que indica a proporção dos diferentes calibres presentes num produto.

8.5.43 Densidade Aparente

Massa da unidade de volume ocupado pelo combustível a granel; devem ser indicadas as condições em que é feita a medição.

8.5.44 Resistência à Compressão e Resistência Pontual

  • Resistência à compressão (para os aglomerados preparados na prensa de mergulho): Pressão máxima do ensaio referida à superfície útil dum mergulhador de ensaio para a qual a amostra do aglomerado de fusão parte em condições determinadas.

  • Resistência pontual (para os aglomerados fabricados na prensa de cilindros): Resistência do aglomerado ao qual é aplicada uma força aproximadamente pontual até que ele parta em condições determinadas.

    8.5.45 Índice de Resistência ao Tambor (Resistência à Abrasão)

    Medida de desagregação e abrasão dos combustíveis sólidos que ocorrem em determinadas condições sob a acção de tensões mecânicas num tambor de ensaios.

    8.5.46 Índice de Resistência ao Choque (Índice de Resistência à Queda)

    Medida da resistência à fractura quando o combustível é sujeito a um ensaio de queda, sob determinadas condições.

    8.5.47 Índice de Moagem

    Medida da energia necessária sob determinadas condições, para obter a trituração fina de um combustível.

    8.5.48 Composição Petrográfica

    Característica de um carvão correspondente à sua composição em constituintes elementares e, em consequência, ligado à natureza dos fragmentos vegetais e às condições de depósito. Pode ser determinada ao microscópio, quer qualitativa quer quantitativamente.

    8.6 Armazenagem
    8.6.1 Parque de Carvão

    Depósito a céu aberto de produtos comerciais da exploração mineira, mantido com vista a regularizar as quantidades e as suas características, e também para servir como reserva para manter o equilíbrio entre a produção e o consumo; é de utilização contínua e inclui os dispositivos de transporte, descarga e carga.

    8.6.2 Pilhas de Resíduos (Pilhas de Carvão, Escombreiras ou Entulheiras)

    Depósito a céu aberto da exploração mineira, por exemplo: carvão, estéreis, resíduos de preparação, etc., que tem carácter de depósito definitivo (estéreis), ou de compensação da quantidade a longo prazo, entre a oferta e a procura de carvão.

    8.6.3 Aterro (Exploração a Céu Aberto)

    Depósito sistemático de estéreis nas zonas a céu aberto já exploradas ou em parte delas.

    8.6.4 Silo (Tremonha)

    Depósito para armazenagem dos produtos da exploração mineira e dos produtos já preparados.

    8.6.5 Tremonha Enterrada

    Depósito de carvão intermédio entre os diferentes meios de transporte, em que as paredes são total ou parcialmente formadas por taludes naturais.

    8.6.6 Segregação do Carvão

    Separação parcial de um carvão, ocorrendo como resultado de diferenças nos tamanhos das partículas ou densidade aparente.

    8.6.7 "Blending”

    Mistura de dois ou mais carvões com propriedades e características diferentes, de modo a obter um produto com características específicas.

    8.6.8 Combustão Espontânea

    Combustão do carvão armazenado em parque, devido ao desenvolvimento de calor por oxidação atmosférica.

    8.6.9 Compactação da Pilha

    Processo de redução do espaço livre entre as partículas de carvão numa pilha e que se destina a minimizar o efeito de oxidação atmosférica.

  • 9. Combustíveis Líquidos e Gasosos

    As técnicas relativas à pesquisa e à produção de hidrocarbonetos são as mesmas, quer se trate de hidrocarbonetos líquidos (petróleo bruto) ou gasosos (gás natural), que se encontram aliás, na maioria dos casos, associados em quantidades variáveis num mesmo jazigo ou num mesmo campo. Assim, é lógico tratar na mesma secção os conceitos que lhes dizem respeito.

    A consideração de duas Secções - "Combustíveis Líquidos" e "Combustíveis Gasosos" - justificava-se numa época em que o gás manufacturado ainda não tinha sido substituído pelo gás natural. Uma tal dicotomia já não se justifica actualmente.

    O problema das reservas constituiu sempre uma preocupação dominante na indústria petrolífera, tendo os conceitos que desse facto resultam merecido a atenção de numerosos organismos. Contudo, as definições elaboradas no domínio do petróleo e do gás também são válidas para os combustíveis fósseis sólidos ou de origem mineral. Assim, os termos relativos às reservas encontram-se na Secção 1, com excepção dos que são específicos do petróleo ou do gás natural.

    9.1 Fontes e Tipos
    9.1.1 Hidrocarboneto

    Composto químico formado unicamente por carbono e hidrogénio.

    Distinguem-se três grandes famílias de compostos:

    1. hidrocarbonetos saturados que apresentam ligações carbono-carbono do tipo simples. Dividem-se em duas categorias:
      • hidrocarbonetos parafínicos ou alcanos, de cadeias carbonadas abertas. As cadeias abertas podem ser lineares (parafinas normais) ou ramificadas (isoparafinas). São os principais constituintes dos petróleos brutos;
      • hidrocarbonetos nafténicos ou cicloalcanos nos quais as cadeias se fecham sobre si mesmas para formarem ciclos ou anéis.
    2. hidrocarbonetos insaturados que se repartem em dois grupos distintos:
      • hidrocarbonetos olefínicos com uma ou várias ligações duplas, denominados por alcenos ou cicloalcenos consoante se apresentem sob a forma de cadeias ou de ciclos (anéis);
      • hidrocarbonetos acetilénicos ou alcinos caracterizados pela existência de pelo menos uma tripla ligação. Nesta família os compostos cíclicos que se denominam cicloalcinos são muito raros.
    3. hidrocarbonetos aromáticos que contêm um ou vários ciclos ou anéis insaturados com seis átomos de carbono do mesmo tipo do que constitui o benzeno (anel benzénico).

    Nota: Num outro modo de classificação, distinguem-se duas grandes famílias:

    • hidrocarbonetos alifáticos
    • hidrocarbonetos aromáticos

    Os hidrocarbonetos alifáticos, podem subdividir-se em cíclicos e não cíclicos, conforme sejam de cadeia aberta ou fechada. Tanto uns como outros, podem ser saturados ou insaturados.

    9.1.2 Petróleo Bruto

    Mistura, em proporções variáveis, de hidrocarbonetos e que nas condições normais é um líquido negro, em geral menos denso que a água. É mais ou menos fluido, de acordo com a sua origem. O seu odor é geralmente intenso e característico. Apresenta-se no estado natural, em jazigos, sob pressão e temperatura relativamente elevadas. Pode conter pequenas quantidades de enxofre no estado de combinações orgânicas e traços de compostos oxigenados e azotados.

    Nota 1: Os petróleos brutos são classificados de acordo com a sua massa volúmica ou a sua densidade API em:

    • leves: inferior a 870 kg/m3 ; superior a 31,1 °API
    • médios: 920 kg/m3 - 870 kg/m3; 22,3 °API - 31, 1 °API
    • pesados: 1000 kg/m3 - 920 kg/m3; 10 °API - 22, 3 °API
    • extra-pesados: superior a 1000 kg/m3>; inferior a 10 °API

    Nota 2: O petróleo bruto tem uma viscosidade inferior ou igual a 10 000 milipascal segundo (mPa·s). É a massa volúmica que serve de critério para distinguir se um petróleo é pesado ou extra-pesado mas é a viscosidade que deve servir de critério para distinguir petróleos pesados e betumes.

    Nota 3: As características químicas e as variações dos diferentes componentes nos petróleos brutos permitem classificá-los de acordo com a repartição de hidrocarbonetos que eles contêm (ver items seguintes).

    9.1.3 Petróleos Brutos Parafínicos

    Constituídos por mais de 50% de hidrocarbonetos saturados e mais de 40% de parafínicos (iso e n-parafinas), são petróleos leves de densidade relativa próxima de 0,85, por vezes com grande viscosidade, contendo menos de 10% de resinas e de asfaltenas .

    9.1.4 Petróleos Brutos Nafteno-Parafínicos

    Contêm mais de 50% de hidrocarbonetos saturados, menos de 40% de parafínicos (iso e n-parafinas) e nafténicos. São geralmente pobres em enxofre, podendo apresentar de 5% a 15% de resinas e asfaltenos e de 25% a 40% de aromáticos.

    9.1.5 Petróleos Brutos Nafténicos

    Apresentam menos de 50% de saturados e mais de 40% de hidrocarbonetos nafténicos; esta proporção é por vezes consequência de uma supressão dos hidrocarbonetos parafínicos por biodegradação de petróleos parafínicos ou nafteno-parafínicos.

    9.1.6 Petróleos Brutos Aromáticos

    Contêm menos de 50% de hidrocarbonetos saturados e mais de 50% de aromáticos, resinas e asfaltenos; apresentam uma percentagem de enxofre frequentemente superior a 1%. São petróleos pesados e viscosos que contêm muitas vezes mais de 25% de resinas e de asfaltenos.

    Conforme o conteúdo em cicloalcanos, podem distinguir-se:

    • petróleos brutos aromático-asfálticos, se têm menos de 25% de nafténicos. São geralmente bastante ricos em enxofre.
    • petróleos brutos aromático-nafténicos, se o conteúdo destes últimos ultrapassa 25%. São mais pobres em enxofre (< 1%).
    9.1.7 Asfaltenos

    Compostos de elevado peso molecular, essencialmente constituídos por anéis aromáticos, altamente condensados. A sua precipitação pode ser induzida a partir do fuel-óleo ou de betumes, por acção de solventes não aromáticos, por exemplo, o n-heptano.

    9.1.8 Betume Natural

    O betume natural é a parte do petróleo que existe em fase semi-sólida ou sólida nos jazigos naturais. No seu estado natural, contém habitualmente enxofre, metais e outros materiais não hidrocarbonados. O betume natural tem uma viscosidade superior a 10 000 mPa·s medida à temperatura reinante nos jazigos e à pressão atmosférica.

    9.1.9 Xistos Betuminosos (Oil Shale)

    Rochas sedimentares, normalmente argilosas, muito ricas em matéria orgânica (querogénio) e que podem fornecer hidrocarbonetos por pirólise a temperaturas da ordem dos 500ºC.

    9.1.10 Areias Asfálticas (Tar Sands)

    Rochas sedimentares que contêm betume ou outros produtos petrolíferos de viscosidade muito elevada e que não podem ser recuperados pelos métodos clássicos.

    9.1.11 Gás Natural

    Gás combustível rico em metano que provém de jazigos naturais. Nele existem, em quantidades variáveis, hidrocarbonetos mais pesados que se liquefazem à pressão atmosférica, bem como vapor de água; pode também conter compostos de enxofre, tais como o ácido sulfídrico (H2S) e outros gases como o dióxido de carbono, o azoto ou o hélio.

    9.1.12 Gás Húmido (Rico)

    Gás natural que contém hidrocarbonetos mais pesados que o metano em quantidades tais que podem ser extraídos comercialmente ou devem ser eliminados para tornar o gás apropriado à sua utilização como combustível ou para o seu transporte por gasoduto.

    9.1.13 Gás Seco

    Gás natural que contém quantidades insuficientes de hidrocarbonetos mais pesados que o metano para permitir a sua extracção comercial ou para justificar a sua eliminação com o objectivo de o tornar utilizável como combustível.

    9.1.14 Gases Associados ao Petróleo

    Gases combustíveis ricos em metano que provêm de jazigos naturais cuja fracção mais importante pode ser constituída por hidrocarbonetos de peso molecular mais elevado.

    9.1.15 Gás Ácido

    Gás natural que contém ácido sulfídrico e dióxido de carbono ou outros compostos corrosivos e que deve ser tratado antes de utilizado.

    9.1.16 Gás não Corrosivo

    Gás natural isento de compostos sulfurados ou outras substâncias corrosivas e que pode utilizar-se sem purificação prévia.

    9.1.17 Líquidos do Gás Natural (LGN)

    Componentes existentes no gás natural que são retirados no estado líquido em separadores e instalações de tratamento de gás. Os líquidos do gás natural incluem, entre outros: etano, propano, butano, pentano, gasolina natural e condensados; podem também conter, em pequenas quantidades, produtos que não são hidrocarbonetos.

    9.1.18 Condensados

    Hidrocarbonetos que, no jazigo, se encontram no estado gasoso, mas que à superfície se tornam líquidos em condições normais de pressão e temperatura. Trata-se essencialmente de pentano e produtos mais pesados. São frequentemente usados como sinónimos: líquidos do gás natural e condensados (LGN ou NGL).

    9.1.19 Condensado de Concessão

    Líquidos de gás natural recuperados a partir dos poços de gás (associado ou não) separadores gás-líquido.

    9.1.20 Condensado de Unidade

    Líquidos de gás natural recuperados nas unidades de obtenção de gás natural, na compressão e no sistema de tratamento de gás associado.

    9.1.21 Gás Dissolvido

    Gás natural que, no reservatório de petróleo bruto, e à pressão e temperatura ambientes, se encontra dissolvido na fase líquida.

    9.1.22 Hidratos de Gás

    Cristais formados sob pressão a partir do gás natural e da água no estado líquido. Existem a temperaturas abaixo de 0°C mas podem ser encontradas a temperaturas superiores. Podem bloquear as condutas e os acessórios de tubagem.

    9.1.23 Gás Clássico

    Gás natural que se encontra numa rocha-reservatório, quer em fase gasosa, quer dissolvido em petróleo bruto e que pode ser explorado tecnicamente por meios de produção clássicos.

    9.1.24 Gás "Novo"

    Gás natural que se encontra em condições subterrâneas pouco usuais e que necessita uma estimulação (ver 9.5.9) maciça para ser explorado; gás sob a forma de hidratos; gás dissolvido nas águas de formações ou gás proveniente da gaseificação "in situ" do carvão.

    9.1.25 Petróleo "Novo”

    Petróleo extraído de fundos marinhos com profundidade superior a 200 m; petróleo das zonas árcticas, da recuperação assistida (ver 9.5.8) dos petróleos ultra-pesados, das areias asfálticas, dos xistos betuminosos e dos carburantes de síntese.

    9.2 Prospecção e Pesquisa
    9.2.1 Rocha-Mãe

    Sedimento que contém uma certa quantidade de matéria orgânica e é susceptível de gerar quantidades apreciáveis de petróleo ou de gás.

    9.2.2 Migração

    Deslocação do petróleo através das rochas. A migração primária é a deslocação do petróleo de uma rocha-mãe em direcção a uma rocha-reservatório. A migração secundária é a deslocação do petróleo na rocha-reservatório até uma armadilha onde se acumula. A desmigração é a fuga do petróleo para a superfície do solo onde será destruído ou alterado pelos agentes atmosféricos.

    9.2.3 Armadilha

    Estrutura geológica que permite a acumulação de hidrocarbonetos. Podem distinguir-se armadilhas estruturais ligadas a deformações tectónicas (anticlinal, falha, domo salífero), armadilhas estratigráficas devidas a variações de facies (corpos gresosos, recife carbonatado, biseis de permeabilidade), discordâncias (biseis de fecho, paleorelevos) e, ainda, armadilhas mistas em que intervêm factores associados aos tipos anteriores.

    9.2.4 Reservatório Petrolífero

    Volume contínuo de rochas que apresentam vazios, poros ou fissuras, ligadas entre si e nas quais podem circular fluidos (hidrocarbonetos e fluidos que os acompanham: água intersticial, gases inertes, gases ácidos). O mesmo reservatório pode ser constituído por rochas de diferentes litologias desde que a continuidade de circulação dos fluidos seja garantida. É caracterizado por um único sistema natural de pressão, de modo que a produção de uma das suas partes afecta a pressão do conjunto.

    9.2.5 Porosidade

    Característica de uma rocha que apresenta vazios (poros e fissuras). Exprime-se quantitativamente pela percentagem do volume poroso relativamente ao volume total da rocha.

    9.2.6 Permeabilidade

    Medida da facilidade com que uma formação permite o seu atravessamento por um fluido. No sistema SI a unidade de permeabilidade é o m2 (ou μm2). Na prática exprime-se em darcy (D).

    1 D = 1 μm2.

    9.2.7 Rocha-Reservatório ou Rocha-Armazém

    Rocha porosa na qual o petróleo está armazenado. Estas rochas dividem-se em duas grandes famílias: as rochas detríticas (em grande parte siliciosas - areia ou grés) e as rochas carbonatadas (calcárias ou dolomíticas).

    9.2.8 Rocha de Cobertura

    Rocha impermeável sobreposta à rocha-reservatório, que impede a migração dos hidrocarbonetos para a superfície.

    9.2.9 Aquífero

    Formação geológica porosa impregnada de água que se encontra na base de um jazigo de petróleo ou de gás. As águas de jazigo têm uma salinidade que aumenta com a profundidade.

    9.2.10 Capa de Gás

    Camada de gás separada do petróleo, situada no topo da estrutura ou do reservatório.

    9.2.11 Reservatório de Gás com Condensados

    Reservatório no qual alguns hidrocarbonetos presentes na fase gasosa estão sujeitos a uma condensação retrógrada, por efeito de um aumento de pressão, sendo recuperáveis em fase líquida à superfície. A produção principal é o gás.

    9.2.12 Zona Produtiva

    Parte do jazigo que efectivamente contém o petróleo ou o gás natural.

    9.2.13 Indícios de Superfície

    Hidrocarbonetos sólidos, líquidos ou gasosos que migraram até à superfície e que aí deixaram vestígios. A sua presença pode indicar uma acumulação de hidrocarbonetos num reservatório em profundidade.

    9.2.14 Habitat do Petróleo e do Gás

    Repartição espacial dos jazigos numa bacia ou província. Pode caracterizar-se:

    • pelo número de jazigos repartidos sobre uma determinada superfície, por exemplo 10 000 km2;
    • pela percentagem de reservas no ou nos campos mais importantes.
    9.2.15 Jazigo

    Acumulação comercial de petróleo ou gás que ocupa um reservatório independente e que se encontra sob um único sistema natural de pressões.

    9.2.16 Campo de Petróleo

    Jazigo ou conjunto de jazigos relacionados com o mesmo tipo de estrutura geológica, com a mesma génese e com contiguidade geográfica.

    9.2.17 Petróleo "in situ"

    Quantidade total de petróleo existente nos reservatórios naturais .

    9.2.18 Reservas Provadas, Sondadas ou Desenvolvidas

    Reservas calculadas no decorrer da exploração de um campo petrolífero e referidas à área de drenagem de cada sondagem.

    Nota : Para os outros tipos de reservas ver 1.2.11 a 1.2.20.

    9.2.19 Reservas Provadas não Desenvolvidas

    Reservas cuja existência é certa, tendo em consideração as condições geológicas do reservatório, mas que ainda não foram confirmadas por sondagem.

    9.2.20 Pesquisa

    Procura de depósitos minerais ou de combustíveis fósseis, incluindo o reconhecimento tanto de superfícies como de subsolo, empregando técnicas tais como teledetecção, fotogeologia, prospecção geofísica e geoquímica. A pesquisa também envolve a determinação da natureza do depósito e a preparação do trabalho do seu desenvolvimento. A pesquisa continua para além da descoberta e o termo tem um significado mais amplo que prospecção.

    9.2.21 Prospecção

    Investigação, numa região determinada, do solo e subsolo, através da aplicação de técnicas apropriadas (cartográficas, geológicas, geofísicas, etc. ), com o objectivo de descobrir petróleo ou gás.

    9.2.22 Prospecção Geofísica

    Métodos de prospecção baseados na aplicação das ciências físicas ao estudo geológico do subsolo. As diversas técnicas usadas são classificadas de acordo com o fenómeno físico em que se baseiam (eléctrico, gravimétrico, magnético ou sísmico).

    9.2.23 Prospecção Eléctrica

    Método de prospecção que utiliza as propriedades dos campos e correntes eléctricas; o método baseia-se na observação das variações ocorridas num campo electromagnético, como resultado das faltas de homogeneidade do subsolo.

    9.2.24 Prospecção Gravimétrica

    Método de prospecção que utiliza as variações do campo gravitacional. O objectivo deste método é associar as variações do campo magnético com as densidades das diferentes rochas.

    9.2.25 Prospecção Magnética

    Método de prospecção que utiliza as variações do campo magnético terrestre. É geralmente utilizada para localizar concentrações de materiais rochosos magnéticos ou para determinação da profundidade do solo.

    9.2.26 Prospecção Sísmica de Reflexão

    Método que permite obter mapas cotados das estruturas geológicas, baseado na criação de ondas sísmicas e na observação dos tempos de chegada das ondas reflectidas em contrastes de impedância acústica. O método envolve a emissão de um sinal de superfície (a partir de, por exemplo, uma pequena carga explosiva ou o impacto da queda de um peso) que cria uma onda de choque que se propaga através dos estratos do subsolo, é parcialmente reflectida em cada um deles e é finalmente registada ao atingir a superfície. É o método de prospecção mais utilizado na indústria petrolífera.

    9.2.27 Prospecção Sísmica de Refracção

    Utiliza os mesmos princípios dos de reflexão, com a excepção de serem medidos os tempos das primeiras ondas refractadas que se deslocam segundo a interface das camadas geológicas.

    9.2.28 Prospecção Geológica

    Aplicação de métodos e procedimentos utilizados nos diversos domínios das Ciências Geológicas, tendo como finalidade a localização e quantificação de recursos geológicos.

    9.2.29 Prospecção Geoquímica

    Aplicação de princípios químicos ao estudo da origem, geração, migração, acumulação e alteração dos hidrocarbonetos, tendo como objectivo a pesquisa e produção dos petróleos.

    9.3 Sondagem e Acabamento dos Poços
    9.3.1 Sondagem

    Operação de penetração do subsolo usando equipamento apropriado e segundo esquema de perfuração adaptado para estudar condições geológicas e/ou extrair os fluidos contidos nas formações perfuradas.

    9.3.2 Sondagem por Cabo

    Método de sondagem por percussão pelo qual a coluna de sondagem (trépano, vara e junta de queda livre) está ligada à parte inferior de um cabo, cuja parte superior enrola num balanceiro que promove alternadamente a elevação e queda da coluna de sondagem. Os detritos de perfuração são removidos, retirando a coluna de sondagem do furo e descendo uma limpadeira ligada à extremidade de um cabo de serviço.

    9.3.3 Sondagem por Rotação

    Método de sondagem pelo qual a broca roda, sendo a rotação transmitida à superfície por um sistema mecânico que, por sua vez, faz rodar a mesa de rotação. A rotação é transmitida à coluna desde a superfície. A coluna é composta de tubos enroscados uns nos outros, através dos quais passa um fluido de circulação (geralmente lama), que serve para remover os detritos da perfuração.

    Este método é o mais utilizado a nível mundial.

    9.3.4 Sondagem por Turbina

    Método de rotação pelo qual a broca é movimentada por uma turbina colocada imediatamente acima da mesma, sendo a potência da turbina obtida através da pressão do fluido de circulação. Neste caso a coluna de sondagem normalmente não roda.

    9.3.5 Sondagem Direccional

    Sondagem dirigida para um objectivo situado fora da vertical. Em certas ocasiões a sondagem direccional torna-se necessária, por exemplo, quando as condições de superfície não permitem a instalação da sonda na vertical do objectivo; quando se deseja efectuar várias sondagens e a instalação da sonda em cada uma se revela demasiado dispendiosa; quando se pretende controlar um poço em erupção, seja por desvio da produção, seja por execução de operações de selagem do poço; ou quando é necessário corrigir a direcção da sondagem.

    9.3.6 Sondagem Horizontal

    Técnica por meio da qual se fura horizontalmente uma secção do poço graças a um controlo preciso da trajectória. O objectivo deste método consiste em aumentar a produtividade do reservatório permitindo a drenagem da camada atravessada. Os poços horizontais classificam-se de acordo com o ângulo de inclinação a partir da vertical (curto, médio ou longo).

    9.3.7 Sondagem com Ar

    Método de sondagem no qual o fluido de sondagem é ar comprimido em vez de lama.

    9.3.8 Sondagem no Mar

    Sondagem de pesquisa ou de produção de estruturas geológicas, realizada nas plataformas marítimas.

    9.3.9 Obtenção de Testemunho

    Operação que consiste na recolha, durante as sondagens, de amostras (testemunhos) das rochas perfuradas com o objectivo de analisar as suas características. Os testemunhos são recolhidos com o auxílio de uma ferramenta especial composta por um tubo cuja extremidade é uma coroa dentada destinada a cortar a rocha.

    9.3.10 Perda de Circulação

    Desaparecimento parcial ou total da lama de sondagem numa formação devido à permeabilidade das rochas porosas. Para restabelecer a circulação carrega-se a lama de material espesso, como a fibra de madeira ou cascas de noz, que colmatarão as zonas de perda.

    9.3.11 Diagrafia

    Registo numa sondagem, de um ou mais parâmetros de natureza diversa medidos em função da profundidade.

    As diagrafias podem ser instantâneas (estabelecidas no decorrer da sondagem) ou diferidos (estabelecidas durante uma interrupção da sondagem).

    Nota 1: Existem numerosos tipos de diagrafias: medida da polarização espontânea, diagrafias focalizadas, diagrafias de neutrões, diagrafias acústicas, etc.

    Nota 2: Efectuam-se também diagrafias em sondagens geotérmicas, bem como para avaliar camadas de carvão ou para localizar urânio.

    9.3.12 Medições de Fundo durante as Perfurações

    Medições com o objectivo de conhecer em tempo real, durante a perfuração, os seguintes parâmetros:

    • parâmetros mecânicos: peso sobre a broca rotação, binário, pressão, etc.;
    • parâmetros associados à formação geológica: temperatura, teor em hidrocarbonetos, resistividade, radioactividade, condutividade, litologia, etc.
    9.3.13 "Pesca"

    Operação pela qual se tenta extrair de um poço de sondagem os utensílios que aí se encontram partidos ou presos.

    Uma gama variada de equipamentos especiais ou utensílios de pesca é utilizável consoante se trate de cortar, escorregar, agarrar, levantar ou desintegrar a peça a recuperar à qual se dá o nome de "peixe".

    9.3.14 Ensaio de Poços de Produção

    Ensaios que permitem saber qual será a capacidade de produção de um poço e determinar o seu débito óptimo de produção. Têm lugar após a sondagem e durante a produção.

    9.3.15 Ensaio de Formação

    Ensaio que permite avaliar a capacidade de produção e a natureza dos líquidos de uma formação produtiva deixando-os subir até à superfície através da tubagem de sondagem em condições rigorosamente controladas. Têm lugar durante a sondagem, com o objectivo de testar se a exploração é ou não económica.

    9.3.16 Acabamento de um Poço

    Conjunto das operações que, após a sondagem, possibilitam a colocação dos equipamentos permanentes de produção e a sua exploração.

    9.3.17 Erupção de um Poço

    Produção descontrolada de hidrocarbonetos líquidos ou gasosos em consequência da perda de domínio de um poço no decurso de operações de sondagem, de manutenção ou de produção.

    9.3.18 Queima

    Operação que consiste em queimar num facho (“flare”) por medida de segurança, um gás combustível para o qual não existe saída ou utilização local. Este processo é utilizado em operações de produção de petróleo, para queimar o gás natural que a ele está associado e para o qual não existe utilização rentável devido à situação do jazigo e ao custo que representaria qualquer tentativa de valorização. Esta operação deve ser minimizada, pois representa um grande desperdício de energia fóssil. É, também, utilizada nas refinarias e nas operações de tratamento de gás.

    9.4 Equipamento e Acessórios
    9.4.1 Trépano ou Broca de Sondagem

    Ferramenta utilizada na desagregação mecânica das rochas com a finalidade de penetrar progressivamente no subsolo construindo um furo de secção circular.

    Nota: Na indústria do petróleo, o uso da palavra trépano reporta-se ao tempo em que a sondagem por percussão era prática geral e, desde então, tem-se tornado extensiva quando se utiliza o método de rotação. Existe uma grande variedade de trépanos de sondagem.

    9.4.2 Broca de Roletas (Tricone)

    Broca de sondagem que desagrega a rocha por acção de corte e esmagamento, constituída por 3 roletes dentados devidamente implantados em que os dentes de um trabalham nas reentrâncias dos outros.

    9.4.3 Broca de Lâmina

    Broca na qual é montado um certo número de lâminas que partem a rocha por corte e arranque. As lâminas podem ser montadas num só plano ou em andares.

    9.4.4 Broca de Jacto

    Broca de roletes ou lâminas através das quais a lama é injectada a alta velocidade através de orifícios calibrados, ajudando a partir a rocha e a limpar o fundo da sondagem.

    9.4.5 Broca de Diamantes

    Broca cuja matriz é incrustada com diamantes pequenos. É usada para estratos duros (grandes profundidades).

    9.4.6 Lama (Fluido) de Sondagem

    Mistura de argila, água e certos produtos químicos, que é injectada continuamente durante as operações de sondagem. O fluido serve para remover os detritos, lubrificar e arrefecer a broca, suster as paredes do poço e equilibrar a pressão dos fluidos contidos nas formações (prevenção de erupções), estabelecendo-se um circuito fechado (fundo/superfície).

    9.4.7 Cabeça de Poço

    Conjunto do equipamento que se monta no topo do poço, e através do qual se verifica a produção.

    Nota: Dado que a configuração do conjunto de válvulas da cabeça do poço se assemelha a uma árvore de Natal, este equipamento também é conhecido por “Árvore de Natal” (“Christmas Tree”)

    9.4.8 Plataforma de Sondagem Marinha

    Estrutura projectada para operações de sondagem no mar. As plataformas podem ser fixas, móveis ou flutuantes.

    9.4.9 Plataforma Auto-Elevadora

    Plataforma de sondagem para águas pouco profundas, compreendendo um casco em forma de barcaça. Quando em operação, apoia-se num certo número de pernas retrácteis; as pernas são recolhidas quando a plataforma é rebocada para o seu local de sondagem; as pernas são baixadas para o fundo do mar através de rodas cremalheiras logo que a plataforma é posicionada para operação.

    9.4.10 Plataforma Semi-Submersível

    Plataforma flutuante de sondagem para águas pouco profundas, compreendendo uma ponte que dispõe de equipamentos de sondagem, suportada por caixões ou flutuadores que são submersos para dar estabilidade à plataforma.

    9.4.11 Navio de Sondagem

    Navio equipado com instalações de sondagem e que pode ser utilizado em águas muito profundas.

    Nota: Os navios de sondagem têm maior mobilidade que as plataformas, sendo, contudo, menos estáveis. Mantêm-se em posição, através de sistemas de posicionamento dinâmico ou mesmo ancoragem.

    9.5 Produção
    9.5.1 Drenagem

    Fenómeno espontâneo que deriva das sondagens e se traduz pela deslocação do petróleo ou do gás natural através dos poros das formações geológicas. Resulta principalmente da pressão associada ao gás dissolvido no petróleo.

    9.5.2 Drenagem por Influxo de Água

    Drenagem que ocorre num reservatório em que o aumento de pressão causado pelo influxo de água proveniente de um aquífero subjacente à zona de petróleo compensa a perda de pressão causada pela extracção do petróleo, reduzindo o volume do reservatório oferecido aos hidrocarbonetos. O influxo de água pode provir de uma camada aquífera localizada por baixo ou na periferia da zona de petróleo.

    9.5.3 Drenagem por Expansão de Gás Dissolvido

    Drenagem que ocorre num reservatório devido à expansão do gás gradualmente libertado do petróleo saturado, à medida que a pressão baixa durante a produção. Ao atingir o poço, o gás expande, ajudando a subida do petróleo à superfície.

    9.5.4 Drenagem por Expansão de Gás Livre

    Drenagem devida à expansão de uma bolsa de gás livre na parte mais elevada do reservatório. Este mecanismo de produção é considerado mais eficiente que a drenagem por expansão de gás dissolvido.

    9.5.5 Recuperação Primária

    Produção de petróleo em consequência da drenagem natural do reservatório, devida à diferença entre as pressões no seio do reservatório e no fundo do poço de produção. O fluxo de petróleo para a superfície pode ocorrer naturalmente (poço eruptivo) ou pode ser conseguido através de bombagem (poço bombado).

    9.5.6 Taxa de Recuperação

    Relação entre as quantidades de hidrocarbonetos existentes no reservatório e as quantidades recuperadas no momento da produção. As taxas de recuperação para cada tipo de jazigo variam com as qualidades dos fluidos, as condições termodinâmicas, as qualidades petrofísicas, as variações devidas à arquitectura e às heterogeneidades do jazigo, bem como ao ritmo de produção. Actualmente consegue-se recuperar em média 30% do petróleo existente no jazigo, daí a importância das técnicas adoptadas para aumentar a taxa de recuperação.

    9.5.7 Relação Gás-Petróleo

    Relação entre os volumes de gás e de petróleo produzidos simultaneamente por um mesmo poço e medidos nas condições de referência.

    9.5.8 Recuperação Assistida

    Recuperação de hidrocarbonetos para além da que se consegue através dos métodos convencionais de recuperação primária e secundária. O desenvolvimento destes métodos permite a recuperação de uma gama de jazigos de dimensão progressivamente maior.

    Estas técnicas de recuperação compreendem:
    • Técnicas envolvendo a injecção no reservatório de solventes miscíveis, hidrocarbonetos, gasosos e dióxido de carbono;
    • Técnicas envolvendo a injecção de vapor ou a combustão parcial dos hidrocarbonetos "in situ";
    • Técnicas químicas envolvendo a melhoria do rendimento da injecção de água, através da adição de produtos químicos à água injectada, por exemplo, agentes tensioactivos ou polímeros solúveis em água.

    Nota: O termo recuperação assistida tende a substituir os termos recuperação secundária e recuperação terciária, sendo tais técnicas de recuperação frequentemente aplicadas desde o início da produção de um poço.

    9.5.9 Estimulação de Poços

    Técnicas para a obtenção de mais produção a partir de uma formação, envolvendo a criação artificial, na vizinhança dos poços, de uma zona na qual o movimento dos fluidos é facilitado, seja através do aumento da permeabilidade da formação ou da redução da viscosidade dos fluidos.

    Nota: Entre os muitos métodos de estimulação podem ser citados, como exemplo, a fracturação da rocha do reservatório na vizinhança dos poços (fracturação hidráulica, explosão subterrânea) e os tratamentos ácidos, que aumentam a permeabilidade da formação (acidificação).

    9.5.10 Injecção de Água

    Método de recuperação secundária que envolve a injecção de água no reservatório de modo a forçar a saída de petróleo adicional da rocha-reservatório.

    9.5.11 Reinjecção de Gás

    Operação que consiste em reinjectar no reservatório, para manter a pressão, gás que provém directamente do jazigo ou de instalações de campo. O gás reinjectado não é em geral contabilizado na produção.

    9.5.12 Reservatório Esgotado

    Reservatório de hidrocarbonetos líquidos ou gasosos cujas reservas exploráveis se esgotaram.

    9.5.13 Poço

    Termo geralmente aplicado ao furo executado por perfuração no subsolo, normalmente emparedado com tubagem de aço, para a produção de gás ou petróleo.

    Nota: Há muitos tipos de poços, sendo os seus nomes descritivos das suas funções, por exemplo: poço de pesquisa, poço de produção, poço de desenvolvimento, poço de avaliação.

    9.5.14 Poço Seco

    Poço não produtivo em hidrocarbonetos. Os poços secos podem conter água subterrânea.

    9.5.15 Poço Esgotado

    Poço cujas as reservas exploráveis estão esgotadas.

    9.5.16 Poço Fechado

    Poço em que a produção é temporariamente suspensa, para operações complementares, para inspecção ou por razões de segurança ou de estratégia económica.

    9.5.17 Poço Marginal

    Poço para o qual o preço de extracção dos hidrocarbonetos se situa no limite económico de exploração.

    9.5.18 Poço de Injecção

    Poço não produtivo através do qual a água ou o gás são injectados no reservatório, de acordo com um programa preestabelecido para manter ou repor a pressão no reservatório.

    9.5.19 Poço de Intervenção

    Poço desviado, dirigido para uma estrutura, com o objectivo de baixar pressão num poço adjacente que sofreu uma erupção, sendo este último então fechado com injecção de lama pesada ou cimento.

    9.5.20 Poço de Observação

    Poço usado para estudar as características de um reservatório (ou parte de um reservatório) e o seu comportamento durante a produção.

    9.5.21 Poço de Recalcamento

    Poço utilizado para evacuar a água salgada que provém do jazigo. A água é tratada antes de ser reinjectada na formação subterrânea.

    9.5.22 Manutenção (Recondicionamento) de um Poço

    Conjunto de operações que durante a exploração de um poço, se destinam a manter o seu potencial de produção.

    9.6 Processos de Refinação e de Tratamento
    9.6.1 Refinação

    Conjunto dos processos industriais destinados a transformar o petróleo bruto em produtos adaptados às necessidades dos consumidores (carburantes, combustíveis, solventes, lubrificantes, betumes, etc.) ou em matérias-primas para outras indústrias, ditas de “segunda geração” (por exemplo indústria petroquímica).

    Os processos de refinação incluem três séries de operações:

    • Processos físicos de que é exemplo o fraccionamento do petróleo bruto por destilação.
    • Processos físico-químicos de conversão destinados a aumentar o rendimento de um determinado petróleo bruto em certos produtos.
    • A refinação propriamente dita, associando operações de carácter físico e químico, destinadas purificar e rectificar os diversos produtos para os adaptar de uma forma rigorosa às normas e especificações comerciais.

    Nota: Os principais processos de refinação são: destilação (à pressão atmosférica e no vácuo), cracking catalítico, cracking por vapor, reformação, isomerização, alquilação, hidrorefinação, dessulfuração e viscoredução.

    9.6.2 Tratamentos Preliminares

    Purificação do petróleo bruto por desgasificação, desidratação, dessalinização, etc. antes do seu envio para a destilação primária.

    9.6.3 Separação

    Decomposição de misturas de hidrocarbonetos por processos físicos e químicos.

    9.6.4 Destilação

    Separação de um líquido, de um sólido ou de outro líquido por vaporização seguida de condensação. A destilação pode ser efectuada à pressão atmosférica ou no vácuo, consoante os produtos finais requeridos.

    9.6.5 Destilação Fraccionada

    Processo de destilação em que uma mistura é separada numa série de fracções com diferentes pontos de ebulição. O aquecimento realiza-se geralmente em fornos tubulares e o fraccionamento em colunas. É fundamental num esquema de fabrico de uma refinaria.

    9.6.6 Destilação Atmosférica

    Destilação do petróleo bruto efectuada à pressão atmosférica da qual resultam fracções petrolíferas (gasolina leve, gasolina pesada, petróleo, gasóleos e produtos pesados). Estas fracções, após adequado tratamento constituem os componentes dos produtos acabados.

    9.6.7 Destilação no Vácuo

    Destilação que se realiza numa coluna de fraccionamento a uma pressão inferior à pressão atmosférica. É o resíduo (fracção mais pesada) obtido por destilação atmosférica que é submetido à destilação no vácuo. A redução da pressão provoca o abaixamento do ponto de ebulição das fracções pesadas e permite separá-las dos resíduos a uma temperatura que não corre o risco de os decompor. Aplica-se, por exemplo, no início da cadeia de fabrico dos óleos base.

