A APE regressou aos grandes eventos presenciais, no passado dia 29 de Novembro, no Centro Cultural de Belém, com a Portugal Energy Conference 2022.
Sob o tema “Energia, Tecnologia e Sociedade” a conferência contou na Sessão de Abertura com a presença do Secretário de Estado do Ambiente e da Energia. João Galamba, reforçou as prioridades do sector para os próximos anos: “O governo está apostado em acelerar, o mais possível, a transição energética. Portugal estará na vanguarda e já tomou e antecipou muitas medidas para alcançar as metas propostas.”, concluiu.
Wytse Kaastra, Sustainability Services Europe Lead da Accenture, introduziu o tema do primeiro painel “Sustentabilidade no sector energético” contextualizando a crise climática e energética acompanhada da necessidade de maior resiliência e segurança. “A boa notícia é que os governos, as empresas e as cidades estão muito mais alinhados hoje numa única direcção”, afirmou.
A primeira mesa-redonda do dia, foi moderada por Nuno Moreira da Cruz, director executivo do Center for Responsible Business & Leadership na Universidade Católica e contou com Miguel Setas, administrador da EDP, Sílvia Barata, CEO da BP Portugal e Gabriel Sousa, CEO da Floene. “Já não vemos a sustentabilidade como uma estratégia, mas como parte do negócio em si […] e temos um plano de negócios centrado na transição energética”, referiu Miguel Setas. Sílvia Barata corroborou e defendeu que “as populações nos países emergentes estão a aumentar o nível de vida e o actual cenário visa chamar a atenção de todos os players” para o facto de isso implicar uma maior procura de energia.” Gabriel Sousa referiu a necessidade de a Floene criar proximidade à sociedade e o “papel muito importante do regulador desde sempre”.
Teresa Ponce Leão, presidente do LNEG introduziu o segundo painel da conferência, dedicado à Inovação tecnológica e descarbonização e traçou um panorama sobre os alertas que o ambiente e a sociedade têm vindo a dar ao mundo.. “Sofremos um primeiro choque de energia mesmo antes da invasão da Rússia à Ucrânia, os preços do gás começaram a subir e temos de resolver tópicos geopolíticos e de regulação, tendo em conta o nosso sistema de energia que assenta numa grande descentralização”, referiu.
Teresa Ponce Leão juntou-se depois a uma mesa-redonda moderada por Ana Quelhas, managing director for Hydrogen da EDP, em que participaram Nuno Silva, administrador da EFACEC, Luís Delgado, administrador da Bondalti e Nuno Santos, administrador da Navigator. “Temos o objectivo claro de ter 100% de energia renovável até 2030 e internamente temos muitos desafios em tudo o que são processos industriais eficientes”, afirmou Luís Delgado. No caso da Navigator, as metas passam por “reduzir cerca de 90% de CO2 até 2035” explicou Nuno Santos. Há que sair da zona de conforto “e propor alternativas mais sustentáveis”, acrescentou Nuno Silva. Portugal conta, na sua opinião, com “mecanismos de incentivo e modelos de financiamento interessantes, mas falta tempo para actuar e aproveitar as oportunidades”.
O último painel da Portugal Energy Conference 2022 , abordando os Desafios estratégicos das empresas energéticas foi introduzido por João Bernardo, Director Geral de Energia e Geologia que referiu os principais desafios da transição energética. “A transição da União Europeia para emissões líquidas de carbono zero até 2050 é um grande desafio, mas também uma oportunidade para modernizar a economia do continente europeu e promover o crescimento, o emprego, o avanço tecnológico e a inclusão social”, defendeu.
João Bernardo juntou-se depois à mesa-redonda moderada por Ana Sousa, secretária-Geral dos Future Energy Leaders Portugal (FELPT) com a participação de Miguel Stilwell de Andrade, CEO da EDP, Andy Brown, CEO da Galp e Rodrigo Costa, chairman e CEO da REN.
“A maior dificuldade é ter certezas para tomar decisões hoje relativamente a tecnologias que só vão estar maduras daqui a quatro, cinco anos”, explicou Rodrigo Costa, salientando que a vontade por parte das empresas é notória, mas que existem factores que impedem a maior celeridade. Miguel Stilwell de Andrade começou por afirmar que estamos a viver um dos momentos de maior incerteza das últimas décadas no sector. “Do ponto de vista estrutural temos o compromisso de ser 100% verdes até 2030. O potencial para uma empresa como a EDP é enorme. Há muitos projectos a implementar, mas o grande entrave actualmente é desbloquear o sistema regulatório”. Andy Brown referiu que a Galp está a trabalhar na criação de projectos inovadores e é muito activa na mudança do portefólio. “O talento português é incrível e do melhor a que tenho assistido em toda a minha carreira. Ter criatividade e uma mente aberta são muito importantes nesta transição energética”, salientou. É preciso também colocar o consumidor no centro do problema “e não deixar ninguém para trás”, defendeu João Bernardo, sugerindo as tarifas sociais.
A sessão de encerramento foi assegurada pelo presidente da APE João Torres que resumiu as principais conclusões da conferência, referindo particularmente os programas Future Energy Leaders Portugal e Mulheres na Energia, cujos filmes de apresentação foram apresentados antes e logo a seguir ao intervalo para almoço. Agradeceu também aos patrocinadores, que permitiram a organização da Portugal Energy Conference 2022: Accenture, BP Portugal, EDP e Galp, que concederam Patrocínio Ouro, à CME, Floene, Nextbitt e REN, pelo Patrocínio Prata e, finalmente, a ADENE, APREN, ERSE e Greenvolt pelo Patrocínio Bronze.
Finalizou a sessão com o anúncio da Portugal Energy Conference 2023, que se realizará a 12 de Outubro de 2023.