    9.6.8 Craqueamento

    Transformação por ruptura das moléculas de hidrocarbonetos de cadeias longas com o objectivo de se obterem moléculas de cadeias mais curtas, aumentando desta maneira a proporção dos produtos mais leves e voláteis. Origina grande quantidade de olefinas. Distinguem-se o "cracking" térmico e o "cracking" catalítico. O "cracking" térmico é realizado apenas pela acção do calor e da pressão. O "cracking" catalítico utiliza catalisadores que permitem, a igual temperatura, a transformação mais profunda e mais selectiva de fracções que podem ser mais pesadas.

    9.6.9 Craqueamento a Vapor

    Processo de "cracking" destinado a produzir hidrocarbonetos etilénicos que a petroquímica utiliza como matérias-primas, nomeadamente o etileno, o propileno, os butilenos e o butadieno. A gasolina obtida simultaneamente é considerada, neste caso, como subproduto. O "cracking" a vapor é assim designado por se efectuar na presença de vapor de água.

    9.6.10 Hidrocraqueamento

    Processo de “cracking” na presença de hidrogénio e sob a acção de catalisadores e que permite converter fracções petrolíferas de elevado ponto de ebulição e pouco valorizadas em fracções leves muito mais valorizadas. O hidrogénio permite operar a temperaturas inferiores e com maior selectividade e, portanto, com melhores rendimentos. Os produtos da reacção são compostos saturados, o que lhes confere características de estabilidade importantes.

    9.6.11 Viscorredução

    Processo que consiste num “cracking” pouco severo do resíduo ou eventualmente de gasóleos pesados provenientes da destilação de petróleos brutos parafínicos, com o objectivo de lhes reduzir a viscosidade através da destruição das moléculas mais pesadas e baixar o ponto de fluxão. Processa-se na ausência de catalisadores.

    9.6.12 Reformação Catalítica

    Transformação de uma fracção leve de petróleo bruto (por exemplo gasolina pesada), obtida por destilação primária, numa fracção mais pesada à base de hidrocarbonetos aromáticos (reformado) caracterizada por um elevado índice de octano e que constitui um dos principais componentes das gasolinas para motores. As reacções (desidrogenação dos naftenos em aromáticos, desidrociclização e “hydrocracking” das parafinas e isomerização das parafinas e naftenos), dão-se na presença de um catalisador à base de platina e no seu conjunto libertam hidrogénio. O reformado constitui, também, a principal matéria prima da petroquímica de base (produção de benzeno, tolueno e xilenos).

    9.6.13 Isomerização

    Transformação de hidrocarbonetos parafínicos de cadeia linear ou pouco ramificada em hidrocarbonetos parafínicos de cadeia muito ramificada. Esta reacção dá-se na presença de um catalisador e de hidrogénio. Tem a sua principal aplicação na obtenção de uma fracção leve e de bom índice de octano (85 a 90), muito importante na composição das actuais gasolinas para motor.

    9.6.14 Alquilação

    Processo de síntese em que por recombinação de uma olefina e de uma isoparafina, sob a acção de um catalisador se forma, a partir de hidrocarbonetos em C3 e C4, um “alquilado” (IC7 a IC9) com um índice de octano próximo de 100, o que lhe confere um grande valor como componente das gasolinas para motores.

    9.6.15 Desaromatização pelo Hidrogénio

    Processo de saturação dos hidrocarbonetos aromáticos (sobretudo os poliaromáticos) contidos num gasóleo, por acção de um catalisador e hidrogénio, de modo a reduzir o conteúdo daquele tipo de hidrocarbonetos e a melhorar o índice de cetano do gasóleo. Neste processo o conteúdo em aromáticos pode atingir valores inferiores a 10% o que permite satisfazer condições mais exigentes para os carburantes diesel. A desaromatização que se dá sob condições bastante severas de pressão e temperatura exige um pré-tratamento da carga, o que implica uma dessulfuração profunda do gasóleo, de modo a reduzir o nível de enxofre para valores suficientemente baixos, da ordem dos 50 ppm.

    9.6.16 Separação por meio de Crivo Molecular

    Separação de moléculas que têm temperaturas de ebulição semelhantes, de acordo com as suas características geométricas.

    9.6.17 Processos de Conversão

    Conjunto de vários tratamentos (catalíticos ou térmicos) cuja reacção principal se efectua sobre as ligações de carbono. A conversão poderá ser mais ou menos profunda, de acordo com as condições operatórias impostas. Estão associados ao que usualmente se designa como “branqueamento do fundo do barril”, isto é, conversão do fuelóleo em fracções mais leves (gasóleos, gasolinas e gases) e que são mais nobres do ponto de vista da sua utilização. Numa refinaria moderna estes processos têm vindo a ter uma importância crescente.

    9.6.18 Processos de Purificação

    Conjunto dos vários tratamentos em que as reacções afectam as substâncias que não são hidrocarbonetos, mas que estão contidas nas várias fracções do petróleo bruto (compostos de enxofre, oxigénio, mercaptanos, etc.). São exemplos destes processos: adoçamento (“sweetning”), lavagem cáustica e dessulfuração.

    9.6.19 Dessulfuração

    Processo de purificação que consiste em eliminar o enxofre e simultaneamente o azoto, o oxigénio e os metais presentes nos produtos semi-acabados obtidos a partir do petróleo bruto. A dessulfuração pode fazer-se por processos catalíticos ou químicos. No processo catalítico as reacções dão-se por acção do H2 na presença de um catalisador do tipo cobalto-molibdénio.

    Neste processo também ocorre a saturação de olefinas, o que confere ao produto melhores características de estabilidade.

    O processo químico é aplicado na dessulfuração de gases (C1 a C4) e consiste numa lavagem com absorção através de uma solução aquosa de aminas que extrai o ácido sulfídrico e os mercaptanos de menor número de átomos de carbono e depois é regenerada.

    9.6.20 Adoçamento

    Processo que converte os mercaptanos (forma corrosiva de enxofre) em dissulfuretos (forma não corrosiva de enxofre) por acção de um catalisador, em fase líquida ou leito fixo. Neste processo o enxofre não é retirado, mas convertido numa forma não corrosiva. Aplica-se a Gases de Petróleo Liquefeitos (GPL), gasolinas e petróleo.

    9.6.21 Lavagem Cáustica

    Processo normalmente associado ao adoçamento (“sweetning”) e que consiste numa extracção de mercaptanos por acção de uma solução de soda cáustica. Os mercaptanos mais “difíceis” e que não são extraídos são, depois, convertidos em dissulfuretos por um tratamento de “adoçamento”.

    9.6.22 Extracção de Gasolina

    Aproveitamento das fracções de gasolina, seja em fase líquida ou gasosa, contidas no gás natural.

    9.6.23 Carbonização

    Processamento térmico de um combustível sólido na ausência de ar para a produção de um combustível sólido, líquido ou gasoso.

    9.6.24 Enriquecimento

    Processo que consiste em elevar o poder calorífico de um gás, eliminando as fracções inertes ou incorporando um gás com poder calorífico mais elevado.

    9.6.25 Liquefacção do Gás Natural

    Operação destinada a liquefazer o gás natural de modo a possibilitar o seu transporte marítimo.

    9.6.26 Gaseificação

    Processo de produção de gás combustível pela reacção de um combustível sólido ou líquido com um agente de gaseificação, tal como ar, oxigénio ou vapor de água.

    9.6.27 Gaseificação sob Pressão

    Processo de produção de gás combustível pela reacção de um combustível sólido ou líquido com um agente de gaseificação (por exemplo, uma mistura de oxigénio e vapor de água), realizada a alta pressão.

    9.6.28 Regaseificação do Gás Natural Liquefeito

    Passagem do gás natural liquefeito ao estado gasoso por permuta térmica (com água quente ou pelo ar atmosférico).

    9.6.29 Odorização

    Operação que consiste em misturar aos gases inodoros produtos de odor desagradável tais como os mercaptanos para que a sua presença possa ser detectada.

    9.7 Características dos Produtos
    9.7.1 Densidade API

    Densidade expressa em graus API, definida pelo “American Petroleum Institute”, pela fórmula:

    APIº = (141,5/SG) – 131,5

    em que SG é a densidade do petróleo a 60ºF.

    É utilizada internacionalmente para referir a densidade dum petróleo bruto (ver 20.2.3.1).

    9.7.2 Temperatura Inicial de Destilação

    Temperatura registada no momento em que a primeira gota de condensado cai da extremidade do condensador durante a destilação efectuada em condições normalizadas.

    9.7.3 Temperatura Final de Destilação

    Temperatura máxima registada no decorrer do ensaio de destilação efectuada em condições normalizadas.

    9.7.4 Intervalo de Destilação

    Intervalo de temperatura que caracteriza uma mistura de hidrocarbonetos e que é definido pelas suas temperaturas inicial e final de destilação realizada em condições normalizadas.

    9.7.5 Índice de Octano

    Escala convencional utilizada para caracterizar, em valor numérico, as propriedades antidetonantes de uma gasolina para motor de combustão do ciclo Otto; o índice representa a percentagem de isoctano numa mistura de heptano normal e isoctano com o mesmo comportamento que a gasolina estudada. Está associado à existência de hidrocarbonetos aromáticos e isoparafínicos. A sua determinação é feita num motor experimental normalizado.

    Nota: As propriedades antidetonantes de cada carburante são expressas por dois números, o IOR (índice de octano "Research" que traduz a capacidade do carburante para evitar os ruídos a baixo regime), o IOM (índice de octano "Motor" que traduz a capacidade do carburante para evitar os ruídos a alto regime). Quanto mais elevados são estes números, melhores são as características antidetonantes do com-bustível.

    9.7.6 Índice de Cetano

    Escala convencional que indica a qualidade de ignição de um combustível para motores diesel. O índice representa a percentagem em volume de cetano contida numa mistura de alfametilnaftaleno e de cetano com o mesmo comportamento que o combustível para motores diesel submetidos à prova comparativa num motor experimental. Quanto mais elevado for o índice cetano mais rápida é a ignição. É tanto mais alto quanto mais alto for o teor em hidrocarbonetos parafínicos e mais baixo o de hidrocarbonetos aromáticos.

    9.7.7 Ponto de Inflamação

    Temperatura mínima à qual um produto petrolífero tem de ser aquecido para que os vapores emitidos se inflamem, em presença duma chama e sob condições normalizadas. É uma característica importante ligada à segurança no manuseamento e armazenagem do produto.

    9.7.8 Ponto de Fumo

    Altura máxima de chama que é possível alcançar, sem formação de fumo, quando se queima um petróleo ou Jet (combustível de aviação) sob condições normalizadas. Está relacionado com o conteúdo de hidrocarbonetos aromáticos, de petróleo ou do jet.

    9.7.9 Ponto de Fluxão

    É a temperatura mais baixa à qual um produto petrolífero é suficientemente fluido para se escoar em condições normalizadas.

    9.7.10 Ponto de Turvação

    Temperatura, que num processo de arrefecimento do produto sob condições normalizadas, se manifesta pelo aparecimento duma “névoa” de pequenos cristais de parafinas. O seu valor é superior ao ponto de fluxão (por exemplo, um óleo base parafínico tem um ponto de fluxão de – 12ºC e um ponto de turvação de – 10ºC).

    9.7.11 Ponto de Congelação de Combustíveis

    Temperatura à qual os cristais de hidrocarbonetos, formados após arrefecimento e consequente solidificação, desaparecem quando se provoca a subida de temperatura do combustível.

    9.7.12 Ponto de Congelação de Ceras do Petróleo

    Temperatura à qual a cera liquefeita, quando sujeita a arrefecimento em condições norma-lizadas, deixa de fluir.

    9.7.13 Viscosidade

    Propriedade de um produto caracterizada pela resistência que ele opõe ao escorregamento relativo das suas moléculas quando se encontra em movimento. É uma das principais características dos óleos lubrificantes.

    9.7.14 Índice de Viscosidade

    Índice que traduz a influência das variações de temperatura na viscosidade de um óleo de lubrificação. Um índice elevado significa que a viscosidade é pouco alterada pelas variações de temperatura. Um óleo cujo índice de viscosidade é baixo torna-se demasiado espesso a frio e demasiado fluido a quente.

    9.7.15 Temperatura Limite de Filtrabilidade (CFPP)

    Temperatura mais elevada à qual um dado volume de combustível deixa de atravessar num intervalo de tempo definido um aparelho de filtragem quando é submetido a um arrefecimento em condições normalizadas. É uma característica muito importante nos gasóleos para motores diesel relacionada com a utilização em condições de baixa temperatura.

    9.7.16 Tensão de Vapor Reid (TVR)

    Pressão absoluta atingida por uma fracção petrolífera quando contida num recipiente normalizado à temperatura de 37,8ºC (100ºF). O valor da TVR está directamente ligado à quantidade de componentes mais voláteis contidos no produto e caracteriza a sua capacidade para vaporizar. No caso de uma gasolina, a TVR está intimamente ligada à quantidade de butano que ela contém.

    9.7.17 Poder Calorífico

    Quantidade de calor libertada pela combustão completa de uma unidade de combustível. O conhecimento desta característica é bastante importante no caso do fuel industrial. Ver 1.3.3 e 1.3.4 (Poder Calorífico Inferior e Poder Calorífico Superior).

    9.7.18 Índice de Wobbe

    Relação entre o poder calorífico de um gás combustível e a raiz quadrada da sua densidade em relação ao ar.

    Nota 1: As qualificações “superior” e “inferior” encontram-se associadas ao poder calorífico considerado.

    Nota 2: O índice de Wobbe deve também ser explicitado pelas condições de pressão e de temperatura em que são considerados os produtos da combustão.

    9.7.19 Penetração

    Profundidade em décimos de milímetro a que uma agulha normalizada atinge quando penetra num betume mantido a uma temperatura especificada durante 5 segundos e sob a acção de uma massa de 100 g.

    9.7.20 Ponto de Amolecimento

    Temperatura à qual um betume colocado num anel se torna suficientemente “mole” para, por acção de uma “bola” e depois de aquecido, descer até um nível especificado quando submetido a um ensaio em aparelho normalizado. Quanto mais elevado for o ponto de amolecimento de um betume maior é a sua resistência ao calor, em termos de consistência.

    9.7.21 Ponto de Condensação do Vapor de Água

    Temperatura à qual condensa, a uma dada pressão, o vapor de água contido num gás.

    9.7.22 Ponto de Condensação dos Hidrocarbonetos

    Temperatura à qual condensam, a uma dada pressão, os vapores dos hidrocarbonetos contidos num gás.

    9.7.23 Velocidade de Combustão, Velocidade de Deflagração

    Velocidade de propagação da combustão no seio de uma mistura ar/gás ou oxigénio/gás em condições de escoamento laminar.

    9.7.24 Limites de lnflamabilidade

    Limites superior e inferior das concentrações de um gás combustível no ar ou no oxigénio, entre as quais a mistura é inflamável; tais limites podem variar com a temperatura e a pressão.

    9.8 Produtos Petrolíferos e Gasosos
    9.8.1 Produtos Petrolíferos

    Os produtos petrolíferos são os que se obtêm a partir do processamento do petróleo bruto. Uma refinaria fabrica três tipos de produtos: os produtos acabados que estão prontos a ser consumidos, os produtos semi-acabados que servirão de base a outros após alteração das suas características por incorporação de aditivos e os produtos intermédios, tais como as naftas que servem de matéria-prima para a petroquímica. As propriedades e a composição dos produtos acabados dependem de especificações comerciais e regulamentações nacionais ou internacionais.

    9.8.2 Reformado

    Principal produto da transformação, através de um processo de reformação catalítica, da gasolina pesada obtida por destilação primária depois de convenientemente tratada (redução dos teores de enxofre, azoto e olefinas). O reformado, cujo intervalo de destilação se situa entre 45ºC e 200ºC, é constituído essencialmente por hidrocarbonetos aromáticos e caracteriza-se pelo seu elevado índice de octano. Representa uma parcela importante na composição da gasolina para motor e é também a matéria-prima principal para a indústria petroquímica de base (produção de benzeno, tolueno e xilenos).

    9.8.3 Carburante

    Produto químico cuja combustão permite obter energia mecânica em motores térmicos. Inicialmente, a denominação carburante era reservada a produtos utilizados nos motores clássicos de ignição comandada, munidos de carburador e de um sistema de ignição por vela. O termo carburante aplica-se actualmente ao conjunto dos produtos que alimentam os diferentes tipos de motores (motor clássico a gasolina, motor diesel, reactor de avião).

    9.8.4 Gasolina para Motor

    Gasolina para automóveis equipados com motores que utilizam o “ciclo Otto”. Deve satisfazer a especificações precisas relativas às características físicas (massa volúmica, tensão de vapor, intervalo de destilação) e às características químicas das quais a mais importante é a resistência à auto-inflamação (ver 9.7.5 - Índice de octano).

    9.8.5 Carburante com Chumbo

    Gasolina que contém aditivos com chumbo para melhorar o seu índice de octano, isto é, as suas características anti-detonantes.

    9.8.6 Carburante sem Chumbo

    Gasolina que satisfaz às normas antipoluição. Os veículos equipados com um dispositivo catalítico devem imperativamente utilizar um carburante sem chumbo.

    9.8.7 Carburante Aditivado

    Gasolina que não contém chumbo, mas outros aditivos não poluentes (por exemplo, compostos à base de potássio) e que desempenham a função lubrificadora anteriormente desempenhada pelo chumbo.

    9.8.8 Carburantes Oxigenados e Alcoóis Carburantes

    Compostos ou conjuntos de compostos oxigenados orgânicos como, por exemplo, os éteres e alcoóis, utilizados em mistura com os carburantes de origem petrolífera.

    9.8.9 Gasolina de Aviação

    Gasolina preparada especialmente para os aviões equipados com motores de combustão e cujo índice de octano varia entre 80 e 145, conforme as características do motor. O ponto de congelação destas gasolinas atinge – 60ºC.

    9.8.10 Petróleo Iluminante

    Destilado do petróleo bruto cujo intervalo de destilação se situa entre a gasolina e o gasóleo. A sua densidade é aproximadamente de 0,80 e o seu ponto de inflamação igual ou superior a 40ºC. O petróleo de iluminação é utilizado de modo limitado para aquecimento e iluminação e também como carburante para certos tipos de motores de combustão. Uma característica importante é o “ponto de fumo”, que traduz a percentagem de aromáticos presente no produto, os quais são responsáveis pela produção de fumos na combustão.

    9.8.11 Carburantes para Reactores (Jet)

    Carburante com a mesma composição dum petróleo, caracterizando-se por um mesmo intervalo de destilação, embora as suas especificações sejam bastante mais exigentes. Destina-se à alimentação de motores de reacção, quer na aviação civil, quer na militar. Contém aditivos (inibidor de corrosão, anti-gelo, anti-estático, etc.) que lhe conferem características ligadas à segurança na sua utilização.

    9.8.12 Gasóleo, Carburante Diesel

    Mistura de hidrocarbonetos líquidos destinada à alimentação dos motores de ignição por compressão (ciclo Diesel). A sua densidade, o seu intervalo de destilação, assim como o seu comportamento a baixas temperaturas dependem muito dos países ou regiões onde são utilizados.

    9.8.13 Fuelóleo

    Mistura de hidrocarbonetos destinada à produção de calor em instalações térmicas. Há vários tipos de fuelóleo que se caracterizam por viscosidades diferentes que condicionam a sua utilização.

    9.8.14 Gasolinas Especiais e "White Spirit"

    Destilados intermédios entre a gasolina e o petróleo de iluminação. As gasolinas especiais são principalmente usadas como solventes. A sua rapidez de evaporação condiciona o seu emprego e a sua classificação depende do seu intervalo de destilação (de 30ºC a 200ºC). O "white spirit" é um solvente pesado cujo intervalo de destilação se situa entre 135ºC e 200ºC.

    9.8.15 Nafta

    Fracção petrolífera que se situa entre os gases e o petróleo e que tem um intervalo de destilação que pode ir dos 30ºC até cerca dos 100ºC (nafta leve) ou 200ºC (nafta pesada). Para além de ser uma das matérias-primas da indústria petroquímica, cujo “cracking” fornece uma grande variedade de produtos, pode ainda entrar na composição das gasolinas para motor (nafta leve) ou ser, no caso da nafta pesada, matéria-prima para a produção de reformado (ver 9.6.12 – Reformação Catalítica).

    9.8.16 Betume

    Mistura de hidrocarbonetos sólidos, semi-sólidos ou viscosos com uma estrutura coloidal. O betume pode ser obtido, quer através da destilação primária de petróleos brutos específicos, quer pela destilação no vácuo do resíduo da destilação atmosférica. Também pode ser obtido por mistura de componentes apropriados produzidos em unidades incorporadas no processo de fabrico de óleos-base. É solúvel no sulfureto de carbono, não volátil, termoplástico entre 100ºC e 200ºC, com propriedades adesivas e isolantes. O betume é sobretudo utilizado na pavimentação de estradas, embora também possa servir para fins industriais. Os betumes podem ser oxidados, de modo a conferir-lhes as características de penetração e amolecimento pretendidas.

    9.8.17 Óleos Base

    Produtos obtidos a partir de destilados, depois de submetidos a várias operações (extracção de aromáticos para lhe conferirem um bom índice de viscosidade; desparafinação para obter boas características de frio, por remoção das parafinas; tratamento pelo hidrogénio para lhe melhorarem a cor e a resistência à oxidação e ao calor).

    Os destilados são obtidos por destilação no vácuo do resíduo atmosférico obtido, por sua vez, por destilação atmosférica dum petróleo bruto apropriado.

    9.8.18 Lubrificantes

    Produtos obtidos por mistura de um ou mais óleos-base e aditivos, de acordo com formulações específicas, conforme a sua utilização. A percentagem de aditivos nos óleos lubrificantes chega a atingir 40%. Os óleos lubrificantes têm três grandes utilizações: automóveis, indústria e marinha. As massas lubrificantes, que são uma dispersão de um sabão num óleo-base, apresentam três grandes variedades, dependendo da sua composição: base lítio, cálcio e sódio.

    A distribuição relativa dos compostos parafínicos, aromáticos ou nafténicos tem grande importância nas propriedades dos óleos lubrificantes: os parafínicos possuem um melhor índice de viscosidade, os aromáticos resistem melhor à oxidação e os nafténicos têm um baixo ponto de fluxão.

    9.8.19 Parafinas e Ceras de Petróleo

    Materiais sólidos que se obtêm, durante o processo de fabrico de óleos-base, por cristalização e desparafinação dos óleos refinados (isto é, que já foram submetidos à operação de redução do seu teor em aromáticos). A designação de parafinas ou ceras está associada ao tipo de cristais obtidos durante as fases de cristalização e desparafinação – macrocristais, no caso das parafinas; microcristais, no caso das ceras. São caracterizadas pelo ponto de fusão, no caso das macrocristalinas e pelo ponto de congelação, no caso das microcristalinas.

    9.8.20 Coque de Petróleo

    Produto sólido, negro e brilhante, obtido por "cracking" dos resíduos pesados, essencialmente constituído por carbono (90% a 95%) e que queima sem deixar cinzas. É um bom combustível para a metalurgia e indústria da cerâmica. É também utilizado no fabrico de eléctrodos de carvão para dínamos, nos abrasivos da grafite e nos pigmentos para tintas.

    9.8.21 Gases Combustíveis

    Gases ou misturas de gases que são combustíveis quando misturados com o ar ou com o oxigénio, sendo utilizados principalmente para a produção de calor em fornos ou caldeiras.

    9.8.22 Famílias de Gases

    Conjunto dos gases combustíveis com características de combustão semelhantes e que, por esse facto, são intermutáveis, apresentando índices de Wobbe semelhantes. A primeira família de gases compreende o gás de cidade e o gás de coqueria (gases combustíveis ricos em monóxido de carbono e hidrogénio).

    A segunda família compreende os gases naturais e os gases associados ao petróleo bruto (gases combustíveis geralmente muito ricos em metano).

    A terceira família, compreende gases de petróleo liquefeitos (propano e butano).

    Nota: As famílias de gases podem definir-se por intervalos do índice de Wobbe (ou do poder calorífico superior ou inferior). Os limites desses intervalos estão definidos na norma europeia EN 30.

    9.8.23 Gases de Petróleo Liquefeitos (GPL)

    Hidrocarbonetos em C3 e C4 e suas misturas. São gasosos, nas condições normais de temperatura e de pressão e líquidos por elevação da pressão ou por redução da temperatura. Os mais comuns são o propano e o butano.

    9.8.24 Gás Natural Liquefeito (GNL)

    Gás natural constituído principalmente por metano e etano e que, geralmente para facilitar o seu transporte, foi liquefeito por redução da sua temperatura para valores geralmente inferiores a – 160ºC à pressão atmosférica.

    9.8.25 Gás Natural Comprimido (GNC)

    Gás natural armazenado sob pressão em botija e utilizado para alimentar os motores de automóveis.

    9.8.26 Gás de Refinaria

    Qualquer tipo de gás produzido numa refinaria por destilação, "cracking" ou outros processos. Os seus principais constituintes são o hidrogénio e hidrocarbonetos de C1 a C4.

    9.8.27 Gases de Coqueria

    Gases combustíveis produzidos durante a fabricação do coque.

    9.8.28 Gases de Gaseificação sob Pressão

    Gases combustíveis produzidos a partir de combustíveis sólidos, líquidos por gaseificação com uma mistura de oxigénio/vapor de água a alta pressão.

    9.8.29 Gás de Cidade

    Gases manufacturados e gases combustíveis da primeira família de gases (Índice de Wobbe entre 24,8 MJ/m3 e 28,3 MJ/m3 nas condições normais de pressão e temperatura).

    9.8.30 Gases de Gasogénio

    Gases combustíveis produzidos principalmente a partir de combustíveis sólidos por gaseificação realizada por meio de ar ou de ar saturado com vapor de água.

    9.8.31 Gases de Alto Forno

    Gases combustíveis produzidos em alto forno durante a produção de ferro fundido.

    9.8.32 Gás de Água

    Gás combustível produzido pela gaseificação do coque por meio de vapor de água.

    9.8.33 Gás de Síntese

    Mistura de monóxido de carbono e de hidrogénio que contém pequenas quantidades de azoto, dióxido de carbono e vestígios de diversas impurezas. É preparado por processos de síntese petroquímica e também utilizado para o fabrico do gás de cidade ou de um gás natural de substituição.

    9.8.34 Gás Natural de Substituição (GNS)

    Gás de combustão intermutável com os gases de segunda família.

    9.9 Armazenagem
    9.9.1 Parque de Armazenagem

    Instalação, compreendendo um ou mais reservatórios, destinada à armazenagem de combustíveis líquidos ou gasosos.

    9.9.2 Reservatório de Armazenagem

    Recipiente destinado a receber produtos líquidos ou gasosos. A cada classe, classificada segundo a respectiva volatilidade, correspondem tipos particulares de reservatórios que se diferenciam essencialmente pela sua pressão de serviço.

    9.9.3 Armazenagem de Hidrocarbonetos Líquidos

    A armazenagem dos hidrocarbonetos líquidos efectua-se em reservatórios cilíndricos, geralmente em aço, cuja capacidade por vezes ultrapassa 100 000 m3. Em termos funcionais podem distinguir-se três tipos de reservatórios: aqueles que se destinam à armazenagem do petróleo bruto, os que estão reservados à armazenagem dos produtos acabados e os reservatórios intermédios utilizados entre duas etapas de fabrico.

    Nota: Em função da técnica de construção, são vários os tipos de armazenagem a considerar. Assim: de tecto fixo ou de tecto flutuante, auto portantes ou “de membrana”, atmosféricos ou “de pressão”, de “parede simples” ou “de parede dupla”, esféricos, cilíndricos, verticais cilíndricos ou horizontais cilíndricos, enterrados, semi-enterrados ou à superfície. Estas classificações podem ser combinadas, consoante os casos.

    9.9.4 Reservatório com Tecto Flutuante

    O tecto móvel deste reservatório assenta directamente sobre o produto armazenado. É utilizado para armazenagem de produtos voláteis, de petróleo bruto e de gasolina, acompanhando as variações de nível com o objectivo de limitar as perdas por evaporação, bombagem e respiração.

    9.9.5 Armazenagem Subterrânea

    Formações geológicas porosas ou cavidades naturais ou artificiais, convenientemente preparadas para a armazenagem de produtos.

    9.9.6 Armazenagem em Rocha Porosa

    Formação de rocha porosa utilizada para a armazenagem de gás. Pode tratar-se de uma camada aquífera ou de um jazigo esgotado.

    9.9.7 Armazenagem em Cavidades Subterrâneas

    Armazenagem subterrânea em cavidades naturais ou artificiais cujas paredes apresentam suficiente resistência e impermeabilidade. Exemplos: cavidades salinas, cavernas naturais, galerias mineiras fora de uso.

    9.9.8 Armazenagem em Cavidades Salinas

    Armazenagem em cavidades criadas artificialmente por lavagem de camadas rochosas solúveis na água (por exemplo: sal gema).

    9.9.9 Armazenagem em Fissuras

    Armazenagem em cavidades subterrâneas adequadas para o efeito, nas quais a rocha-reservatório está muito fendida devido a esforços tectónicos.

    9.9.10 Gás Útil

    Quantidade de gás disponível no interior do espaço útil de uma armazenagem subterrânea e que pode ser utilizada para consumo. Corresponde à quantidade de gás existente no espaço útil entre a pressão reinante num dado momento ou a pressão máxima e a pressão mínima do mesmo.

    9.9.11 Volume de Gás não Recuperável

    Quantidade de gás depositado em armazenagem subterrânea que não pode recuperar-se completamente depois de ter sido injectado. Corresponde à quantidade de gás existente no espaço útil, à pressão mínima do reservatório.

    9.9.12 Reservatório de Gás

    Recipiente em que o gás é armazenado à superfície, em fase gasosa.

    9.9.13 Reservatório de Gás de Baixa Pressão

    Expressão genérica que designa os gasómetros hidráulicos e os gasómetros secos.

    9.9.14 Gasómetro Hidráulico, de Campânula

    Cilindro oco fechado no extremo superior e vedado no extremo inferior por um líquido, geralmente água, contido numa cuva (o gás é armazenado a baixa pressão dentro do cilindro acima do nível da água; esta, subindo ou descendo no cilindro, permite armazenar um volume variável de gás).

    9.9.15 Gasómetro Seco

    Reservatório côncavo fixo, de base circular ou poligonal, fechado na parte superior por um êmbolo móvel e destinado à armazenagem de gás em baixa pressão.

    9.9.16 Reservatório de Gás sob Pressão

    Reservatório, fixo ou móvel, subterrâneo ou à superfície, de volume constante, no qual o gás é armazenado sob pressão.

    9.10 Transporte e Distribuição
    9.10.1 Oleoduto

    Tubagem geralmente subterrânea, destinada ao transporte de hidrocarbonetos líquidos, dispondo frequentemente de estações de bombagem situadas ao longo do seu percurso.

    9.10.2 Tubagem Imersa

    Tubagem utilizada para transportar petróleo ou gás através do mar ou de um rio.

    9.10.3 Balsa de Colocação

    Embarcação equipada com material de soldadura e material de colocação que permite colocar a tubagem dentro de água, à medida que esta é construída.

    9.10.4 Estação de Bombagem de Oleoduto

    Instalação situada ao longo de um oleoduto, destinada a elevar a pressão de transporte, de modo a permitir que o produto atinja a estação seguinte ou o ponto de destino. O seu número varia consoante a viscosidade do produto transportado, o caudal, o traçado da tubagem (em planta e alçado), assim como o seu diâmetro e a distância a vencer.

    9.10.5 Gasoduto

    Tubagem destinada a transportar um gás combustível a alta pressão e a grande distância.

    9.10.6 Estação de Compressão

    Instalação destinada a elevar a pressão de um gás, de modo a possibilitar o seu envio até um ponto geralmente distante.

    9.10.7 Emissão de Gás

    Quantidade de gás lançada num ponto de uma rede de abastecimento.

    9.10.8 Navio-Tanque, Petroleiro

    Navio destinado ao transporte de hidrocarbonetos líquidos.

    9.10.9 Navio Transportador de Gases Liquefeitos

    Navio destinado ao transporte de gases no estado líquido.

    9.10.10 Metaneiro

    Navio destinado ao transporte de Gás Natural Liquefeito.

    9.10.11 Butaneiro

    Navio destinado ao transporte de Gases de Petróleo Liquefeitos ou de outros hidrocarbonetos liquefeitos.

    9.10.12 Terminal Petrolífero

    Instalação de carga ou descarga de produtos petrolíferos, independentemente do tipo de transporte utilizado. Os terminais podem ser de expedição ou de recepção e geralmente incluem importantes parques de armazenagem.

    9.10.13 Terminal de Gás Natural

    Instalação de expedição ou de recepção de gás natural ou de gás natural liquefeito. Os terminais de gás natural liquefeito podem situar-se na costa, no interior de um porto ou em águas profundas ao largo da costa.

    9.10.14 Terminal Oceânico

    Instalação constituída por uma bóia de carga e descarga, situada em águas profundas e que permite o acesso a petroleiros de grandes dimensões. Está ligada às instalações de armazenagem de terra por tubagens imersas.

    9.10.15 Descarga no Mar

    Operação que consiste em transferir parte ou a totalidade da carga, de um navio para outro.

    9.10.16 Trasfega

    Operação de transferência de um produto.

    9.10.17 Terminal Metaneiro

    Conjunto de instalações destinadas à transformação de um fornecimento intermitente de gás natural ou de gás natural liquefeito num fornecimento contínuo de gás para gasodutos. Os terminais de gás natural liquefeito podem situar-se na costa, no interior dum porto ou em águas profundas ao largo da costa.

    9.10.18 Vagão Cisterna

    Vagão destinado ao transporte de cargas líquidas, por via férrea.

    9.10.19 Camião Cisterna

    Veículo rodoviário destinado ao transporte de cargas líquidas.

    9.10.20 Recipiente de Transporte

    Recipiente com a forma cilíndrica ou esférica, para o transporte e distribuição de produtos petrolíferos líquidos e de gases liquefeitos.

    9.10.21 Sistema de Transporte

    Conjunto de condutas e respectivos acessórios, destinados a veicular um gás combustível e que operam em alta pressão.

    9.10.22 Sistema de Distribuição

    Conjunto de condutas e respectivos acessórios destinados a veicular um gás.

    9.10.23 Rede

    O mesmo que “sistema de transporte” (se em alta pressão) ou que “sistema de distribuição” (se em baixa pressão).

    9.10.24 Estação Reguladora da Pressão do Gás

    Instalação de funcionamento automático, que tem por finalidade reduzir a pressão do gás para um valor mais baixo e constante.

    9.10.25 Regulador de Pressão do Gás

    Aparelho que reduz automaticamente a pressão do gás para um valor mais baixo e constante.

    9.10.26 Estação de Medição

    Instalação onde se procede à contagem do gás natural que a atravessa e que pode ou não estar equipado com analisadores para determinar a sua composição.

    9.10.27 Estação, Serviço ou Posto de Abastecimento

    Posto de venda dos carburantes situado ao longo dos eixos rodoviários. Para além da venda de carburantes, pode oferecer à clientela serviços e acessórios.

    10. Energia Hidroeléctrica e Energia Hidráulica

    A utilização da energia cinética e potencial das águas pela Humanidade remonta a tempos imemoriais, já que desde sempre se instalaram variados dispositivos nas margens e nos leitos dos rios.

    Foi, porém, no século XIX que o aproveitamento dessa forma de energia se tornou mais atraente do ponto de vista económico pois, com a invenção dos grupos turbinas-geradores de energia eléctrica e a possibilidade do transporte de electricidade a grandes distâncias, se conseguiu obter um elevado rendimento económico desse aproveitamento.

    A energia hidroeléctrica é, assim, na actualidade, a mais importante forma de energia renovável; o armazenamento da água em albufeiras permite a sua utilização com adequada regularidade, podendo esse armazenamento ser melhorado com a instalação de bombagem.

    O impacte ecológico desta forma de energia é quase exclusivamente limitado à ocupação de terrenos resultantes da existência de albufeiras. As centrais a fio-de-água não originam impactes ecológicos significativos.


    10.1 Termos Gerais
    10.1.1 Energia Hidráulica

    Energia potencial e cinética das águas.

    10.1.2 Albufeira

    Grande depósito formado artificialmente fechando um vale mediante diques ou barragens e no qual se armazenam as águas de um rio com o objectivo de as utilizar na regularização de caudais, na irrigação, no abastecimento de água, na produção de energia eléctrica, etc.

    10.1.3 Central Hidroeléctrica

    Instalação na qual a energia potencial e cinética da água é transformada em energia eléctrica.

    10.1.4 Central Hidroeléctrica a Fio de Água

    Central hidroeléctrica alimentada por um curso de água, sem albufeira reguladora de volume significativo.

    Nota: Podem encontrar-se instaladas no mesmo rio ou utilizar caudais desviados do seu curso para atingir a altura de queda desejada.

    10.1.5 Central Hidroeléctrica de Albufeira

    Central hidroeléctrica cuja alimentação pode ser regulada graças a uma albufeira.

    10.1.6 Central de Regulação Diária ou Semanal

    Central a fio de água com albufeiras de pequena capacidade que permitem o seu funcionamento intermitente (ver 10.1.4).

    10.1.7 Central em Derivação

    Central hidroeléctrica a fio de água (ver 10.1.4) que utiliza caudais derivados das suas afluências, restituídos a jusante da central.

    10.1.8 Aproveitamento de Fins Múltiplos

    Aproveitamento hidráulico com diversos objectivos associados, entre os quais se contam a produção de energia eléctrica, a regularização das cheias, a protecção contra as inundações, o abastecimento de água para as populações e para a rega, a navegação fluvial, os fins recreativos, etc.

    10.1.9 Pequena Central Hidroeléctrica

    Instalação de potência reduzida para transformação das energias potencial e cinética da água em energia mecânica e eléctrica. Tal como nas grandes centrais, podem dividir-se em:

    • centrais a fio de água (ver 10.1.4)
    • centrais de regularização diária ou semanal (ver 10.1.6)
    • centrais hidroeléctricas de albufeira (ver 10.1.5)
    • centrais hidroeléctricas de acumulação por bombagem (ver 10.1.10).

    Nota 1: Geralmente a denominação de pequenas centrais hidroeléctricas aplica-se às de poucos MW: minicentrais as que atingem algumas centenas de kW e microcentrais as que têm apenas uma potência instalada de poucos kW. Estes limites variam de país para país.

    Nota 2: Para a classificação técnica e económica destas pequenas instalações deve tomar-se em consideração o seguinte:

    • 2.1 A disponibilidade da água é irregular ao longo do dia ou da estação do ano; trata-se de energia não permanente e não de energia adaptada às necessidades do consumo, o que tem uma importância primordial na determinação do valor da energia assim obtida.
    • 2.2 Os custos específicos de exploração aumentam consideravelmente à medida que a potência das instalações diminui.
    • 2.3 Para que as pequenas centrais sejam rentáveis torna-se necessária uma grande automatização e um cuidado especial com a sua manutenção. O grau de automatização é um importante critério de decisão relativamente à rentabilidade final do aproveitamento.
    10.1.10 Aproveitamento Hidroeléctrico de Acumulação por Bombagem; Instalação para Bombagem e Turbinagem

    Central hidroeléctrica que possui duas albufeiras, uma a montante e outra a jusante, bem como as respectivas instalações de bombagem e de turbinagem, que permitem devolver à albufeira de montante a água armazenada na albufeira de jusante, após a sua utilização na produção de energia.

    Nota 1: Uma central hidroeléctrica de albufeira (ver 10.1.5) pode estar também equipada com instalações de bombagem.

    Nota 2: A água bombada não deve ser considerada como energia primária para evitar a dupla contabilização.

    10.1.11 Central Maremotriz

    Central hidroeléctrica que utiliza o desnível entre o mar e uma bacia do qual está separado, criado pelo efeito das marés (ver 17.2).

    10.1.12 Zona de Ocupação

    Superfície de terreno necessária à construção e exploração de uma central, incluindo todas as instalações auxiliares (parque de transformação, estradas, caminhos de ferro, etc.).

    Nota: Para as centrais hidroeléctricas trata se do conjunto do circuito hidráulico desde a albufeira até à restituição.

    10.1.13 Derivação

    Instalação para conduzir água de uma bacia para outra.

    10.1.14 Cavitação

    Implosão de bolhas de vapor de água, geralmente de dimensões muito reduzidas e contidas na veia líquida. Estas bolhas formam-se quando a pressão local se torna inferior à do vapor saturado e passam do estado gasoso ao líquido sempre que a pressão torna a ultrapassar a pressão do vapor saturado.

    Nota: A cavitação pode provocar estragos importantes no material, o que obriga a reparações como o enchimento com soldadura, razão pela qual, na altura da construção da turbina, se devem tomar precauções a fim de a reduzir a um valor aceitável.

    10.2 Termos Relativos a Localização e Desníveis
    10.2.1 Bacia Hidrográfica

    Superfície do terreno, medida em projecção horizontal, da qual provém efectivamente a água de um curso de água até ao ponto considerado.

    10.2.2 Bacia Efectiva

    Bacia modificada na sua dimensão por derivações procedentes de outras bacias.

    10.2.3 Localização da Barragem

    Lugar de implantação da obra.

    10.2.4 Extremidade da Albufeira

    Limite de montante da albufeira.

    10.2.5 Comprimento da Albufeira

    Distância medida ao longo do eixo do curso de água entre o local da barragem e a extremidade da albufeira.

    10.2.6 Curva de Regolfo

    Curva que representa o nível da superfície da água na albufeira, desde a barragem até à sua extremidade.

    10.2.7 Água a Montante

    Água que se encontra a montante da barragem.

    10.2.8 Água a Jusante

    Água que se encontra a jusante da barragem.

    10.2.9 Tomada de Água

    Estrutura destinada a captar a água da albufeira.

    10.2.10 Ponto de Restituição

    Ponto no qual a água depois de turbinada é restituída ao curso de água.

    10.2.11 Troço Derivado

    Troço de um leito a jusante da tomada de água no qual o caudal fica sensivelmente diminuído devido à sua utilização para a produção de energia.

    10.2.12 Zona de Erosão, Zona de Subescavações

    Zona a jusante da barragem afectada por subescavações ou erosão.

    10.2.13 Escalão, Troço Ocupado

    Zona do curso de água entre a extremidade de montante da albufeira e o ponto de restituição.

    10.2.14 Nível de Água a Montante

    Nível do plano de água a montante, indicando o ponto onde se mede.

    10.2.15 Nível de Água a Jusante

    Nível do plano de água a jusante, indicando o ponto onde se mede.

    10.2.16 Nível Máximo de Exploração

    É o nível mais alto permitido normalmente numa albufeira (sem ter em conta as sobreelevações devidas a cheias). Corresponde ao nível de pleno armazenamento da albufeira.

    Nota: O nível máximo da albufeira corresponde ao maior nível admissível em caso de cheias.

    10.2.17 Nível Mínimo de Exploração

    É o nível mínimo admitido para a exploração de uma albufeira, medido num local determinado.

    Nota: Abaixo do nível mínimo de exploração pode fazer se o esvaziamento da albufeira até ao nível da descarga de fundo.

    10.2.18 Folga

    Distância vertical entre o coroamento da barragem e a cota máxima que atinge a água na albufeira.

    10.2.19 Confrontação

    Comprovação oficial das cotas de todas as partes essenciais de um aproveitamento hidroeléctrico, especialmente das da albufeira.

    10.2.20 Queda Bruta

    Diferença entre o nível do plano de água na extremidade da albufeira e o nível do plano de água na secção transversal da corrente em que tem lugar a restituição.

    10.2.21 Queda Útil

    Altura de queda efectivamente utilizada pelas turbinas, isto é, a diferença entre o nível correspondente à altura manométrica à entrada das turbinas, tendo em conta o equivalente, em altura de água, da velocidade da água nesse ponto e:

    quando se trata de turbinas de reacção, o nível de restituição acrescido do equivalente, em altura de água, da velocidade da água nesse ponto;

    quando se trata de turbinas de injecção, o nível médio dos injectores.

    10.2.22 Altura Geodésica (Instalação de Bombagem)

    Diferença de níveis entre a albufeira superior e a albufeira inferior.

    10.2.23 Altura Manométrica de uma Bomba

    Altura geodésica acrescida da altura equivalente às perdas de carga.

    10.2.24 Altura Média de Esvaziamento

    Diferença de nível entre os centros de gravidade dos volumes úteis das albufeiras superior e inferior.

    10.2.25 Perda de Carga

    Redução da energia útil provocada pelo atrito inerente ao escoamento da água num circuito hidráulico.

    10.3 Armazenamento
    10.3.1 Armazenamento Diário

    Armazenamento para o qual a albufeira tem um ciclo diário de enchimento e esvaziamento.

    10.3.2 Armazenamento Semanal

    Armazenamento para o qual a albufeira tem um ciclo de enchimento e esvaziamento semanal.

    10.3.3 Armazenamento Sazonal

    Armazenamento em que a albufeira tem um ciclo de enchimento e esvaziamento sazonal.

    10.3.4 Armazenamento Anual

    Armazenamento em que a albufeira tem um ciclo de enchimento e esvaziamento anual.

    10.3.5 Armazenamento Interanual

    Armazenamento em que a albufeira permite uma compensação das variações de hidraulicidade em ciclos de mais de um ano de duração.

    10.3.6 Capacidade Útil

    Volume de água disponível numa albufeira entre o nível de pleno armazenamento e o nível mínimo de exploração normal.

    10.3.7 Zona Inundável

    Zona de uma albufeira compreendida entre o mais alto nível admitido pela sua exploração normal e o nível de água máximo possível (nível de máxima cheia).

    10.3.8 Armazenamento Inactivo (Volume Morto)

    Volume retido na albufeira abaixo do nível mínimo de exploração.

    10.4 Termos Relativos ao Tempo
    10.4.1 Ano Hidrológico

    Período de um ano (doze meses) baseado em critérios de hidraulicidade.

    10.4.2 Ano Médio

    Ano (fictício) cujas características hidráulicas correspondem à média de uma série coerente do maior número de anos possível. A série em que se baseia o ano médio ou normal deve ser especificada em cada caso.

    10.4.3 Ano Húmido

    Ano baseado em critérios estatísticos, em que o curso de água tem afluências superiores à média.

    10.4.4 Ano Seco

    Ano baseado em critérios estatísticos, em que o curso de água tem afluências inferiores à média.

    10.4.5 Tempo de Esvaziamento de uma Albufeira

    Tempo mínimo necessário para esvaziar a albufeira desde o nível de pleno armazenamento, na ausência de quaisquer afluxos naturais.

    10.4.6 Tempo de Enchimento de uma Albufeira

    Tempo necessário para encher a albufeira desde o nível mínimo de exploração até ao nível de pleno armazenamento supondo a afluência a caudal constante e de valor igual ao caudal médio característico corrigido.

    10.4.7 Tempo de Enchimento de uma Albufeira de Acumulação por Bombagem

    Tempo necessário para encher a albufeira superior de um aproveitamento hidroeléctrico de bombagem de acumulação, desde o nível mínimo de exploração ao nível de pleno armazenamento, com a instalação de bombagem a trabalhar a plena carga.

    10.4.8 Tempo de Propagação

    Tempo que demoram a manifestar-se, entre duas secções do curso de água, situações ou caudais devidos a um determinado acontecimento.

    Nota: Pode referir-se o tempo de propagação, por exemplo, pela passagem de uma onda de cheia ou das flutuações não estacionárias causadas por uma onda de transição proveniente de uma central a montante até à sua chegada à central a jusante.

    10.4.9 Tempo de Exploração

    Número de dias, num ano médio, durante os quais o caudal é superior ao caudal de exploração.

    10.4.10 Tempo de Esvaziamento de Urgência

    Tempo necessário para esvaziar uma albufeira recorrendo a todos os meios disponíveis, incluindo as turbinas.

    10.5 Caudais
    10.5.1 Caudal

    Volume de água escoado através de uma secção, na unidade de tempo.

    10.5.2 Débito Natural

    O débito natural de um curso de água, num dado instante e numa secção transversal determinada do seu percurso, é o débito que ele teria nesse instante, na ausência de qualquer instalação hidroeléctrica ou outra que lhe modifique, directa ou indirectamente, a sua bacia hidrográfica ou o respectivo regime de escoamento.

    10.5.3 Caudal Utilizável

    Parte do caudal total que, após as deduções de água obrigatórias previstas no caderno de encargos e das perdas inevitáveis, fica disponível para as finalidades do aproveitamento.

    10.5.4 Caudal Corrigido

    Caudal (ver 10.5.1) fictício de uma corrente de água que se produziria num determinado momento e numa determinada secção se nas albufeiras de uma bacia efectiva (ver 10.2.2) não se produzisse uma variação de volume.

    10.5.5 Caudal Nominal (Turbina)

    Caudal para o qual a turbina é dimensionada.

    10.5.6 Caudal Máximo Turbinável

    Caudal máximo que a turbina pode turbinar em funcionamento contínuo.

    10.5.7 Caudal Nominal (Bombas)

    Caudal para o qual a bomba é dimensionada.

    10.5.8 Caudal Sobrante

    Caudal (ver 10.5.1) que, numa corrente de água, se escoa numa determinada secção do leito situada a jusante de um ponto de uma tomada de água e a montante de um ponto de restituição subsequente.

    10.5.9 Caudal Ecológico

    Caudal que, numa tomada ou derivação de água, deve deixar-se escoar obrigatoriamente pelo leito primitivo sem ter em conta perdas ou afluxos posteriores.

    Nota: Os caudais sobrantes e o ecológico formam o mínimo prescrito, pela administração, no leito primitivo que se inicia a jusante de uma derivação ou de uma tomada de água.

    10.5.10 Afluências

    Volumes de água que passam numa dada secção durante um período de tempo determinado.

    10.5.11 Hidraulicidade

    Relação entre as afluências no período observado e as afluências correspondentes a um mesmo período no ano médio.

    10.5.12 Caudal de Exploração

    Caudal efectivamente utilizado pelas finalidades do aproveitamento, correspondente ao volume de água escoado, na unidade de tempo, através da secção transversal do respectivo equipamento hidráulico (turbina ou bomba).

    10.6 Termos Relativos à Energia
    10.6.1 Potencial Teórico Hidráulico Bruto

    Quantidade máxima de energia eléctrica que pode obter se numa região determinada ou numa bacia hidrográfica durante um ano médio, tendo em conta os desníveis correspondentes referidos a um dado ponto dessa região ou bacia.

    10.6.2 Potencial Tecnicamente Explorável

    Quantidade máxima de energia eléctrica que pode ser produzida ao longo de um ano médio (ver 10.4.2) proveniente de um ou vários cursos de água em condições tecnicamente realizáveis.

    10.6.3 Potencial Economicamente Explorável

    Energia hidráulica que pode aproveitar se em condições económicas.

    10.6.4 Potencial Efectivamente Utilizado (num ano determinado)

    Energia produzida num país ou região pelo parque hidroeléctrico durante um período de tempo (geralmente um ano) excluindo a energia produzida com água de bombagem.

    10.6.5 Energia Produtível de um Aproveitamento Hidroeléctrico

    Quantidade máxima de energia que pode produzir-se num aproveitamento durante um determinado período de tempo.

    10.6.6 Capacidade em Energia Eléctrica de uma Albufeira

    Quantidade de energia eléctrica que poderia ser produzida na sua própria central e em toda a cascata a jusante pelo completo esvaziamento da sua “capacidade útil" sem contar com outras afluências possíveis.

    10.6.7 Coeficiente de Utilização

    O coeficiente de utilização de uma região, num determinado intervalo de tempo, é o quociente da sua produtibilidade pela sua produtibilidade média, ambas relativas a esse período e a um mesmo equipamento hidráulico da região.

    10.6.8 Capacidade em Energia de um Aproveitamento de Acumulação por Bombagem na Fase de Turbinagem

    Energia eléctrica que pode ser produzida partindo da albufeira superior inicialmente cheia.

    10.6.9 Energia Absorvida pela Bombagem numa Central de Acumulação durante o Funcionamento das Bombas

    Energia eléctrica consumida pelos grupos para a elevação da água para a albufeira com vista à produção de energia, incluída a energia gasta nos serviços auxiliares e as perdas.

    10.6.10 Rendimento do Ciclo de Bombagem de uma Central de Acumulação por Bombagem

    Relação entre a energia eléctrica produzida a partir da bombagem e a energia eléctrica consumida na bombagem para repor o mesmo volume de água turbinada na albufeira superior, durante um único ciclo.

    10.7 Termos Técnicos
    10.7.1 Barragem

    Estrutura destinada a criar a acumulação de água, armazenando-a.

    10.7.1.1 Barragem com Evacuador de Cheias de Lâmina Livre

    Barragem cujo descarregador não tem comportas.

    10.7.1.2 Barragem Móvel

    Barragem constituída por dispositivos de fecho móveis que permitem manter o nível de retenção e deixar passar livremente a água através da abertura adequada das partes móveis.

    10.7.2 Indicador de Nível (Limnígrafo)

    Dispositivo para medir o nível da água (medida e regulação automática de nível a distância, comando regular e seu registo).

    10.7.3 Evacuador de Cheias

    Estrutura com múltiplas funções nas barragens, centrais ou canais artificiais, que serve para impedir o aumento do nível da água para além de uma altura preestabelecida.

    10.7.3.1 Descarregador

    Estrutura natural ou artificial destinada a evacuar o caudal excedente.

    10.7.3.2 Descarga de Fundo

    Nas albufeiras: Dispositivo que serve para esvaziamento total da capacidade de retenção, que se encontra na maioria dos casos num lugar profundo da albufeira.

    Nos açudes: Dispositivo de abertura do açude a um nível profundo que serve para esvaziar a albufeira. Pode servir também para a descarga de cheias.

    10.7.4 Desarenador (Bacia de Decantação)

    Obra situada próximo das instalações hidráulicas para retirar da água de exploração a areia transportada pelas águas naturais, com o objectivo de evitar danos nas obras hidráulicas e nas máquinas motrizes.

    10.7.5 Obras de Adução

    Obras realizadas para a condução da água desde a tomada de água até às turbinas, consoante as condições locais, constituídas ou por um canal aberto ou fechado, ou por galerias ou canalizações (conduta forçada).

    10.7.6 Chaminé de Equilíbrio

    Instalação destinada a amortecer as oscilações transitórias da pressão no circuito hidráulico.

    10.7.7 Válvula de Admissão (Órgão de Segurança)

    Dispositivo manual ou telecomandado para abrir ou fechar a admissão de água (válvula esférica, cilíndrica, de clapeta, plana, etc.).

    10.7.8 Válvula de Segurança

    Dispositivo instalado no local onde se situa a comporta de exploração permanente, para funcionar em caso de avaria desta última.

    10.7.9 Canal de Restituição (de Descarga ou de Saída)

    Canal que restitui a água utilizada ao leito natural do curso de água.

    11. Energia Nuclear

    Desde o início do seu desenvolvimento para aplicações pacíficas, no princípio da década de 50, a energia nuclear transformou-se numa importante fonte de energia eléctrica que representou, em 1998, cerca de 16% da produção mundial de electricidade.

    Contudo, os programas nucleares foram reduzidos ou suspensos em muitos países devido às preocupações do público referentes ao risco nuclear, assim como às incertezas relativas aos custos de construção das centrais, às técnicas e custos do seu desmantelamento, e ao armazenamento final dos resíduos. A evolução verificada nos projectos dos reactores, com melhoria da normalização, dos tempos de construção e da segurança, poderão contribuir para minorar as preocupações quanto a segurança e ao risco económico da energia nuclear e conduzir ao seu reaparecimento como uma opção maior na produção de energia. Tal facto seria da maior importância, pois a energia nuclear constitui uma opção capaz de contribuir, em larga escala, para a resolução do problema do abastecimento de energia, assim como para a estabilização e redução das emissões de poluentes resultantes da produção de electricidade a partir de combustíveis fósseis.

    Esta secção contém termos que se crê serem úteis à maioria dos utilizadores. A inclusão de todos os conceitos usados pelos especialistas nucleares ultrapassaria largamente os objectivos deste dicionário, já que a ciência e a tecnologia nucleares cobrem vastos campos especializados, dando lugar a uma terminologia muito extensa e especializada.

    11.1 Noções Fundamentais
    11.1.1 Energia Nuclear

    Energia libertada em consequência de transformações de núcleos atómicos. As transformações nucleares podem ser espontâneas, como nas desintegrações nucleares, ou provocadas, como nas reacções nucleares (cisão nuclear ou fusão nuclear, por exemplo).

    11.1.2 Central Nuclear

    Central eléctrica que utiliza um ou mais reactores para produzir energia eléctrica ou térmica.

    11.1.3 Reactor Nuclear

    Dispositivo em que se pode manter e controlar uma reacção de cisão nuclear em cadeia (reactor de cisão).

    Nota: Aplica-se algumas vezes este termo para designar um dispositivo em que se pode produzir e controlar uma reacção de fusão nuclear (reactor de fusão).

    11.1.4 Reactor de Potência

    Reactor cujo fim primordial é produzir energia. São reactores deste tipo os de produção de electricidade, produção de calor e propulsão.

    11.1.5 Reactor a Neutrões Térmicos

    Reactor em que as cisões nucleares são provocadas predominantemente por neutrões térmicos.

    11.1.6 Reactor Homogéneo

    Reactor em que os materiais do respectivo núcleo estão distribuídos de tal modo que as características neutrónicas podem ser convenientemente descritas com uma hipótese de distribuição homogénea destes materiais no núcleo do reactor.

    11.1.7 Reactor Heterogéneo

    Reactor em que os materiais do respectivo núcleo não se encontram misturados intimamente, de tal forma que as características neutrónicas são influenciadas pela estrutura da mistura.

    11.1.8 Reactor a Neutrões Rápidos

    Reactor em que as cisões nucleares são provocadas predominantemente por neutrões rápidos.

    11.1.9 Reactor Regenerador

    Reactor que, a partir dum material fértil, produz um material cindível idêntico ao que consome.

    11.1.10 Reactor Conversor

    Reactor que, a partir dum material fértil, produz um material cindível diferente do que consome.

    11.1.11 Cindível

    Nuclídeo susceptível de sofrer cisão nuclear por interacção com neutrões, ou material contendo um ou mais destes nuclídeos.

    Nos documentos internacionais, consideram-se como cindíveis os materiais seguintes: urânio enriquecido nos isótopos U-235 ou U-233, plutónio-239, urânio-233 e qualquer material que contenha um ou mais destes nuclídeos.

    11.1.12 Fértil

    Nuclídeo susceptível de ser transformado directa ou indirectamente num nuclídeo cindível por captura de neutrões, ou material contendo um ou mais destes nuclídeos. O tório-232 e o urânio-238 são nuclídeos férteis.

    11.1.13 Radioactividade

    Propriedade que certos nuclídeos possuem de emitirem espontaneamente partículas ou radiação gama a partir do seu núcleo, de se cindirem espontaneamente ou de emitirem radiação X depois da captura de um electrão orbital.

    11.1.14 Nuclídeo

    Espécie atómica caracterizada pelo número atómico (número de protões), pelo número de massa (número de protões e de neutrões) e pelo conteúdo energético do respectivo núcleo.

    11.1.15 Neutrão

    Partícula elementar electricamente neutra constituinte dos núcleos atómicos.

    11.1.16 Protão

    Partícula elementar constituinte dos núcleos atómicos que tem uma carga eléctrica elementar positiva.

    11.1.17 Carga Eléctrica Elementar

    Carga eléctrica mínima existente na natureza.

    11.1.18 Cisão Nuclear

    Divisão dum núcleo atómico geralmente em duas (ou raramente mais) partes, cujas massas são da mesma ordem de grandeza, normalmente acompanhada da emissão de radiação gama e da libertação de energia.

    11.1.19 Elemento (ou Elemento Químico)

    Substância química constituída por átomos com o mesmo número atómico.

    11.1.20 Átomo

    Menor porção de um elemento susceptível de entrar em combinações químicas, constituída por um núcleo rodeado de electrões distribuídos por uma ou mais órbitas ou camadas.

    11.1.21 Núcleo Atómico

    Parte central do átomo - constituída por protões e neutrões - com carga eléctrica positiva, que contém praticamente toda a massa do átomo e ocupa uma fracção muito pequena do seu volume.

    11.1.22 Número Atómico

    Número de protões de um núcleo atómico.

    11.1.23 Número de Massa

    Número de protões e de neutrões de um núcleo atómico.

    11.1.24 Energia de Cisão

    Energia libertada pela cisão de um núcleo atómico.

    Unidade SI: J.

    11.1.25 Neutrões Térmicos

    Neutrões em equilíbrio térmico com o meio em que se encontram.

    11.1.26 Neutrões Rápidos

    Neutrões com energia cinética superior a um certo valor especificado. Na física dos reactores nucleares, este valor é normalmente fixado em 0,1 MeV.

    11.1.27 Neutrões de Cisão

    Neutrões produzidos, imediatamente ou com atraso, em consequência da cisão nuclear.

    11.1.28 Neutrões Instantâneos

    Neutrões que acompanham o processo de cisão nuclear sem atraso mensurável.

    11.1.29 Neutrões Retardados

    Neutrões que não são libertados imediatamente no processo de cisão nuclear mas com um certo atraso, no decurso da desintegração radioactiva de produtos de cisão.

    11.1.30 Criticidade

    Estado de aquilo que é crítico.

    11.1.31 Crítico

    Um meio, onde se desenvolve uma reacção de cisão nuclear em cadeia, diz-se crítico quando o seu factor de multiplicação efectivo é igual à unidade.

    Nota: Um reactor nuclear é crítico quando a taxa de produção de neutrões, excluindo as fontes de neutrões cujas intensidades são independentes da taxa de cisão, é exactamente igual à taxa de desaparecimento dos neutrões.

    11.1.32 Supercrítico

    Um meio diz-se supercrítico quando o seu factor de multiplicação efectivo é maior do que a unidade.

    11.1.33 Subcrítico

    Um meio diz-se subcrítico quando o seu factor de multiplicação efectivo é menor do que a unidade.

    11.1.34 Massa Crítica

    Massa mínima de material cindível que pode ser tornada crítica, para uma disposição geométrica e uma composição material determinadas.

    Unidade SI: kg.

    11.1.35 Reacção Nuclear em Cadeia

    Sucessão de reacções nucleares nas quais um dos reagentes é, ele próprio, produto da reacção.

    11.1.36 Reacção Nuclear

    Processo de que resulta a modificação da estrutura ou do estado energético de um núcleo atómico.

    11.1.37 Secção Eficaz

    Modo de expressão particular da probabilidade de uma interacção de um determinado tipo entre uma radiação incidente e uma partícula ou um sistema de partículas constituindo um alvo. Para um processo determinado, é o quociente entre o número de interacções produzidas por unidade de tempo e a densidade de fluxo da radiação incidente.

    Unidades SI: m2.

    Outra unidade: barn (b), 1 b = 10-28 m2.

    11.1.38 Densidade de Fluxo (de Partículas)

    Número de partículas que penetram, por unidade de tempo, através da superfície de uma esfera centrada num dado ponto do espaço, dividido pela área do círculo máximo da esfera. É possível exprimi-la igualmente como o produto do número de partículas por unidade de volume pela média do módulo da sua velocidade.

    11.1.39 Regeneração

    Transformação nuclear de uma substância fértil numa substância cindível idêntica à que é consumida numa reacção de cisão nuclear em cadeia (por exemplo transformação de urânio-238 em plutónio-239 num reactor nuclear cujo combustível é à base de plutónio).

    11.1.40 Conversão

    Transformação nuclear de uma substância fértil numa substância cindível diferente da que é consumida numa reacção de cisão nuclear em cadeia (por exemplo, transformação de urânio-238 em plutónio-239 num reactor nuclear cujo combustível é à base de urânio).

    11.1.41 Factor de Conversão

    Razão entre o número de núcleos cindíveis produzidos a partir de um material fértil, num dado intervalo de tempo, e o número de núcleos cindíveis de natureza diferente destruídos, durante o mesmo intervalo de tempo.

    11.1.42 Factor de Regeneração

    Razão entre o número de núcleos cindíveis produzidos a partir de um material fértil, num dado intervalo de tempo, e o número de núcleos cindíveis da mesma natureza destruídos, durante o mesmo intervalo de tempo.

    11.1.43 Moderação

    Processo pelo qual a energia cinética dos neutrões é reduzida por colisões de dispersão.

    11.1.44 Dispersão

    Mudança de direcção de um fotão ou de uma partícula em movimento, em consequência da sua interacção com outra partícula.

    11.1.45 Fotão

    Quantum de radiação electromagnética.

    11.1.46 Quantum

    Quantidade unitária de energia postulada pela teoria quântica.

    11.1.47 Fusão Nuclear (Reacção de)

    Reacção nuclear entre dois núcleos leves de que resultam a produção de, pelo menos, uma espécie nuclear mais pesada e a libertação de energia.

    11.1.48 Factor de Multiplicação

    Razão entre o número total de neutrões produzidos num reactor, durante um dado intervalo de tempo, e o número total de neutrões perdidos, por absorção e fuga, durante o mesmo intervalo.

    Nota: No caso teórico em que o núcleo do reactor tem dimensões muito grandes (infinitas), este parâmetro designa-se por "factor de multiplicação infinito"; no caso real (núcleo do reactor com dimensões finitas), designa-se por "factor de multiplicação efectivo".

    11.1.49 Tempo de Duplicação

    1. No que se refere ao inventário de combustível nuclear de um ciclo completo do combustível de um reactor nuclear conversor ou regenerador (ou de um grupo destes reactores), é o tempo necessário para que o número de nuclídeos cindíveis seja duplicado, por conversão ou regeneração

    2. No que se refere à carga de combustível nuclear de um reactor conversor ou regenerador, é o tempo necessário para que o número inicial de nuclídeos cindíveis seja duplicado, por conversão ou regeneração.

    11.1.50 Reactividade

    A reactividade de um reactor nuclear designa o desvio que o separa da criticidade. Define-se pela expressão:

    ρ= (k-1)/k

    em que:

    ρ= reactividade

    k = factor de multiplicação efectivo.

    11.1.51 Salvaguarda

    Sistema internacional de verificação tendo em vista assegurar que um material cindível ou quaisquer outros materiais, serviços, equipamentos, dispositivos e informações não sejam desviados para a produção de armas nucleares ou de qualquer outro dispositivo nuclear explosivo. Este sistema aplica-se no quadro internacional de uma política de não proliferação de armas nucleares, sob a égide da Agência Internacional de Energia Atómica.

    11.1.52 Protecção Física

    Medidas de protecção de materiais ou dispositivos nucleares com o objectivo de evitar sabotagens ou desvios não autorizados. A protecção física pode ainda ser considerada como uma das medidas destinadas a reduzir o risco de proliferação de armas nucleares, podendo ser conjugada com outras medidas de salvaguarda, tais como o confinamento ou a vigilância.

    11.2 Reactores de Potência, Componentes Principais e Instalações Auxiliares

    A classificação dos diferentes tipos de reactores pode efectuar-se de acordo com a natureza do fluido de arrefecimento ou segundo o componente que incorpora os elementos de combustível. Apenas se citam os principais tipos de reactores.

    11.2.1 Reactor com Cuba sob Pressão

    Reactor no qual os elementos de combustível e o fluido de arrefecimento estão contidos numa cuba que suporta a pressão do fluido de arrefecimento.

    11.2.2 Reactor a Água Natural (LWR)

    Reactor em que se utiliza água ou uma mistura de água e vapor como fluido de arrefecimento e moderador.

    11.2.3 Reactor a Água Pressurizada (PWR)

    Reactor no qual a água que serve de fluido de arrefecimento e moderador é mantida a uma pressão suficiente para evitar a sua ebulição. Este tipo de reactor necessita de urânio enriquecido.

    11.2.4 Reactor a Água Ebuliente (BWR)

    Reactor no qual a água usada como fluido de arrefecimento e moderador pode estar em ebulição. O vapor produzido directamente na cuba do reactor pode ser conduzido à turbina, embora seja ligeiramente radioactivo. Este tipo de reactor necessita de urânio enriquecido.

    11.2.5 Reactor com Tubos sob Pressão

    Reactor cujos elementos de combustível e fluido de arrefecimento estão contidos em tubos que resistem à pressão daquele fluido.

    11.2.6 Reactor a Água Pesada (HWR)

    Reactor que utiliza água pesada como moderador.

    11.2.7 Reactor Arrefecido a Gás (GCR)

    Reactor no qual o fluido de arrefecimento é um gás.

    11.2.8 Reactor de Alta Temperatura (HTR, HTGR)

    Reactor que utiliza gases nobres como refrigerante e materiais cerâmicos no núcleo e que funciona num regime tal que o fluido de arrefecimento se encontra a temperaturas elevadas.

    11.2.9 Reactor Arrefecido a Sódio

    Reactor que utiliza sódio líquido como fluido de arrefecimento.

    11.2.10 Cuba de Pressão do Reactor, Cuba do Reactor

    Recipiente que contém o núcleo do reactor e o fluido de arrefecimento.

    11.2.11 Núcleo do Reactor

    Região do reactor que contém o material cindível e na qual pode produzir-se uma reacção de cisão nuclear em cadeia.

    11.2.12 Reflector

    1. Parte do reactor adjacente ao núcleo ou a outro meio susceptível de produzir uma reacção de cisão nuclear em cadeia, a qual se destina a devolver neutrões que tendem a escapar-se.

    2. Material ou objecto que reflecte radiação incidente de neutrões.

    11.2.13 Água Pesada (Óxido de Deutério, D2O)

    Água na qual os átomos de hidrogénio existem sob a forma do isótopo de hidrogénio chamado deutério, o qual está presente na água natural numa proporção de cerca de 1 para 6000. No estado puro a água pesada é utilizada como moderador em certos tipos de reactores nucleares.

    11.2.14 Elemento de Combustível

    O menor elemento, com estrutura própria, num reactor nuclear, que contém combustível nuclear destinado a ser queimado num reactor. O elemento de combustível apresenta-se principalmente sob a forma de varas, placas ou esferas.

    11.2.15 Bainha

    Cobertura colocada directamente sobre o combustível nuclear, a fim de garantir a sua protecção contra um meio quimicamente activo, reter os produtos radioactivos formados durante a irradiação do combustível ou proporcionar um elemento de estrutura.

    11.2.16 Conjunto Combustível

    Grupo de elementos de combustível que permanecem solidários durante a carga e descarga do núcleo de um reactor nuclear.

    11.2.17 Sistema de Arrefecimento de Emergência

    Sistema que, em caso de falha no sistema de arrefecimento normal do reactor (por exemplo, perda do fluido primário de arrefecimento), assegura a remoção do calor residual do núcleo do reactor.

    11.2.18 Piscina de Desactivação

    Grande reservatório ou célula, geralmente cheio de água (ou de sódio), no qual se deposita o combustível nuclear irradiado, até que a sua radioactividade diminua atingindo um nível desejado.

    11.2.19 Sistema de Aspersão do Contentor

    Sistema destinado a reduzir o conteúdo em produtos de cisão no contentor de segurança, em caso de perdas importantes do fluido de refrigeração, contribuindo assim para baixar a pressão e a temperatura no contentor.

    11.2.20 Inundação do Núcleo

    Sistema de arrefecimento de emergência que, em caso de avaria do sistema de arrefecimento normal do reactor (por exemplo no caso de perda do fluido de arrefecimento), assegura a remoção do calor residual mediante a inundação do núcleo do reactor.

    11.2.21 Aspersão do Núcleo

    Sistema de arrefecimento de emergência que, em caso de avaria do sistema de arrefecimento normal do reactor (por exemplo, no caso de perda de fluido primário de arrefecimento), remove o calor residual mediante aspersão do núcleo.

    11.2.22 Máquina de Carregamento do Combustível

    Dispositivo destinado a introduzir no núcleo do reactor ou a tirar do núcleo do reactor elementos de combustível e outros componentes, podendo assegurar o seu transporte.

    11.2.23 Dispositivo de Injecção de Acido Bórico

    Sistema destinado à distribuição, injecção e recuperação de ácido bórico utilizado no comando de reactores a água pressurizada.

    11.2.24 Contentor de Segurança

    Edifício resistente à pressão, que contém o reactor nuclear e se destina a impedir, ou a limitar a um nível admissível, a dispersão de substâncias radioactivas na atmosfera, em caso de acidente.

    11.2.25 Moderador

    Material utilizado para reduzir a energia dos neutrões, por meio de colisões de dispersão e sem captura apreciável.

    11.2.26 Fluido de Arrefecimento (Refrigeração) do Reactor

    Fluido que circula no reactor para extrair o calor do núcleo ou de uma camada fértil (ver 11.2.35).

    11.2.27 Fluido Primário de Arrefecimento

    Fluido utilizado para extrair calor de uma fonte primária, tal como o núcleo do reactor ou uma camada fértil.

    11.2.28 Fluido Secundário de Arrefecimento

    Fluido utilizado para extrair calor do circuito primário de arrefecimento.

    11.2.29 Circuito Primário de Arrefecimento

    Sistema de circulação do fluido primário de arrefecimento que serve para extrair o calor de uma fonte primária de calor, por exemplo do núcleo de um reactor ou de uma camada fértil.

    11.2.30 Circuito Secundário de Arrefecimento

    Sistema de circulação do fluido secundário de arrefecimento que serve para extrair calor do circuito primário de arrefecimento. A transferência de calor do circuito primário para o secundário efectua-se por meio de um permutador de calor (em certos casos, gerador de vapor).

    11.2.31 Protecção do Reactor (Sistema de)

    Sistema que recebe informações de vários instrumentos de medição ou de controlo (que verificam os níveis dos parâmetros de funcionamento essenciais à segurança do reactor) e que é capaz de pôr em marcha, automaticamente, uma ou mais medidas de salvaguarda para manter o regime do reactor dentro de limites compatíveis com a segurança.

    11.2.32 Sistema de Purificação do Ar

    Dispositivo destinado a remover as impurezas radioactivas do ar, na zona controlada do reactor.

    11.2.33 Blindagem

    Material interposto entre uma fonte de radiação e uma determinada região, com o objectivo de reduzir a intensidade das radiações ionizantes que atingem essa região.

    11.2.34 Elemento Fértil

    O menor elemento, com estrutura própria, contendo o material fértil destinado a ser queimado num reactor (ver 11.1.11).

    11.2.35 Camada Fértil

    Região de matéria fértil colocado à volta ou no interior do núcleo de um reactor.

    11.2.36 Veneno Consumível

    Absorvente de neutrões introduzido intencionalmente num reactor e destinado a contribuir para a compensação das variações a longo prazo da reactividade, através do seu consumo progressivo.

    11.2.37 Sistema de Controlo Automático

    Conjunto de dispositivos que permitem alcançar ou manter, de forma automática, um determinado regime de funcionamento.

    11.2.38 Absorvente de Neutrões

    Substância cuja interacção com os neutrões dá lugar a reacções que provocam o seu desaparecimento como partículas livres, sem produção de outros neutrões.

    11.2.39 Elemento de Comando

    Parte móvel de um reactor que, por si mesma, afecta a reactividade e que se utiliza para o comando do reactor.

    11.2.40 Comando de um Reactor Nuclear

    Modificação intencional da taxa de cisão num reactor nuclear, ou ajuste da reactividade, com vista a garantir o estado de funcionamento desejado.

    11.2.41 Controlo de um Reactor Nuclear

    Conjunto das operações que têm por finalidade vigiar o funcionamento de um reactor nuclear tendo em vista garantir o seu comando e a sua segurança.

    11.2.42 Condução de um Reactor Nuclear

    Conjunto de operações de comando e de controlo de um reactor nuclear.

    11.2.43 Barra de Comando

    Elemento de comando em forma de barra.

    Nota: Entre as barras de comando distinguem-se as de regulação (destinadas a ajustar a reactividade do reactor) e as de segurança (destinadas a provocar a paragem de urgência do reactor).

    11.3 Segurança Nuclear
    11.3.1 Segurança Nuclear

    Medidas tomadas, nas fases de concepção e exploração de uma instalação nuclear, por forma a evitar a ocorrência de acidentes nucleares ou a reduzir as suas consequências, procurando garantir a protecção do pessoal no sítio, assim como a protecção do público e do ambiente, contra os efeitos nocivos das radiações.

    11.3.2 Acidente Nuclear

    Acontecimento não intencional que reduz a integridade de uma (ou mais) barreiras interpostas entre materiais radioactivos e o ambiente, para além do nível previsto no projecto ou consentido pela licença de exploração de uma instalação nuclear.

    Nota: Os acidentes nucleares são classificados de acordo com uma Escala Internacional de Ocorrências Nucleares (com sete níveis), proposta pela Agência Internacional de Energia Atómica.

    11.3.3 Entrada em Exploração de Instalações Nucleares

    Processo pelo qual os componentes da instalação nuclear entram em serviço e são verificados relativamente à sua conformidade com as especificações de construção e funcionamento.

    11.3.4 Segurança de Não Criticidade

    Prevenção de condições que poderiam dar início a uma reacção nuclear em cadeia durante a manipulação ou o armazenamento de materiais cindíveis.

    11.3.5 Acidentes de Base Considerados no Dimensionamento

    Condições de acidente em relação às quais se prevê que uma central nuclear se encontre protegida, em conformidade com os critérios estabelecidos.

    11.3.6 Acidente de Perda de Refrigeração (LOCA)

    Acidente que implica a perda de refrigeração do núcleo do reactor.

    11.3.7 Veneno Nuclear

    Substância que, graças à sua grande secção eficaz de absorção de neutrões, pode diminuir a reactividade.

    Nota 1: Um veneno pode ser utilizado para o comando do reactor. Exemplo: ácido bórico no circuito primário de refrigeração, gadolínio no combustível nuclear ainda não irradiado.

    Nota 2: Há produtos de cisão que se comportam como venenos. Exemplo: xénon.

    11.3.8 Calor Residual

    Calor produzido por desintegração radioactiva ou por cisão nuclear após a paragem do reactor e, ainda, calor armazenado nas estruturas do reactor e no circuito de arrefecimento.

    11.3.9 Descarga Final de Calor

    Transferência do calor residual para a atmosfera, para uma massa de água ou para uma combinação de ambas.

    11.3.10 Cinzeiro

    Dispositivo destinado a receber, reter e arrefecer o combustível nuclear fundido, após um acidente grave, e a prevenir uma eventual criticidade.

    11.4 Comportamento em Serviço dos Reactores de Potência
    11.4.1 Combustão Nuclear

    Transformações nucleares produzidas durante o funcionamento de um reactor nuclear.

    Nota: Esta expressão pode ser aplicada ao combustível nuclear ou a venenos nucleares consumíveis.

    11.4.2 Combustão Mássica

    Energia total libertada pela combustão nuclear, por unidade de massa de um combustível nuclear. Exprime-se, geralmente, em megawatt-dia por tonelada.

    11.4.3 Reactividade Residual

    Reactividade de um reactor que se encontra num estado subcrítico por processos normais de funcionamento. A reactividade residual é sempre negativa.

    11.4.4 Equivalente de Reactividade

    Variação de reactividade resultante da alteração da posição de um elemento de combustível, de um objecto ou de um material introduzido no reactor, ou da modificação de um parâmetro de exploração.

    11.4.5 Balanço de Reactividade

    Comparação entre o excesso de reactividade, relativo a um determinado estado de referência do reactor, e o somatório dos equivalentes de reactividade resultantes de uma modificação do estado referência.

    Nota: O estado de referência escolhido pode ser o de reactor frio com um núcleo definido no início da primeira entrada em serviço (preferencialmente, se se trata de considerações de segurança) ou qualquer outro estado de funcionamento.

    11.4.6 Excesso de Reactividade

    Reactividade máxima disponível em qualquer momento, por ajustamento dos elementos de comando.

    11.4.7 Coeficiente de Reactividade

    Variação da reactividade correspondente à variação unitária de um dado parâmetro que a influencia (por exemplo, a temperatura ou a pressão).

    11.4.8 Constante de Tempo de um Reactor (Período de um Reactor)

    Tempo necessário para que a densidade de fluxo de neutrões num reactor varie de um factor e=2,718…, quando a respectiva variação for exponencial.

    Unidade SI: s.

    11.4.9 Potência Volúmica do Reactor

    Potência produzida por unidade de volume do núcleo do reactor.

    11.4.10 Envenenamento pelo Xénon (Efeito Xénon)

    Redução da reactividade provocada pela captura de neutrões pelo produto de cisão xénon-135, que é um veneno nuclear.

    11.4.11 Potência Específica do Combustível

    Quociente entre a potência térmica total desenvolvida no núcleo de um reactor e a massa inicial de nuclídeos cindíveis e férteis.

    11.4.12 Potência Linear de uma Barra de Combustível

    Potência térmica produzida por unidade de comprimento de uma barra de combustível.

    Unidade SI: W/m.

    11.4.13 Crise de Ebulição

    Na transferência de calor entre uma parede aquecida e um fluido, modificação do regime de vaporização da qual resulta uma redução rápida e importante da permuta térmica na parede, pela passagem da ebulição à calefacção.

    Unidade SI: W/m2.

    Nota 1: Num reactor nuclear com fluido transportador de calor no estado líquido, este fenómeno traduz-se:

    • No núcleo, por uma elevação de temperatura que pode danificar as bainhas dos elementos de combustível;
    • No gerador de vapor, por uma degradação das suas características e na possibilidade de se formarem depósitos nas partes secas, com corrosão.

    Nota 2: O equivalente desta expressão, em inglês, é "departure from nucleate boiling". Por extensão, o termo "burnout" é por vezes utilizado no mesmo sentido.

    11.4.14 Potência Térmica Total do Reactor

    Energia total dissipada no núcleo dum reactor nuclear, por unidade de tempo.

    Unidade SI: W.

    Nota: Para a energia total, concorrem a energia dissipada quer instantaneamente (energia cinética dos fragmentos de cisão) quer diferidamente (radioactividade dos produtos de cisão).

    11.4.15 Paragem de Emergência

    Acção de paragem brusca de um reactor para evitar uma situação perigosa ou minimizar as consequências da sua ocorrência.

    11.5 Ciclo do Combustível Nuclear
    11.5.1 Termos Gerais e Tecnologia a Montante do Ciclo de Combustível Nuclear

    11.5.1.1 Combustível Nuclear

    Matéria contendo nuclídeos cindíveis que, colocada num reactor nuclear, permite que aí se desenvolva uma reacção de cisão nuclear em cadeia.

    11.5.1.2 Ciclo do Combustível Nuclear

    Conjunto de etapas percorridas pelo combustível nuclear desde a sua elaboração até ao tratamento final, passando pela utilização num reactor nuclear.

    O ciclo do combustível nuclear é dito “fechado” quando engloba o reprocessamento dos elementos de combustível irradiados e a reciclagem dos materiais cindíveis recuperados.

    O ciclo do combustível nuclear é dito “aberto” ou de uma única passagem quando termina no armazenamento definitivo do combustível, após a sua utilização no reactor.

    11.5.1.3 Duração do Ciclo de Exploração

    Intervalo de tempo entre recargas do reactor que se iniciam com a criticidade inicial do ciclo considerado e terminam com a criticidade inicial do ciclo seguinte.

    Unidade SI: s; outras unidades: mês, ano.

    11.5.1.4 Inventário de Combustível

    Quantidade total de combustível nuclear contido num reactor, num dado conjunto de reactores ou num ciclo de combustível completo.

    11.5.1.5 Inventário de Material Cindível

    Quantidade de material cindível colocado num reactor, num dado conjunto de reactores ou num ciclo de combustível completo.

    11.5.1.6 Urânio

    Elemento de número atómico Z=92 que existe na natureza sob a forma de uma mistura de três isótopos:

    • Urânio-238 fértil (99,274%)
    • Urânio-235 cindível (0,72%)
    • Urânio-234 (0,006%)
    • Estes três isótopos do urânio são emissores α.

    11.5.1.7 Unidade de Trabalho de Separação (UTS)

    Medida do esforço necessário para separar o urânio em duas componentes, uma enriquecida e outra empobrecida.

    Nota: A UTS é independente do processo de separação utilizado. A unidade SI da UTS é o quilograma. Os custos de enriquecimento e o consumo de energia são calculados por quilograma de UTS realizado.

    11.5.1.8 Enriquecimento

    Teor isotópico de um determinado isótopo presente numa mistura de isótopos de um elemento químico, quando o seu valor é superior ao que tem no estado natural.

    11.5.1.9 Processos de Enriquecimento

    Processos que permitem aumentar o teor de um determinado isótopo de um elemento químico natural. São processos de enriquecimento de urânio, entre outros, a difusão gasosa, a ultracentrifugação, a separação isotópica por "nozzle", por "laser" e por permuta química.

    11.5.1.10 Urânio Enriquecido

    Urânio cujo teor em urânio-235 é superior ao existente no urânio natural.

    11.5.1.11 Urânio Empobrecido

    Urânio cujo teor em urânio-235 é inferior ao existente no urânio natural.

    11.5.1.12 Tório

    Elemento de número atómico Z=90. Pode ser utilizado nos reactores nucleares como elemento fértil. A irradiação do tório-232 com neutrões permite obter urânio-233, matéria cindível artificial tal como o plutónio-239, por exemplo.

    11.5.1.13 Isótopos

    Nuclídeos com o mesmo número de protões e, portanto, número atómico, mas de massas diferentes, ou seja, diferente número de neutrões.

    11.5.1.14 Isótopos do Urânio

    Distinguem-se:

    • Urânio-233: emissor α, que não existe no estado natural. É um material cindível obtido por irradiação do tório-232. O seu período é de 1,62 x 105 anos.
    • Urânio-234: um dos isótopos naturais do urânio. Existe no estado natural numa proporção muito baixa (0,006%). É um emissor  com um período de 2,48 x 105 anos.
    • Urânio-235: a sua proporção no urânio natural é de 0,720 %. É um material cindível que constitui o combustível nuclear mais corrente. O aumento da proporção do urânio-235 (enriquecimento) faz-se por diversos métodos ditos de separação isótopica. O seu período é de 7,1 x 108 anos.
    • Urânio-238: trata-se do isótopo de urânio natural mais abundante (99,27 %). É um material fértil que permite produzir plutónio (cindível) por captura de neutrões de cisão. O seu período é de 4,51 x 10>sup>9 anos.

    Nota: Devem ser mencionados, também, três outros isótopos do urânio, o 232, o 236 e o 237, que aparecem no combustível nuclear durante a irradiação.

    11.5.1.15 Plutónio

    Elemento transuraniano (actinídeo artificial) com número atómico Z=94. A sua utilização exige precauções rigorosas.

    11.5.1.16 Produtos de Cisão

    Nuclídeos produzidos directamente por cisão nuclear ou posteriormente por desintegração radioactiva de fragmentos de cisão.

    11.5.1.17 Fragmentos de Cisão

    Núcleos provenientes directamente da cisão nuclear

    11.5.2 Tecnologia a Jusante do Ciclo de Combustível Nuclear
    11.5.2.1 Tecnologia a Jusante do Ciclo de Combustível Nuclear

    Conjunto de operações relativas ao combustível nuclear irradiado. Compreende o armazenamento numa piscina de desactivação ou em dispositivos de armazenamento a seco, e/ou o armazenamento definitivo, o reprocessamento e a fabricação de combustível nuclear à base de óxidos mistos de urânio e plutónio.

    11.5.2.2 Instalação de Armazenamento e Arrefecimento do Combustível Irradiado

    Instalação utilizada para o armazenamento de elementos de combustível nuclear irradiados, após a sua saída do reactor.

    Nas instalações de armazenamento húmido, o combustível é armazenado em piscinas de desactivação.

    Nas instalações de armazenamento a seco, o combustível é armazenado em embalagens, estruturas de betão, cavernas ou outros locais secos e arrefecidos pelo ar ou por um gás.

    A instalação de armazenamento reúne, por vezes, as funções de protecção do ambiente e de arrefecimento do combustível irradiado.

    11.5.2.3 Embalagem de Transporte

    Contentor blindado utilizado para o armazenamento temporário de materiais radioactivos.

    11.5.2.4 Reprocessamento do Combustível

    Recuperação do material cindível ou fértil do combustível nuclear irradiado, por meio da separação química dos produtos de cisão e de outros radionuclídeos (por exemplo: actinídeos).

    11.5.2.5 Armazenamento Junto do Reactor

    Armazenamento do combustível irradiado no interior do edifício do reactor ou dentro dos limites do respectivo sítio.

    11.5.2.6 Armazenamento Afastado do Reactor

    Armazenamento do combustível irradiado no exterior do sítio do reactor, o que implica, em geral, um armazenamento intermédio do combustível irradiado proveniente de várias centrais nucleares.

    11.5.2.7 Acondicionamento do Combustível

    Tratamento especial do combustível irradiado com o objectivo de um armazenamento; por exemplo, armazenamento compacto, secagem, estabilização, embalagem.

    11.5.2.8 Transporte do Combustível

    Movimento do combustível de um local para outro, utilizando embalagens capazes de garantir a segurança radiológica e a protecção do ambiente e de evitar a criticidade, quer em condições normais, quer em caso de acidente.

    11.5.2.9 Exame Pós-Irradiação

    Processo de observação dos elementos de combustível e das respectivas varas, após irradiação.

    11.5.2.10 Consolidação das Varas

    Desmontagem das varas dos seus quadros e suportes com vista ao seu armazenamento sob uma forma mais compacta do que durante a utilização dos elementos de combustível dentro do reactor.

    11.5.2.11 Gestão do Combustível Irradiado

    Conjunto das actividades administrativas e operacionais que incluem a descarga, o manuseamento, o processamento, o acondicionamento, o transporte, o armazenamento e o reprocessamento do combustível irradiado, a reciclagem de material cindível e/ou fértil, excluindo o armazenamento definitivo dos resíduos.

    11.5.2.12 Armazenamento do Combustível Irradiado

    Acção que consiste em conservar os elementos de combustível, de uma forma recuperável, numa instalação que faz apelo a um isolamento e a uma protecção relativamente às condições térmicas, químicas e físicas envolventes, assim como à adopção das disposições necessárias para garantir a respectiva vigilância.

    11.5.2.13 Armazenamento a Curto Prazo

    Armazenamento por um período durante o qual os elementos de combustível nuclear irradiados não necessitam de uma preparação especial, por exemplo, a sua colocação numa embalagem.

    11.5.2.14 Armazenamento a Longo Prazo

    Armazenamento dos elementos de combustível nuclear irradiados por um longo período, o que exige embalagem e/ou instalações especiais de armazenamento.

    11.5.2.15 Armazenamento Centralizado

    Armazenamento de combustível nuclear irradiado, num centro de grande capacidade, situado num local afastado dos reactores. O combustível irradiado proveniente de diversas zonas do país (ou mesmo de outras partes do mundo) é enviado para esse centro, após ter sido temporariamente armazenado numa piscina de desactivação, junto ao reactor.

    Nota: Um centro de armazenamento centralizado situa-se, por exemplo, junto de uma instalação de reprocessamento de combustível nuclear irradiado.

    11.5.2.16 Instalação de Tratamento do Combustível Irradiado

    Instalação onde se procede ao tratamento do combustível nuclear após a sua utilização num reactor nuclear, tendo em vista recuperar os materiais cindíveis e férteis e separá-los dos produtos de cisão.

    O tratamento inclui o desmantelamento dos elementos de combustível, a separação das respectivas bainhas de protecção e processos químicos de extracção por via húmida ou seca.

    A instalação permite, em geral, um armazenamento temporário de elementos de combustível no próprio local, um armazenamento a longo prazo dos resíduos e dos líquidos altamente radioactivos, assim como uma retenção dos gases de cisão que se libertam dos elementos em tratamento (ver 11.6.14).

    11.5.2.17 Actinídeos

    Série de elementos com um número atómico igual ou superior a 89, tendo todos propriedades químicas análogas.

    Compreende elementos naturais tais como o actínio, o tório, o protactínio e o urânio, assim como os elementos artificiais (transuranianos) seguintes: o neptúnio, o plutónio, o amerício, o cúrio, o berquerélio, o califórnio, o einstéinio, o férmio, o mendelévio, o nobélio e o laurêncio.

    11.5.2.18 Urânio Reprocessado

    Urânio obtido pelo processo de reprocessamento de um combustível irradiado.

    11.5.2.19 Recuperação do Plutónio

    Extracção do plutónio contido no combustível irradiado, mediante o reprocessamento deste último.

    11.5.2.20 Reciclagem do Plutónio

    Reutilização, em reactores nucleares, do plutónio recuperado mediante o reprocessamento de combustível irradiado.

    11.6 Gestão de Resíduos Radioactivos
    11.6.1 Resíduos Radioactivos

    Quaisquer materiais contendo, ou contaminados por, radionuclídeos em concentrações superiores aos valores que as autoridades competentes considerem como admissíveis nesses materiais, para uma utilização sem controlo, e relativamente aos quais não se prevê qualquer uso futuro.

    11.6.2 Gestão de Resíduos Radioactivos

    Todas as operações, administrativas e operacionais, que envolvem o manuseamento, o tratamento, o acondicionamento, o transporte, o armazenamento transitório e o armazenamento final (ou definitivo) dos resíduos radioactivos.

    11.6.3 Resíduo Alfa

    Resíduo que contém radionuclídeos emissores alfa, em quantidades superiores aos níveis de isenção.

    11.6.4 Categorias de Resíduos

    Agrupamentos de resíduos segundo as suas características a fim de que cada grupo possa ser submetido às mesmas operações de gestão (tratamento, acondicionamento, transporte, etc.). A divisão dos resíduos em categorias é efectuada tendo em atenção as formas físicas e químicas (resíduos sólidos e líquidos, soluções orgânicas e soluções aquosas), a radioactividade dos resíduos (resíduos de baixa, média e alta actividades) e a semi-vida dos radionuclídeos presentes (resíduos de vida curta ou vida longa).

    11.6.5 Acondicionamento dos Resíduos

    Operação que consiste na conversão dos resíduos numa forma sólida estável resistente aos agentes naturais durante os períodos de tempo previstos para os armazenamentos transitório e final.

    11.6.6 Descontaminação

    Eliminação ou redução da contaminação radioactiva de materiais, pessoas ou ambiente.

    11.6.7 Armazenamento Transitório

    Armazenamento dos materiais radioactivos sob guarda e controlo permanentes, antes do seu armazenamento final ou da sua eliminação.

    11.6.8 Armazenamento Final

    Armazenamento definitivo dos resíduos radioactivos, garantindo o respectivo isolamento da biosfera, sem necessidade de guarda ou controlo permanentes. Este armazenamento final poderá prever ou não a recuperação ulterior dos resíduos radioactivos armazenados.

    11.6.9 Resíduo Misto

    Resíduo radioactivo que contém diversos produtos químicos que podem ter efeitos nocivos sobre o ambiente.

    11.6.10 Barreiras Múltiplas

    Sistema que utiliza duas ou mais barreiras independentes para isolar os resíduos do ambiente. Essas barreiras podem compreender a incorporação dos resíduos em certos materiais, as embalagens ou as barreiras técnicas bem como o meio de armazenamento e o seu ambiente.

    11.6.11 Termo-fonte

    Expressão empregue na informação sobre a emissão real ou potencial de um material radioactivo a partir de uma determinada fonte. Pode incluir a especificação sobre a composição, a extensão, o valor e o modo de emissão.

    11.6.12 Resíduo Transuraniano

    Resíduo que contém nuclídeos com um número atómico superior a 92.

    11.6.13 Embalagem dos Resíduos

    Contentor usado para o transporte, armazenamento transitório e armazenamento final dos resíduos. A operação de acondicionamento dos resíduos conduz, por norma, à inclusão dos produtos do acondicionamento num contentor.

    11.6.14 Célula Quente

    Célula fortemente blindada equipada para o manuseamento de substâncias fortemente radioactivas, com a ajuda de telemanipuladores. A observação é possível através de janelas de vidro de chumbo destinadas a proteger o operador contra os efeitos das radiações. Estas células são ventiladas e a radioactividade ambiente, no seu interior, é permanentemente controlada.

    11.6.15 Factor de Descontaminação

    Relação entre a concentração inicial de matéria radioactiva contaminante e o seu conteúdo final após um processo de descontaminação.

    Nota: O termo pode referir-se a um radioNuclídeo específico ou à radioactividade global.

    11.6.16 Grau de Descontaminação

    Quociente, expresso em percentagem, da diferença entre a concentração total dos radionuclídeos antes da descontaminação e a concentração dos radionuclídeos depois da descontaminação, pela concentração total dos radionuclídeos antes da descontaminação:

    [A (antes) - A (depois)] x100 A (antes)

    11.6.17 Betumização

    Processo que consiste na incorporação dos resíduos numa matriz de betume com o objectivo da sua imobilização.

    11.6.18 Betonagem

    Processo que consiste na incorporação dos resíduos numa matriz de betão com o objectivo da sua imobilização.

    11.6.19 Vitrificação

    Processo que consiste na incorporação dos resíduos numa matriz de vidro com o objectivo da sua imobilização.

    11.6.20 Floculação

    Processo destinado a separar as partículas sólidas (frequentemente coloides) de lamas radioactivas, neutralizando a sua carga eléctrica e permitindo que as partículas neutralizadas se aglomerem e decantem. A neutralização é geralmente efectuada por meios electroquímicos, introduzindo cargas de sinal oposto por adição ou de um electrólito ou de um outro coloide.

    11.6.21 Incineração

    Processo que consiste em queimar os resíduos radioactivos combustíveis, com o objectivo de reduzir o seu volume, até à obtenção de um resíduo sob a forma de cinzas.

    11.6.22 Evaporação

    Processo de concentração dos resíduos radioactivos líquidos, por evaporação forçada.

    11.6.23 Período Radioactivo

    Intervalo de tempo ao fim do qual a actividade de uma fonte radioactiva simples (contendo um único radioaNuclídeo) diminui para metade, em consequência de desintegrações nucleares.

    Unidade SI: s; outras unidades: dia, ano.

    Nota: O período é uma característica física de cada radioNuclídeo, podendo variar desde menos de um milionésimo de segundo até milhões de anos.

    11.6.24 Período Biológico

    Tempo necessário para reduzir a metade, por

    eliminação biológica, determinada quantidade de uma substância existente num organismo.

    11.6.25 Período Efectivo

    Tempo necessário para reduzir a metade o valor da actividade inicial de uma substância radioactiva existente num organismo, por eliminação biológica e por desintegração radioactiva.

    11.7 Radioprotecção e Impacte Radiológico
    11.7.1 Acelerador

    Aparelho ou instalação onde são aceleradas partículas e que emite radiações ionizantes com energia superior a 1 mega-electrão-volt (1 MeV).

    11.7.2 Activação

    Processo pelo qual um Nuclídeo estável é transformado num radioNuclídeo, através da irradiação, com partículas ou com radiações gama de alta energia.

    11.7.3 Actividade (A)

    A actividade, A, de uma certa quantidade de um radioNuclídeo, num determinado estado energético e num dado momento, é o quociente de dN por dt, sendo dN o valor esperado do número de transições nucleares espontâneas desse estado energético no intervalo de tempo dt:

    A = dN/dt

    Unidade SI: becquerel (Bq)

    11.7.4 Área Controlada

    Área submetida a regulamentação especial, para efeitos de protecção contra radiações ionizantes ou para evitar a disseminação da contaminação radioactiva e cujo acesso é controlado.

    11.7.5 Área Vigiada

    Área devidamente supervisionada para efeitos de protecção contra radiações ionizantes.

    11.7.6 Becquerel (Bq)

    Designação da unidade de actividade. Um becquerel equivale a uma transição por segundo.

    1 Bq = 1 s-1.

    11.7.7 Contaminação Radioactiva

    Presença indesejada de uma substância radioactiva num local, num material ou num organismo, onde pode ser prejudicial.

    11.7.8 Débito de Dose (Taxa de Dose)

    Quociente entre a dose absorvida num intervalo de tempo, suficientemente pequeno, e a duração desse intervalo.

    11.7.9 Declaração

    Obrigação de apresentar documentação à autoridade competente, destinada a comunicar a intenção de levar a efeito uma prática ou qualquer outra acção envolvendo substâncias radioactivas ou radiações ionizantes.

    11.7.10 Descarga de Efluentes Radioactivos

    Emissão controlada de materiais radioactivos, para a atmosfera ou para o meio aquático, por instalações nucleares ou radioactivas.

    11.7.11 Detrimento da Saúde

    Estimativa do risco de redução da esperança e qualidade de vida de uma população após a exposição a radiações ionizantes, incluindo perdas por efeitos tanto estocásticos como determinísticos.

    11.7.12 Dose Absorvida (D)

    Energia recebida, por unidade de massa, por uma substância exposta a radiações ionizantes, num dado ponto:

    D=dε/dm

    em que ε é a energia média cedida pelas radiações ionizantes à matéria num elemento de volume com a massa dm.

    Unidade SI: gray (Gy).

    11.7.13 Dose Efectiva (E)

    Soma das doses equivalentes, HT, ponderadas para todos os tecidos e órgãos do corpo através de factores de ponderação tecidular wT, resultantes de exposição interna ou externa a radiações ionizantes:

    E=Σ T WT HT

    em que HT é a dose equivalente no tecido T.

    Unidade SI: sievert (Sv).

    11.7.14 Dose Equivalente ( HT)

    Dose absorvida num órgão ou tecido, ponderada em função do tipo e da qualidade da radiação através do factor de ponderação da radiação, Wr:

    HTr WR DT,R

    em que DT,R é a dose média devida à radiação R, absorvida no tecido T.

    Unidade SI: sievert (Sv).

    11.7.15 Dose Efectiva Comprometida [E(τ)]

    Soma das doses equivalentes absorvidas nos tecidos ou órgãos, HT(τ), em resultado de uma incorporação, cada uma delas multiplicada pelo factor de ponderação tecidular, wT, adequado:

    [E(τ)]= ΣT wTHT(τ)

    Ao especificar E(τ), τ representa o número de anos em que se faz a integração.

    Unidade SI: sievert (Sv).

    11.7.16 Dose Equivalente Comprometida HT (τ)

    Dose equivalente total resultante para o tecido ou órgão T, na sequência de uma incorporação de radionuclídeos ocorrida no instante t0:

    HT (τ)= ∫ t0t0HT(t)dt

    em que é o débito de dose equivalente no órgão ou tecido T, num instante t, e τ é o período, em anos, durante o qual se realiza a integração da dose. Quando o período de integração não é especificado, pressupõe-se que seja igual a 50 anos para adultos e a 70 anos para crianças.

    Unidade SI: sievert (Sv).

    11.7.17 Dosimetria

    Medição ou avaliação da dose absorvida, da exposição, da dose equivalente ou das correspondentes unidades operacionais.

    11.7.18 Efeitos Determinísticos

    Efeitos biológicos relacionados com o mau funcionamento ou perda de função de tecidos ou órgãos, essencialmente devidos à morte de um número significativo de células. Estes efeitos apenas ocorrem após a exposição a elevadas doses de radiação e surgem pouco tempo após a exposição.

    11.7.19 Efeitos Estocásticos

    Efeitos biológicos cuja probabilidade de ocorrência é proporcional à exposição às radiações. Estes efeitos resultam das modificações provocadas a nível celular, nomeadamente nas cadeias do ADN, e consequentes alterações cromossómicas. Podem surgir muito tempo após a exposição (período de latência) e incluem o aumento de risco de cancro e de mutações genéticas hereditárias. Para efeitos de protecção contra radiações, admite-se a inexistência de um limiar de dose, abaixo do qual estes efeitos não possam ocorrer.

    11.7.20 Eliminação

    Colocação de resíduos num depósito ou num determinado local, sem intenção de reaproveitamento. A eliminação abrange igualmente a descarga directa autorizada de resíduos no ambiente e a sua subsequente dispersão.

    11.7.21 Emergência Radiológica

    Situação que requer uma acção urgente, a fim de proteger os trabalhadores, membros do público ou uma parte ou a totalidade da população.

    11.7.22 Exposição

    Processo, acto ou condição de ser exposto a radiações ionizantes.

    11.7.23 Exposição Acidental

    Exposição de indivíduos em consequência de um acidente, com exclusão da exposição de emergência.

    11.7.24 Exposição de Emergência

    Exposição de indivíduos que executem uma acção rápida, que seja necessária para prestar assistência a indivíduos em perigo, evitar a exposição de um grande número de pessoas ou salvar uma instalação ou bens de valor, e que implique a possibilidade de ser excedido um dos limites de dose individual fixados para os trabalhadores expostos. A exposição de emergência só se aplica a voluntários.

    11.7.25 Exposição Potencial

    Exposição de cuja ocorrência não pode haver a certeza, mas cuja probabilidade pode ser previamente estimada (ex.: acidente base de projecto).

    11.7.26 Factor de Ponderação da Radiação (wR)

    Factor adoptado para tomar em conta a diferente eficácia de vários tipos de radiações na indução de efeitos biológicos.

    11.7.27 Factor de Ponderação Tecidular (wT)

    Factor adoptado para tomar em conta a diferente sensibilidade dos vários tecidos do organismo aos efeitos das radiações ionizantes.

    11.7.28 Fonte (de Radiação Ionizante)

    Aparelho ou substância que emite ou pode emitir radiação ionizante.

    11.7.29 Fonte Selada

    Fonte cuja estrutura impede, em circunstâncias normais de utilização, qualquer dispersão de substâncias radioactivas no ambiente.

    11.7.30 Fonte Artificial

    Fonte de radiação ionizante produzida pelo Homem.

    11.7.31 Fonte Natural

    Fonte de radiação ionizante de origem natural, cósmica ou terrestre.

    11.7.32 Gray (Gy)

    Designação da unidade de dose absorvida. Um gray é igual a um joule por quilograma.

    1 Gy = 1 J kg-1

    11.7.33 Grupo de Referência da População

    Grupo de indivíduos cuja exposição a uma fonte de radiação é razoavelmente homogénea e representativa daqueles que, de entre a população, estão mais expostos à referida fonte.

    11.7.34 Ião

    Átomo ou molécula com uma carga eléctrica total não nula.

    11.7.35 Incorporação

    Absorção de radionuclídeos por um organismo, por ingestão, inalação ou outro processo.

    11.7.36 Intervenção

    Actividade humana destinada a impedir ou a diminuir a exposição dos indivíduos a radiações provenientes de fontes que não façam parte de uma determinada prática ou sobre as quais se tenha perdido o controlo, através da actuação sobre tais fontes, sobre as vias de transferência dos radionuclídeos ou sobre os próprios indivíduos expostos.

    11.7.37 Ionização

    Formação de iões pela adição ou subtracção de electrões a átomos, ou pelo fraccionamento de moléculas, por acção de radiações ionizantes.

    11.7.38 Limite de Dose

    Valor máximo para a dose resultante da exposição a radiações ionizantes, recebida por trabalhadores, aprendizes, estudantes ou membros do público. Este limite aplica-se à soma das doses resultantes da exposição externa e da incorporação de radionuclídeos.

    11.7.39 Médico Aprovado

    Médico responsável pelo controlo médico dos trabalhadores e cuja qualificação é reconhecida pelas autoridades competentes.

    11.7.40 Nível de Isenção

    Valor máximo, estabelecido pelas autoridades competentes, que as substâncias radioactivas (ou os materiais que contenham substâncias radioactivas) resultantes de qualquer prática sujeita à exigência de declaração ou autorização não deverão exceder para poderem ficar isentas de tais exigências. Estes níveis são expressos em termos de concentrações de actividade e/ou de actividade total.

    11.7.41 Nível de Intervenção

    Valor de dose (de dose equivalente ou de dose efectiva) evitável, ou valor derivado, a partir do qual se torna necessário adoptar medidas de intervenção. A dose evitável ou valor derivado é apenas aquele que se relaciona directamente com a via de exposição à qual deverá ser aplicada a medida de intervenção.

    11.7.42 Prática

    Actividade humana de que pode resultar aumento da exposição dos indivíduos às radiações provenientes de uma fonte artificial ou de uma fonte natural. Neste caso, apenas se considera prática a actividade em que se processam os materiais. As situações de exposição de emergência não são consideradas práticas

    11.7.43 Precipitação Radioactiva

    Deposição, ao nível do solo, de substâncias radioactivas provenientes da atmosfera.

    11.7.44 Radiação

    Transmissão de energia sob a forma de partículas ou de ondas electromagnéticas.

    11.7.45 Radiação Electromagnética

    Radiação associada a variações mais ou menos rápidas dos campos eléctrico e magnético no meio em que se propaga, e caracterizada pelo seu comprimento de onda.

    11.7.46 Radiação Ionizante

    Radiação capaz de produzir iões, directa ou indirectamente, por interacção com a matéria onde se propaga.

    11.7.47 Radioprotecção (ou Protecção Contra Radiações ou Protecção Radiológica)

    Adopção das medidas adequadas para a protecção de pessoas, bens e ambiente contra os riscos derivados das radiações ionizantes.

    11.7.48 Radiotoxicidade

    Toxicidade atribuível a determinada substância radioactiva, quando incorporada pelo organismo humano, em virtude das suas propriedades metabólicas e radioactivas.

    11.7.49 Restrição de Dose

    Limitação das doses prospectivas recebidas pelos indivíduos que possam ser provenientes de uma determinada fonte, destinada a ser utilizada na fase de planeamento da protecção contra radiações, sempre que se pretenda proceder à respectiva optimização.

    11.7.50 Serviço de Dosimetria Aprovado

    Entidade responsável pela calibração, leitura ou interpretação de dispositivos de monitorização individual, pela medição da radioactividade no organismo humano ou em amostras biológicas, ou pela avaliação de doses, cuja qualificação para o exercício de tais funções é reconhecida pelas autoridades competentes.

    11.7.51 Sievert (Sv)

    Designação da unidade de dose equivalente e de dose efectiva. Um sievert equivale a um joule por quilograma.

    1 Sv = 1 J kg-1

    11.7.52 Substância Radioactiva

    Qualquer substância que contenha um ou mais radionuclídeos cuja actividade ou concentração não possa ser desprezada do ponto de vista da protecção contra radiações.

    11.7.53 Trabalhador Exposto

    Pessoa submetida, durante o trabalho por conta própria ou por conta de outrém, a uma exposição decorrente de práticas susceptíveis de provocar doses superiores ao limite de dose para membros do público.

    12. Electricidade

    A electricidade é uma energia derivada que pode ser produzida a partir da maioria das formas energéticas. O mais importante processo da sua produção consiste em recorrer a um gerador ou alternador que converte energia mecânica fornecida por um processo térmico ou por uma turbina hidráulica.

    Na maior parte das suas aplicações, a electricidade é uma energia de rede que deve ser produzida no momento do seu consumo. Com efeito, o seu armazenamento só é possível indirectamente e em aplicações muito restritas.

    Por razões de natureza económica e de qualidade do fornecimento é aconselhável projectar as redes de transporte e de distribuição em larga escala e explorá-las de modo interligado.

    Apenas quinze por cento das necessidades mundiais de energia final são cobertas pela electricidade. Contudo, a sua importância é, por diversas razões, muito superior. Existem muito poucas utilizações relativamente às quais se não recorre à electricidade. Acresce que toda uma série de aplicações indispensáveis a uma sociedade moderna dependem da electricidade. Na prática, a iluminação, por exemplo, depende essencialmente dela.

    O fornecimento da electricidade não implica o transporte de massas inertes para os locais de consumo e os resíduos, se existirem, concentram-se nos locais de produção, podendo assim ser mais facilmente controlados e tratados do que se fossem descentralizados e dispersos por diversos consumidores.

    12.1 Produção
    12.1.1 Central

    Instalação que converte em energia eléctrica outra forma de energia.

    12.1.2 Central Térmica

    Central na qual a energia primária é convertida em energia eléctrica utilizando um processo termodinâmico.

    12.1.3 Central Térmica Clássica

    Central na qual a energia química, contida em combustíveis fósseis, sólidos, líquidos ou gasosos, é convertida em energia eléctrica por meio de uma turbina a vapor.

    12.1.4 Central de Ciclo Combinado

    Instalação de produção de energia eléctrica compreendendo uma ou mais turbinas a gás cujos gases de energia são dirigidos para uma caldeira que pode ser ou não aquecida por um combustível complementar. O vapor fornecido pela caldeira é utilizado para accionar a turbina a vapor acoplada a um gerador.

    12.1.5 Central de Co-geração

    É uma instalação térmica na qual a energia obtida a partir do combustível é transmitida a um fluído intermédio. Este fluido intermédio é dirigido normalmente na totalidade para os grupos de produção de energia eléctrica, concebidos e equipados de modo que uma parte da energia seja utilizada para accionar os grupos e produzir energia eléctrica e a outra parte para fornecer calor para vários fins: indústria, distribuição de calor, etc.

    12.1.6 Central Nuclear

    Central térmica na qual a energia libertada a partir de combustível nuclear é convertida em energia eléctrica.

    12.1.7 Central Hidráulica ou Hidroeléctrica

    Central na qual a energia mecânica da água é convertida em energia eléctrica.

    12.1.8 Central de Bombagem

    É uma central na qual a água pode ser elevada para um ou vários reservatórios superiores por intermédio de bombas e armazenada para ser utilizada mais tarde na produção de energia eléctrica.

    12.1.9 Central Eólica

    Instalação de produção de energia eléctrica a partir da energia cinética do vento.

    12.1.10 Central Geotérmica

    Instalação de produção de energia eléctrica a partir da energia térmica do solo, proveniente de zonas favoráveis da crusta terrestre.

    12.1.11 Central Solar

    Instalação de produção de energia eléctrica a partir da radiação solar, quer seja directamente por efeito fotovoltaico, quer seja indirectamente por transformação térmica.

    12.1.12 Central Térmica a Biomassa

    Instalação de produção de energia eléctrica a partir da energia térmica resultante da combustão da biomassa.

    12.1.13 Central de Base

    Central utilizada principalmente para cobrir a base do diagrama de cargas.

    12.1.14 Central de Ponta

    Central utilizada principalmente para cobrir as pontas do diagrama de cargas.

    12.1.15 Refrigeração em Circuito Aberto

    Procedimento que consiste em tomar a água de uma albufeira, lago, mar ou de um curso de água e devolvê-la quente, depois de ter passado pelos condensadores da central, à mesma albufeira ou curso de água.

    12.1.16 Refrigeração em Torre de Refrigeração Húmida

    Procedimento que consiste em fazer passar a água de refrigeração que foi aquecida nos condensadores por torres de refrigeração situadas a jusante onde cede o calor à atmosfera, principalmente por evaporação, com reciclagem posterior nos condensadores.

    12.1.17 Refrigeração com Torres de Refrigeração Seca

    Sistema de refrigeração por meio do qual o calor originado por condensadores se dissipa na atmosfera, exclusivamente por convexão, em torres de refrigeração.

    12.1.18 Pilha de Combustível

    Dispositivo electroquímico que permite converter directamente energia química em energia eléctrica sem intervenção do ciclo termodinâmico e no qual a sua energia eléctrica é produzida a partir de uma reacção de oxidação controlada, que põe em jogo um combustível, geralmente o hidrogénio, o metanol ou um hidrocarboneto.

    Nota: As pilhas de combustível podem ter várias aplicações, como pequenas fontes de energia em locais isolados.

    12.1.19 Consumo Próprio da Central

    Energia eléctrica consumida por uma central nos seus serviços auxiliares, incluindo o consumo quando está fora de serviço, bem como as perdas dos transformadores principais.

    12.1.20 Consumo Especifico Médio de Calor

    O consumo específico de calor num dado intervalo de tempo é o quociente entre o equivalente calorífico do combustível consumido e a quantidade de energia eléctrica produzida no intervalo de tempo considerado. Tal como a energia produzida este consumo pode ser bruto ou líquido.

    12.1.21 Rendimento da Central

    Quociente entre o equivalente calorífico de 1 kWh e o consumo médio de calor por kWh num determinado intervalo de tempo, normalmente expresso em percentagem, podendo ser bruto ou líquido.

    12.2 Transporte e Distribuição
    12.2.1 Instalação Eléctrica

    Conjunto de obras de engenharia civil, edifícios, máquinas, aparelhos, linhas e acessórios que servem para a produção, conversão, transformação, transporte, distribuição e utilização de energia eléctrica. Esta expressão aplica-se igualmente a um único conjunto de máquinas, de material ou de circuitos eléctricos.

    12.2.2 Linha

    Conjunto de condutores, isoladores e acessórios, usado para transportar energia eléctrica entre dois pontos da rede.

    12.2.3 Linha Aérea

    Linha que se situa acima do solo, geralmente com condutores apoiados em isoladores e suportes apropriados (torres, maciços). O termo inclui igualmente os acessórios necessários (linha de terra).

    Nota: Uma linha aérea pode ser também formada por cabos.

    12.2.4 Cabo Subterrâneo

    Linha cujos condutores se situam debaixo do solo ou debaixo de água. Inclui os acessórios.

    12.2.5 Linha Simples

    Linha com um único circuito eléctrico.

    12.2.6 Linha Múltipla

    Linha com vários circuitos eléctricos.

    12.2.7 Supracondutor

    Condutor eléctrico cuja resistência eléctrica é, em determinadas condições, praticamente nula.

    Nota 1: Em física, a resistência eléctrica de um metal ou de uma liga decresce quando a temperatura diminui. A uma temperatura muito baixa característica do material, denominada temperatura de ruptura, a resistência eléctrica tende bruscamente para zero: o corpo torna-se supracondutor. Para certos materiais, a supracondutividade desaparece contudo sob o efeito de um campo magnético.

    Nota 2: Na construção eléctrica a aplicação de técnicas criogénicas poderia criar condições que favorecem a supracondutividade. Tais condições permitiriam reduzir substancialmente as dimensões dos equipamentos. Para o poder realizar com economia são necessários grandes progressos na investigação fundamental e na tecnologia dos materiais.

    Nota 3: Os desenvolvimentos tecnológicos relativos aos materiais compostos, ligas de itrio, de bário, de óxido de enxofre, visam obter uma supracondutividade à temperatura mais elevada, tendo em vista substituir o hélio liquido (1 K a 4 K) por um gás muito mais económico, por exemplo o azoto líquido ( 63 K a 77 K). Existem, contudo, dificuldades momentâneas relativas a problemas de segurança mecânica e as soluções só são aplicáveis em electrónica

    12.2.8 Circuito Eléctrico

    Conjunto de meios formando um sistema electricamente isolado e que transportam a energia eléctrica.

    12.2.9 Circuito de Linha

    É um elemento de uma linha eléctrica constituído por um conjunto de condutores formando um sistema (trifásico ou não), indissociável electricamente, e que transporta energia de um ponto para outro.

    12.2.10 Comprimento do Circuito Eléctrico

    Medida dos comprimentos reais dos condutores de um circuito eléctrico (tendo em conta as diferenças de nível e de flechas).

    12.2.11 Traçado

    Faixa de terreno necessária para o estabelecimento de uma linha aérea ou subterrânea.

    12.2.12 Comprimento do Traçado

    Distância entre os extremos de uma linha aérea ou subterrânea, projectada horizontalmente, medida ao longo do eixo do traçado.

    12.2.13 Posto de Corte ou Posto de Seccionamento (Instalação de Alta Tensão)

    Instalação eléctrica na qual, por meio de disjuntores, se realiza a ligação ou corte selectivo das linhas de uma rede ou sistema ou dos pontos de entrega.

    12.2.14 Subestação Eléctrica

    Instalação da rede concentrada num lugar geográfico determinado com função essencial de repartição de energia e também de transferência de energia eléctrica entre redes a tensões diferentes. Essa instalação destina-se à transformação da corrente eléctrica por um ou mais transformadores estáticos, (quando o secundário de um ou mais desses transformadores se destina a alimentar postos de transformação ou outras subestações) à transformação da corrente por rectificadores, onduladores, conversores ou máquinas conjugadas e à compensação do factor de potência por compensadores síncronos ou condensadores.

    12.2.15 Posto de Transformação

    Instalação eléctrica na qual, por meio de transformadores, se realiza a transferência de energia eléctrica entre redes a tensões diferentes.

    12.2.16 Posto de Transformação AT/BT

    Posto de transformação entre redes de alta e baixa tensão.

    12.2.17 Conversor

    Instalação eléctrica que serve para transformar um tipo de corrente noutro ou uma frequência noutra.

    12.2.18 Rectificador

    Instalação eléctrica que efectua a conversão da corrente alternada (monofásica ou polifásica) em corrente contínua.

    12.2.19 Ondulador

    Instalação destinada a converter corrente contínua em corrente alternada.

    12.2.20 Rede Eléctrica

    Conjunto de subestações, linhas, cabos e outros equipamentos eléctricos ligados entre si com vista a conduzir a energia eléctrica produzida pelas centrais até aos consumidores.

    12.2.21 Rede Pública

    Esta expressão designa uma rede, de propriedade pública ou privada, explorada principalmente com o objectivo de fornecer energia eléctrica de serviço público.

    12.2.22 Rede de Interligação

    Rede que, a nível nacional ou internacional, realiza a ligação que permite os movimentos de energia entre redes, entre centrais ou entre redes e centrais, possibilitando o aumento da rentabilidade e da fiabilidade da alimentação de energia eléctrica.

    12.2.23 Rede de Transporte

    Rede utilizada para o transporte de energia eléctrica, em geral e na maior parte dos casos, dos locais de produção para as zonas de distribuição e de consumo.

    12.2.24 Rede de Distribuição

    Rede destinada à distribuição de energia eléctrica no interior de uma zona de consumo delimitada.

    12.2.25 Rede Radial

    Rede, ou parte de uma rede, total ou parcialmente constituída por linhas que partem de um centro.

    12.2.26 Rede em Anel

    Rede, ou parte de uma rede, total ou parcialmente constituída por anéis que na maior parte ou na totalidade estão ligados individualmente, pelos extremos, à mesma fonte de alimentação.

    12.2.27 Rede em Malha

    Rede, ou parte de uma rede, total ou parcialmente formada por anéis, ligados nas suas extremidades a fontes de alimentação diferentes, ou qualquer conjunto mais complexo constituído por anéis múltiplos e várias fontes de alimentação.

    12.2.28 Alta Tensão

    Tensão cujo valor entre fases é igual ou superior a uma tensão dada, variável de país para país.

    12.2.29 Baixa Tensão

    Tensão cujo valor entre fases é inferior a uma tensão dada, variável de país para país (geralmente 1000 volts).

    12.2.30 Tensão Nominal

    Tensão que figura nas especificações de uma máquina ou de um aparelho, a partir da qual se determinam as condições de ensaio e os limites da tensão de utilização.

    12.2.31 Tensão de Exploração

    Tensão sob a qual se encontram em serviço as instalações eléctricas (produção, transporte, etc.). A tensão de exploração de um circuito de linha é a tensão normal entre fases à qual funciona geralmente o circuito.

    12.2.32 Interligação

    Ligação entre duas ou mais redes, por uma ou mais linhas.

    12.2.33 Transporte em Alta Tensão em Corrente Contínua

    Instalação eléctrica necessária ao transporte de corrente contínua (rectificada) e às ligações com a rede interligada. Distingue-se o transporte em alta tensão em corrente contínua a longas distâncias do acoplamento em corrente contínua em alta tensão.

    12.2.34 Transporte em Alta Tensão em Corrente Contínua a Longas Distâncias

    Instalação eléctrica que rectifica a corrente eléctrica produzida numa central ou proveniente de uma rede interligada, a transporta a longas distâncias por intermédio de linhas ou de cabos (cabos submarinos) e a reinjecta numa rede interligada após a conversão.

    12.2.35 Acoplamento em Corrente Contínua em Alta Tensão

    Instalação eléctrica que serve para o acoplamento de duas redes assíncronas interligadas, em que os rectificadores e os onduladores se situam num edifício comum.

    12.2.36 Capacidade de Transporte

    Carga máxima admissível em permanência de um circuito eléctrico ou uma linha tendo em conta o aquecimento, a estabilidade e a queda de tensão.

    12.2.37 Ponto de Entrega

    Ponto de uma rede no qual se entrega energia eléctrica a outra rede ou directamente a um consumidor.

    12.2.38 Consumo Próprio de uma Rede

    Consumo de energia eléctrica nas instalações eléctricas auxiliares ou anexas, necessárias ao bom funcionamento da rede.

    12.2.39 Perdas de uma Rede

    Perdas de energia que ocorrem no transporte e/ou distribuição de energia eléctrica, na rede considerada.

    12.2.40 Aparelhagem de Exploração de uma Rede Eléctrica

    Conjunto dos equipamentos que serve para explorar a rede, isto é, para realizar as manobras de seccionamento e de ligação. Engloba os elementos de corte, tais como os disjuntores, os interruptores em carga e os seccionadores, e os elementos de sinalização e de vigilância, bem como os que permitem um eventual comando à distância.

    12.2.41 Aparelhagem de Protecção de uma Rede Eléctrica

    Conjunto dos equipamentos que servem para proteger a rede contra todas as anomalias e perturbações internas ou externas, entre as quais podem citar-se as sobretensões atmosféricas, as sobretensões ou avarias internas devidas aos curto-circuitos ou às manobras, as possíveis deteriorações resultantes da corrosão e do gelo ou causadas pelo homem e por outros agentes exteriores.

    Nota 1: A escolha dos equipamentos de protecção está parcialmente ligada ao regime do neutro da rede (ver 12.2.42).

    Nota 2: As protecções automáticas que melhoram a qualidade de serviço da rede (ver 12.2.43) compreendem os dispositivos de religação rápida após um corte e uma religação diferida.

    Nota 3: A protecção das redes pode ainda ser assegurada por protecções ditas “de distância”, que permitem o desligar de uma rede em malha ou o isolamento de uma parte avariada.

    12.2.42 Regime do Neutro de uma Rede

    Disposição tomada para a ligação do neutro do secundário dos transformadores que alimentam uma rede polifásica.

    Nota: O neutro pode ser posto à terra mediante:

    • uma resistência que limite a corrente ou
    • uma bobina de compensação (bobina de Peterson) para limitar a corrente no caso de avaria numa só fase do circuito (avaria monofásica)

    O neutro pode, contudo, ficar isolado.

    12.2.43 Qualidade de Serviço de uma Rede Eléctrica

    Grau de conformidade com cláusulas contratuais entre distribuidor e consumidor, de uma entrega de energia eléctrica num período de tempo determinado, ou, mais geralmente, grau de perturbação de uma alimentação de electricidade.

    Nota: Os elementos a tomar em conta para determinar a qualidade de serviço referem-se:

    • ao tempo de não fornecimento programado ou ocasional;
    • ao respeito de condições de alimentação admissíveis relativas à queda de tensão máxima aceitável, ao vazio de tensão e ao nível das harmónicas de uma rede de corrente alternada.

    As cláusulas contratuais de um fornecimento de electricidade e, consequentemente, a qualidade de serviço requerida, podem variar consoante a natureza dos aparelhos eléctricos alimentados.

    12.3 Potência e Energia
    12.3.1 Tipo de Corrente

    Distingue-se entre corrente contínua e corrente alternada.

    12.3.1.1 Corrente Contínua

    Corrente cuja polaridade e intensidade são constantes.

    12.3.1.2 Corrente Alternada

    Corrente cuja polaridade e intensidade variam periodicamente no tempo.

    Nota 1: Distingue-se entre corrente monofásica e corrente trifásica.

    Nota 2: As frequências usuais são: 16 2/3 Hz, 50 Hz e 60 Hz.

    12.3.2 Potência Activa

    Potência média num circuito de corrente alternada. Em regime sinusoidal, é igual ao produto da tensão pela corrente activa em valores eficazes.

    Nota 1: A corrente activa é a componente da corrente alternada que está em fase com a tensão.

    Nota 2: É a potência utilizável na conversão em energia mecânica, térmica, química, luminosa ou sonora.

    12.3.3 Potência Reactiva

    Produto da tensão ou da força electromotriz pela corrente reactiva em valores eficazes.

    Nota 1: A corrente reactiva é a componente de uma corrente desfasada de 90° em relação à tensão e não contribui para fornecer energia, mas aumenta as perdas do sistema.

    Nota 2: A corrente reactiva serve para excitar os campos magnéticos (nos motores ou os transformadores) ou os campos eléctricos (nos condensadores).

    12.3.4 Potência Aparente

    Produto (em valores eficazes) da corrente pela força electromotriz ou pela tensão, independentemente da relação de fase entre a tensão e a corrente.

    Nota: É uma característica importante no projecto de um equipamento eléctrico.

    12.3.5 Factor de Potência (cos φ)

    Em corrente alternada, o factor de potência é igual à relação entre a potência activa (expressa em W) e a potência aparente (expressa em VA). Exprime-se por um número decimal (sem dimensões). Permite calcular a potência reactiva (expressa em var) a partir da potência activa (expressa em W).

    Nota: O factor de potência indica o rendimento de utilização de um equipamento eléctrico, podendo os contratos de natureza tarifária conter termos relativos à facturação dos diferentes níveis do factor de potência de uma instalação. Vários sistemas ou aparelhos podem ser utilizados para corrigir o factor de potência de uma instalação.

    12.3.6 Potência Bruta

    Potência eléctrica nos terminais do gerador.

    12.3.7 Potência Útil

    Potência eléctrica à saída da central.

    12.3.8 Potência dos Serviços Auxiliares

    Potência eléctrica utilizada pelos serviços auxiliares de uma central, acrescida das perdas nos transformadores da central (nos transformadores principais).

    12.3.9 Potência Eléctrica Máxima Possível

    É a maior potência eléctrica, considerada apenas potência activa, que pode ser produzida numa central ou num grupo durante um tempo de funcionamento prolongado, supondo em estado de bom funcionamento a totalidade das suas instalações e em condições óptimas de alimentação (combustível ou água).

    12.3.10 Potência Eléctrica Disponível

    Potência eléctrica máxima que, em cada momento e num determinado período, poderá ser obtida na central ou no grupo, na situação real em que se encontra nesse momento, sem considerar as possibilidades de colocação da energia eléctrica que seria produzida.

    12.3.11 Potência Eléctrica Produzida

    Potência activa efectivamente produzida. Em princípio, mede-se como se tratasse de um valor momentâneo, devendo indicar-se o momento a que se refere; contudo, por convenção, pode ser expressa a partir da energia produzida durante um curto intervalo de tempo (relação entre a energia produzida e o tempo de funcionamento).

    12.3.12 Carga

    É o valor, num dado instante, da potência eléctrica fornecida ou absorvida, em qualquer ponto de um sistema, determinada por uma medida instantânea ou por integração da potência durante um determinado intervalo de tempo. A carga pode referir-se a um consumidor, um aparelho, um conjunto de consumidores ou de aparelhos, ou uma rede.

    12.3.13 Potência de Reserva

    Potência que pode servir para cobrir os desvios entre a carga prevista e a real.

    12.3.14 Diagrama de Carga

    É a representação gráfica da evolução da carga em função do tempo. Ao valor mais elevado da carga num dado intervalo de tempo designa-se por “carga máxima” ou “ponta de carga”.

    12.3.15 Energia de Reserva

    Energia eléctrica que serve para cobrir as flutuações do consumo ou da produção. Distinguem-se:

    • Disponibilidade: reserva de curta ou longa duração.
    • Tempo de intervenção: segundos, minutos, horas ou dias. Nas centrais térmicas, o tipo de funcionamento determina, designadamente, tempo de intervenção.
    • No caso da reserva gigante, o grupo ligado à rede pode tomar carga imediatamente.
    • No caso da reserva parada, é necessário fazer arrancar um grupo para que ele possa tomar carga.
    12.3.16 Potência de Mínimo Técnico

    A mais baixa potência com que uma central pode funcionar em condições técnicas correctas.

    12.3.17 Potência Óptima

    A potência de um sistema ou de uma central que corresponde ao rendimento mais elevado.

    12.3.18 Potência Máxima Produzida

    Máximo verificado na potência eléctrica produzida por uma instalação, durante um intervalo de tempo determinado.

    12.3.19 Potência Mínima

    A potência mais baixa num dado período de tempo.

    12.3.20 Potência Garantida

    Potência que pode ser posta à disposição com uma fiabilidade previamente determinada.

    12.3.21 Energia Bruta Produzida

    Energia eléctrica nos terminais dos geradores produzida pela instalação, durante um determinado período.

    12.3.22 Energia Útil Produzida

    Energia eléctrica à saída da central. Corresponde à energia bruta deduzida dos consumos auxiliares e das perdas dos transformadores.

    12.3.23 Factor de Carga

    O factor de carga de uma central, no decurso de um determinado período, é o quociente da energia eléctrica produzida pela central, nesse período, pela energia produtível à sua potência eléctrica máxima na totalidade do período.

    12.3.24 Energia Entregue à Rede

    Soma da energia produzida pela própria central com a que é recebida de outras fontes e que também é fornecida à rede.

    12.4 Exploração
    12.4.1 Exploração da Rede

    Conjunto de acções que visam a concretização dos objectivos de gestão e funcionamento da rede eléctrica.

    12.4.2 Sala de Comando

    Sala na qual estão instalados os quadros de comando de uma instalação.

    12.4.3 Centro de Comando

    Órgão cuja função é conduzir a exploração das instalações de uma rede.

    12.4.4 Repartidor de Cargas (Despacho)

    Órgão cuja função é comandar a entrada em serviço e a saída dos grupos e das centrais, repartindo as cargas. Em geral comanda igualmente a interligação das redes directamente interessadas.

    12.4.5 Telecomando Centralizado

    Método de ligar e desligar à distância grupos de consumidores da rede de distribuição utilizando técnicas de telecomunicações.

    12.4.6 Regulação Primária

    Modificação da potência da turbina pelo seu regulador, em função da velocidade de rotação (frequência).

    12.4.7 Regulação Secundária

    Comando do regulador da turbina por uma outra grandeza diferente da velocidade de rotação (por exemplo, o regulador da rede).

    12.4.8 Regulador da Rede

    Regulador centralizado (regulador secundário) que actua sobre o regulador das turbinas de algumas centrais para regular a frequência da rede ou uma combinação entre a frequência da rede e a potência (de interligação) de modo a satisfazer os seus valores programados.

    12.4.9 Regulação Terciária

    Regulação que se sobrepõe à regulação secundária e que permite compensar, até ao fim de um período de facturação, os desvios entre a energia fornecida e o valor programado.

    12.4.10 Estabilidade da Rede

    Faculdade de uma rede de voltar ao estado de equilíbrio inicial após o desaparecimento de uma perturbação.

    Numa rede de transporte de energia podem surgir problemas de estabilidade devidos às características da própria rede e à presença de diversas fontes de injecção (ou de produção) de energia separadas (por exemplo das centrais eléctricas). Em caso de interligação de grandes redes eléctricas, os problemas podem ser resolvidos por meios de acoplamentos adequados.

    13. Aquecimento a distância

    Em quase todos os domínios da actividade humana, o consumo de energia resulta, em grande parte, de aplicações térmicas, caloríficas e frigoríficas. Os processos correspondentes, as instalações e os equipamentos dos utilizadores são tratados na Secção 4 - Usos da Energia, compreendendo os seguintes aspectos: aquecimento dos locais, climatização, calor industrial, confecção dos alimentos, aquecimento de águas, refrigeração, congelação, etc.

    Por outro lado, outras secções dedicadas às formas de energia primária contêm termos relativos à produção e ao consumo de calor e de frio e ainda à transformação em energia derivada.

    O interesse crescente - sobretudo nos países cuja temperatura média anual é baixa - por um abastecimento de calor a partir de uma rede tanto para os consumidores domésticos como para os serviços públicos e para a indústria, e ainda o desenvolvimento do recurso ao calor a distância que, entretanto, surgiu, levaram à introdução da presente Secção.

    Em muitos casos, os termos relativos ao aquecimento urbano no que toca às redes, às características do abastecimento, aos consumidores e às tarifas (ver Secção 1) não diferem daqueles que são utilizados para outras energias de rede, como a electricidade e o gás. Assim, esta Secção apenas contém termos muito específicos referentes ao abastecimento de calor a distância.

    13.1 Termos Gerais
    13.1.1 Calor a Distância

    Energia calorífica de rede para o abastecimento de calor a consumidores domésticos, dos serviços ou industriais, sob a forma de água quente ou de vapor. O calor é produzido centralizadamente numa central de produção combinada calor-electricidade ou numa central de aquecimento. Também pode provir de uma outra fonte de calor, por exemplo da recuperação de calor. É utilizado para o aquecimento de locais, para o aquecimento de água para os processos de produção, etc.

    13.1.2 Agente Portador de Calor

    Fluido ou matéria, na maioria dos casos água ou vapor, que serve para o transporte e a armazenagem de calor.

    13.2 Instalações
    13.2.1 Central de Aquecimento

    Instalação que produz exclusivamente calor a partir de outros produtos energéticos.

    13.2.2 Central de Produção Combinada (Co-geração)

    Instalação que produz electricidade e calor a partir de outros produtos energéticos (ver 5.6.3).

    13.2.3 Central de Ciclo Combinado com Motor de Combustão Interna

    Instalação equipada com um motor de combustão que acciona um alternador para produção de electricidade, dispondo, ainda, de um sistema de recuperação de calor (ver 5.6.4).

    13.2.4 Acumulador de Calor

    Instalação que serve para compensar os desvios entre a produção e o consumo de calor.

    13.2.5 Transformador de Calor

    Instalação que serve para realizar as condições de temperatura, de pressão e de qualidade do agente portador de calor, necessárias à exploração da rede (ver 4.5.5 - Permutador de Calor).

    13.2.6 Conduta de Aquecimento a Distância

    Conduta isolada termicamente e seus acessórios, que serve para o transporte de calor por intermédio de um fluido portador de calor tendo em vista o abastecimento de calor a distância.

    13.2.7 Rede de Calor a Distância

    Sistema de condutas para a distribuição de calor por intermédio de um fluido portador de calor. Tal como para as outras energias de rede, existem diversas configurações de redes: em malha, em estrela e em anel (ver 1.4.5 e 12.2.25, 12.2.26 e 12.2.27).

    13.2.8 Rede Primária, Canalização Principal

    Rede de calor a distância com origem numa fonte de calor que alimenta por vezes uma rede secundaria com parâmetros físicos eventualmente diferentes.

    13.2.9 Rede de Água de Aquecimento

    Rede na qual o fluido portador de calor é a água. Existem redes de águas quente e redes de água sobreaquecida (temperaturas superiores a 110ºC - 120ºC).

    13.2.10 Rede de Vapor

    Rede na qual o fluido portador de calor é o vapor.

    13.2.11 Galeria de Aquecimento a Distância

    Construção subterrânea dentro da qual se encontram as condutas de aquecimento a distância.

    13.2.12 Colocação em Terra

    Colocação de condutas de aquecimento a distância directamente na terra, por oposição à colocação em galerias ou ao ar livre

    13.2.13 Subestação de Prédio

    Conjunto dos equipamentos do posto de ligação (ver 12.2.40) da rede de transporte de calor às instalações do consumidor e dos equipamentos da central do prédio que asseguram a transferência, a distribuição e por vezes a transformação do fluido portador de calor primário.

    13.3 Potência Calorífica e Duração de Utilização
    13.3.1 Potência Calorífica

    Quociente da quantidade de calor fornecida durante um certo período pela duração desse período. Para o calor a distância utilizam-se os termos: potência calorífica máxima possível, potência nominal, potência de ponta, potência de reserva, potência disponível, potência garantida, etc., tal como para o abastecimento de electricidade e de gás.

    13.3.2 Carga Calorífica

    Potência calorífica pedida num ponto e num instante dado. A potência calorífica máxima pedida durante um certo período é a carga calorífica máxima.

    13.3.3 Dia de Aquecimento

    Dia durante o qual a temperatura exterior média se torna inferior a uma temperatura de referência determinada (temperatura limite de aquecimento). O produto do número de dias de aquecimento durante um ano pela diferença entre a temperatura interior, fixada para o local a aquecer, e a média aritmética das temperaturas exteriores médias dos dias de aquecimento (ver grau-dia 5.2.13) é uma grandeza característica da necessidade de calor.

    13.3.4 Período de Aquecimento

    Período durante o qual se deve fornecer calor a um utilizador para manter na sua habitação, ou outro local de consumo, uma temperatura determinada. A temperatura, o calor fornecido ou a potência durante um período de aquecimento são representadas por curvas de frequência (ver 1.3.22) ou cronológicas (ver 1.3.21).

    13.4 Quantidades de Calor e Temperaturas
    13.4.1 Quantidade de Calor

    Energia calorífica produzida, armazenada, transportada, retirada ou consumida. Define-se como o produto da massa do fluido portador de calor pela diferença dos calores específicos deste fluido antes e depois do processo de troca.

    13.4.2 Calor Retirado

    Quantidade de calor retirada da rede por um consumidor de calor no ponto de entrega. É igual ao calor útil entregue pelo distribuidor de calor a esse consumidor.

    13.4.3 Temperatura Limite de Aquecimento

    Temperatura exterior média ao longo do dia a partir da qual ou até à qual o calor é retirado.

    13.4.4 Temperatura de “Ida”

    Temperatura do fluido portador de calor antes da retirada de calor.

    13.4.5 Temperatura de “Volta”

    Temperatura do fluido portador de calor depois da retirada de calor.

    13.5 Grandezas Características da Produção, Distribuição e Abastecimento
    13.5.1 Coeficiente de Produção de Calor duma Central de Produção Combinada Calor-Electricidade

    Quociente da quantidade de calor entregue à rede de distribuição pela produção líquida de electricidade. O coeficiente da produção de energia eléctrica é o inverso do anterior.

    13.5.2 Carga Calorífica por Unidade de Superfície

    Quociente da soma das potências caloríficas de todos os utilizadores ligados à rede pela superfície da zona alimentada.

    13.5.3 Carga Térmica por Unidade de Superfície

    Quociente da carga calorífica máxima numa zona pela superfície desta zona.

    13.5.4 Consumo de Calor por Unidade de Superfície

    Quociente do consumo de calor numa zona durante um certo período (p.e., um ano) pela superfície dessa zona.

    14. Energia Solar

    O vocabulário que respeita à energia solar foi deliberadamente limitado em função de considerações de ordem prática:

    • Se bem que as energias do vento, da água, da biomassa, etc., sejam de origem solar, elas são usadas noutras secções porque as tecnologias usadas para as explorar são específicas.
    • Primária (e mesmo primordial), a energia solar constitui uma fonte universal de calor e de luz. Contudo, limita-se o emprego do termo aos casos em que ela é captada e explorada mediante dispositivos adaptados para o efeito, com exclusão da sua utilização directa.
    • Salientam-se essencialmente as características de utilização dos equipamentos (após uma rápida análise de noções fundamentais) pois que existem numerosas obras orientadas para a física e a tecnologia dos componentes.
    14.1 Termos Gerais
    14.1.1 Radiação Global

    Soma das radiações solares, directa e difusa, recebidas numa superfície (a partir de um ângulo sólido de 2π sr).

    14.1.2 Radiação Directa

    Parte da radiação solar incidente proveniente do disco solar sem mudança de direcção.

    14.1.3 Radiação Difusa

    Parte da radiação solar incidente proveniente de todas as direcções (à excepção do disco solar) após difusão na atmosfera (moléculas, aerossóis, nuvens) e eventuais reflexões na superfície terrestre (solo, mar, árvores, edifícios, etc.).

    14.1.4 Radiação Infravermelha

    Radiação correspondente a comprimentos de onda compreendidos entre 760 nm e 1 mm.

    Nota 1: Deve distinguir-se o domínio infravermelho da radiação solar (760 nm a 5 μm aproximadamente) e o da radiação terrestre (acima de 5 μm).

    Nota 2: Entre 50 μm e 1 mm a radiação é geralmente denominada infravermelha longínqua.

    14.1.5 Iluminação Energética da Radiação Solar (Irradiância)

    Fluxo de radiação solar incidente sobre uma superfície de área unitária por unidade de tempo. É uma densidade de potência. Unidade SI: watt por metro quadrado, W/m2.

    Nota: Integrado ao longo de um período definido, o fluxo de radiação solar incidente sobre a unidade de superfície chama-se irradiação ou insolação de exposição (energética). Ainda que expressa em unidades do sistema SI em J/m2, utilizam-se frequentemente outras unidades de energia (kWh), de tempo (hora, dia, ano) ou de superfície (cm2) que devem então ser especificadas.

    14.1.6 Constante Solar

    Intensidade da radiação solar fora da atmosfera terrestre por unidade de tempo e por unidade de superfície, num plano normal à radiação, quando o sol e a terra estão à sua distância média; considera-se igual a 1367 W/m2 (± 5 W/m2).

    14.1.7 Altura do Sol (Altitude Solar)

    Ângulo entre a recta que une o centro do disco solar ao ponto de observação e o plano horizontal que passa pelo ponto de observação.

    Nota: No mesmo sistema de coordenadas celestes horizontais, o azimute é o ângulo entro o plano vertical que passa pelo Sol e o plano vertical que contém a direcção sul ; o azimute permite referir o traço do Sol no plano horizontal.

    14.1.8 Ângulo de Incidência

    Ângulo entre a recta que une a centro do disco solar ao ponto de observação e a normal ao plano de observação.

    Nota: O ponto da esfera celeste definido pela normal ao plano de observação chama-se zénite.

    14.1.9 Declinação

    Ângulo formado pela direcção do Sol (ao meio dia solar) e o plano do equador.

    Nota: A declinação varia ao longo do ano. No hemisfério norte varia entre +23,75º no solstício de Verão e -23,75º no solstício de Inverno. É nula nos equinócios.

    14.1.10 Albedo

    Fracção do fluxo da radiação solar incidente, directa ou difusa, reenviada em todas as direcções por reflexão ou difusão na superfície de recepção.

    Nota: O albedo é uma noção prática que corresponde à reflectância de uma superfície em toda a gama espectral da radiação solar sem tomar em consideração as variações ligadas ao ângulo de incidência, que podem contudo ser importantes.

    14.1.11 Céu Claro (Céu Sereno)

    Céu sem nuvens.

    14.1.12 Coeficiente de Turvação

    Coeficiente que caracteriza a quantidade de aerossóis (micropartículas essencialmente difusoras) na vertical do lugar. Este coeficiente permite calcular a atenuação da radiação directa por difusão sobre os aerossóis, não só para um comprimento de onda específico, mas também para cada um dos comprimentos de onda (e, portanto, para o conjunto do espectro solar) se se conhecer a lei da variação correspondente.

    Nota: O coeficiente de turvação β de Ångström corresponde ao comprimento de onda de 1 μm e está geralmente compreendido entre 0,02 (céu muito puro) e 0,20 (céu poluído). Outros coeficientes de turvação são igualmente usados (βde Schuepp, β de Valko). Contudo, só a Influência dos aerossóis é tomada em consideração nestes diversos coeficientes, enquanto que a atenuação da radiação directa também depende fortemente da difusão molecular e da absorção dos gases atmosféricos (ozono, vapor de água, etc.).

    14.1.13 Factor de Turvação (Factor T de Linke)

    Número de atmosferas supostas puras e secas que seria necessário acumular para obter o mesmo grau de atenuação no solo da radiação solar directa que aquele que se verifica na realidade.

    Nota: Este factor depende da quantidade de ozono, de vapor de água e de aerossóis; depende também ligeiramente da altura do Sol e varia, assim, ao longo do dia (para condições do conteúdo atmosférico constantes). É um factor empírico, prático para as aplicações energéticas. Os seus valores habituais estão compreendidos entre 2 (céu puro) e 6 (céu poluído).

    14.1.14 Emissividade

    Relação entre a capacidade de radiação térmica própria de um corpo e a do corpo negro similar à mesma temperatura.

    Nota: A emissividade traduz o poder de emissão de um corpo que varia com o comprimento de onda.

    14.1.15 Capacidade de Emissão Energética (Emitância)

    Quociente entre a quantidade total de energia emitida por uma superfície a uma determinada temperatura e a respectiva área.

    14.1.16 Coeficiente de Absorção (Absorvência)

    Relação entre a radiação absorvida por uma superfície e a radiação incidente sobre essa superfície.

    14.1.17 Factor de Transmissão (Transmitância)

    Relação entre a radiação que atravessa um dado material e a radiação incidente sobre a superfície irradiada desse material.

    14.1.18 Factor de Reflexão (Reflectância)

    Relação de calor entre a radiação reflectida por uma superfície e a radiação incidente sobre essa superfície. Depende também do comprimento de onda.

    14.1.19 AM 1 (Ar Massa 1)

    Mínima massa de ar que seria atravessada pela radiação solar se o astro estivesse no zénite, para uma instalação situada ao nível do mar, no caso de céu claro (condições normalizadas).

    Nota: A massa de ar realmente atravessada varia consoante o inverso de seno da altura do Sol (ver 14.1.7) e aumenta em função da turvação atmosférica.

    14.1.20 Efeito de Estufa

    Efeito pelo qual a radiação infravermelha ambiente é retida num espaço fechado. Uma cobertura de vidro ou de um outro material, transparente à radiação solar incidente, absorve a radiação infravermelha interna de maior comprimento de onda (>2,5 μm). No vazio, metade da energia absorvida é remetida para o espaço fechado.

    Nota: O efeito de estufa produzido, entre outros, pelo dióxido de carbono atmosférico tem como consequência possível o reaquecimento da superfície terrestre (ver 7.2.9).

    14.1.21 Duração da Exposição ao Sol (Duração de Insolação)

    Duração da exposição de uma superfície à acção da radiação solar directa.

    14.1.22 Coeficiente de Insolação (Fracção de Exposição ao Sol)

    Relação entre a duração da insolação efectiva e a duração da insolação máxima teoricamente possível.

    Nota: A duração da insolação máxima teoricamente possível pode ser facilmente calculada ou indicada pelo serviço meteorológico para um lugar perfeitamente livre, mas deve ser eventualmente corrigida dos efeitos de obstrução devidos a obstáculos orográficos ou outros.

    14.1.23 Piranómetro

    Aparelho de medida da iluminação energética da radiação solar sobre uma superfície; mede a radiação solar global.

    Nota: Ainda que normalmente se destine a medir a radiação global, o aparelho pode, com a ajuda de um anel móvel que esconde o disco solar, servir para medir a radiação difusa (difusómetro)

    14.1.24 Pireliómetro

    Aparelho de medida da radiação directa sobre uma superfície perpendicular aos raios solares.

    14.1.25 Direito Solar

    Conjunto dos elementos legislativos e regulamentares relativos à utilização da energia solar.

    14.1.26 Céu Puro

    Estado do Céu caracterizado por um elevado número de atmosferas supostas puras e por um baixo número de partículas difusoras.

    14.1.27 Céu Poluído

    Estado do céu caracterizado por um baixo número de atmosferas supostas puras e por um elevado número de partículas difusoras.

    14.2 Técnica Colectores Solares
    14.2.1 Colector Solar

    Dispositivo destinado a recolher a radiação solar incidente para convertê-la, em geral, em energia térmica a transferir para um fluido portador de calor.

    Nota: Em certos casos, o termo colector pode aplicar-se exclusivamente à parte que recebe a radiação solar (superfície absorvente).

    14.2.2 Colector Solar com Circulação de Ar

    Colector Solar no qual é utilizado o ar como fluido portador de calor.

    14.2.3 Colector Solar com Circulação de Líquido

    Colector solar no qual é utilizado um líquido como fluido portador de calor .

    Nota: No caso de se tratar de um líquido não circulante diz-se colector acumulador. Poderia também dizer-se colector solar com líquido.

    14.2.4 Colector Solar sem Concentração (Colector Solar Plano)

    Colector solar que não utiliza dispositivos de concentração.

    Nota 1: Este tipo de colector utiliza a radiação solar global.

    Nota 2: Os principais tipos de colectores planos com líquido são: os colectores de lâmina fluida entre duas placas, os colectores de tubos e alhetas, os colectores de tubagem integrada ("roll bond"), etc.

    14.2.5 Colector Solar Concentrador

    Colector solar constituído por reflectores, lentes ou outros elementos ópticos destinados a concentrar os raios solares que penetram pela abertura do colector, sobre uma zona focal cuja superfície é menor do que a da abertura do colector.

    Nota 1: Este tipo de colector utiliza essencialmente a radiação solar directa.

    Nota 2: Entre os principais tipos de colectores concentradores utilizados distinguem-se aqueles que actuam por refracção (colectores de lentes) e aqueles que actuam por reflexão (colectores de espelhos). As superfícies reflectoras destes últimos podem ser de forma hemisférica, parabólica, cilíndrico-parabólica ou cónica.

    14.2.6 Colector de Vazio

    Colector geralmente de baixa concentração no qual se faz o vazio entre a superfície absorvente e a cobertura.

    14.2.7 Cobertura

    Material(is) transparente(s) que recobre(m) a abertura do colector solar e que, exposto(s) à radiação solar, retém(êm) a radiação infravermelha da superfície absorvente por efeito de estufa (ver 14.1.20).

    14.2.8 Superfície Absorvente

    Parte do colector que absorve a radiação solar, convertendo-a em calor que é cedido ao fluido portador de calor.

    Nota: No caso de um colector plano, a superfície absorvente é uma superfície escura e geralmente baça.

    14.2.9 Abertura do Colector

    Área da secção frontal de um colector através da qual a radiação solar directa normal pode atingir a superfície absorvente, directamente ou por reflexão.

    14.2.10 Concentrador

    Parte do colector solar concentrador que focaliza a radiação solar incidente.

    14.2.11 Factor de Concentração

    Relação entre a abertura do concentrador e a área do absorsor.

    14.2.12 Superfície Selectiva

    Superfície cujas propriedades ópticas variam com o comprimento de onda da radiação incidente. Distinguem-se:

    • as superfícies caracterizadas por um elevado coeficiente de absorção para a radiação solar e uma baixa capacidade de emissão energética para a radiação infravermelha;
    • as coberturas que reflectem a radiação infravermelha de grande comprimento de onda.

    Nota: Designa-se por colector selectivo um colector equipado com qualquer das superfícies selectivas mencionadas.

    14.2.13 Rendimento do Colector

    Relação entre a quantidade de energia realmente aproveitada por um colector solar, durante um intervalo de tempo dado, e a quantidade de energia solar incidente sobre a superfície do colector durante o mesmo intervalo de tempo.

    Nota: Na prática, cada sistema colector possui uma certa inércia térmica. Portanto, as medidas de rendimento são efectuadas com base nas medidas de registos efectuados durante um período de tempo com condições constantes (dados climáticos, temperatura do colector).

    14.2.14 Coeficiente Global de Perdas de um Colector

    Parâmetro que caracteriza as perdas energéticas do colector para o ambiente.

    14.2.15 Inclinação do Colector

    Ângulo formado pelo plano do colector e o plano horizontal.

    14.2.16 Fluido Portador de Calor (Circuito Primário)

    Meio, tal como o ar, a água ou outro fluido que passa através da superfície absorvente ou que está em contacto com ela e que extrai do colector a energia térmica captada.

    14.2.17 Fluido de Transferência (Circuito Secundário)

    Fluido por intermédio do qual o calor captado é armazenado ou é distribuído directamente.

    14.2.18 Sistema de Armazenamento

    Reservatório(s) isolado(s) contendo o(s) material(is) para armazenamento do calor.

    14.2.19 Acumulador de Calor

    Material utilizado no sistema de armazenamento no qual a maior parte da energia térmica é armazenada sob a forma de calor latente ou de calor sensível.

    14.2.20 Zona Focal (de um Colector Solar)

    Zona de concentração dos raios solares após reflexão ou refracção num colector solar, do tipo concentrador.

    14.3 Aplicações Térmicas da Energia Solar
    14.3.1 Arquitectura Solar

    Conjunto das soluções arquitecturais que permitem a recolha, o armazenamento e a distribuição de energia solar incidente sobre um edifício, pela utilização combinada de paredes opacas e transparentes, da massa térmica do edifício, da circulação natural do ar, tendo em conta as condições climáticas locais (sistemas passivos).

    14.3.2 Parede Trombe

    Divisória de uma habitação constituída por uma parede grossa (40 cm) de cor escura situada atrás de um vidro e que serve para captar a energia solar. Esta última é transferida para o interior da casa por convecção natural do ar durante o dia através de orifícios existentes na base e no topo da parede. Durante a noite a parede irradia o seu calor para o interior da casa.

    14.3.3 Aquecimento Solar Passivo (Sistema Passivo)

    Sistema que utiliza directamente os componentes dos edifícios (por exemplo, janelas convenientemente orientadas, paredes Trombe) para a recolha, o armazenamento e a distribuição da energia solar incidente.

    14.3.4 Aquecimento Solar Activo (Sistema Activo)

    Sistema que utiliza colectores solares para transferir uma parte da energia solar incidente sobre um edifício para um fluido portador de calor; a energia térmica assim recolhida é armazenada e redistribuída por um sistema de aquecimento convencional.

    14.3.5 Esquentador Solar

    Sistema de captação de energia solar que utiliza esta energia para aquecer ou pré-aquecer a água destinada sobretudo a fins domésticos (água quente sanitária).

    14.3.6 Lago Solar

    Recipiente de água (piscina, tanque, lago) destinado à captação de energia solar e dotado de um gradiente de salinidade que permite manter uma estratificação térmica invertida (água mais quente em profundidade).

    14.3.7 Secagem Solar

    Utilização da energia térmica de origem solar para a secagem de produtos agrícolas ou industriais.

    Nota: A secagem ao ar livre é a mais utilizada. Contudo, apenas se pode considerar como secagem solar aquela que envolve um equipamento.

    14.3.8 Fogão Solar

    Colector solar com ou sem concentração que permite a utilização de energia térmica recolhida para cozinhar alimentos.

    14.3.9 Forno Solar

    Forno a muito alta temperatura obtida por concentração dos raios solares sobre o material submetido a tratamento térmico.

    14.3.10 Helióstato

    Sistema que compreende um dispositivo absorvente ou reflector orientável de tal modo que a radiação solar directa seja absorvida ou reflectida num sítio fixo qualquer que seja a posição da Terra durante o dia.

    Nota: O dispositivo é, quase sempre, um espelho e emprega-se, por vezes, o termo helióstato para designar o próprio espelho orientável.

    14.3.11 Foco

    Ponto de concentração dos raios solares após reflexão ou refracção num forno solar ou num colector concentrador.

    14.3.12 Bomba Solar Térmica

    Bomba accionada por intermédio de um ciclo termodinâmico cuja fonte quente é alimentada por energia solar.

    14.3.13 Central Heliotérmica

    Instalação concebida para transferir a energia solar para um fluido portador de calor e transformar seguidamente a energia térmica assim aproveitada em energia eléctrica.

    Nota: Por exemplo, uma central de torre é uma central heliotérmica compreendendo uma torre em cuja parte superior está montada uma superfície absorvente onde é captada e convertida a radiação solar directa reflectida por meio de helióstatos.

    14.3.14 Central Solar Eólica

    Central com uma chaminé que utiliza a corrente ascendente de ar aquecido por efeito de estufa sob uma grande superfície de colectores. A corrente de ar acciona um turbogerador para produzir energia eléctrica.

    Nota: A zona coberta pelos colectores pode ser utilizada para culturas, tendo em conta as suas características de estufa.

    14.4 Conversão Directa da Radiação Solar em Electricidade
    14.4.1 Célula Fotovoltaica (Célula Solar, Pilha Solar)

    Dispositivo que utiliza o efeito fotovoltaico para converter directamente a radiação solar em energia eléctrica.

    Nota: As células solares utilizam sobretudo silício monocristalino. O emprego de silício policristalino, de silício amorfo ou de outros materiais de base e de novos métodos de fabricação, por exemplo em lingotes, tende a fazer baixar os custos das células.

    14.4.2 Módulo Solar

    Montagem de células solares interligadas que constituem o elemento de base manipulável e transportável de um sistema fotovoltaico. A densidade de ocupação define a relação entre a superfície total de todas as células e a superfície do módulo sobre o qual elas se encontram dispostas.

    Nota: O conceito de densidade de ocupação é aplicável, de modo mais genérico, à caracterização da relação entre a superfície dos elementos úteis e a ocupação total de um equipamento.

    14.4.3 Painel Solar

    Conjunto de módulos solares, montados em série, em paralelo ou de forma mista. A estrutura global constituída por estas diferentes configurações de painéis e seus suportes constituem um gerador solar cujas características podem ser definidas (superfície ocupada, corrente fornecida, etc.).

    14.4.4 Características das Células Solares

    14.4.4.1 Corrente de Curto-Circuito de uma Célula Solar

    Corrente fornecida por uma célula solar com os terminais em curto-circuito, nas condições AM 1 à temperatura de 300 K (salvo especificação em contrário).

    14.4.4.2 Tensão em Vazio de uma Célula Solar

    Tensão nos terminais de uma célula solar em circuito aberto, nas condições AM 1 à temperatura de 300 K (salvo especificação em contrário).

    14.4.4.3 Potência de Ponta de uma Célula Solar

    Potência máxima obtida numa célula solar nas condições normalizadas AM 1 à temperatura de 300 K (salvo especificação em contrário).

    14.4.4.4 Rendimento de uma Célula Solar

    Relação entre a potência de ponta obtida numa célula e a potência da radiação solar nela incidente nas condições normalizadas AM 1 à temperatura de 300 K (salvo especificação em contrário).

    14.4.4.5 Resistência Série de uma Célula Solar

    Resistência equivalente em série com uma célula ideal e que representa a queda de tensão óhmica na célula real.

    Nota: A célula ideal é uma célula fictícia sem impedância interna.

    14.4.4.6 Resistência Shunt de uma Célula Solar

    Resistência equivalente em paralelo com uma célula solar ideal e que representa as perdas de isolamento na célula real.

    14.4.4.7 Rendimento Óptico de uma Célula Solar

    Relação entre a iluminação energética da radiação solar que incide sobre a parte fotossensível da célula e a iluminação energética da radiação solar que incide sobre toda a célula.

    14.4.4.8 Resposta Espectral de uma Célula Solar

    Relação entre a corrente fornecida pela célula, com os terminais curto-circuitados, e a iluminação energética incidente numa banda estreita de comprimento de onda (em geral inferior ou igual a 10 nm), expressa em função do comprimento de onda a 300 K (salvo especificação em contrário).

    14.4.4.9 Factor de Recobrimento

    Relação entre a área da célula recoberta de metal e a área total da célula.

    14.4.4.10 Factor de Carga

    Relação entre a potência de ponta obtida numa célula e o produto da tensão em vazio pela corrente de curto-circuito (ver 14.4.4.1 e 14.4.4.2 ).

    14.4.4.11 Relação de Concentração Geométrica

    Relação entre a área da parte fotossensível de uma célula solar e a área total dessa célula.

    14.4.4.12 Relação de Concentração Real

    Produto da relação de concentração geométrica pelo rendimento óptico de uma célula.

    14.4.5 Sistema Híbrido

    Célula solar que compreende um sistema de arrefecimento no qual a energia térmica captada pelo meio de arrefecimento é recuperada e utilizada.

    14.4.6 Aplicações Fotovoltaicas

    Inicialmente a conversão fotovoltaica utilizou-se sobretudo nos engenhos espaciais (satélites artificiais).

    Actualmente, desenvolvem-se também aplicações terrestres para as telecomunicações, na protecção catódica de oleodutos, na sinalização, na electrificação de povoados isolados, etc.

    A alimentação eléctrica autónoma pode empregar-se também em instalações tais como faróis, refúgios, escolas e hospitais isolados, electrificação doméstica individual ou de pequenas colectividades (electrificação rural de vilas ou electrificações colectivas afastadas da rede eléctrica). Também se podem ligar centrais fotovoltaicas a uma rede. O fotovoltaico é igualmente utilizado como alimentação intermédia (carga de baterias) ou miniaturizada. Aplicações sanitárias e de desenvolvimento rural multiplicam se também sob a forma de refrigeradores solares (para a cultura de vacinas, p.e.), bombas de água solares ou outros equipamentos que podem funcionar igualmente aproveitando as propriedades térmicas da energia solar

    15. Energia de Biomassa

    A exploração da biomassa com fins energéticos baseia-se tanto em processos artesanais que utilizam as matérias-primas disponíveis in loco, como em métodos industriais ou semi-industriais orientados para uma produção significativa de produtos que substituem os combustíveis fósseis.

    A sua utilização deve ter presente a preocupação da protecção do ambiente, da utilização dos recursos locais, das economias de energias clássicas, da diversificação da produção, etc. O respectivo vocabulário reflecte a diversidade destas preocupações, sendo idêntico ao utilizado pelos ecologistas, pelos economistas, pelos agrónomos, etc., daí resultando por vezes uma certa imprecisão.

    Do mesmo modo, as classificações da biomassa são diferentes conforme o ponto de vista sob o qual são encaradas: o da economia ou o da agronomia, por exemplo.

    É por isso que nos limitámos aqui a retomar apenas o vocabulário mais corrente, sem preocupações de hierarquia ou de harmonização entre os termos específicos utilizados.

    15.1 Termos Gerais
    15.1.1 Biomassa

    Matéria orgânica não fóssil, de origem biológica, que pode eventualmente ser explorada para fins energéticos. Ainda que as diferentes formas de energia de biomassa continuem a ser classificadas como renováveis, é conveniente notar que a sua taxa de renovação é variável; ela é modelada por ciclos sazonais e diários de fluxo solar, por factores climáticos aleatórios, por técnicas culturais, pelo ciclo de crescimento das plantas e pode ser afectada por uma exploração demasiadamente intensa. De qualquer forma, numa média estatística, podemos considerá-las como renováveis por ciclos anuais.

    15.1.2 Biomassa Primária

    Matéria vegetal de crescimento relativamente rápido que pode ser utilizada, directamente ou após transformação, na produção de energia (recursos naturais e plantações energéticas).

    15.1.3 Biomassa Secundária

    Subprodutos resultantes da utilização da biomassa na produção de fibra, alimentos ou outros produtos, ou resíduos da agro-pecuária e da preparação de alimentos; tais subprodutos e resíduos resultam sobretudo de transformações de carácter físico. Nesta categoria incluem-se os resíduos das indústrias agrícolas e florestais, os estrumes e os esgotos, entre outros. A sua utilização deriva em simultâneo das preocupações relativas à defesa do ambiente e da sua possibilidade de valorização energética (ver 15.1.5). Em certos casos, a valorização dos resíduos, nomeadamente a dos produtos lenhosos utilizados como combustíveis, está associada à do produto principal: bagaço nas destilarias, coque e bagaço moído nos lagares, etc.

    Nota: Esta distinção entre biomassa primária e secundária baseia-se em factores económicos. Os ecologistas incluem na biomassa primária os resíduos de vegetais que não sofrem qualquer transformação química ou biológica. Podemos distinguir os diferentes tipos de biomassa consoante a natureza do seu principal constituinte: biomassa lenhosa, biomassa com glucídios (celulose, amidos), biomassa com lípidos (oleaginosas), o que determinará os tipos de produtos fornecidos e os tipos de tratamento a aplicar.

    15.1.4 Bioconversão

    Transformação da energia solar em biomassa por meio de um processo biológico e, por extensão, transformação da biomassa com o objectivo de obter energia utilizável.

    15.1.5 Valorização de um Resíduo

    Atribuição de um determinado valor a um resíduo, em função da sua capacidade energética e ou da possibilidade de originar outros produtos com um dado potencial energético.

    15.2 Processos de Transformação
    15.2.1 Processos de Bioconversão

    15.2.1.1 Fermentação

    Processo de conversão biológica no qual a biomassa é submetida à acção de microrganismos seleccionados e sofre uma conversão enzimática que produz em geral fases gasosa, líquida e sólida.

    15.2.1.2 Fermentação Aeróbia

    Conversão enzimática da biomassa na presença de ar. Este processo permite obter adubos naturais mas tem pouco interesse para a produção de energia.

    15.2.1.3 Fermentação Anaeróbia

    Conversão enzimática ao abrigo do ar que pode produzir materiais energéticos e eventualmente resíduos sólidos valorizáveis (ex: adubos). Utiliza-se:

    • a fermentação alcoólica que é produzida essencialmente em anaerobiose e na qual se distingue a fermentação acetonobutílica (produção de ABE: acetona, butanol, etanol utilizado como terceiro solvente para misturas de gasolina-álcool) e a fermentação etanólica;
    • a fermentação metânica ou digestão metânica que permite obter biogás (ver 15.3.7). Como esta se produz em estrita anaerobiose, o termo é frequentemente utilizado como sinónimo de fermentação anaeróbia.

    15.2.1.4 Bactérias Mesófilas

    Bactérias que são activas a temperaturas próximas da temperatura ambiente (t≤35ºC ou t≤308 K) e que constituem os principais agentes de conversão da biomassa secundária.

    15.2.1.5 Bactérias Termófilas

    Bactérias que são activas a temperaturas superiores à temperatura ambiente (t≥50ºC ou t≥323 K). São necessárias para a decomposição de matérias com alto grau de polimerização (por exemplo, matérias lenhosas) contidas em certas biomassas primárias e em particular na madeira.

    Nota: Estas bactérias são igualmente utilizadas para melhorar os rendimentos e diminuir os custos nos processos normalmente assegurados por bactérias mesófilas.

    15.2.2 Processos Termoquímicos

    15.2.2.1 Combustão

    Processo termoquímico para obtenção directa de calor.

    15.2.2.2 Pirólise

    Decomposição térmica da biomassa na ausência de oxigénio e a alta temperatura (t>200 ºC). Os produtos obtidos são constituídos, em geral, por misturas complexas de ácidos, álcoois, aldeídos e fenóis, os quais, para serem valorizados, devem ser separados por métodos apropriados. O resíduo gasoso é constituído por uma mistura de baixo poder calorífico contendo, portanto, pouco metano puro (menos de 50%). O resíduo sólido é principalmente constituído por carvão de madeira que pode substituir o carvão de coque em siderurgia.

    15.2.2.3 Processos Termoquímicos com Oxidação Parcial e Reacções Catalíticas

    Estes processos conduzem a fases gasosas ricas em H2 , CO e N2. Mediante processos catalíticos pode chegar-se a obter gás natural de substituição, combustíveis líquidos sintéticos, carburantes de síntese para motores fixos ou móveis, assim como subprodutos químicos aproveitáveis.

    Nota: A gaseificação na presença de oxigénio é mais complexa do que a gaseificação na presença do ar e permite obter um gás que não contém azoto.

    15.2.2.4 Hidroliquefação (Hidrogenação Catalítica)

    Tratamento das matérias orgânicas a altas pressões na presença de um corpo hidrogenado, a temperaturas da ordem dos 300ºC. Com o auxílio de catalisadores podem obter-se óleos com um bom teor combustível.

    15.2.3 Processos Físicos Auxiliares para a Exploração da Biomassa

    Existe um certo número de processos físicos associados às tecnologias de conversão da biomassa para o seu condicionamento prévio: compactação, granulação, trituração, densificação, etc., secagem, prensagem ou filtragem, destinados a reduzir o alto teor em água inicial ou a recuperar os produtos obtidos (por exemplo perfuração dos campos de estrume em cujas camadas profundas se forma metano por fermentação “in situ", destilação, decantação e outros processos de separação dos produtos).

    15.3 Exploração da Biomassa
    15.3.1 Plantação Energética

    Plantação de espécies de crescimento rápido, renováveis ciclicamente e permitindo obter uma grande quantidade de matéria-prima destinada à produção de combustíveis e carburantes de síntese. Podem distinguir-se:

    • As plantações energéticas terrestres:
      1. ou agrícolas que utilizam a mandioca, a cana do açúcar, a eufórbia, etc., como produtos de base;
      2. ou silvícolas, que utilizam as plantações de árvores de crescimento rápido, tais como o eucalipto ou o "pinus radiata", com fins energéticos;
    • As plantações energéticas marinhas: plantações na plataforma costeira que se baseiam nas extraordinárias capacidades de crescimento de algumas algas gigantes que, em condições climáticas apropriadas, ultrapassam muitas vezes as capacidades das melhores plantações terrestres. Obtiveram se efeitos positivos a partir da “macrocystis pyrifera";
    • As plantações energéticas de água doce que utilizam igualmente plantas de crescimento muito rápido, por exemplo os jacintos de água.
    • Nota: Por vezes designam-se por plantas energéticas as espécies seleccionadas pelo seu crescimento rápido, cultivadas nas diferentes plantações ou quintas energéticas.

    15.3.2 Destilaria

    Instalação industrial de produção de álcool.

    Nota: Para a produção de etanol existem destilarias autónomas que transformam em álcool toda a biomassa vegetal entrada, ou destilarias anexas associadas, por exemplo, a fábricas de açúcar.

    15.3.3 Carvoeira

    Termo genérico que designa uma instalação de transformação de madeira em carvão de madeira, independentemente da sua forma, dos materiais utilizados e do seu rendimento. Tal instalação pode incluir equipamentos como: fossas, fornos, etc.

    15.3.4 Gasogénio

    Reactor no qual se faz a combustão de produtos vegetais sob oxidação parcial (ver 15.2.2.3). O gás assim obtido é de baixo poder calorífico e designa-se por gás pobre.

    15.3.5 Digestor

    Aparelho que possibilita a fermentação anaeróbia da biomassa (ver 15.2.1.3).

    15.3.6 Biocarburante ou Biocombustível

    Carburante ou combustível produzido a partir da biomassa (exemplo: álcool carburante).

    15.3.7 Biogás

    Gás constituído principalmente por uma mistura de metano e de dióxido de carbono e proveniente de fermentação anaeróbia (dita fermentação metânica) da biomassa. O metano obtido depois da separação designa-se por biometano.

    O gás de estrumeira, o gás de estrume de porco, o gás dos pântanos e o gás dos esgotos públicos são exemplos de formas naturais de produção (mais ou menos controlada e explorada) de biogás.

    15.3.8 Etanol (Álcool Etílico)

    Álcool produzido pela fermentação de plantas que contêm glicose, tais como a cana de açúcar, a beterraba, etc., ou por hidrólise seguida de fermentação a partir de matérias amiláceas ou celulósicas.

    Nota: O etanol pode ser misturado com produtos derivados do petróleo para obtenção de um combustível com interesse económico.

    15.3.9 Metanol (Álcool Metílico)

    Álcool produzido sobretudo por síntese química, após gaseificação de produtos carbonizados (a partir principalmente da madeira).

    Nota: O metanol é considerado como um carburante de síntese com interesse económico.

    15.3.10 Carvão de Madeira

    Produto da combustão lenta e incompleta da madeira.

    15.3.11 Lenha (Madeira para Queima)

    Conjunto de recursos lenhosos, troncos e eventualmente ramagens, comercializados ou não, utilizados com fins energéticos por combustão directa.

    Nota: Em numerosos países em desenvolvimento, a madeira para queima constitui o principal combustível, em particular para cozinhar os alimentos e também, por vezes, para aquecimento. Uma utilização demasiadamente intensiva dos recursos de madeira pode conduzir a uma desflorestação prejudicial. O seu consumo pode reduzir-se ou melhorando os locais de queima ou por tratamento prévio da madeira (por exemplo, carvão vegetal).

    15.3.12 Óleos Vegetais

    Óleos extraídos de certas plantas oleaginosas (exemplo: girassol, colza, etc.) que podem ser utilizados como carburantes nos motores diesel, em certas condições.

    16. Energia eólica

    A energia eólica está directamente ligada à actividade solar no planeta, criando diferenças de temperatura e, consequentemente, diferenças de densidade e da pressão atmosférica.

    As diferenças de pressão e as forças de Coriolis derivadas da rotação da terra dão origem, por sua vez, a movimentos de massas cuja componente horizontal é o vento.

    A energia eólica produzida por estas correntes aéreas só está disponível com uma intensidade variável; as possibilidades de extracção desta energia varia de local para local e, no mesmo local, com o regime de ventos, desde a acalmia total até às condições extremas de furacão. Contrariamente à energia solar, a disponibilidade em energia eólica, embora variável, não é influenciada pela alternância diurna-nocturna.

    A presente Secção inclui os termos físicos e técnicos ligados ao aproveitamento da energia do vento em cujo desenvolvimento futuro se baseiam fortes esperanças.

    16.1 Física
    16.1.1 Coeficiente de Potência (Rendimento Aerodinâmico)

    Relação entre a potência mecânica no veio e a potência correspondente a uma velocidade dada do vento, não perturbado, sobre a superfície total de passagem (ver 16.1.18).

    16.1.2 Efeito de Proximidade

    Efeito pelo qual a potência de uma turbina diminui devido à presença de outra(s) instalada(s) a uma determinada distância medida a partir dessa turbina.

    16.1.3 Força de Sustentação

    Componente da força resultante do vento sobre um perfil na direcção perpendicular à velocidade relativa do vento, estando o rotor em movimento.

    16.1.4 Força de Coriolis

    Força que resulta da interacção entre a velocidade de um corpo, medida num referencial que não seja de inércia e a aceleração desse referencial, medida num referencial de inércia.

    16.1.5 Força de Propulsão

    Componente da força resultante do vento sobre um perfil na direcção do movimento desse perfil.

    16.1.6 Força de Resistência

    Componente da força resultante do vento sobre um perfil, na direcção da velocidade relativa do vento.

    16.1.7 Força Normal

    Componente da força resultante do vento sobre um perfil, perpendicular à corda do perfil.

    16.1.8 Isovento

    Linha de velocidade média constante do vento.

    Nota: As condições para a determinação do isovento devem ser previamente especificadas.

    16.1.9 Equação da Potência do Vento

    A potência do vento de um aerogerador com uma superfície de passagem A, para uma velocidade do vento não perturbado V e uma densidade do ar ρ é definida pela fórmula:

    W = 1 2 CP ρ A V3

    onde CP é o coeficiente de potência cujo valor máximo é de 16 27 .

    Este valor de 16 27 foi evidenciado pela primeira vez por Betz e é comummente admitido como sendo a potência máxima do aerogerador.

    O valor efectivo da potência é frequentemente referido ao valor máximo através do rendimento aerodinâmico:

    W = 1 2 ρ AV3 16 27 η

    Nota 1: O valor 16 27 , considerado como limite, é uma aproximação, visto que não tem em consideração a densidade do ar ρ como uma função da temperatura, da pressão do ar e do teor de humidade.

    Nota 2: A lei de Betz é uma aproximação no cálculo da potência da central eólica porque a densidade do ar é considerada como constante aquando da sua passagem através do rotor.

    16.1.10 Pressão do Vento

    Força por unidade de superfície exercida pelo vento num local bem determinado, medida sobre uma superfície perpendicular à direcção do vento.

    16.1.11 Relação de Velocidade Máxima

    Razão entre a velocidade periférica máxima e a velocidade do vento não perturbado.

    Nota: Esta razão permite a comparação entre diferentes tipos de turbinas eólicas.

    16.1.12 Rendimento de Betz

    Razão entre a potência desenvolvida por uma turbina e a potência teórica máxima disponível, calculada segundo a lei de Betz (ver 16.1.9).

    16.1.13 Superfície de Passagem

    Projecção do corpo de revolução descrito pelo rotor sobre um plano perpendicular à direcção do vento não perturbado.

    16.1.14 Velocidade do Vento

    Relação entre o caudal (m3/s) e a superfície (m2) atravessada pelo vento.

    16.1.15 Velocidade de Arranque do Vento

    Velocidade do vento a partir da qual a turbina eólica começa a fornecer uma potência útil ao veio, correspondente a uma velocidade periférica bem determinada numa dada turbina.

    16.1.16 Velocidade de Corte do Vento

    Velocidade do vento a partir da qual a turbina eólica deixa de fornecer potência ao veio, para uma velocidade periférica bem determinada numa dada turbina.

    16.1.17 Velocidade Crítica (Velocidade de “Furling”)

    Velocidade do vento para a qual o dispositivo de protecção eventualmente existente na turbina é activado para evitar que esta esteja submetida a esforços mecânicos perigosos.

    16.1.18 Velocidade do Vento não Perturbado

    Velocidade do vento a montante da turbina e não influenciada por ela.

    16.1.19 Velocidade Óptima do Vento não Perturbado

    Valor da velocidade do vento para a qual é máxima a potência desenvolvida por unidade de superfície varrida pelo rotor da turbina.

    16.1.20 Força do Vento

    Classificação de um determinado intervalo de velocidades do vento, expressa por exemplo na escala de Beaufort.

    Nota: A escala de Beaufort classifica a força do vento em 13 categorias diferentes, baseadas na velocidade do vento. Elas vão da força 0 (0 m/s – 0,2 m/s) até à força 12 (> 32,7 m/s).

    16.1.21 Frequência da Força do Vento

    Tempo total num determinado período, normalmente um ano, durante o qual predomina um valor da força do vento.

    16.1.22 Vento Geostrófico

    Vento resultante exclusivamente do gradiente de pressão e das forças de Coriolis.

    16.2 Tecnologia
    16.2.1 Aerogerador

    Instalação na qual uma turbina movida pelo vento acciona um gerador de energia eléctrica.

    Nota 1: Os aerogeradores podem ser aplicados na produção de pequenas e médias potências e são particularmente úteis no caso de sistemas isolados.

    Nota 2: O termo usado correctamente nos EUA é: WECS (Wind Energy Conversion System).

    Nota 3: Parque eólico é um conjunto de aerogeradores para produzir energia eléctrica.

    16.2.2 Turbina Eólica, Moinho de Vento

    Dispositivo que permite transformar a energia cinética do vento em energia mecânica.

    Nota: As aplicações das turbinas eólicas estão essencialmente ligadas à produção de força motriz fixa ou de electricidade. Neste caso, utiliza-se de preferência a designação aerogerador (ver 16.2.1). Existem também aplicações das turbinas eólicas na bombagem de água para rega, etc.

    16.2.3 Pá

    Elemento de uma turbina que transforma, sob a acção do vento, a energia cinética da corrente de ar em energia mecânica no eixo da turbina.

    16.2.4 Raio de um Perfil de Pá

    Distância entre o centro aerodinâmico do perfil da pá e o eixo de rotação, medida no plano perpendicular ao eixo de rotação.

    16.2.5 Raio Máximo (Raio de uma Pá)

    Distância máxima entre o centro do perfil da pá e o eixo de rotação, medida no plano perpendicular ao eixo de rotação.

    16.2.6 Relação Altura/Diâmetro de uma Turbina Eólica de Eixo Vertical

    Razão entre a projecção, perpendicularmente ao eixo de rotação, de uma pá e o dobro do raio da pá.

    16.2.7 Rotor Darrieus

    Rotor de uma turbina, normalmente de eixo vertical ou perpendicular à direcção do vento, frequentemente de 2 ou 3 pás. O rotor Darrieus é independente da direcção do vento.

    16.2.8 Rotor Savonius

    Rotor de uma turbina, normalmente de eixo vertical ou perpendicular à direcção do vento, constituído por dois semi-cilindros deslocados um em relação ao outro.

    16.2.9 Solidez

    Razão entre a superfície coberta pelas pás e a superfície de passagem (ver 16.1.13)

    Nota: Trata-se de uma definição geral. Uma definição mais precisa requer o conhecimento do tipo de turbina considerada.

    16.2.10 Turbinas com Sistemas Canalizadores

    Turbinas com um dispositivo que conduz artificialmente a corrente de ar para a superfície de passagem.

    16.2.11 Turbinas de Eixo Vertical

    Turbinas com um rotor de eixo vertical. Geralmente, são dos tipos Darrieus ou Savonius.

    16.2.12 Turbinas de Eixo Horizontal

    Turbinas providas de um rotor de eixo horizontal. Geralmente, este é do tipo hélice.

    16.2.13 Esteira

    Zona a jusante da turbina na qual se manifesta a influência desta sobre a velocidade do vento não perturbado, podendo provocar turbulência.

    17. Energia dos oceanos

    A energia dos oceanos pode ser aproveitada a partir da exploração da energia das marés, das ondas, dos gradientes de salinidade e térmicos e das correntes marítimas, por meio de instalações que são normalmente de pequena dimensão ou experimentais. A sua implementação em grande escala necessitaria investigações mais pormenorizadas quer do ponto de vista técnico, quer do ponto de vista económico.

    Tratando-se de uma forma de energia cujo aproveitamento é recente, a terminologia correspondente encontra-se ainda pouco evoluída.

    17.1 Generalidades
    17.1.1 Energia dos Oceanos

    Energia que pode ser aproveitada por meio da exploração de certas características físicas ou químicas dos mares: energia das marés, energia das ondas, gradientes térmicos, gradientes de salinidade, correntes marítimas, etc.

    Nota: Tratando-se de fontes de energia destinadas à satisfação da procura dos consumidores, as energias dos oceanos deveriam normalmente ser completadas ou consideradas como apoio de uma fonte de energia mais disponível ou ser acumuladas recorrendo a um sistema de armazenamento de energia.

    17.2 Energia Produzida pelo Movimento das Marés
    17.2.1 Energia Maremotriz

    Energia que pode ser utilmente recuperada explorando o potencial energético devido à deslocação vertical de uma massa de água a diferentes níveis ou à energia cinética devida à corrente (corrente das marés), provocada pelo fluxo e refluxo (maré alta e maré baixa). A energia das marés resulta das forças de gravitação do Sol, da Lua e da rotação terrestre.

    Nota: Para as centrais maremotrizes, ver 10.1.11.

    17.2.2 Amplitude das Marés

    Diferença de níveis de água entre as marés alta e baixa.

    17.2.3 Amplificação das Marés

    Efeito pelo qual a amplitude das marés sobre as costas se torna maior que a amplitude das marés no alto mar, devido às ondas que avançam para terra e se deformam à medida que entram progressivamente em águas menos profundas; e igualmente devido às ondas reflectidas sobre a costa que reforçam as ondas que avançam na direcção desta. Os dois efeitos contribuem para a amplificação das marés que podem ser influenciadas na sua importância pelo perfil natural das costas ou por construções especiais e que não são atribuíveis à sobreposição de uma maré com outra.

    17.2.4 Ressonância de Estuário (Ressonância de Baía)

    Efeito pelo qual a amplitude da maré num estuário ou numa baía se torna superior à amplitude da maré no alto mar, devido a uma ressonância que ocorre quando a configuração do estuário ou da baía é da ordem de grandeza do comprimento de onda da maré de modo que uma frequência de oscilação livre natural do estuário ou da baía se encontra em fase com a frequência de oscilação da maré, não tendo o sistema qualquer outra fonte de energia que não seja a maré.

    Nota: A ressonância de estuário ou a ressonância de baía e a amplificação das marés podem produzir se simultaneamente.

    17.2.5 Barragem de Marés

    Obra de retenção que atravessa uma baía ou um estuário e é destinada a captar a água proveniente da maré na ou nas bacias formadas pela barragem, por um lado, e, por outro lado, pelo estuário a montante da corrente ou pela costa da baía. A barragem pode ser construída para formar duas bacias separadas permitindo uma exploração mais fácil da energia maremotriz.

    17.2.6 Bacia de Armazenamento

    Bacia formada pela construção de uma barragem na qual a água, proveniente de uma maré ascendente, isto é, de vagas reflectidas pela barreira vertical ou por um sistema de bombagem, pode escoar-se, ser captada e armazenada até que a diferença entre o nível de água na bacia e o nível de água exterior à bacia seja suficiente para permitir a produção de energia.

    17.2.7 Central Maremotriz Flutuante

    Instalação sobre uma base flutuante que explora a energia cinética do fluxo e do refluxo por meio de rodas de água, hélices ou turbinas a hélice ou de turbinas hidráulicas de baixa queda.

    17.2.8 Canal de Alimentação da Central Maremotriz

    Canal que transporta a água da maré para (ou a partir de) uma máquina funcionando graças à energia hidráulica ou até uma bacia de captação.

    17.2.9 Exploração de uma Central Maremotriz para Produção de Energia de Ponta

    Utilização das possibilidades de armazenamento de energia de um sistema maremotriz, de modo a contribuir para a satisfação da procura de energia eléctrica de ponta de uma rede, no quadro de um programa preestabelecido.

    17.3 Energia Produzida pelo Movimento das Ondas
    17.3.1 Energia das Ondas

    A energia total de uma onda é a soma da energia potencial do fluido deslocado a partir do nível médio da água entre a cava e a crista da onda com a energia cinética das partículas da água em movimento. A energia das ondas resulta das forças do vento, que por seu lado são devidas à energia solar.

    Nota: A potência das ondas pode ser calculada, aproximadamente, pela seguinte fórmula

    Hs2 Te/2 quilowatts por metro de frente de onda em que Hs é a altura significativa da onda (medida desde a crista até à cava) em metros (igual a 4 vezes o desvio médio quadrático da elevação da superfície durante a medida de uma amostragem, frequentemente igual a um período de cerca de 20 minutos) e Te é o período energético, em segundos, calculado a partir do espectro energético derivado da medida das amostragens (ver nota 17.3.2).

    17.3.2 Espectro das Ondas

    Descrição da configuração energética das ondas durante a medida de uma amostragem (frequentemente cerca de 20 minutos).

    Nota: Apresentado habitualmente como uma distribuição com a frequência da onda (f) em abcissa e a energia numa banda de frequências estreita (E(f)) em ordenada. Um espectro a duas dimensões ou direccional tem uma dimensão adicional para a direcção das ondas (θ).

    Os momentos do espectro têm uma importância particular para caracterizar um conjunto de ondas; o enésimo momento (Mn) define-se como segue:

    0t fn E(f) df

    Hs (ver 17.3.1) é definido por 4 √ M0 e Te por M-1 /M0.

    A potência das ondas é pois 7,82 M-1 kW por metro de frente de onda.

    17.3.3 Mar Agitado (Forte, Muito Forte)

    Parte do espectro energético contendo ondas que foram criadas pelo vento que as influencia (isto é, são produzidas num tempo recente e a pequena distância).

    17.3.4 Vaga

    Parte do espectro energético contendo ondas que escaparam à influência do vento que as criou. Como a vaga é criada normalmente a partir de fontes mais distantes, ela cai normalmente numa banda de frequência estreita da zona de baixas frequências do espectro.

    17.3.5 Comprimento da Crista

    Distância entre as cristas adjacentes das vagas, medidas perpendicularmente à direcção da propagação.

    17.3.6 Frente de Onda

    Superfície imaginária perpendicular à propagação da vaga e movendo-se à velocidade de fase da onda. O mar real pode ser considerado como sendo composto de múltiplas frentes de onda. Algumas delas, mas não todas, podem mover-se nas mesmas direcções.

    17.3.7 Dispositivo Utilizador da Energia das Ondas

    Dispositivo destinado a captar a energia das ondas para a conversão em energia utilizável, que pode ou não ser energia eléctrica e que pode ou não ser transmitida para o litoral.

    17.3.8 Gerador Accionado pelas Ondas

    Dispositivo de extracção de energia das ondas que a converte em energia eléctrica.

    17.3.9 Turbina de Ar utilizando a Energia das Ondas

    Turbina que, na maior parte dos casos, acciona um gerador eléctrico que utiliza, como fluido motor, o ar comprimido pelo sistema pneumático concebido para extrair energia a partir dos movimentos ou das pressões das ondas.

    17.3.10 Turbina de Baixa Queda

    Turbina concebida para funcionar com grandes volumes de água de baixa energia potencial, tal como a energia maremotriz ou a diferença de altura entre a crista e a cava de uma onda.

    17.3.11 Ponto Absorvente

    Dispositivo para utilizar a energia das ondas que pode absorver energia proveniente simultaneamente de todas as direcções com rendimento aproximadamente igual e que é de pequena dimensão em comparação com o comprimento médio da onda.

    Nota: Se bem que uma teoria linear pudesse demonstrar que um ponto absorvente extrai energia de uma frente de onda tendo várias vezes a sua largura, não foi ainda possível desenvolver um sistema prático para o realizar.

    Isto é devido ao comportamento não linear que invalida a teoria para todas as amplitudes de ondas, excepto as mais fracas; estas não têm qualquer interesse para a transformação da energia das ondas.

    17.3.12 "Pato"

    Dispositivo para utilizar energia das ondas que consiste numa coluna cilíndrica comprida, de eixo horizontal, na qual está disposta uma série de corpos oscilantes (ou "patos"); a electricidade é produzida pelo movimento relativo desses corpos oscilando em torno do eixo.

    17.3.13 Jangada

    Dispositivo para utilizar a energia das ondas que consiste numa série de pontões relativamente pouco profundos, ligados por charneiras; a electricidade é produzida pelo movimento angular relativo.

    17.3.14 Coluna de Água Oscilante

    Dispositivo para utilizar a energia das ondas que consiste essencialmente numa caixa sem fundo com um orifício na parte superior; as ondas fazem oscilar a coluna de água dentro da caixa, provocando um fluxo de ar oscilante através do orifício, fazendo assim funcionar uma turbina de ar.

    17.3.15 Rectificador da Energia das Ondas

    Dispositivo montado no fundo do mar que incorpora reservatórios de alto e de baixo nível, com válvulas que funcionam num só sentido, dispostas de maneira a permitir que a água proveniente das cristas das ondas se escoe no reservatório superior e fora do reservatório inferior em direcção à cava da onda; o fluxo entre os reservatórios faz funcionar uma turbina de baixa queda.

    17.3.16 Bolsa Flexível

    Dispositivo que utiliza a energia das ondas, que consiste num conjunto de bolsas flexíveis cheias de ar flutuando à superfície e atadas à parte superior de um casco submerso que contém canais de alta e baixa pressão ligados a uma turbina de ar. As cristas das vagas esvaziam as bolsas, deslocando o ar no canal de alta pressão; na cava das ondas, as bolsas enchem se novamente de ar a partir do canal de baixa pressão.

    17.3.17 Carga da Onda

    Forças exercidas pelas ondas sobre estruturas submersas e semi submersas, calculadas para formar a base de estruturas que devem resistir às forças da onda.

    17.3.18 Resposta Estrutural

    Aptidão da estrutura de um dispositivo de extracção de energia das ondas para extrair energia dos movimentos ou das pressões das ondas do mar.

    17.3.19 Compensação das Marés

    Medidas necessárias para compensar os efeitos das mudanças do nível do mar, provenientes das marés, sobre os dispositivos de extracção da energia das ondas, em particular no caso de esquemas com canal de compensação e nos sistemas que incluem a ligação ao fundo do mar, como parte do seu mecanismo de recuperação de energia.

    17.3.20 Concentração da Onda

    Sistema para aumentar a potência da onda numa certa zona utilizando dispositivos (tais como placas submersas) para concentrar por refracção e nesse espaço a energia das ondas de uma frente de ondas mais afastadas.

    17.3.21 Controlo de Fase

    Controlo que actua no mecanismo de extracção de energia das ondas fazendo parar ciclicamente um corpo ou um fluxo de ar em ressonância e desta forma maximizar a quantidade de energia que é extraída.

    17.4 Energia Produzida por Correntes Oceânicas
    17.4.1 Centrais de Corrente Oceânica Submarina (Moinhos Submarinos)

    Instalações que comportam volantes, propulsores ou "pára-quedas", concebidas para recuperar a energia das correntes submarinas e convertê-la em energia utilizável.

    17.5 Energia Produzida por Gradiente Térmico
    17.5.1 Gradiente Térmico dos Oceanos

    Diferença de temperatura entre a temperatura das águas oceânicas profundas e a temperatura da superfície da água dividida pela profundidade do mar.

    17.5.2 Conversão da Energia Térmica dos Oceanos

    Exploração das diferenças de temperatura existentes entre a superfície e o fundo dos oceanos (gradiente térmico), tendo em vista a produção de energia utilizável. Uma tal diferença de temperatura constitui um sistema térmico que pode ser utilizado para vaporizar e condensar um fluido motriz tal como o propano ou o amoníaco, para accionar uma turbina ou qualquer outro motor térmico.

    17.6 Energia Produzida por Gradiente de Salinidade
    17.6.1 Gradiente de Salinidade

    Pressão osmótica que aparece na interface da água doce e da água salgada, no local onde os rios entram no mar ou na interface de águas de diferentes salinidades, que pode ser explorada para produzir energia pelo emprego de membranas semi-permeáveis convenientemente dispostas, por exemplo, sob a forma de um cilindro fechado. O potencial electroquímico na interface pode ser igualmente utilizado para produzir directamente corrente eléctrica.

    18. Energia geotérmica

    O calor natural proveniente do subsolo pode ser aproveitado como fonte de energia recorrendo a três processos diferentes:

    • como sistema primário de água quente ou de vapor,
    • como sistema dito das "rochas quentes", como sistema de condução de calor.

    Os dois primeiros sistemas são sobretudo utilizados para a produção de electricidade enquanto o terceiro se presta a uma variedade de usos tais como o aquecimento de imóveis, os usos agrícolas, o aquecimento de estufas e os usos industriais.

    O calor geotérmico contido na crusta terrestre até 10 km de profundidade é demasiado difuso para ser explorado como fonte de energia. Os recursos que se adequam a uma exploração comercial estão geralmente localizados em jazigos geológicos de calor situados a profundidades convenientes, confinados em volumes e a temperaturas susceptíveis de serem explorados, quer para a produção de electricidade, quer para usos térmicos directos.

    18.1 Termos Físicos
    18.1.1 Fluxo Geotérmico (Densidade de Fluxo Geotérmico)

    Fluxo de calor do interior da Terra para a sua superfície, resultante das altas temperaturas existentes no seio das profundezas terrestres provocadas pelo calor remanescente da formação da terra, pelo magma, pelo plutão, pela decomposição natural de elementos radioactivos na crusta terrestre, etc. O fluxo de energia geotérmica à superfície da Terra é, em média, da ordem de 0,6 W/m2.

    Nota 1:: 1 UFC (Unidade de Fluxo de Calor) = 4,18 x 10 6 W/cm2. A densidade de energia geotérmica média é, portanto, aproximadamente igual a 1,5 UFC,

    Nota 2:: O fluxo térmico (ou quantidade de calor) que passa do interior do planeta para a atmosfera, tem no geral o valor médio de 1,25 x 10-6 (cal / cm2) / s.

    18.1.2 Gradiente Geotérmico (Gradiente de Temperatura)

    Aumento da temperatura que se observa à medida que se desce a níveis mais profundos da crusta terrestre. O gradiente geotérmico, ou grau geotérmico, é de 1ºC por cada 30 m – 33 m de profundidade (0,03 K/m ou 30 K/km). Em áreas vulcânicas pode ser de 1ºC por cada 10 m.

    18.1.3 Profundidade Geotérmica

    Inverso do gradiente geotérmico. O valor médio da profundidade geotérmica é da ordem de 33 m/K.

    18.1.4 Potencial Geotérmico

    Quantidade de energia que se pode extrair duma determinada área da crusta terrestre durante um determinado espaço temporal, até uma determinada profundidade.

    Nota: Por exemplo, no vulcão do vale das Furnas, sito no concelho de Povoação, na Ilha de São Miguel, do arquipélago dos Açores, parece existir um potencial geotérmico garantido de 20 MW/km2 entre 1000 m e 2000 m de profundidade.

    18.1.5 Anomalia Geotérmica

    Desvio, fortemente positivo ou negativo, da temperatura média ou das temperaturas residuais duma determinada área da crusta terrestre, segundo o mesmo plano topográfico. Tal desvio pode ou não coincidir com anomalias geoeléctricas ou geoquímicas.

    18.1.6 Zona de Baixa Temperatura (Zona de Baixa Entalpia, Região Semitérmica)

    Zona de potencial geotérmico com gradientes de temperatura inferiores a 100 K/km.

    18.1.7 Zona de Alta Temperatura (Zona de Forte Entalpia, Região Hipertérmica)

    Zona de potencial geotérmico com gradientes de temperatura superiores a 100 K/km.

    Nota: Em certos países, considera-se como valor limite do gradiente de temperatura 80 K/km.

    18.1.8 Permeabilidade absoluta

    Capacidade duma formação geológica, 100% saturada, de transmitir um determinado fluido.

    18.1.9 Bar

    Unidade de pressão equivalente a 100 quilopascais (ver 20.2.3.9 ).

    18.1.10 Convecção

    Movimento dum fluido onde o calor é transmitido duma área para outra, com uma viscosidade constante e com um baixo gradiente térmico.

    18.1.11 Corrosão

    Termo genérico para designar a alteração química da estrutura molecular de um material, com deterioração das suas características, em resultado do contacto com outras substâncias.

    Nota: No geral os fluidos tipo “brines geotérmicos” (ver 18.3.12 ) são bastante corrosivos pelo que obrigam as tubagens de condução a serem constituídas por aços especiais.

    18.1.12 Baixa Entalpia

    Designação dada ao conteúdo calorífico de um sistema termodinâmico em que a soma da energia interna e do produto da pressão pelo volume tem um valor considerado baixo, correspondente a temperaturas da ordem dos 100ºC (95ºC para alguns autores).

    18.1.13 Alta Entalpia

    Designação dada ao conteúdo calorífico de um sistema termodinâmico em que a soma da energia interna e do produto da pressão pelo volume tem um valor considerado alto, correspondente a temperaturas superiores aos 100ºC (95ºC para alguns autores).

    18.1.14 Fluxo térmico

    Quantidade de calor que passa do interior do planeta para a atmosfera, em geral com o valor médio de 1,25 x 10-6 (cal/cm2)/s.

    18.2 Termos Geológicos
    18.2.1 Magma

    Material natural com uma certa mobilidade, que apresenta a configuração de um banho silicatado em fusão contendo gases dissolvidos, existente no seio ou sob a crusta terrestre.

    Nota: O magma é constituído por material sobreaquecido, inteira ou parcialmente em fusão, constituído por fase líquida, gases dissolvidos e voláteis, frequentemente com cristais em suspensão. Os magmas mais comuns contêm sílica, mas existem magmas carbonatados, fosfatados, etc. Quando o magma alcança a superfície da crusta, desgasificando-se, toma a designação de lava (lavas basálticas, lavas traquíticas, lavas carbonatíticas, etc.).

    18.2.2 Câmara Magmática

    Estrutura geológica, no geral de forma lenticular ou ovoide-vertical, localizada no interior da crusta, a diferentes profundidades, onde se aloja a massa do magma proveniente do manto superior. As câmaras magmáticas alimentam frequentemente vulcões de grande porte.

    18.2.3 Lava

    Magma que se eleva até à superfície da crusta terrestre sob a forma líquida e que se solidifica após a erupção (rochas eruptivas). Após a solidificação a rocha pode ser básica ou ácida mas sobretudo porosa, como consequência da libertação dos gases durante a solidificação e tendo por vezes uma aparência vítrea devida ao rápido arrefecimento.

    18.2.4 Plutão

    Formação de rochas quentes a diversas profundidades. Em caso de anomalias geológicas, estes corpos rochosos podem encontrar-se relativamente perto da superfície terrestre.

    18.2.5 Fumarolas

    Escape de vapor de água ou de gás das falhas e aberturas de vulcões em actividade ou de correntes de lava em via de arrefecimento com temperaturas superiores a 100ºC.

    18.2.6 Sulfatara

    Emissão de gás rico em enxofre.

    Nota: Emissão, geralmente de vulcanismo secundário, fortemente térmica, rica em anidrido carbónico, vapor de água e enxofre. Quando coexistem oxigénio e nitrogénio, alguns autores denominam essa emissão por “mofeta”.

    18.2.7 "Geyser”

    Fonte quente que lança jactos de vapor e água a intervalos de tempo geralmente regulares (ver 18.3.2 ).

    18.2.8 Batólito

    Grande maciço rochoso que se introduz na crusta terrestre e que aí solidifica, sem atingir a superfície. Batólito designa igualmente uma manifestação particular de plutão (ver 18.2.4 ).

    18.2.9 Rocha Quente e Seca

    Rocha que, à profundidade a que se encontra, apresenta temperaturas superiores à média (anomalia geotérmica) e que, por falta de porosidade e/ou de fracturação, não contém qualquer inclusão de água ou de vapor.

    18.2.10 Aquífero

    Formação rochosa permeável contendo água.

    Nota: O aquífero é uma unidade geológica (plutónica, vulcânica, metamórfica, sedimentar) permeável, capaz de fornecer um significativo volume da água que contém. A permeabilidade depende principalmente da porosidade, da fracturação e da estrutura geológica dessa unidade.

    18.2.11 Escoada

    Rio de lava, fluida ou viscosa, conforme a respectiva composição. As lavas basálticas são sempre mais fluidas dos que as de natureza riolítica ou traquítica.

    Nota 1:: As lavas de natureza riolítica contêm os constituintes do “riólito”, rocha vulcânica que é o equivalente afanítico (em que os grãos da rocha eruptiva não são visíveis à vista desarmada) e porfírico (em que a textura da rocha apresenta cristais desenvolvidos no seio de uma massa amorfa) do granito.

    Nota 2:: As lavas de natureza traquítica possuem os constituintes de uma rocha eruptiva granular, vulcânica, moderna, de textura hemicristalina, como o sienito que é uma rocha essencialmente constituída por feldspatos alcalinos e está desprovida de quartzo.

    18.2.12 Escoadas "aa"

    Escoadas de lava de superfície escoriácea, frequentemente constituídas por elementos lávicos acerados, pontiagudos, muito irregulares. Opõe-se à "pahoehoe" de lava.

    18.2.13 Escoadas "Pahoehoe”

    Escoadas do tipo "aa", que podem ser utilizadas para a instalação, durante o período de arrefecimento da lava, de pequenos sistemas de aquecimento.

    Nota: Trata-se de escoadas de superfície regular, frequentemente com o aspecto de lajes ou de cordões, fluidas e originando, no respectivo interior, cavernas ou tubos, alguns bastante extensos.

    18.2.14 Escoadas “Mud Flow” ou Escoadas de Lama

    Rios de cinzas, siltes ou argilas que acompanham algumas erupções ou que resultam de escorregamentos de vertentes.

    Nota: Os siltes são sedimentos clásticos cujas partículas têm dimensões que oscilam entre 1/16 mm e 1/256 mm.

    18.2.15 Rocha Ácida

    Rocha ígnea com mais de 65% de sílica composicional.

    18.2.16 Artesianismo

    Capacidade dum aquífero, mais ou menos profundo, debitar, à superfície do solo, água sob pressão quando atravessado por um poço.

    Nota: Os poços geotérmicos quando são poços do tipo artesiano, não necessitam de recorrer à bombagem dos fluidos geotérmicos.

    18.2.17 Cinzas Vulcânicas

    Material mais ou menos arenoso, de composição ácida ou básica, projectada durante a actividade vulcânica.

    18.2.18 Basalto

    Rocha ígnea lávica de composição básica, no geral anegrada, podendo exibir cristais dispersos de augite, de olivina e de plagioclases.

    Nota: Os basaltos constituem a maior parte da crusta oceânica. Na ilha de S. Miguel, os reservatórios geotérmicos encontram-se relacionados com basaltos submarinos (ou "pillow”, lavas submarinas).

    18.2.19 Lava “Pillow”

    Magma no estado liquido que se eleva até à crosta terrestre, em zonas submersas (lava submarina).

    Nota: Trata-se de uma escoada de lava submarina, predominantemente vítrea, a que corresponde uma disposição muito característica, em rolos de diversas dimensões, sobrepostos uns aos outros.

    18.2.20 Rocha Básica

    Rocha ígnea com 45% a 55% de sílica composicional.

    18.2.21 Formação Geológica “Cap Rock”

    Formação geológica impermeável, devido geralmente a intensa alteração hidrotermal, que se sobrepõe a uma determinada estrutura, reservatório geotérmico, selando-a. Sem “cap rock” um reservatório geotérmico deixa de ter boas características de contenção térmica e de artesianismo.

    18.2.22 Argila

    Sedimento de partículas inferiores a 4 mm ou produto de alteração duma rocha por acção climatérica ou hidrotermal

    18.2.23 Crusta (ou Crosta) Terrestre

    Camada exterior, sólida, do planeta constituída por rochas sedimentares ígneas e metamórficas, com uma espessura de poucos quilómetros nos fundos oceânicos e de várias dezenas de quilómetros sob os continentes. Em profundidade, à crusta segue-se o manto exterior, a zona de transição, o manto inferior e o núcleo.

    18.2.24 Bloco da Crusta “Graben”

    Bloco da crusta afundado entre falhas geológicas ou sistemas de falhas, sensivelmente paralelas, originando uma estrutura em fossa. Nos grabens, se existirem fluidos geotérmicos, por motivos termodinâmicos, estes tendem a subir ao longo das falhas, ocupando posições mais elevadas onde se tornam interessantes sob o ponto de vista económico.

    Nota: Nos Açores, os reservatórios comerciais geotérmicos estão ligados a grabens.

    18.2.25 Rocha“HDR” Rocha Seca e Quente

    Tipo de condição geotérmica em que uma intrusão magmática ainda se encontra em processo de arrefecimento, permitindo a extracção do respectivo calor.

    18.2.26 Vulcão

    Estrutura geológica que permite a ascensão, à superfície, de lavas, gases e outros fluidos de raiz intracrustal. No geral, corresponde a formas cónicas, mas pode exibir-se em formas alongadas e fissurais.

    18.2.27 Gases Geotérmicos

    São os mesmos dos emitidos pelos vulcões: CO2 , H2S , SO2 , H2 , N2 , HCL, HF, CH4 , Rn.

    18.3 Termos Relativos à Implementação de Jazigos Geotérmicos
    18.3.1 Fluido Geotérmico

    Vapor seco, vapor húmido ou água quente com produtos dissolvidos ou em suspensão, extraídos ou que se escapam da crusta terrestre.

    18.3.2 Reservatório Subterrâneo de Vapor

    Ocorrência subterrânea de vapor produzida por anomalias geotérmicas que não pode ou dificilmente pode escapar-se das camadas geológicas (Ver 18.2.7 ).

    18.3.3 Reservatório Subterrâneo de Água a Alta Temperatura

    Aquífero reaquecido pelo meio ambiente e que se mantém a uma pressão hidrostática superior à do vapor saturado, impedindo assim a formação da fase de vapor.

    18.3.4 Reservatório Subterrâneo de Água Quente (Águas Termais)

    Aquífero de água com uma temperatura inferior à temperatura do vapor saturado à pressão correspondente.

    18.3.5 Sistema a Água Pressurizada (Aquífero Geopressurizado)

    Aquífero que se situa entre as camadas geológicas impermeáveis e que é mantido por uma pressão litostática.

    18.3.6 Escoamento Hidrogeológico

    Movimento das águas subterrâneas. Os escoamentos geotérmicos são provocados pelas diferenças de pressão e/ou de temperatura e produzem uma transmissão de calor por convecção.

    18.3.7 Lava a Alta Temperatura

    Campo de lava com rochas a temperaturas elevadas (até 1200ºC).

    18.3.8 Conteúdo em Impurezas de um Fluido Geotérmico

    Substâncias contidas no fluido, dissolvidas ou em suspensão.

    Nota: O conteúdo em impurezas pode ter uma influência determinante nas possibilidades económicas de exploração de um jazigo geotérmico. Assim, os fluidos com alto conteúdo mineral podem trazer alguns riscos de poluição e podem igualmente ter uma forte influência na corrosão das instalações (ver 18.4.8 ).

    18.3.9 Gás Geotérmico Corrosivo

    Gás geotérmico rico em componentes corrosivos ou tóxicos tais como o dióxido de carbono C02, o ácido sulfídrico H2S, o ácido clorídrico HCI, o ácido fluorídrico HF, o amoníaco NH3, etc.

    18.3.10 Salinidade

    Teor de um fluido em sais. A salinidade constitui frequentemente um valor característico de um fluido geotérmico.

    18.3.11 Gases Geotérmicos em “Blowout”

    Extrusão violenta de gases, de águas sobreaquecidas ou de elementos clásticos, durante a perfuração dum poço.

    Nota: Os elementos clásticos são elementos de rochas constituídos por detritos de outras rochas.

    18.3.12 Fluido tipo “Brine”

    Solução aquosa onde predomina o anião cloreto. Os fluidos geotérmicos de S. Miguel são do tipo "brine", com um pH da ordem de 8,5 (alcalino).

    18.3.13 Porção de Rocha “Core”

    Cilindro de rocha extraído duma sondagem executada por método rotativo (o mesmo que “Tarolo” ou “Carote”).

    18.3.14 Fragmento de Rocha “Cuting”

    Fragmento de rocha extraído duma sondagem que avançou pelo método da rotopercussão, pelo processo de martelo pneumático ou pelo processo de “rotary”, com lamas bentoníticas.

    18.4 Termos Técnicos
    18.4.1 Central Geotérmica

    Instalação que transforma a energia geotérmica em energia eléctrica ou alimenta uma rede de calor doméstico ou industrial.

    Nota: Conforme a temperatura dos campos geotérmicos, distinguem-se geralmente 3 tipos de usos: puramente térmico (ou de baixa energia: de 20ºC a 80ºC aproximadamente): térmico e/ou eléctrico (ou de média energia: de 80ºC a 150ºC); eléctrico (ou de alta energia: acima de 150ºC).

    18.4.2 Técnica de Furo Único

    O mais simples sistema para a produção de energia geotérmica, através de um único furo, com libertação dos fluidos geotérmicos para a superfície, após extracção da sua energia disponível (ver 18.4.4 ).

    18.4.3 Técnica com Furo Único e Tubos Duplos (ou Dupla)

    Processo para produção da energia geotérmica por meio de um único furo tendo geralmente tubos dispostos concentricamente (tubos duplos) para o transporte do fluido portador de calor. Este último (água) é conduzido até ao jazigo geotérmico pelo tubo interior, voltando à superfície terrestre através do tubo exterior (ver a nota 18.4.4).

    18.4.4 Técnica com Dois ou mais Furos

    Processo para a produção da energia geotérmica através de dois ou mais furos. 0 fluido portador de calor, arrefecido, é reenviado para o jazigo geotérmico através de pelo menos um furo.

    Nota: O número e a disposição dos furos são determinados pelas condições de pressão e de temperatura, bem como pela composição química do fluido geotérmico (fluido portador de calor).

    18.4.5 Técnica das Rochas Quentes e Secas

    Processo de extracção de energia geotérmica útil, no qual a água é injectada sob pressão nas rochas quentes e secas subterrâneas com permutação de calor, tornando assim possível a utilização da energia geotérmica.

    18.4.6 Processo de Fracturação Hidráulica

    Fracturação de uma formação rochosa por meio de pressão hidráulica, muitas vezes associada à injecção de um material dito de sustentação (por exemplo a areia) para manter abertas as fracturas assim provocadas (ver 9.5.10).

    18.4.7 Estimulação

    Processo que visa melhorar as condições de escoamento dos fluidos portadores de calor (ver 9.5.9).

    18.4.8 Reinjecção

    Reinjecção de um fluido geotérmico, frequentemente muito mineralizado, num aquífero depois da extracção da sua energia térmica, para não poluir o meio ambiente e/ou para modificar o menos possível as condições de pressão subterrâneas. Pode, igualmente, ser necessário injectar água de outras proveniências.

    18.4.9 Sistema Binário

    Sistema químico constituído por duas componentes ou sistema de aproveitamento geotérmico onde o fluido terrestre transmite energia térmica a um outro fluido, o fluido motor das turbinas.

    18.4.10 Sistema Directo

    Sistema de aproveitamento geotérmico onde o calor ou a energia cinética dos fluidos geotérmicos são directamente utilizados.

    18.4.11 Broca

    Peça de corte da formação geológica que se pretende atravessar por meio de equipamento de perfuração. Este pode ser constituído por máquinas que movimentam equipamentos que avançam à rotação, à percussão ou à rotopercussão. Existem tecnologias de perfuração que fundem ou volatilizam as rochas que se pretende atravessar.

    18.4.12 Método de Perfuração “Rotary”

    Método de perfuração onde se utilizam brocas com dentes de destruição (monocones, bicones, tricones, quadricones) de grande rendimento mas que avançam na formação geológica com o auxílio de lamas (argilas especiais como as bentonites) que lubrificam a broca e sustentam as paredes do furo, evitando o respectivo colapso.

    18.4.13 Perfuração de Rocha “HDR”

    Nesse caso perfuram-se 2 poços até à faixa quente. Por um deles injecta-se água da superfície e no outro, a uma distância calculada, capta-se a água injectada, agora a alta temperatura, depois de ter atravessado as fracturas profundas da rocha em arrefecimento.

    Nota: Trata-se dum processo ainda em desenvolvimento (França, Reino Unido e Estados Unidos).

    18.4.14 Revestimento “Casing”

    Tubo de revestimento dum poço, geralmente em aço, instalado durante as suas fases de avanço e cimentado contra o terreno natural com equipamentos especiais.

    18.4.15 Revestimento Liner

    Tubo perfurado, geralmente em aço, instalado após o “casing”, que permite suster as paredes do poço e permite a entrada de geofluidos no respectivo interior.

    18.4.16 Cabeça do Poço

    Conjunto de válvulas e de estruturas metálicas associadas, que são instaladas no topo do “casing”, permitindo assim a exploração controlada dum poço.

    18.4.17 Inibidor

    Produto químico injectado ao longo do eixo central dum poço geotérmico com a finalidade de reagir com o geofluido ascendente, alterando-o composicionalmente, impedindo deste modo a incrustação de minerais nas paredes do “casing” e melhorando as condições de exploração.

    18.4.18 Medições “Log”

    Conjunto de medições ao longo dum poço geotérmico (temperatura, profundidade, pressão, potencial instantâneo, radioactividade, permeabilidade, etc.).

    19. Fusão nuclear

    A fusão nuclear consiste na junção de dois núcleos atómicos leves num núcleo mais pesado, acompanhada da libertação de energia correspondente à diminuição da massa total dos reagentes.

    Os processos de fusão no Sol constituem a base da radiação solar. Se a fusão nuclear controlada pudesse ser realizada na Terra tal facto poria à disposição da Humanidade quantidades de energia ilimitadas.

    A investigação científica e o desenvolvimento tecnológico relativos à fusão concentraram-se até ao presente nos conceitos de confinamento magnético e de confinamento inercial do plasma. A “fusão fria” em processos electrolíticos também está a ser investigada; contudo, esta opção é muito controversa e não foi portanto considerada.

    Esta secção inclui os termos suficientemente importantes para a maioria dos utilizadores deste dicionário. Os especialistas poderão recorrer a uma obra mais completa “

    anel on the Physics and Fluids” (USA), Plasma and Fluids, National Academy Press, Washington DC, Third Printing (1987).

    19.1 Termos Fundamentais
    19.1.1 Reacção Termonuclear

    Reacção de fusão nuclear na qual os núcleos intervenientes adquirem, por aquecimento, a energia cinética necessária para vencer a sua repulsão electrostática.

    Nota: Um exemplo é o do processo através do qual as partículas alfa da reacção de fusão deutério-trítio podem manter a temperatura do plasma e, deste modo, prolongar as condições de reacção até ao consumo do combustível deutério-trítio.

    19.1.2 Condições de Fusão Termonuclear

    Produção de um plasma confinado, durante o tempo adequado, a uma temperatura e uma densidade suficientemente elevadas para criar uma libertação significativa de energia por reacção de fusão (ver Critério de Lawson – 19.1.8).

    19.1.3 Plasma

    Fluido obtido quando se ioniza, parcial ou totalmente, um gás a temperaturas muito elevadas. O plasma utilizado na fusão nuclear contém geralmente iões positivos e electrões em concentrações praticamente iguais. Assim, nos grandes volumes, o plasma encontra-se electricamente neutro, é bom condutor de electricidade e apresenta um comportamento colectivo em que os movimentos das partículas carregadas são regidos por forças de longa acção do tipo “Lei de Coulomb”.

    Para o aquecimento do plasma podem empregar-se diferentes sistemas tais como:

    • o aquecimento óhmico;
    • o aquecimento por injecção de átomos neutros;
    • o aquecimento por radiofrequência (ressonância ciclotrónica dos iões, ressonância ciclotrónica dos electrões, ressonância híbrida inferior);
    • o aquecimento por compressão adiabática;
    • o aquecimento por onda de choque;
    • o aquecimento por turbulência;
    • o aquecimento por laser.
    19.1.4 Ignição Termonuclear

    Condição que se verifica quando a energia das partículas alfa produzidas nas reacções de fusão é igual ou maior do que a perda total de calor proveniente do plasma. Afecta directamente a fusão do deutério-trítio que tem a criticidade mínima.

    19.1.5 Criticidade do Plasma

    Condição em que a potência de fusão produzida no plasma é superior à potência necessária para manter a temperatura do plasma. No caso de plasmas de trítio aquecidos por jactos de deutério, as condições de criticidade são menos severas, tendo em vista o Critério de Lawson para os plasmas térmicos (ver Critério de Lawson – 19.1.8).

    19.1.6 Confinamento

    Método utilizado para manter as partículas ionizadas de um plasma numa região determinada do espaço.

    Nota: Há dois tipos principais de confinamento: o confinamento magnético, que pode ser considerado como lento, e o confinamento inercial, que é do tipo rápido.

    19.1.7 Tempo de Confinamento

    Tempo necessário para que a temperatura do plasma desça até uma determinada fracção da sua temperatura inicial se não se lhe tiver fornecido energia adicional.

    19.1.8 Critério de Lawson e Produto da Fusão

    Relação entre as principais grandezas que intervêm no processo de fusão. No caso da reacção D-T (deutério-trítio), o Critério dá:

    • temperatura do plasma T > 108 K
    • nτ ≥ 1014 s/cm3, onde n é a densidade expressa em número de partículas em cada centímetro cúbico e τ o tempo de confinamento expresso em segundos.

    Nota: O produto de fusão é o produto da densidade do plasma pelo tempo de confinamento e pela temperatura, expresso em número de partículas por metro cúbico, por segundo e por grau kelvin.

    Num plasma deutério-trítio, a criticidade atinge-se quando o produto de fusão for da ordem de 3x 1020.

    19.1.9 Configuração do Campo Magnético

    Distribuição adequada do campo magnético de modo que as partículas ionizadas permaneçam num espaço determinado.

    Nota: Entre as configurações possíveis podem assinalar-se as seguintes:

    • configuração toroidal (tokamak, stellarator e “reversed field pinch”)
    • poço magnético (configuração de indução magnética mínima).
    19.1.10 Espelho Magnético

    Campo magnético, geralmente axial, com uma zona delimitada de densidade crescente que cria uma convergência das linhas do campo. Uma partícula que se desloque na zona das linhas convergentes do campo magnético reflectir-se-á, a menos que a relação entre a sua energia paralela ao campo magnético e a energia perpendicular a este mesmo campo seja demasiadamente elevada.

    19.1.11 Lente

    Dispositivo que, por meio de um campo eléctrico, um campo magnético ou um campo electromagnético, produz a concentração das partículas carregadas numa dada região do espaço.

    Distinguem-se:

    • lente electrostática;
    • lente magnética;
    • lente electromagnética.
    19.1.12 Efeito de Estrição, Pinch

    Contracção de um plasma pela acção rápida de um campo magnético criado por uma corrente eléctrica que o atravessa.

    A estrição pode ser:

    • estrição linear;
    • estrição teta (θ), segundo a orientação dos referidos campos.
    19.1.13 Deriva

    Movimento do centro de rotação (“guiding center”) de uma partícula carregada no interior de um plasma.

    19.1.14 Onda de Deriva

    Onda que aparece num plasma originada por gradientes de temperatura, densidade e/ou de campo magnético.

    19.1.15 Bombagem Magnética

    Método utilizado para aquecer um plasma por meio de compressões e descompressões sucessivas provocadas por um campo magnético que se faz variar periodicamente.

    19.1.16 Valor Beta do Plasma (β)

    Relação da pressão externa exercida pelo plasma e a pressão interna que o campo de confinamento magnético é capaz de exercer. É o equivalente da relação entre a densidade energética de uma partícula e a densidade energética do campo magnético.

    19.1.17 Disrupções do Plasma

    Fenómeno macroscópico dos plasmas de confinamento toroidal nos quais se podem perder grandes quantidades de energia e numerosas partículas. Iniciam-se por instabilidades magnetohdrodinâmicas não lineares.

    19.1.18 Impurezas do Plasma

    Iões que pertencem a elementos diferentes dos do combustível da reacção de fusão.

    19.2 Termos Técnicos
    19.2.1 Reactor de Fusão, Reactor Nuclear de Fusão

    Reactor nuclear que funciona mediante reacções de fusão, isto é, um reactor projectado para atingir e controlar as reacções em cadeia auto-sustentadas da fusão nuclear com libertação líquida de energia.

    19.2.2 Stellarator

    Configuração magnética de confinamento que utiliza uma combinação entre um campo magnético toroidal e um campo magnético adicional, ambos criados por enrolamentos exteriores ao plasma.

    19.2.3 Tokamak

    Configuração magnética em que o confinamento do plasma é criado por um campo magnético toroidal criado por bobinas externas e por um campo magnético toroidal que é essencialmente criado por uma corrente eléctrica que circula no plasma. Esta corrente é gerada por efeito de transformador ou por meios não-inductivos relacionados com a injecção de ondas de radiofrequência, de elevada potência.

    19.2.4 Reactor Híbrido de Fusão-Cisão, Reactor Híbrido

    Reactor termonuclear no qual os neutrões de alta energia provenientes das reacções de fusão atravessam um conjunto de materiais férteis e produzem materiais cindíveis que podem ser utilizados em reactores de cisão convencionais.

    19.2.5 Magnetohdrodinâmica (MHD)

    Estudo dos movimentos dos fluidos condutores de electricidade no seio de um campo magnético. Aplica-se aos metais líquidos (mercúrio, metais alcalinos fundidos), aos gases fracamente ionizados e aos plasmas.

    19.2.6 Fusão Laser

    Técnica de fusão baseada no confinamento inercial de um micro-alvo ou micro-nódulo de combustível, que é comprimido esfericamente e aquecido até que sejam alcançadas as condições de fusão termonuclear, mediante pulsações de raios laser convergentes (ver 4.4.10).

    Nota: Denomina-se micro-alvo ou micro-nódulo uma pequena esfera com um diâmetro da ordem de um milímetro formada por uma mistura de deutério e trítio cujo centro adquire, pela acção convergente de raios laser, as condições de pressão e temperatura necessárias para que se iniciem as reacções de fusão nuclear e para que se propague esta ignição inicial favorecida pelo confinamento inercial, dando lugar a uma micro-explosão nuclear.

    19.2.7 Camada Fértil de Fusão

    Região de lítio que envolve o núcleo do reactor de fusão, na qual os neutrões resultantes da fusão: (i) são desacelerados, com transferência de calor para um refrigerante primário; (ii) reagem com o lítio produzindo o trítio que é necessário para a continuação das reacções deutério-trítio.

    19.2.8 Diversor (“divertor”)

    Componente de uma experiência toroidal de fusão que cria um campo magnético com o objectivo de desviar as partículas carregadas da camada exterior do plasma, para um local separado onde elas embatem numa barreira, sendo neutralizadas e evacuadas por bombagem. Daqui resulta que as partículas energéticas do invólucro exterior não podem embater nas paredes do contentor principal, o que evita o aparecimento de partículas secundárias que podem arrefecer o plasma. As primeiras partículas a serem bombeadas, pelo diversor são as impurezas (dado que, como têm maior massa que os iões de trítio e deutério, possuem maiores raios de Larmor).

    19.2.9 Limitadores (“limiters”)

    O limitador é um conjunto de peças de material apropriado (por exemplo, aço, carbono, grafite) que constituíram o primeiro processo usado para limitar fisicamente a coluna de plasma. Os iões das impurezas do plasma, pela razão referida no ponto anterior, são os primeiros a contactar com o limitador. Dos dois processos de extrair impurezas do plasma, o diversor é mais eficiente (devido à bombagem das impurezas para o exterior) e conduz a melhores rendimentos das experiências de plasmas de fusão.

    19.2.10 Injecção de Pastilhas

    A injecção de pastilhas de hidrogénio sólido (“pellets”) para alimentar os plasmas confinados magneticamente foi testada com sucesso e constitui hoje um dos processos mais importantes para controlar o perfil radial da densidade dos plasma.

    20. Unidades

    As medidas são dadas em termos de unidades, isto é, uma grandeza exprime-se por meio de um valor numérico multiplicado por uma unidade.

    O Sistema Internacional de Unidades, SI, foi adoptado a nível internacional e cobre praticamente todos os domínios da ciência e da tecnologia. Contudo, no sector da energia, têm sido e continuam a ser utilizadas numerosas unidades tradicionais como, por exemplo, a caloria, a “British thermal unit” e o barril de petróleo. Nesta Secção são definidas as unidades de medida relativas à energia, encontrando-se em anexo os factores de conversão e os coeficientes de equivalência.

    Indicam-se os nomes das unidades, tal como devem ser escritos por extenso, e os símbolos respectivos (entre parênteses).

    20.1 O Sistema Internacional de Unidades - SI

    O nome Sistema Internacional de Unidades, bem como a sua abreviatura SI, foi adoptado pela 11ª Conferência Geral de Pesos e Medidas (CGPM), em 1960.

    Este sistema inclui unidades de base e unidades derivadas e abrange as duas unidades suplementares radiano e esterradiano que no seu conjunto formam o sistema coerente das unidades SI.

    20.1.1 Unidades de Base SI

    A lista das setes unidades de base é indicada a seguir.

    20.1.1.1 metro (m)

    Unidade de comprimento. O metro é o comprimento do trajecto percorrido pela luz no vazio durante um intervalo de tempo de 1/299 792 458 s.

    [17ª CGPM (1983), Resolução 1].

    20.1.1.2 quilograma (kg)

    Unidade de massa. O quilograma é a unidade de massa e é igual à massa do protótipo internacional do quilograma.

    [3ª CGPM (1901)].

    20.1.1.3 segundo (s)

    Unidade de tempo. O segundo é a duração de 9 192 631 770 períodos da radiação correspondente à transição entre os dois níveis hiperfinos do estado fundamental do átomo de césio 133.

    [13ª CGPM (1967), Resolução 1].

    20.1.1.4 ampere (A)

    Unidade de intensidade de corrente eléctrica. O ampere é a intensidade de uma corrente constante que, mantida em dois condutores paralelos, rectilíneos, de comprimento infinito, de secção circular desprezável e colocados à distância de 1 m um do outro no vazio, produziria entre estes condutores uma força igual a 2 x 10-7 N por metro de comprimento.

    [CIPM (1946), Resolução 2 aprovada pela 9ª CGPM (1948)].

    20.1.1.5 kelvin (K)

    Unidade de temperatura termodinâmica. O kelvin, unidade de temperatura termodinâmica, é a fracção 1/273, 16 da temperatura termodinâmica do ponto triplo da água.

    [13ª CGPM (1967), Resolução 4].

    Nota 1: A 13ª CGPM (1967, Resolução 3) decidiu igualmente que a unidade kelvin e o seu símbolo K deveriam ser usados para exprimir um intervalo ou uma diferença de temperaturas.

    Nota 2: Para além da temperatura termodinâmica (símbolo T), expressa em kelvins, é também usada a temperatura Celsius (símbolo t) definida pela equação t = T – T0 em que T0 = 273,15 K por definição. Para definir a temperatura Celsius, é usada a unidade “grau Celsius” que é igual à unidade “kelvin”; neste caso, “grau Celsius” é um nome especial usado em lugar de “kelvin”.Um intervalo ou diferença de temperaturas pode, portanto, ser expresso tanto em kelvins como em graus Celsius.

    20.1.1.6 mole (mol)

    Unidade de quantidade de matéria. A mole é a quantidade de matéria de um sistema contendo tantas entidades elementares quantos os átomos que existem em 0,012 kg de carbono 12. Quando se utiliza a mole, as entidades elementares devem ser especificadas e podem ser átomos, moléculas, iões, electrões, outras partículas ou agrupamentos especificados de tais partículas.

    [14ª CGPM (1971), Resolução 3].

    20.1.1.7 candela (cd)

    Unidade de intensidade luminosa. A candela é a intensidade luminosa, numa direcção dada, de uma fonte que emite uma radiação monocromática de frequência 540 x 1012 Hz e cuja intensidade nessa direcção é 1/683 W·sr-1.

    [16ª CGPM (1979), Resolução 3].

    20.1.2 Unidades SI Derivadas com um Nome Especial e Unidades Suplementares

    As unidades derivadas são expressas a partir das unidades de base, com as relações algébricas que unem as suas grandezas; por exemplo, a unidade SI para a aceleração é o metro por segundo quadrado (m·s-2=m/s2). A CGPM aprovou alguns nomes e símbolos especiais para um certo número de unidades derivadas.

    20.1.2.1 radiano (rad)

    Unidade de ângulo plano. O radiano é o ângulo plano compreendido entre dois raios que, na circunferência de um círculo, intersectam um arco de comprimento igual ao raio desse círculo.

    20.1.2.2 esterradiano (sr)

    Unidade de ângulo sólido. O esterradiano é o ângulo sólido que, tendo o vértice no centro de uma esfera, intersecta na superfície desta uma área igual à de um quadrado tendo por lado o raio da esfera.

    20.1.2.3 Hertz (Hz)

    Unidade de frequência. O Hertz é a frequência de um fenómeno periódico cujo período é 1 segundo.

    20.1.2.4 Newton (N)

    Unidade de força. O newton é a força que, quando aplicada a um corpo tendo a massa de 1 quilograma, transmite uma aceleração de 1 metro por segundo quadrado.

    20.1.2.5 Pascal (Pa)

    Unidade de tensão e de pressão. O pascal é a tensão ou a pressão uniforme que, agindo sobre uma superfície plana de 1 metro quadrado, exerce perpendicularmente sobre esta superfície uma força total de 1 newton.

    20.1.2.6 Joule (J)

    Unidade de trabalho, de energia e de quantidade de calor. O joule é o trabalho produzido por uma força de 1 newton cujo ponto de aplicação se desloca 1 metro na direcção da força.

    20.1.2.7 Watt (W)

    Unidade de potência. O watt é a potência de um sistema energético no qual é transferida uniformemente uma energia de 1 joule durante 1 segundo.

    20.1.2.8 Coulomb (C)

    Unidade de quantidade de electricidade. O coulomb é a quantidade de electricidade transportada durante 1 segundo por uma corrente eléctrica de 1 ampere.

    20.1.2.9 Volt (V)

    Unidade de força electromotriz, de diferença de potencial ou de tensão. O volt é a diferença de potencial eléctrico existente entre dois pontos de um condutor percorrido por uma corrente constante de 1 ampere quando a potência em jogo entre os dois pontos é igual a 1 watt.

    20.1.2.10 Farad (F)

    Unidade de capacidade eléctrica. O farad é a capacidade de um condensador eléctrico entre cujas armaduras metálicas surge uma diferença de potencial de 1 volt quando se encontra carregado com uma quantidade de electricidade de 1 coulomb.

    20.1.2.11 Ohm (Ω)

    Unidade de resistência eléctrica. O ohm é a resistência eléctrica entre dois pontos de um condutor quando uma diferença de potencial constante de 1 volt aplicada entre eles produz uma corrente de 1 ampere, desde que o condutor não seja sede de qualquer força electromotriz.

    20.1.2.12 Siemens (S)

    Unidade de condutância eléctrica. O siemens é a condutância eléctrica de um condutor com uma resistência eléctrica de 1 ohm.

    20.1.2.13 Weber (Wb)

    Unidade de fluxo magnético. O weber é o fluxo magnético que, atravessando um circuito de uma única espira, produz uma força electromotriz de 1 volt quando ele se anula num segundo ao diminuir uniformemente.

    20.1.2.14 Tesla (T)

    Unidade de indução magnética. O Tesla é a indução magnética uniforme que, quando repartida normalmente sobre uma superfície de 1 metro quadrado, produz através dessa superfície um fluxo magnético total de 1 weber.

    20.1.2.15 Henry (H)

    Unidade de indutância ou coeficiente de indução. O henry é a indutância de um circuito fechado no qual se gera uma força electromotriz de 1 volt quando a corrente eléctrica que percorre o circuito varia uniformemente à taxa de 1 ampere por segundo.

    20.1.2.16 grau Celsius (ºC)

    A temperatura Celsius exprime-se em graus Celsius.

    20.1.2.17 lumen (lm)

    Unidade de fluxo luminoso. O lumen é o fluxo luminoso emitido num ângulo sólido de 1 esterradiano por uma fonte pontual uniforme situada no vértice do ângulo sólido com uma intensidade luminosa de 1 candela.

    20.1.2.18 lux (lx)

    Unidade de radiação luminosa. O lux é a radiação de uma superfície que recebe de uma forma uniformemente repartida um fluxo luminoso de 1 lumen por metro quadrado.

    Nome Especial Expressão em termos de unidades de base SI ou de outras unidades derivadas SI
    radiano 1 rad = 1 m/m = 1
    esterradiano 1 sr = 1 m2/m2 = 1
    Hertz 1 Hz = 1 s-1
    Newton 1 N = 1 kg·m/s2
    Pascal 1 Pa = 1 N/m2
    Joule 1 J = 1 N·m
    Watt 1 W = 1 J/s
    Coulomb 1 C = 1 A·s
    Volt 1 V = 1 W/A
    Farad 1 F = 1 C/V
    Ohm 1 Ω = 1 V/A
    siemens 1 S = 1 Ω-1
    Weber 1 Wb = 1 V·s
    Tesla 1 T = 1 Wb/m2
    Henry 1 H = 1 Wb/A
    grau Celsius 1ºC
    lumen 1 lm = 1 cd·sr
    lux 1 lx = 1 lm/m2
    20.1.3 Unidades Derivadas SI com um Nome Especial no Domínio da Radioprotecção
    20.1.3.1 Becquerel (Bq)

    Unidade de actividade de uma fonte radioactiva. O Becquerel é a actividade de uma quantidade de nuclídeo radioactivo para a qual o número de transições nucleares espontâneas por segundo é igual a 1.

    20.1.3.2 gray (Gy)

    Unidade de dose absorvida. O gray é a dose absorvida num elemento de matéria com a massa de 1 quilograma, ao qual as radiações ionizantes transmitem de um modo uniforme uma energia de 1 joule. No domínio das radiações ionizantes o gray pode ainda ser empregue em associação com outras grandezas físicas que também se exprimem em joules por quilograma.

    20.1.3.3 sievert (Sv)

    Unidade de equivalente de dose no domínio da radioprotecção. O sievert é igual ao Joule por quilograma.

    Nome Especial Expressão em termos de unidades de base SI ou de outras unidades derivadas SI
    Becquerel 1 Bq = 1 s-1
    gray 1 Gy = 1 J/kg
    sievert 1 Sv = 1 J/kg
    20.1.4 Prefixos SI

    As unidades SI bem como os seus múltiplos e submúltiplos decimais formados pela utilização de prefixos são especialmente recomendadas para exprimir valores de grandezas.

    Se um nome de unidade ou um símbolo contendo um prefixo está afectado por um expoente, isso indica que os múltiplos ou os submúltiplos da unidade se encontram elevados à potência expressa pelo expoente. Por exemplo: 1 km2 é igual a 1 (km)2, área do quadrado que tem um quilómetro de lado, ou seja, 106 metros quadrados; 1 km2 não significa 1000 metros quadrados. Do mesmo modo 1 Gm3 significa 1 (Gm)3, volume de um cubo que tem um gigametro de aresta, ou seja, 1027 metros cúbicos. Para designar mil milhões de metros cúbicos é preciso empregar a expressão um quilómetro cúbico, ou seja, 1 km3. Finalmente, 1 cm3 significa 10-6 m3 e não 10-2 m3.

    Factor Prefixo Símbolo
    1024 Yotta Y
    1021 Zetta Z
    1018 Exa E
    1015 Peta P
    1012 Tera T
    109 Giga G
    106 Mega M
    103 quilo k
    102 hecto h
    10 deca da
    10-1 deci d
    10-2 centi c
    10-3 mili m
    10-6 micro µ
    10-9 nano n
    10-12 pico p
    10-15 femto f
    10-18 atto a
    10-21 zepto z
    10-24 yocto y
    20.2 Unidades não Pertencentes ao SI
    20.2.1 Unidades Reconhecidas pelo Comité Internacional de Pesos e Medidas (CIPM) e pela Organização de Normalização Internacional (ISO)

    Existem certas unidades que, embora não façam parte do SI, são reconhecidas pelo Comité Internacional de Pesos e Medidas (CIPM) como devendo ser consideradas pela sua importância prática.

    20.2.1.1 minuto (min)

    É uma unidade de tempo igual a 60 segundos.

    20.2.1.2 hora (h)

    A hora é uma unidade de tempo, de intervalo de tempo, de duração, igual a 3600 segundos (ou 60 minutos).

    20.2.1.3 dia (d)

    O dia é um período de 86 400 segundos (24 horas).

    20.2.1.4 grau (º)

    O grau é a unidade de um ângulo plano igual a 1/360 de uma circunferência completa ou a 1/90 de um ângulo recto.

    20.2.1.5 minuto de ângulo (’)

    O minuto de ângulo equivale a 1/60 do grau.

    20.2.1.6 segundo de ângulo (’’)

    O segundo de ângulo equivale a 1/60 do minuto.

    20.2.1.7 litro (l ou L)

    O litro pode ser utilizado como uma designação especial atribuída ao decímetro cúbico, mas não deve ser empregue para exprimir resultados de medidas de volume de alta precisão. Na origem do sistema métrico 1 quilograma devia igualar a massa de 1 decímetro cúbico de água a 4ºC. Contudo, ao serem realizadas medições, foi revelado o valor de 1,000 028 decímetro cúbico, ou seja, um desvio de 28 milionésimos. Em 1964, a 12ª CGPM pôs termo a esta dualidade e redefiniu o litro tal como o fazemos nesta definição (é uma unidade de volume igual a 1 decímetro cúbico).

    20.2.1.8 tonelada (t)

    Unidade de massa igual a 1000 quilogramas. A tonelada é uma unidade que se usa no SI.

    (A tonelada curta, em uso nos EUA, é igual a 2000 libras, ou seja, cerca de 907 kg; a tonelada longa, em uso no Reino Unido, é igual a 2240 libras, ou seja, cerca de 1016 kg).

    Nome Especial Definição
    minuto 1 min = 60 s
    hora 1 h = 60 min
    dia 1 d = 24 h
    grau 1º = (π/180) rad
    minuto de ângulo 1’ = (1/60)º
    segundo de ângulo 1’’ = (1/60)’
    litro 1 l = 1 dm3
    tonelada 1 t = 103 kg

    Num número limitado de casos estas unidades podem ser empregues conjuntamente com as unidades SI e seus múltiplos; por exemplo: km/h, kWh.

    20.2.1.9 electrão-volt (eV)

    O electrão-volt é uma unidade de energia igual à variação de energia de um electrão sujeito a uma variação de potencial de 1 volt.

    1 eV = 1,602 177 x 10-19 J.

    20.2.1.10 unidade de massa atómica (u)

    A unidade de massa atómica é uma unidade arbitrária que define a massa de átomos individuais. O padrão é igual à fracção 1/12 da massa de um átomo de carbono 12.

    1 u = 1,660 540 x 10-27 kg.

    20.2.2 Unidades Reconhecidas pela Comissão Electrotécnica Internacional (CEI) ou ISO mas não pela CIPM

    20.2.2.1 var (var)

    O var é um nome especial da unidade volt-ampere do SI para a potência reactiva utilizada na tecnologia da corrente alternada.

    1 var = 1 V·A

    20.2.2.2 rotação (r)

    r é o símbolo internacional para as rotações ao exprimir a frequência de rotação em unidades compostas tais como as rotações por minuto (r/min) e rotações por segundo (r/s). Devem-se evitar abreviaturas dependentes das línguas tais como rev (Inglês: revolutions), tr (Francês: tours) ou rpm e rps.

    20.2.2.3 bel (B)

    Unidade para grandezas logarítmicas de base 10. Por exemplo, o nível a potência sonora é Lp = lg(P/P0) B, sendo P0 a potência de referência. 1 B é o nível da amplitude do campo quando 2 lg(F/F0) = 1 ou é o nível da potência quando lg(P/P0) = 1 (onde F0 e P0 são valores de referência). Comummente emprega-se o submúltiplo decibel em vez do bel, sendo 1 dB = 0,1 B.

    20.2.2.4 neper (Np)

    O neper é uma unidade SI para grandezas logarítmicas de base e. 1 Np é o nível da amplitude do campo quando ln(F/F0) = 1 ou o nível da potência quando (1/2)·ln(P/P0) = 1 onde F0 e P0 são valores de referência).

    20.2.2.5 shannon (Sh)

    Unidade para grandezas logarítmicas de base 2. 1 Sh é o valor respectivo quando Ib(x) = 1, (isto é, x = 2).

    20.2.3 Unidades não Reconhecidas pelo CIPM e pela ISO

    Há outras unidades utilizadas no domínio da energia que não são reconhecidas nem pelo CIPM, nem pela ISO. Apenas as referiremos a título informativo.

    20.2.3.1 API

    O American Petroleum Institute (API) adoptou uma escala para medir a densidade dos petróleos brutos e dos produtos petrolíferos, expressa em graus:

    APIº = (141, 5/SG) – 131,5

    em que SG é a densidade do petróleo a 60ºF.

    20.2.3.2 barril de petróleo (bbl)

    Unidade de volume, baseada no volume de um barril, utilizada na indústria petrolífera e igual a 0,158 91 m3 [no caso de um barril de petróleo bruto a 60ºF (15ºC) em condições normais].

    20.2.3.3 caloria (cal)

    A caloria é a quantidade de calor necessária para elevar a temperatura de um grama de água de 14,5ºC a 15,5ºC à pressão atmosférica normal (101 325 Pa).

    1 cal15 = 4,185 5 J. [1 calIT = 4, 186 8 J].

    20.2.3.4 termia (th)

    A termia ou a megacaloria é uma unidade de energia utilizada em França.

    1 th = 4,186 8 MJ.

    20.2.3.5 British thermal unit (Btu)

    Corresponde à quantidade de calor necessária para elevar a temperatura de uma libra* de água de 39,2ºF para 40,2ºF.

    1 Btu = 1 055,06 J.

    * Unidade inglesa de peso.

    20.2.3.6 therm

    Unidade igual a 100 000 Btu.

    20.2.3.7 quad

    Unidade americana de consumo energético. É a abreviatura de mil biliões de Btu ou 1015 Btu.

    1 quad = 1,055 EJ.

    20.2.3.8 tep (tonelada equivalente de petróleo) e tec (tonelada equivalente de carvão)

    A tep e a tec são unidades de conta. A tep é definida por convenção como sendo igual a 10 000 megacalorias e a tec a 7000 megacalorias. Os seus nomes indicam que são aproximadamente equivalentes à quantidade de calor existente numa tonelada de petróleo e numa tonelada de carvão. Para facilitar cálculos utiliza-se o factor 1,5 tec para 1 tep.

    20.2.3.9 bar (bar)

    A designação bar pode ser atribuída ao múltiplo decimal equivalente a cem mil pascais (100 kPa). O bar deveria apenas ser utilizado na medição de pressões relativas, com o auxílio de manómetros.

    20.2.3.10 barn (b)

    O barn é uma unidade de área utilizada em física nuclear para exprimir uma secção eficaz.

    1 b = 10-28 m2

    20.2.3.11 grau Fahrenheit (ºF)

    O grau Fahrenheit é uma unidade utilizada para exprimir a temperatura Fahrenheit.

    xºF = 5/9 (x – 32)ºC

    yºC = (1,8 y + 32)ºF

    20.2.4 Unidades de Concentração

    No Sistema Internacional de Unidades (SI) utiliza-se o micrograma por metro cúbico (µg/m3) como unidade para exprimir a concentração mássica da poluição atmosférica (massa por volume). Do mesmo modo, o miligrama por litro (mg/l) ou o grama por metro cúbico (g/m3) são utilizados para a poluição da água. A diferença ao nível das potências de dez para as unidades explica-se pela diferença de densidades entre o ar e a água.

    Por outro lado, numerosas concentrações são expressas em partes por milhão (ppm), partes por cem milhões e partes por milhares de milhões, sendo a proporcionalidade das partes geralmente baseada no volume. Para converter o ppm em µg/m3 é necessário considerar o facto de que uma mole de gás à temperatura e pressão normais ocupa um volume de 0,022 4 m3 (22,4 l).

    Assim, a concentração mássica expressa em µg/m3 é igual a:

    (c x Mr) / 0,022 4

    em que c é a concentração em ppm e Mr a massa molecular relativa da poluição (antigo peso molecular).

    Exemplo: A massa atómica relativa do enxofre é 32 e a do oxigénio 16. A massa molecular relativa do anidrido sulfuroso (SO2) é pois 32 + 2 x 16 = 64.

    Uma concentração mássica de anidrido sulfuroso no ar é portanto:

    (1 x 64)/0,022 4 µg/m3 = 2857 µg/m3.

    A abreviatura ppm deve ser evitada por ser ambígua (ppm = parte por milhar, por milhão, por mil milhões) e porque se ignora se se trata de uma concentração em massa ou em volume.

    20.3 Factores de Conversão

    Os factores de conversão são empregues de forma a que, numa base comum, possam ser comparadas medidas expressas em diferentes unidades. No domínio da energia as medidas referem-se sobretudo às unidades de massa, de volume, de potencia e de energia. (Ver quadros seguintes).

    20.3.1 Massa

    Os combustíveis sólidos são quase sempre referidos em unidades de massa tais como a tonelada métrica (1000 kg), a tonelada curta, a tonelada longa ou a libra. A unidade mais utilizada actualmente para medir o carvão é a tonelada métrica. Em várias partes do mundo também o petróleo é medido em toneladas métricas. Os combustíveis tradicionais, tal como a madeira, são por vezes também em quilogramas ou libras.

    Massa

    Factor multiplicativo (de ↓ para →)kgttltclb
    quilograma (kg)1,00,0010,000 9840,001 1022,204 6
    toneladas métricas (t)10001,00,9841,102 32 204,6
    toneladas longas (tl)10161,0161,01,1202 240,0
    toneladas curtas (tc)907,20,907 20,8931,02 000,0
    libras (lb)0,4540,000 4540,000 4460,000 51,0
    20.3.2 Volume

    Os gases, os combustíveis líquidos e, nalguns casos, os combustíveis tradicionais são expressos em unidades de volume. De notar que o estado de temperatura e de pressão dos gases e, até certo ponto, dos combustíveis líquidos, deve ser explicitado quando a medida é referida em termos de volume. As unidades mais frequentemente usadas para os gases são o metro cúbico ou o pé cúbico, enquanto que as que mais se empregam para os combustíveis líquidos são o metro cúbico, o barril de petróleo, o galão EUA, ou o galão imperial.

    Volume

    Factor multiplicativo (de ↓ para →)m3lgal (EUA)gal (RU)bblpé3
    metros cúbicos (m3)1,01 000,0264,2220,06,28935,314 7
    litros (l)0,0011,00,264 20,2200,006 30,035 3
    galões (EUA)0,003 83,7851,00,832 70,023 810,133 7
    galões (RU)0,004 54,5461,2011,00,028 590,160 5
    barris (bbl)0,159149,042,034,971,05,615
    pés cúbicos (pé3)0,028 328,37,486,2290,178 11,0
    20.3.3 Energia

    A energia pode ser expressa em joules, quilowatt-horas, calorias ou unidades térmicas britânicas, podendo todas estas unidades ser aplicadas a qualquer tipo de energia, independentemente da sua origem. (Ver também 3.2.2).

    Energia

    Factor multiplicativo (de ↓ para →)JBtucalkWh
    Joule (J)1,0947,8 x 10-60,238 84277,7 x 10-9
    Btu1,055 1 x 1031,0252,02,930 7 x 10-6
    therm0,105 51 x 1091,0 x 105252,0 x 10529,307
    quad1,055 1 x 10181,0 x 10 15252,0 x 10152,930 7 x 109
    caloria (cal)4,186 83,968 x 10-31,01,163 x 10-6
    termia = Mcal4,186 8 x 1063,968 x 1031,0 x 1061,163
    quilowatt-hora (kWh)3,6 x 1063412860 x 1031,0
    20.3.4 Potência

    A potência pode ser expressa em watts, cavalos-vapor métricos, cavalos-vapor imperiais, quilocalorias por hora e unidades térmicas britânicas (Btu) por hora.

    Potência

    Factor multiplicativo (de ↓ para →)Wchhpkcal/hBtu/h
    Watt (W)10,001 3600,001 3410,860 03,412
    cavalo-vapor métrico (Cvm)735,510,986 3632,42510
    cavalo-vapor imperial (Cvi)745,71,0141641,22544
    quilocaloria por hora (kcal/h)1,1630,001 5810,001 56013968
    British thermal unit por hora (Btu/h)0,29310,000 398 50,000 393 00,252 01
    20.4 Coeficientes de Equivalência

    Coeficientes utilizados para as necessidades da contabilidade energética quando é necessário utilizar uma unidade única para diferentes formas de energia (unidade energética ou unidade de conta convencional), o que implica formular hipóteses sobre as possibilidades de substituição de uma forma de energia por outras (por comparação dos respectivos poderes caloríficos e avaliação dos processos de transformação).

    Princípio da Substituição Os coeficientes de equivalência são usados sobretudo para a substituição teórica entre combustíveis. Equivalência não significa, porém que uma substituição é possível.

    A substituição indica simultaneamente a capacidade teórica e física de um combustível substituir outro. Por exemplo, a substituição do petróleo por gás numa central eléctrica mista (gás/petróleo) revela-se possível. No entanto, o petróleo dos motores de reacção não pode ser substituído pelo carvão embora este possa ser expresso em poder calorífico equivalente ao do petróleo.

    Deste modo, quando uma substituição real é calculada, três condições devem ser consideradas:

    1. as equivalências dos combustíveis em poder calorífico devem ser conhecidas;
    2. as utilizações a que se destina o combustível têm de ser compatíveis;
    3. devem conhecer-se os rendimentos das instalações e dos processos de combustão, por exemplo, os dos motores a vapor no caso do carvão em comparação com os dos motores de combustão interna no caso do petróleo.

    O efeito de substituição entre uma massa (m) ou um volume (V) de combustível e a energia eléctrica (E) pode-se exprimir pelas fórmulas:

    E = c1 m = c2 V

    em que c1 = x MJ/kg e c2 = y MJ/m3.

    Os coeficientes c1 e c2 dependem do processo (ou seja, do rendimento) e da qualidade do combustível. Por convenção, os valores médios dos coeficientes c1 e c2 são designados por coeficientes de equivalência.

    Para utilização dos coeficientes de equivalência nos balanços energéticos ver 3.2.1 a 3.2.4.

    Nota: O Comité de Terminologia do Conselho Mundial de Energia não tem por objectivo preparar tabelas de coeficientes de equivalência. As tabelas 20.4.1, 20.4.2 e 20.4.3 são dadas apenas a título informativo.

    Elas, assim como as tabelas dos factores de conversão, são provenientes do documento publicado pelas Nações Unidas, Departamento de Assuntos Económicos e Sociais Internacionais, 1987 (Estudos metodológicos, Série F, Nº 44).

    20.4.1 Coeficientes de Equivalência Médios para os Combustíveis Sólidos
    tonelada ↓ para →giga-joulesmilhões Btugiga-caloriasmegawatt-horasbarris de petróleotonel.equiv. de carvãotonel.equiv. de petróleo
    Carvão25,3127,787,008,144,91,0000,700
    Lignite11,2810,702,703,132,50,3850,270
    Turfa9,539,032,282,652,30,3250,228
    Xistos betuminosos9,208,722,202,561,80,3140,220
    Briquetes de carvão29,3127,787,008,144,91,0000,700
    Briquetes de lignite19,6418,614,695,453,30,6700,469
    Briquetes de turfa14,6513,893,504,072,50,5000,350
    Gás de carvão26,3825,006,307,334,40,9000,630
    Gás de coqueria26,3825,006,307,334,40,9000,630
    Coque de lignite19,6418,614,695,453,40,6700,469
    Carvão de madeira28,8927,386,908,024,80,9850,690
    Lenha12,6011,943,013,502,10,4300,301

    20.4.2 Coeficientes de Equivalência Médios para os Combustíveis Líquidos
    tonelada ↓ para →giga-joulesmilhões Btugiga-caloriasmegawatt-horasbarris de petróleotonel.equiv. de carvãotonel.equiv. de petróleo
    Petróleo bruto42,6240,3910,1811,847,321,4541,018
    Líquidos de gás natural45,1942,8310,7912,5510,401,5421,079
    GPL45,5543,1710,8812,6511,651,5541,088
    Gasolina natural automóvel44,9142,5610,7312,4710,001,5321,073
    Gasolina para motor43,9741,6710,5012,218,501,5001,050
    Gasolina para aviação43,9741,6710,5012,218,621,5001,050
    Gás carb. para reactor43,6841,3910,4312,138,281,4901,043
    Querosene carb. para reactor43,2140,9510,3212,007,771,4741,032
    Querosene43,2140,9510,3212,007,771,4741,032
    Petróleo diesel42,5040,2810,1511,817,231,4501,015
    Fuelóleo residual41,5139,349,9111,536,621,4160,991
    Óleo lubrificante42,1439,9410,0711,706,991,4381,007
    Betume/asfalto41,8039,629,9811,616,051,4260,998
    Coque de petróleo36,4034,508,6910,115,521,2420,869
    Cera de petróleo43,3341,0710,3512,037,861,4791,035
    Condensado de fábrica44,3242,0110,5912,318,991,5121,059
    White spirit43,2140,9510,3212,007,771,4741,032
    Nafta44,1341,8310,5412,268,741,5061,054
    Outros produtos petrolíferos42,5040,2810,1511,806,911,4501,015
    Álcool etílico27,6326,196,607,684,600,940,660
    Álcool metílico20,9319,845,005,823,500,710,500

    20.4.3 Coeficientes de Equivalência Médios para os Combustíveis Gasosos (a)
    1000 m3 ↓ para →giga-joulesmilhões Btugiga-caloriasmegawatt-horasbarris de petróleotonel.equiv. de carvãotonel.equiv. de petróleo
    Gás natural (b)39,0236,9810,849,326,501,3310,932
    Gás de coqueria (b)17,5916,674,884,202,940,6000,420
    Gás de alto forno (b)4,003,791,110,960,660,1370,096
    Gás de refinaria (b)46,143,712,811,07,691,5711,100
    Gás de cidade (b)17,5916,674,884,202,940,6000,420
    Biogás (b)20,019,05,64,83,360,6860,480
    Metano33,531,79,308,05,591,1430,800
    Etano59,556,316,514,29,922,0291,420
    Propano85,881,323,820,514,332,9292,050
    Isobutano108,0102,030,025,818,03,6862,580
    Butano111,8106,031,026,718,63,8142,670
    Pentano134,0127,037,232,022,364,5713,200

    (a) Considerando o PCI. (b) Para um gás típico.


    Condições normais de referência: As condições normais de temperatura e de pressão são 0ºC e 101 325 Pa. Não devem dar-se qualificações aos nomes das unidades, pois elas devem referir-se às grandezas: metros cúbicos normais é uma expressão incorrecta, devendo dizer-se metros cúbicos em condições normais.

    Condições métricas padrão: São aquelas a que se refere o volume ou outras características de um gás. As “condições métricas padrão” são 101,325 kPa e 15ºC; as “condições padrão” podem ser expressas em unidades métricas ou outras unidades (gás seco ou saturado) de acordo com o que se especifique no sistema de unidade do país em causa.

    Apêndices

    Comissão de Revisão do Dicionário de Terminologia Energética


    Presidente: Eng.ª Guida Lami Dias da Silva

    Vogais

    Portugal

  • Eng.º João Bagão Félix, Petrogal
  • Eng.º José Bacharel, Transgás
  • Eng.º José Cabral, EDA – Electricidade dos Açores
  • Eng.º José Penaforte e Costa, Direcção-Geral de Energia
  • Eng.º Lívio Honório, Electricidade de Portugal - EDP
  • Eng.º Manuel Oliveira, Electricidade de Portugal - EDP

  • Brasil

  • Eng.ª Alessandra Kepinski, Eletrobrás - Termonuclear

  • Colaboradores

  • Prof. António Gomes Martins, Universidade de Coimbra
  • Prof. Carlos Varandas, Instituto Superior Técnico
  • Doutor Jaime da Costa Oliveira, Instituto Tecnológico e Nuclear
  • Eng.º Rui Gonçalo Moura

  • Agradecimentos

    A Comissão de Revisão do Dicionário de Terminologia Energética agradece a todas as pessoas que, de uma forma ou de outra, contribuíram para a elaboração do presente trabalho, sendo de destacar, em particular, as seguintes:

  • Dr. Armando da Conceição Severo, Instituto Tecnológico e Nuclear
  • Dr. António Martins Bettencourt, Instituto Tecnológico e Nuclear
  • Eng.ª Ana Paradinha Santos, Companhia Portuguesa de Produção de Electricidade (CPPE) – Grupo EDP
  • Eng.º António J. C. Gonçalves, Companhia Portuguesa de Produção de Electricidade (CPPE) – Grupo EDP
  • Eng.º Pedro Sirgado, Companhia Portuguesa de Produção de Electricidade (CPPE) – Grupo EDP
  • Maria Fernanda Van Zeller, Electricidade de Portugal - EDP
  • Deolinda Ferreira, Electricidade de Portugal - EDP
  • Helena Oliveira, Companhia Portuguesa de Produção de Electricidade (CPPE) – Grupo EDP
  • Isabel Monteiro, TER - Termoeléctrica do Ribatejo – Grupo EDP
  • Catarina M. Lassen Soares Vieira, Petrogal – Refinaria do Porto
  • Eng.º Manuel Gonçalves Barreira, Petrogal – Refinaria do Porto
  • Eng.º José Gonçalinho de Oliveira, Petrogal – Refinaria do Porto
  • Dra. Maria Carla Figueiredo Santos, Petrogal – Refinaria do Porto
  • Dr. Jorge Correia Ribeiro, Petrogal – Refinaria do Porto
  • Ana Gonzaga Torres, Help You – Secretariado Privado
  • Elsa Marques, Help You – Secretariado Privado
  • Isabel Ângelo, Help You – Secretariado Privado

  • Uma referência especial é devida ao Eng.º Rui Gonçalo Moura pela sua empenhada participação nos trabalhos de revisão geral dos textos do Dicionário.


    Bibliografia

    Documentos utilizados na preparação deste Dicionário (livros, dicionários, normas ou outros)

    Assessment, description and evaluation of coal research in the Community countries. Détermi-nation, description et évaluation des ressources charbonnières dans les pays communautaires. Luxembourg, Office des Publications Officielles des Communautés Européennes, 1981; FRE – ENG – GER

    Balances of UNO, OECD, SOEC, OLADE, Bi-lans des Nations Unies, de l´OCDE/AIE, de l´OSCE et de l´OLADE (annuels)

    Basic Dictionary of the Petroleum Industry (A. MENDEZ MANZANO) Madrid, Editorial Paranin-fo, 1981;

    ESP – FRE – ENG

    Begriffsbestimmungen in der Energiewirtschaf, Frankfurt/M.VDEW (Vereinigung Deutscher Elek-triztätwerke e. V)

    Biomas Thesaurus (IEA Biomass Conversion Technical Information Service), Dublin, Institute for Industrial Research and Stan-dards, 1980

    BIPM; Le Système International d´ Unités (SI), 6th edition, F-92310 Sèvres, France (1991) ISBN 98-822-2112-1

    Cahiers de l´AFEDES (collection): Association Française pour l´Étude et le Déve-loppement des Applications de l´Energie Solai-re/, Paris, Editions Européennes Thermique et Industrie

    Carvões de Grau Inferior, (Classificação ISO – NP 3420 – 1987)

    Carvões de Grau Médio ou Superior, (Codificação internacional CEE – Nações Unidas – NP 3421 – 1989)

    Classification and Nomenclature Systems for Petroleum and Petroleum Reserves, London, 11th World Petroleum Congress, 1983

    Coal Classification, Carpenter, A.M.; IEACR, London, 1968

    Concepts and Methods in Energy Statistics, with Special Reference to Energy Accounts and Ba-lances; a Technical Report (UN Department of International Economic and Social Affairs, Sta-tistical Office); New York, UNO, 1982

    Dictionnaire de Géologie (A. FOUCAULT. J. F. RAOULT), Paris, Masson, 1984

    Encyclopedic Dictionary of Exploration Geophy-sics (R. E. SHERIFF), Tulsa, Society of Exploration Geophysicists, 1984

    Energetische Begriffe zur Energiebilanzierung (Energy Balance Terms) Technische Güte-und Lieferbedingungen (TGL) 78-10179-DDR

    Energiewirtschaf-Normen, Osterreiches Normungsinstitut, Wien, laufnd seit, 1969

    Energy Technology Handbook (D. M. CONSI-DINE), New-York, van Nostrand Reinhold Co, 1979

    Fórmulas de Conversão de Base, Norma ASTM D 3180

    Géodynamique Pétrolière Genèse et Répartition des Gisements d´ Hydrocarbures (A. PERRO-DON), Paris, Masson, Elf Aquitaine, 1985

    Geologisches Worterbbuch (H. MURAWSKI), Stuttgart, Ferdinand Enke Verlag, 1977

    Glossaire de l’Énergie (OCDE), Paris, OCDE, 1982; ENG – FRE

    Glossaire de l’ Énergie Nucléaire (OCDE), Paris, OCDE, 1983; ENG – FRE

    Glossaire de l´ Environnement (OCDE), Paris, OCDE, 1981; ENG – FRE

    Glossarium Alternative Energy Sources. Glos-saire Nouvelles Sources d´ Énergie (C. ALLE-GRA, A. BARSCH, C. CASEY, M. DEVOS, N. KOTOWSKI, H. KOWALSKI) Luxembourg, Office des Publications Officielles des Communautés Européennes, 1984; FRE – ENG –GER – DAN – DUT – ITA

    Glossary of Coal Terms British Standard BS 3323/1978

    Glossary of Oil Field Production Terminology, Washington, American Petroleum Institute, 1988

    Glossary of Geology (R. BATES, J. A. Jackson), Falls Church, VA, American Geological Institute (AGI), 1980

    Glossary of Terms relating to Solid Mineral Fuels, Australian Standard AS 2418

    Glossary of Water Management, Moscou, United Nations, 1979; RUS – ENG –FRE – SPA

    Process Instruments and Controls Handbook (D. M. CONSIDINE), New-York, McGraw-Hill, 3rd ed., 1985

    Networking in Terminology, International Coo-peration in Terminology Work (INFOTERM), Proceedings of 2nd Infoterm Symposium, VIENNA, April 1974

    Reflexions Critiques sur les Bilans Énergétiques (P. RAMAIN) Paris, Centre National de la Re-cherche Scientifique, 1977 (collection “Energie et Société”)

    Standard Definitions of Terms Relating to Petro-leum ASTM, D268-61, 1978

    Standard Definitions for Petroleum Statistics, Washington, American Petroleum Institute, 1988

    Statistical Terminology Employed in the Electri-city Supply Industry. Terminologie utilisée dans les statistiques de l´industrie électrique, UNIPEDE, 1979; FRE – ENG – GER – ITA – ESP - DUT

    Substitutions between forms of energy and how to deal with them statistically. Substitutions entre formes d´énergie et la manière de les prende en compte statistiquement, Londres, WEC/UNIPEDE, 1979

    Solid Mineral Fuels - vocabulary, International Standard ISO 1213/1982

    Les Techniques de l´Ingénieur Section B – Mécanique et Chaleur (8 volumes – Section P – Analyse chimique et caractérisation Mesures et analyses (3 volumes) – Section R – Mesure et Control (4 volumes), Paris, 21 rue Cassette

    Terminology of Interconnected UCPTE Trans-mission Systems (UCPTE Arnhem, the Nether-lans, UCPTE)

    Thésaurus Multilingue Economie de l´Energie (Réseau d´information sur l´économie de l´énergie), Paris, Centre National de la Recherche Scientifique, 1982; FRE – ENG - GER

    Thesaurus on Resources Recovery Terminolo-gy ASTM, Philadelphia, STP 832, 1983

    Contextual Dictionary of Solar Energy. Diction-naire Contextual de l’ Énergie Solaire (R. SER-RE), Ottawa, R. SERRE, 1979; FRE – ENG

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    Dictionary of Energy (M. SLESSER), London, The MacMill and Press, 1982

    Dictionary of Environment Science and Technology, 2nd edition, 1996 – J. Willey and Sons – Andrew Porteone

    Dictionary of the Gas Industry (International Gas Union) Essen, Vulvan Verlag, 1982; ENG – FRE – GER - RUS

    Dictionary of Geological Terms (American Geological Institute), New York, Doubleday, 3rd ed., 1984

    A Dictionary of Mining, Mineral and Related Terms, Washington, US Department of Interior, 1968

    Dictionary of Petroleum Technology. Dictionnai-re Technique du Pétrole (M. MOREAU, G. BRACE), Paris, Ed. Technip, 1979; ENG – FRE

    A Dictionary of Petroleum Terms (Petroleum Ex-tension Service), Austin, Texas, 1983

    Dictionary of Scientific and Technical Terms, New York, McGraw-Hill, 3rd edition 1984

    Dictionnaire Français d´Hydrogéologie (G. CASTRANY, J. MARGAT), Orléans, BRGM, 1977

    INFOTERM: Terminologie und Banachbarte Gebiete,Wien-Köln-Graz, II Böhlau, 1985

    INFOTERM: Proceedubgs Second Information Symposium “Networking in Terminology”, München-London-New York-Paris, K. G. SAUR, 1986

    International Electrotechnical Vocabulary. Vo-cabulaire Electrotechnique International (IEC/CEI),Genève, CEI, éditions remises à jour

    International Basic Safety Standards for Protec-tion against Ionizing Radiation and for the Safe-ty of Radiation Sources, Safety Series no. 115, Vienna, International Atomic Energy Agency, 1996

    ISO Standards Handbook 2, 2nd edition, Units of Measurement (1982) ISBN 92-67-10051-3

    Lexico de Terminos Nucleares, Madrid, Publicationes cientificas de la Junta de Energia Nuclear, 1973

    Lexicon of terms relating to the assessment and classification of coal resources. Terminologie re-lative à l´évaluation et à la classification des re-sources charbonnières (A. H. J. TODD), Londres, Graham and Trotman, 1982

    Lexique des énergies renouvelables (C. VAU-GUE), Paris, Editions SCM, 1980

    McGraw-Hill Dictionary of Scientific and Techni-cal Terms, New-York, McGraw-Hill, 3rd ed., 1984

    McGraw-Hill Encyclopedia of Energy, New-York, McGraw-Hill, 1976

    Manual of Oil and Gas Terms (H. R. WILLIAMS, C. J. MEYERS), New-York, Matthew Bender, 1981

    Memosol (AFEDES), Paris, Editions Européennes Thermique et Industrie

    Metodologia OLADE para la Elaboration de Ba-lances Energéticos, Quito, OLADE, 1980

    Oil Economist´s Handbook (annual) (G. JEN-KINS), London, Elsevier Applied Science Publishers

    Petroleum Dictionary with English-German Te-chnical Vocabulary (K. KRAMER, A. DUTHIG), Verlag Heidelberg 5, verbessert und erweiterte Au-flage 1972

    Principles and methods of the energy balance sheets. Principes and methodes des bilans de l´énergie (OSCE, Division Energie) Luxem-bourg, Office Statistique des Communautés Eu-ropéennes, 1980; FRE – ENG – GER - ITA

    The World Energy Book, An A-Z Atlas and Sta-tistical Source Book (D. CRABBE, R. MOBRI-DE), London, Kogan Page, 1978

    World Mining Glossary on Mining Processing and Geological Terms (R. J. M.. WYLLIE, J. O. ARGALL), San Francisco, Miller Freeman Publisher, 1975; ENG – DUT – FRE – ESP

    Begriffsbestimmungen in der Energiewirstchaf Frankfurt/M. VDEW (Vereinigung Deutscher Elektrizitätwerke e. V)

    Energetische Begriffe zur Energiebilanzierung (Energy Balance Terms) Technische Güte-und Lieferbedingungen (TGL) 78-10179-DDR

    Energiewirtschaft-Normen, Osterreichisches Normungsinstitut, Wien, laufend seit 1969

    INFOTERM: Terminologie und benachbarte ge-biete, Wien-Köln-Graz, II Böhlau, 1985

    INFOTERM: Procedings Second Information Symposium “Networking in Terminology”, München-London-New York-Paris, K. G. SAUR, 1986

    Thesaurus on Resources Recovery Terminolo-gy ASTM, Philadelphia, STP 832, 1983

    Wirstchaftliche Investitionsplanung in der Elek-trizitätswirstchaft, Frankfurt/M. Vereinigung Deutscher Elektrizitätwerke e. V

    Géodynamique Pétrolière Genèse et Répartition des Gisements d´ Hydrocarbures (A. PERRO-DON), Paris, Masson, Elf Aquitaine, 1985

    Standard Definitions for Petroleum Statistics, Washington, American Petroleum Institute, 1988

    Glossary of Oil Field Production Terminology, Washington, American Petroleum Institute, 1988

    Dictionnaire de l´Océan, Paris, Conseil International de la langue française, 1989

    BIPM: Le Système International d´Unités (SI), 6th edition, F-92310 Sèvres, France (1991) ISBN 92-822-2112-1

    Nota

    Os documentos citados nesta BIBLIOGRAFIA emanaram, na sua maioria, dos seguintes organismos:

    Conselho Mundial da Energia (CME)

    Comissão Económica para a Europa (CEE)

  • Conselho Económico e Social
  • Comité do Carvão
  • Comité do Gás
  • Comité da Energia Eléctrica
  • Agência Internacional da Energia Atómica (AIEA)

    Organização de Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE)

    União Internacional do Gás (UIG)

    União Internacional dos Produtores e Distribuidores de Energia Eléctrica (UNIPEDE)

    União para a Coordenação da Produção e do Transporte de Electricidade (UCPTE)

    Comissão Electrotécnica Internacional (CEI)

    Organização Metereológica Mundial (OMM)

    Organização Internacional de Normalização (ISO)

    Organismos Nacionais ou Internacionais de Normalização